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1 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Alergia alimentar A alergia a proteína do leite é a mais comum em crianças, havendo um aumento no número de casos e, consequentemente, do número de informações, principalmente no Google. Alergia alimentar é muito frequente nos consultórios. Definição • Alérgicas; • Tóxicas; • Intolerância. A alergia alimentar faz parte das reações adversas a algum alimento. Ou seja, algum alimento ou algum aditivo induz uma resposta clínica anormal. Essa reação adversa, particularmente, a alergia alimentar, é uma reação adversa não-tóxica imunomediada. Dentro das reações adversas (respostas clínicas anormais), algumas substâncias que causam também reações adversas tóxicas são: toxinas bacterianas, cafeína, tiramina. Reações adversas aos alimentos Tóxicas Não tóxicas Toxinas (bacterianas) Propriedades farmacológicas (cafeína, tiramina) Não imunomediadas Imunomediadas Intolerância alimentar (Intolerância a lactose, Fodmaps) Alergia alimentar A alergia é uma reação adversa NÃO-TÓXICA imunomediada. As intolerâncias alimentares são NÃO-TÓXICA não imunomediadas. É importante saber a diferença, pois não existe alergia à lactose. Saber a diferença entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite. APLV x intolerância à lactose • A lactose é o açúcar do leite. O que pode ter de reação à um açúcar? No máximo uma intolerância (reação não-imunomediada). Não tem como gerar uma reação alérgica a um açúcar. • Os alérgenos, que são as proteínas ou glicoproteínas são as substâncias capazes de causar alergia. Tem alergias aos epítopos, as sequências de aminoácidos específicos que são reconhecidos pelo S. imune. A criança vai ter uma alergia à proteína do leite. • Alergia é a proteína, não à lactose. É comum o diagnóstico de alergia a proteína do leite; a mãe acaba lendo nos rótulos que não tem lactose no produto, porém a criança volta com sintomatologia. Não tem lactose, mas tem traço de leite. Não pode consumir nenhum elemento com traço de leite. • Leite materno tem lactose. • Fórmula artificial para tratamento de alergia pode ter lactose, pois o problema não é a lactose. • Para criança com alergia, pede para a mãe excluir da dieta o alérgeno (o leite). Mas o leite materno tem lactose, vai continuar tomando o leite materno. A mãe não pode consumir o leite e derivados, não necessariamente a lactose. A alergia é contra a proteína, não ao açúcar do leite. Não pode colocar a intolerância a lactose como suspeita diagnóstica para um bebê com diarreia crônica. A gente já nasce com um monte de lactase para aguentar a lactose do leite materno. Depois de um tempo, não há necessidade de tomar leite, pode parar. Algumas pessoas tem a programação genética para reduzir a produção de lactase depois de uma certa idade, normalmente 4 a 5 anos, podendo ser na infância, na idade adulta ou velhice, não havendo tolerância ao excesso de lactose. Começam a ter uma clínica de intolerância à lactose primária ou ontogenética. • Intolerância à lactose primária: determinada geneticamente por reduções na produção de lactase. Bebê não tem como ter intolerância à lactose primária, porque ele nasceu para tomar leite materno e, por isso, ele tem um monte de lactase. O que pode acontecer com o bebê? Ele pode ter uma doença que inflama o trato intestinal, principalmente duodeno, intestino delgado, reduzindo a quantidade de enzimas lactase e, com isso, desenvolvendo uma intolerância à lactose secundária a algum outro processo inflamatório. Com exceção de uma condição existente (deficiência congênita de lactase), na qual o bebê nasce sem nenhuma enzima lactase. Com um quadro precoce, o paciente possui uma clínica super exuberante. • Importante: O bebê não tem como ter a Intolerância primária. Então, um paciente que chega com diarreia crônica, com características de osmótica, nunca colocar a intolerância à lactose primária como suspeita principal. 