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Trombose e embolia

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Trombose e embolia 
 O desequilíbrio da hemostasia pode causar distúrbios hemorrágicos ou 
distúrbios trombóticos. 
 HOMEOSTASE: vasoconstrição arteriolar > hemostasia primária > 
hemostasia secundária > estabilização e reabsorção do tampão. 
• O que é a trombose? 
	 Trombose é a solidificação do sangue no leito vascular ou no interior das 
câmaras cardíacas de um indivíduo vivo. É o processo de formação de um 
trombo. 
 
 TROMBO: massa sólida de sangue fixada a 
superfície da onde teve origem, como: câmaras 
cardíacas, válvulas, artérias, veias e 
microcirculação. O trombo possui aspecto fosco, 
friável (esfarela) e aderente. 
 COÁGULO: molde sólido completo da 
estrutura onde se origina. Possui aspecto brilhante, 
elástico e não são aderentes. Mais gelatinoso. 
Tríade de Virchow 
 Tríade de Virchow da trombose. A 
integridade endotelial é o fator mais 
importante. Anormalidades pró-
coagulantes ou anticoagulantes podem 
favorecer a trombose. Fluxo sanguíneo 
anormal (estase ou turbulência) pode 
conduzir a hipercoagubilidade direta ou 
indiretamente através de disfunção 
endotelial. No fluxo sanguíneo laminar 
(fluxo sanguíneo normal) as plaquetas e 
as células circulam no centro do vaso, 
evitando atrito e lesão no endotélio. 
• Lesão endotelial: altera o fluxo sanguíneo e causa ativação plaquetária e 
ativação da cascata de coagulação. Fica num estado pró-coagulante e aumenta 
a síntese de fator VII, TXA2 e ADP. Se a lesão for grave, o fator tecidual fica 
exposto, e os genes do endotélio ficam num estado pró-trombotico. Além disso, 
pode ocorrer um processo inflamatório e as células endoteliais são ativadas por 
citocinas que reduzem a expressão de trombomodulina. A trombomodulina ativa 
a trombina, que reduz a coagulação. Com a expressão de trombomodulina 
afetada, a coagulação fica aumentada. 
 O endotélio danificado produz tromboplastina e endotelina. 
• Fluxo sanguíneo anormal: turbulência do fluxo sanguíneo, indução mecânica das 
plaquetas, lesões endoteliais, redução da eliminação dos fatores coagulação, 
contribuem para a formação de trombos. A estase e o fluxo sanguíneo 
turbulento promovem ativação das células endoteliais e aumenta a atividade 
pró-coagulante, pois o fluxo lento altera a expressão genica do endotélio. A 
estase permite que plaquetas e leucócitos entrem em contato com o endotélio, 
devido ao fluxo lento, e torna lenta e eliminação dos fatores de coagulação e 
impede o fluxo de inibidores do fator de coagulação. 
• Hipercoagulabilidade: é um aumento na coagubilidade sanguínea. Pode ocorrer 
por distúrbios primários/genéticos, ou secundários/adquiridos. Pode aumentar o 
número de plaquetas, de fatores pró-coagulantes, e reduz inibidores da 
coagulação. 
Morfologia 
Trombos podem se desenvolver em qualquer lugar no sistema cardiovascular. 
Podem variar no tamanho e forma. 
TROMBOS ARTERIAIS 
São trombos frequentemente oclusivos, ricos em 
plaquetas pois processos subjacentes (como a lesão 
endotelial) levam à ativação plaquetária. Muito comum 
nas artérias coronárias, artérias cerebrais e artérias 
femorais. Esse tipo de trombo cresce em sentido 
retrógrado. Estão fixados principalmente no ponto de 
iniciação.
TROMBOS VENOSOS 
São trombos frequentemente oclusivos, que se formam na 
circulação lenta venosa, por conta disso, há hemácias 
emaranhadas, levando à denominação de trombos 
vermelhos ou estase.
TROMBOS MURAIS 
Ocorrem nas câmaras cardíacas ou no lúmen aórtico. A contração miocárdica anormal 
promove a formação dos trombos murais cardíacos, e as placas ateroscleróticas ulceradas é 
a dilatação aneurismática promove trombose aórtica. 
VEGETAÇÕES 
Os trombos nas valvas cardíacas são chamados de 
vegetações. Infecções bacterianas ou fúngicas podem 
lesar a valva, desencadeando o desenvolvimento de 
grandes massas trombóticas, como na endocardite 
infecciosa. Também pode ocorrer vegetações estéreis na 
endocardite trombótica não bacteriana. 
LINHAS DE ZAHN 
.Representam camadas pálidas de plaquetas e fibrinas que se alternam com camadas mais 
escuras, avermelhadas, ricas em hemácias. Essas linhas são encontradas em trombos que se 
formam na presença de fluxo de sangue. 
Evolução e consequências 
 Caso um paciente sobreviva a um evento trombótico, o trombo pode evoluir 
pela combinação de quatro processos: 
 PROPAGAÇÃO: o trombo aumenta devido ao acréscimo de plaquetas e 
fibrinas, que aumentam a margem de oclusão ou embolização vascular. 
 EMBOLIZAÇÃO: o trombo (todo ou apenas uma parte) se desloca e é 
transportado para outra parte do sistema cardiovascular. 
 DISSOLUÇÃO: caso o trombo seja recém-formado pode haver dissolução 
completa. Ocorre trombólise espontânea ou terapêutica. 
 ORGANIZAÇÃO E RECANALIZAÇÃO: ocorrem em trombos antigos que 
acabam se organizando pelo crescimento de células endoteliais, células da 
musculatura lisa e fibroblastos. Podem formar canais capilares que criam condutos 
na extensão do trombo. É uma reação inflamatória que resulta na incorporação 
do trombo na parede do vaso ou do coração (conjuntivização). 
 
