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Resumo Plantas Tóxicas para Animais

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Aluna: Letícia Moura Alcântara
PLANTAS TÓXICAS
Plantas que afetam o SNC
✦ Ipomoea asarifolia
↣ Nome vulgar: Salsa
↣ Características gerais: encontrada em várias regiões do Brasil, principalmente na região Nordeste. Afeta bovinos (são mais sensíveis e podem passar p/ os filhotes pelo leite), caprinos e ovinos. Durante o período de abundância de forragem, os animais não a consomem, pois parece ter pouca palatabilidade, mas na estiagem os animais acabam a ingerindo e os casos de intoxicação acontecem. 
↣ Parte tóxica: folhas.
↣ Princípio ativo: não se conhece.
↣ Sinais clínicos: sonolência, tremores musculares, incoordenação motora, decúbito esternal ou lateral, balanceamento lateral de cabeça, forma de “cavalete”. A intoxicação é aguda e pode levar ao óbito.
↣ Tratamento e profilaxia: não há tratamento específico e a profilaxia consiste em impedir o acesso dos animais a pastagens com essa planta.
✦ Ipomoea carnea
↣ Nome vulgar: Canudo
↣ Características gerais: encontrada, principalmente, na região Nordeste e é verde durante o ano todo. Seu habitat é nas margens de rios e lagoas ou em regiões inundáveis. As intoxicações ocorrem no período de estiagem. Afeta bovinos, ovinos e, principalmente, caprinos.
↣ Parte tóxica: folhas.
↣ Princípio ativo: alcalóide swainsonina. Seu mecanismo de ação é a inibição da enzima alfa manosidase lisossomal, resultando no acúmulo de oligossacarídeos não-metabolizados no interior de lisossomos. Esse processo permite que haja a formação de vacúolos nas células, promovendo a perda da função celular e, no último estágio, morte celular. 
↣ Sinais clínicos: emagrecimento progressivo (anorexia), tremores dos membros pélvicos, incoordenação motora e ataxia. Causa vício. 
↣ Tratamento e profilaxia: não há tratamento específico, mas com o diagnóstico e a retirada dos animais do pasto, há recuperação dos animais em alguns dias. Pode ser feita alimentação parenteral. 
✦ Ricinus communis L.
↣ Nomes vulgares: Mamona, carrapateira.
↣ Características gerais: Ocorre em todo o Brasil. Não possui efeito acumulativo. Afeta bovinos, caprinos e ovinos. A intoxicação ocorre devido a fome, no período de estiagem. 
↣ Partes tóxicas: folhas.
↣ Princípio ativo: alcalóide ricinina. 
↣ Sinais clínicos: tremores musculares, sialorréia, deitam-se com dificuldade após curta marcha, eructação excessiva, convulsões, coma e morte. A evolução é rápida. 
↣ Tratamento e profilaxia: não há tratamento específico e deve-se evitar que os animais comam a planta. 
↣ Diagnóstico (geral): anamnese, sinais clínicos e presença da planta no pasto.
Plantas que causam morte súbita
✦ Palicourea marcgravii St Hill
↣ Nomes populares: erva de rato, cafezinho.
↣ Características gerais: ampla distribuição geográfica, boa palatabilidade (pode ser consumida em qualquer época do ano) e possui alta toxicidade. Cresce em beira de matas e pastos recém-formados. Afeta bovinos, caprinos e ovinos. 
↣ Partes tóxicas: folhas e frutos. 
↣ Princípio ativo: ácido monofluoracético. Esse ácido não é tóxico, sendo o fluorocitrato (produto do seu metabolismo) o responsável pela toxicidade. Ele age competitivamente com a enzima aconitase, causando um acúmulo de citrato e a inibição dessa enzima leva a uma diminuição do Ciclo de Krebs. 