2 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Suspeita? Alergia alimentar; uma doença inflamatória, reduz transitoriamente a quantidade de lactase e leva a uma intolerância a lactose secundária. O problema dele é a alergia, não a intolerância. Jamais achar que um bebê tem intolerância à lactose primária; ele pode ter características de diarreia de intolerância a lactose, mas lactose secundária. A primeira suspeita tem que ser a alergia à proteína do leite de vaca, porque ela que está induzindo a resposta inflamatória e reduzindo a quantidade de lactase. • Alergia alimentar: reação adversa imunomediada a proteína alimentar ou a glicoproteína (carboidratos ligados à proteína): sensibilização - ingestão ou contato, via respiratória ou percutânea. ❖ Reprodutível; ❖ Específica; ❖ Resposta imunológica específica; ❖ IgE mediada (anafilaxia – forma mais grave); ❖ Não IgE mediada (célula T); ❖ Mista (IgE + Célula T); ❖ Não IgE > IgE: de modo geral, não IgE prevalece sobre IgE. Então, o trato gastrointestinal é o local mais acometido das alergias alimentares, igual prevalência com a pele (50%-50%). É importante destacar a reprodutibilidade, ou seja, todo vez que entra em contato com o alérgeno vai ter uma reação alérgica. Ex: caso chegue ao consultório uma mãe falando que o filho em um dia teve alergia a banana, no outro dia não teve, provavelmente não é alergia. Ele pode ter uma urticária infecciosa. • A principal causa de urticária na pediatria é a infecção, não é a alergia. Esse alérgeno, essa reação adversa, vai gerar uma reposta imunológica específica, seja ela mediada por células (reações alérgicas não IgE mediada) - reações alérgicas de doenças do trato gastrointestinal, não mediada por anticorpo OU pode induzir uma reposta imunológica mediada por anticorpo IgE. Clássicas, muito vistas em emergência: urticária, edema, anafilaxia. As manifestações do trato gastrointestinal sempre são mediadas por célula e não por anticorpos. Pode ter também duas formas, com anticorpo e célula (MISTA). Ex: dermatite atópica, esofagite eosinofílica das doenças eosinofílicas do trato gastrointestinal. • A alergia alimentar: ❖ Aumento na prevalência. ❖ 6%-8% em menores de 3 anos e 3,5% em adultos; É muito mais comum em crianças do que adultos. ❖ Maior prevalência em indivíduos com dermatite atópica. ❖ Aumento da prevalência (¨nova¨ epidemia: 33% população – asma – dermatite atópica – alergia alimentar). Sabe-se que a dermatite atópica é um fator de risco para o desenvolvimento de alergia alimentar, porque a pele desse paciente é inflamada, coça, levando a quebra da barreira cutânea. Essa barreira quebrada serve para sensibilização transcutânea, sendo o paciente sensibilizado para determinados alérgenos na pele. Assim, quando o paciente ingerir determinado alimento, termina gerando uma reação alérgica para ele. • A gente não tem uma incidência exata de alergia alimentar em criança. Incidência real de APLV é desconhecida! ❖ Nos primeiros anos de vida, estima-se em 0,3% e 7,5% (2,5%); ❖ Autorrelato de 5% e 15%. APLV geralmente desaparece na infância (assim como alergia a ovo, trigo e soja e ao contrário da alergia a amendoim, nozes e frutos do mar). O que se sabe é que os seis alimentos mais alergênicos em pediatria são: leite (principal), ovo, soja, trigo, frutos do mar e as oleaginosas (amendoim particularmente). Leite, ovo, soja e trigo geralmente geram uma alergia transitória, desenvolvendo tolerância oral a partir de algum tempo. As oleaginosas e os frutos do mar geralmente são alergias mais persistentes. Alergia alimentar Aumento da prevalência, gravidade, persistência; “novas” formas de apresentação. Infelizmente por conta de todas as modificações ambientais, alimentarese de estilo de vida, os quadros de alergia alimentar são cada vez mais resistentes e persistentes. Antes, a maioria das crianças desenvolvia tolerância oral para alguns alimentos por volta de 1 ano/1 ano e meio. Atualmente, vemos muitos quadros de crianças que não são tolerantes com 3, 4 anos, até mesmo adolescentes. Ou seja, os quadros são mais 3 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar persistentes, mais graves, maiores