Trombo em organização Trombo em recanalização
Embolia 
 É o processo de formação do êmbolo. 
• O que é um êmbolo? 
 É um pedaço do trombo que soltou e entrou na corrente sanguínea. Uma 
massa intravascular solta (de natureza sólida, líquida ou gasosa) que é 
transportada pelo sangue para um local distante do seu ponto de origem. O 
embolo solto pode causar disfunção tecidual e infarto. A maioria dos êmbolos 
ocorrem por desprendimento ou fragmentação de trombos, denominado 
tromboembolismo. E também há ocorrência de êmbolos raros, por gotas de 
gordura, bolhas de ar e fragmentos tumorais. 
Embolia sólida 
	 Tromboembolia pulmonar: essa embolia pulmonar origina-se de trombos 
nas veias profundas dos membros inferiores (comum: próximo a fossa poplítea). 
Êmbolos venosos em direção aos pulmões. 
 ÊMBOLOS VOLUMOSOS: também pode ser chamado de êmbolo a 
cavalleiro. Ocorre obstrução do tronco da artéria pulmonar ou na bifurcação do 
tronco pulmonar. Causa morte súbita por parada do fluxo sanguíneo e inibição de 
trocas gasosas. 
 ÊMBOLOS MÉDIOS: ocorre obstrução em artérias menores. Pode apresentar 
dor torácica e desconforto respiratório, sobrecarga do ventrículo direito e 
bronconstrição devido a serotonina nas plaquetas presentes no êmbolo. Pode 
causar hemorragia pulmonar e até mesmo um infarto pulmonar, caso acometa a 
artéria brônquica. 
 ÊMBOLOS PEQUENOS: não possuem repercussão clínica. As artérias 
brônquicas são capazes de suprimir a circulação. 
 Tromboembolia sistêmica: ao contrário dos êmbolos venosos que se 
alojam principalmente no pulmão, os êmbolos arteriais podem se deslocar para 
qualquer parte do corpo. Seu local de repouso final, depende do seu ponto de 
origem e do volume do fluxo sanguíneo em relação aos tecidos direcionados. Os 
locais mais comuns, são: extremidades inferiores, sistema nervoso central, menos 
comuns: intestino, rins e baço. As consequências dependem do calibre do vaso 
colhido, do suprimento colateral e da vulnerabilidade do tecido afetado à anoxia. 
 EMBOLIA CEREBRAL: trombos 
cardíacos ou em artérias que irrigam o 
encéfalo, causando um Acidente Vascular 
Encefálico (AVE). Pode ser um AVE 
isquêmico, ou seja há um prejuizo no 
fornecimento de sangue, causado por 
trombose ou embolismo. E também, pode 
ser um AVE hemorrágico, caso haja ruptura 
de um vaso sanguíneo, causado por AVE 
isquêmico, êmbolo intracerebral, e êmbolo na 
subaracnoíde. 
 ATROEMBOLIA: são fragmentos de placas ateromatosas ulceradas. Causa, 
manifestações embolias na pele (principalmente). Ocorre frequentemente na 
bifurcação da carótida, na artéria cerebral média e na artéria basilar. 
 EMBOLIA MESENTÉRICA: trombos cardíacos ou da aorta. Ocorre isquemia 
e infarto intestinal. 
 EMBOLIA EM FRAGMENTOS DA MEDULA ÓSSEA: traumatismos mecânicos 
com pressão intra-óssea no canal medular ordenhando medula óssea para os 
vasos sanguíneos. 
 EMBOLIA EM TECIDO ADIPOSO: ocorre porlipoaspiração e lipoescultura. 
EMBOLIA EM NEOPLASIAS ANGIOINVASIVAS: ocorre em neoplasias malignas 
durante o processo de metástase. 
 PROCEDIMENTOS ENDOVASCULAR: angioplastia e arteriorgrafia podem 
acarretar numa embolia. 
	 Embolia gasosa 
	 Bolhas de gás na circulação que obstruem o fluxo vascular, causando 
isquemia. 
 EMBOLIA GASOSA IATROGÊNICA: podem ocorrer por punções, 
traumatismos, pneumotórax e cirurgias de cabeça, pescoço e tórax. 
 EMBOLIA GASOSA ARTERIAL: a bolha de gás passa para a 
circulação arterial através de capilares pulmonares. Pode ocorrer na Síndrome da 
descompressão. 
Embolia por líquidos 
 Presença de líquidos insolúveis ou com atividade pró-coagulante. 
	 EMBOLIA DE LÍQUIDO AMNIÓTICO: complicação pouco comum do parto e 
do pós parto. Caracteriza-se por dispneia grave súbita, cianose e choque 
hipotensivo, convulsões e coma. Não ocorre por obstrução mecânica dos vasos 
pulmonares, mas sim devido a ativação bioquímica do sistema de coagulação e 
do sistema imune inato causada por substâncias no líquido amniótico. A causa é 
entrada de líquido amniótico na circulação materna via lacerações na placenta, ou 
ruptura da veia uterina. 
 EMBOLIA GORDUROSA: pode ser causada por infusão inadequada de 
substâncias oleosas, lide de hepatócitos com esteatose, ruptura de próteses de 
silicone, injeções intra teciduais de silicone líquido e lesão por esmagamento de 
tecidos adiposos ou moles ou ruptura de vasos sinusóides medulares ou das 
vênulas (devido a uma fratura de ossos longos, por exemplo) liberando glóbulos 
de gordura na circulação e caracterizando uma embolia gordurosa .

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