↣ Sinais clínicos: relutância em andar, frequência urinária constante e em pouca quantidade, ataxia, instabilidade postural, tremores musculares, queda do animal, taquipnéia, movimentos de pedalagem, cabeça em opistótono, convulsões e morte por parada cardiorrespiratória. A veia jugular pode estar ingurgitada. 
↣ Tratamento e profilaxia: impedir o consumo da planta. Diagnóstico diferencial com outras plantas cianogênicas e carência de minerais. 
 ✦ Mascagnia rigida 
↣ Nomes vulgares: tingui, timbó.
↣ Características gerais: principalmente no Nordeste. Afeta bovinos e caprinos. Não possui boa palatabilidade e possui poder acumulativo.
↣ Partes tóxicas: folhas.
↣ Princípio ativo: desconhecido.
↣ Sinais clínicos: tremores musculares, apatia, resistência ao caminhar, quedas e morte. A evolução é superaguda e os sinais surgem entre 24 e 48 horas. 
↣ Tratamento e profilaxia: não há tratamento específico. Recomenda-se deixar o animal em repouso. A profilaxia consiste em movimentar com cuidado os animais para áreas que não têm a planta. 
Plantas fotossensibilizantes
✦ Froelichia humboldtiana
↣ Fotossensibilização primária.
↣ Características gerais: ocorre principalmente no Nordeste. Afeta bovinos, caprinos, equinos e ovinos. Boa palatabilidade (os animais a preferem mesmo quando há forragem). A intoxicação ocorre no período de floração.
↣ Princípio ativo: pigmento das folhas. Planta (pigmento) -> Mucosa intestinal -> Barreira hepática -> CS -> Pele de animais não pigmentados.
↣ Sinais clínicos: prurido, automutilação por lambedura, hiperemia, inquietação, estresse, edema, dermatite ulcerativa, necrotizante e exsudativa. 
↣ Tratamento e profilaxia: retirar os animais do pasto e abriga-los em locais sombreados. O diagnóstico baseia-se na epidemiologia, anamnese, sinais clínicos, exames bioquímicos e exame histológico das feridas. 
 ✦ Lantana camara
↣ Fotossensibilização secundária.
↣ Nomes vulgares: camara, cambará, chumbinho.
↣ Características gerais: ocorre em todo o Brasil e afeta bovinos, caprinos, ovinos e búfalos. 
↣ Partes tóxicas: folhas.
↣ Princípio ativo: Lantandeno A e B. 
Ingestão da planta (clorofila) -> Ação da flora do TGI -> Filoeritrina -> Disfunção hepatocelular e obstrução biliar (quando há) -> Acúmulo de filoeritrina -> Luz solar -> Reação inflamatória na pele
↣ Sinais clínicos - agudo: apatia, anorexia, midríase, icterícia, edema de face e membros, urina de cor escura, lacrimejamento, extrema fraqueza, fezes moles, fotossensibilização.
Crônico: manifestações de fotossensibilização hepatógena, diminuição ou parada dos movimentos do rúmen (atonia ruminal), os animais ficam quietos, urina de coloração marrom, fezes secas, nefrose, mumificação da pele, pele grossa c/ fendas, desprendimento de pedaços, feridas abertas com mal cheiro, icterícia. 
↣ Tratamento e profilaxia: não há tratamento específico. A profilaxia consiste em retirar os animais do pasto que contém a planta. 
✦ Brachiaria spp. 
↣ Nome vulgar: braquiária.
↣ Características gerais: ocorre em todo o Brasil. A intoxicação é mais frequente em pastagens de Brachiaria decumbens e parece ocorrer com maior frequência durante a rebrota. Animais jovens são mais afetados. Afeta bovinos, caprinos, ovinos e búfalos, sendo os ovinos mais suscetíveis. 
↣ Partes tóxicas: toda a planta.
↣ Princípio tóxico: saponina esteroidal protodioscina. Mesmo mecanismo de ação da Lantana camara. 
↣ Sinais clínicos: os mesmos da Lantana. 