em termos de prevalência e com novas formas de apresentação (diferentes das clássicas como sangramento e diarreia). A exemplo, temos ganho de peso inadequado, irritabilidade, cólica - dor abdominal que não resolve. ALÉRGENOS • Glicoproteínas capazes de estimular resposta de hipersensibilidade; • Potencial de alergenicidade: ❖ Estabilização ao calor, ácidos e enzimas digestivas; ❖ Tipo de epítopo: linear > conformacional. A lactose não induz resposta alérgica porque não é um alérgeno. Os alérgenos são glicoproteínas ou proteínas e o que muda a resposta alérgica é a sequência de aminoácidos (epítopo). Essa sequência específica será reconhecida por uma célula T ou anticorpo, conduzindo a uma reação de hiperssensibilidade. O epítopo pode ser tanto linear (sequência de aminoácidos) ou pode ser que esses aminoácidos não estejam em sequência, mas que a proteína esteja dobrada em estrutura tridimensional/bidimensional fazendo com que os aminoácidos da dobradura fiquem em sequência. Por que isso é importante? Porque a alergenicidade de algumas proteínas está associada ao tipo de epítopo (linear ou conformacional), com diferentes estabilidades ao calor. Por exemplo, os epítopos conformacionais, quando aquecidos, tem a desnaturação proteica, perdendo a dobradura e consequentemente a sequência de aminoácidos. Assim, algumas crianças tem alergia ao leite in natura, mas não faz reação alérgica a um bolo assado, porque provavelmente o epítopo que ela tem alergia é um epítopo conformacional. A alergenicidade de um alérgeno está associada ao epítopo que ele tem, assim como, a sua capacidade de resistir ao suco digestivo e às enzimas. Indução de reações Podem induzir a sensibilização por 3 vias principais: 1. Alimento ingerido ou em contato com a pele ou trato respiratório Alimento ingerido: O alimento propriamente dito causa a sensibilização. O paciente ingere uma vez, é sensibilizado e na 2º vez desenvolve a reação alérgica. Contato com a pele: caso do paciente com dermatite atópica que realiza sensibilização transcutânea. Trato respiratório: Paciente inalou pólen, látex, é sensibilizado e desenvolve posteriormente a reação alérgica. 2. Reatividade cruzada com produção de IgE específica e sensibilização antes do contato com o alimento. É possível ter reação alérgica a um alimento que nunca se teve contato na vida, por uma ingestão ou inalação prévia que desencadeia uma produção de IgE específica, mas que tem reatividade cruzada com aquele alérgeno. Exemplo: Quem tem alergia a leite de vaca tem 92% de reatividade cruzada com leite de cabra, por conta de epítopos similares. Assim, não se pode tratar com leite de nenhum mamífero quem tem alergia a leite de vaca. Outro exemplo é quem tem alergia a carne de boi, em que 80% das crianças que possuem essa alergia, por epítopos similares, possui alergia a leite. O contrário não é verdadeiro, sendo que apenas 10% das crianças que possuem alergia a leite, possuem alergia a carne de boi. 3. Reatividade cruzada entre alérgeno inalável (ex: pólens, látex) responsável pela sensibilização e produção de IgE e ingestão do alimento. Exemplo: É feita a inalação do látex, produzindo alguns anticorpos com reatividade cruzada para banana e kiwi. Ou seja, faz-se sensibilização por via direta ou por reatividade cruzada (algo que comeu ou inalou). Exemplo: reatividade cruzada entre a topoisomerase do ácaro com a topoisomerase do exoesqueleto do camarão e frutos do mar em geral. Desse modo, o 4 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar paciente com alergia a ácaro pode desenvolver alguns sintomas alérgicos ao ingerir frutos do mar. Alérgenos • 80% das alergias alimentares são por leite. • Transitórias (10% persiste): crianças. Leite (mais comum em crianças – 1,8 – 4,9%); ovo; trigo; soja; oleaginosas (particularmente, amendoim); frutos do mar (peixe; crustáceo). Outros alimentos podem provocar alergias alimentares, porém, a maioria está associada a essas seis classes. Lembrar: as alergias a frutos do mar e oleaginosas são mais persistentes, permanecendo até a fase adulta. As outras alergias são mais transitórias. • Aditivos alimentares: raros (<1%): sulfitos, glutamato monossódico, tartrazina e vermelho carmim. Ingestão de salgadinhos. Esse diagnóstico é mais difícil de fazer porque não temos testes específicos para dosar esses aditivos, sendo feito um teste de provocação oral. Suspeitou da alergia? Em ambiente hospitalar/clínica, pede para a criança ingerir a substância suspeita e vê se ela faz reação. LEITE (MAIS COMUM) ❖ APLV: heterogenicidade clínica e de resposta imunológica (célula, anticorpo ou misto); ❖ Principais alérgenos: Alfalactoalbumina: tem no leite materno. Betalactoglobulina: não existe no leite humano – origem alimentação materna. É o que induz maior sensibilização; Tudo que o bebê ingere acaba sendo da dieta materna. Caseína (termoestável, persistência e gravidade da alergia): tem no leite materno. Soroalbumina. A caseína e a alfalactoalbumina tem no leite materno e, por isso, de certa maneira a sensibilização não é tão grande quanto a da betalactoglobulina. Pode-se ter uma alergia a caseína e alfalactoalbumina. Quando temos caso de alergia alimentar mediada por anticorpos, pele, trato respiratório, é possível dosar os anticorpos com padrão de resposta de IgE. Nesses casos, é possível se pedir o IgE para alfalactoalbumina, IgE para betalactoglobulina e IgE caseína. Não se pede esses exames quando é manifestação do TGI. Porém, nas alergias alimentares IgE mediadas é possível se pedir para saber qual é desses alérgenos que a criança tem melhor reatividade. Isso é importante para prever prognóstico, porque alfalactoalbumina e betalactogloblulina são proteínas do soro, sendo proteínas termolábeis, com epítopos conformacionais. Assim, quem é mais alérgico a esses alérgenos, pode começar na reintrodução com assados, para ver se o paciente reage a estes. Caso ele reaja apenas com leite cru, deixar o paciente só com o assado e não se introduz o leite cru. Quando a criança tem um IgE muito elevado para caseína, já podemos raciocinar que essa criança talvez tenha um pior prognóstico, gravidade maior e uma persistência maior. A caseína é termoestável, sendo um epítopo linear, assim, na reintrodução, a criança pode reagir tanto aos cozidos quanto aos crus. As pessoas que tem uma irritação para caseína acabam tendo maior dificuldade para desenvolver tolerância. Alérgenos do LV Alguns estudos indicam que o cozimento diminui a alergenicidade das proteínas do soro (epítopos conformacionais), justificando a melhor tolerância ao leite cozido. Caseína é uma proteína do leite. Alfalactoalbumina e betalactoglobulina são proteínas do soro. 80% do leite animal é caseína; 20% é proteína do soro. Vias de sensibilização • Contato com TGI ou pele; • Produção de IgE específica antes do contato com alimento – reatividade cruzada (leite – carne: 20%/ carne – leite 80%); • Reatividade cruzada com alérgenos inaláveis (polén/látex); As vias de sensibilização são iguais, seja pela ingesta inalação, pele ou reatividade cruzada com o alimento. 5 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Fatores de risco para alergia alimentar Os fatores de risco para acriança desenvolver alergia a leite ou alergia de um modo geral. RISCOS IMUTÁVEIS • Sexo: M>F; • Etnias: asiáticos e negros > risco; • Genética (princip. para IgE mediada). *Obs. Situação em que na anamnese de obstetrícia se pergunta a paciente se ela tem alguma doença alérgica, já se pensando em prescrever uma forma hipoalergia para o bebê. Não é comprovado cientificamente. RISCOS MUTÁVEIS • Higiene: crianças que vivem dentro de uma bolha tem maior risco de desenvolver alergia alimentar a até de ter doenças imunomoduladas. • Microbiota: aquelas crianças que já fizeram uso de muitos antibióticos e tem uma desregulação da microbiota. Lembrar que a microbiota participa da imunomodulação e da tolerância alimentar. • Deficiência de Vitamina D: a vitamina D tem importância na imunomodulação. • Alimentação pobre em ômega 3 e antioxidantes: questão dos fatores anti-inflamatórios. • Uso prolongado de antiácidos: a secreção