↣ Tratamento e profilaxia (vale para a Lantana): retirar os animais do pasto. Diagnóstico precoce (por causa da lesão hepática), hepatoprotetor, antibióticos, tratamento das eventuais miíases, spray ao redor das lesões.
Plantas cianogênicas
↣ Condições em que ocorre a intoxicação: animais famintos invadem as culturas; animais alimentados com as folhas frescas e/ou tubérculos.
↣ Princípio tóxico: glicosídeo cianogênico. 
✦ Sorghum sp.: sorgo
✦ Manihot esculenta: mandioca brava
✦ Manihot glaziovii: maniçoba
✦ Piptadenia macrocarpa: angico, angico preto
↣ Características gerais: a intoxicação ocorre por erros de manejo e afeta bovinos e caprinos.
↣ Partes tóxicas: folhas.
↣ Mecanismo de ação: Cianeto está ligado aos glicosídeos -> Ligação é quebrada por enzimas existentes na planta ou de microrganismos do TGI -> Cianeto livre é absorvido pelo TGI e distribuído por todo o corpo -> Inibição de enzimas que possuem metais (ferro) -> Citocromo-oxidase-CN -> Paralisação do sistema de transporte de elétrons da cadeia respiratória -> Hipóxia, anóxia
↣ Sinais clínicos: sialorréia, paresia, espasmos musculares, convulsões, mucosas cianóticas, polipneia, dispnéia, parada cardiorrespiratória. 
↣ Tratamento e profilaxia: associação de tiossulfato de sódio com nitrito de sódio via endovenosa. A profilaxia é feita pelo Teste do Papel Picro Sódico.Plantas tóxicas para cães e gatos
↣ Condições em que ocorre a intoxicação: curiosidade, troca de dentição, estresse, privação de alimentos, verminose. Gatos ingerem as plantas para vomitar bolas de pêlo.
✦ Dieffenbachia picta
↣ Nome vulgar: Comigo-ninguém-pode.
↣ Características gerais: planta ornamental. Afeta cães, gatos, bovinos, caprinos, ovinos e o homem.
↣ Princípio ativo: ráfides de oxalato de cálcio em formato de agulhas nas suas folhas e hastes. Mais recentemente foram descobertas proteases semelhantes à tripsina, que poderiam induzir a produção das cininas que agem como mediadores químicos na inflamação. 
↣ Sinais clínicos: dor, irritação, salivação profusa, edema intenso da mucosa da faringe e das cordas vocais. O animal pode apresentar dispnéia severa e, em casos mais graves, pode haver obstrução completa da faringe. 
↣ Tratamento: uso de anti-histamínicos H1, uso de demulcentes, como o leite e o hidróxido de alumínio. Não devem ser utilizados antieméticos. Caso o animal sinta dor, utiliza-se hipnoanalgésicos, como o butorfanol, IV, IM ou SC.
✦ Nerium oleander
↣ Nome vulgar: Espirradeira.
↣ Características gerais: planta ornamental. Afeta cães, gatos e bovinos. 
↣ Partes tóxicas: toda a planta.
↣ Princípio tóxico: glicosídeos cardiotóxicos. 
↣ Mecanismo de ação: age na bomba de sódio-potássio ATPase, resultando na depleção intracelular de potássio e aumento do sódio intracelular. Estas alterações acarretam no acúmulo citoplasmático de cálcio, responsável pelo efeito inotrópico positivo.
↣ Sinais clínicos: náusea, vômitos, diarréia com tenesmo, pulso fraco ou lento e forte, taquicardia, bradicardia, fibrilações atriais e ventriculares, aumento da frequência respiratória, anóxia, pode haver queda de temperatura e convulsões.
↣ Tratamento: lavagem estomacal através de uma sonda esofágica, uso de carvão ativado; reposição de eletrólitos através da fluidoterapia; antieméticos; administração de cloreto de potássio IV, monitoração cardíaca através do ECG, atropina para a bradicardia; benzodiazepínicos para as convulsões.

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