ácida gástrica é importante para quebrar alguns alérgenos. • Obesidade: gera uma resposta inflamatória. • Dermatite atópica: pele sem barreira cutânea; sensibilização transcutânea ao alérgeno; • Idade na exposição; • Presença de outras doenças alérgicas: Lembrar da janela imunológica para exposição dos alérgenos → diminuir as chances de alergia alimentar. Não introduzir o alérgeno muito cedo nem muito tarde. Tolerância oral • É um estado de não reatividade local e sistêmica do sistema imunológico que é induzida por um antígeno administrado pela via oral. • Barreira intestinal e resposta imune X fatores agressores. Algumas pessoas se tornam tolerantes a alguns alimentos por conta de mecanismos na mucosa do TGI de tolerância oral, ou seja, de não reagir a aquele antígeno adquirido por via oral. Esse mecanismo de tolerância oral do TGI é o que impede a gente de não desenvolver alergia no nosso dia a dia; a gente se alimenta o dia todo e a porta por via oral acaba sendo uma porta de entrada grande para os alérgenos; se não tivesse esse mecanismo de tolerância acabaríamos gerando alergia o tempo todo. FATORES ENVOLVIDOS NA TOLERÂNCIA ORAL ❖ Microbiota: importante; ❖ Barreira física (muco e o epitélio); ❖ Secreção ácida, enzimas digestivas; ❖ Genética: alteração no padrão de resposta gerada; ❖ Flora intestinal e o peristaltismo; ❖ GALT. O padrão de resposta que é iniciado quando é exposto a um antígeno. Então ocorre a apresentação do antígeno alimentar e a depender desses fatores de defesa (microbiota, flora, genética...) isso faz com que a pessoa vá para a via de produção de linfócitos T reg, supressores , citocinas reguladoras ou para a via de resposta imunológica T helper, ou produção de IGE; a depender da via, ele vai ter alergia ou desenvolver tolerância. Pode ocorrer também daquela criança ir para o padrão de alergia, mas com o tempo (desenvolvimento da microbiota), a imunidade vai desenvolvendo e o paciente para de reagir a esses alimentos e gera a tolerância oral; na maioria das vezes ocorre esse mecanismo de adaptação. Uma falha nessa tolerância oral deriva a ALERGIA. 6 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Quadro clínico Esse mecanismo de alergia mediado por anticorpo tem uma grande possibilidade de apresentação clínica. Quando é mediado por mecanismo por IGE é mais para um alegologista, não entra muito na área de gastro; esses são quadros mais persistente, associados a outras doenças alérgicas, renite, asma ... Então são pacientes que tem que ser acompanhados por alego também. As manifestações nesses casos são as urticárias, angioedema, crises de broncoespasmos, rinoconjuntivite (lembrar que esses broncoespasmos e rinoconjuntivite isolados não são comuns, geralmente terão esses quadros associados a outras manifestações como urticária ou angioedema). A anafilaxia (questão mais grave dessa alergia) tem um acometimento de no mínimo uns 2 sistemas; alguns pacientes podem fazer anafilaxia induzida por exercício físico, ou seja, ele faz a reação quando come o alérgeno e faz a atividade física. A Síndrome da alergia oral (coceira, hiperemia na própria cavidade oral) raramente vai fazer uma anafilaxia; geralmente fica restrito na boca. PADRÃO MEDIADO POR CÉLULAS • Que é esse padrão da gastro, coloproctite alérgica, enteropatia, enterocolite. PADRÃO MISTO • Que é mediado por IGE e células, como a dermatite atópica; 30% das crianças com dermatite atópica tem alergia alimentar; quando essa dermatite é de difícil controle tem que se pensar em alergia alimentar; pode ter elevação do IGE nesse caso; • Esofagite eosinofílica; • Asma como doença tem esse padrão misto. PRINCIPAIS MANIFESTAÇÕES ❖ TGI: 50-60%; ❖ Pele: 50-60%; ❖ Trato respiratório: 20-30%; ❖ Não IgE mediadas: horas a dias ou até semanas após a exposição; vai ter a inflamação da mucosa pra depois ter os sintomas. hipersensibilidade celular ou do tipo IV. É mais uma cólica e irritabilidade. Pode ser uma alergia, mas pode ser também algum outro distúrbio. ❖ IgE mediadas: mais imediatas, específicas e fáceis de serem diagnosticadas – minutos a horas (< 2h); Ex: a criança tomou um leite ontem e 1 dia depois ele teve urticária → isso não é uma alergia ao leite; a igE mediada é mais fácil de ser diagnosticado. Lembrar que a pessoa que tem essa alergia tem maior risco de desenvolver alergia a outros alimentos e de ter doenças atópicas, renites, asma e dermatite atópica. Sintomas específicos, seja na pele ou no respiratório; prurido, angioedema. maior risco de alergias múltiplas e doenças atópicas; hipersensibilidade IgE mediada ou do tipo I. Vai ser do TGI (predominante), pele e respiratório. Parte gástrica – resposta IgE não mediada ❖ Resposta ao leite – inflamação na mucosa do TGI, dismotilidade ou ambos; A dismotilidade pode gerar refluxo, constipação, cólica; a inflamação pode gerar um sangramento. ❖ Sintomas variados e inespecíficos; ❖ Muitas vezes difícil de diferenciar de uma doença funcional. Lembrando: Intolerância a lactose não é pra ser pensado como primeira suspeita. Reações TGI: não IGE mediadas Induzidas por proteína alimentar: ❖ Formas clássicas; ❖ Proctocolite; 7 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar ❖ Enteropatia; ❖ Enterocolite FPIES: quando mais agudo, vômitos e diarreia, mais se confunde com um quadro infeccioso; não é tão comum quanto a proctocolite e enteropatia; ❖ Outras desordens GI (dismotilidade). ❖ DRGE; ❖ Constipação; ❖ Cólica; ❖ Comprometimento pondero estatural: pode ocorrer, apesar de não ser tão comum; aquela criança que não tem um sintoma, mas tem um comprometimento na altura e peso. Então basta ganho de peso ruim ou estatural que nos obriga a pensar em APLV, porque às vezes você só tem uma baixa absorção de nutrientes, devido a esse grau de inflamação que ocorre na alergia ou até mesmo aquele paciente que tem um gasto metabólico maior. Proctocolite • Induzida por proteínas do LV via LM; • RN e lactentes (pp < 3 meses): 80% antes dos 6 meses; • Início dos sintomas 2 a 8 semanas – pode acontecer também na 1ª semana; • Aumento da incidência nas últimas décadas; • Mais frequente em meninos do que em meninas – 60% vs. 40%; • Metade dos casos: AME (proteínas ingeridas pela mãe); • Aleitamento misto ou artificial: proteínas do leite ou a soja; • Fórmulas com proteínas extensamente hidrolisadas: menos de 10% dos casos. É a forma clássica de apresentação. Aquele bebê gordinho, bonitinho, que ganha peso bem, que pode ou não ter diarreia, mas vai ter sangue nas fezes. Ele tem o aleitamento materno exclusivo, sangramento em pequena quantidade. Pode ser aquele paciente que foi exposto a outro leite na maternidade devido a mãe não conseguir; então mesmo que ele vá pra casacom o leite materno, ele foi exposto ao leite; geralmente sangra na 1º semana. Estão associados a pacientes que estão em aleitamento materno exclusivo. Apenas uma parte será aqueles pacientes que estão tendo contato com outro leite (ex. artificial). Lembrar que os pacientes que tem alergia ao leite também podem ter alergia a soja. No tratamento de pacientes que tem alergia a leite não deve colocar leite que seja a base de soja para tentar substituir o leite de vaca, pois tem chance dele fazer as 2 coisas. Obs: a soja poderá ser feita para a reação da IgE mediada. 10% das pacientes podem ter alergia a forma essencialmente hidrolisada, isso é, depois que já foram feitas as mudanças para o leite e o bebê não melhorou os sintomas. Essa forma hidrolisada é a proteína quebrada em diversos pedaços, mas mesmo assim, algumas crianças ainda tem alergia a esses pequenos fragmentos; para essa criança será feito leite com aminoácidos isolados, já que é impossível ter alergia a aminoácido. PROCTOCOLITE - CLÍNICA ❖ Enterorragia (pequena monta/ anemia ferropriva); ❖ 70% dos casos: sem redução de consistência fecal. ganho de peso adequado; choro, irritabilidade, cólica. ❖ Diagnóstico: clínico; ❖ Retossigmoidoscopia: enantema, erosões ulcerações de mucosa/ hiperplasia nodular linfoide === não indicado de rotina. Fazer em dúvida diagnóstica. ❖ Histologia: infiltrado eosinofílico. ❖ Pesquisa de IgE específica (soro e testes cutâneos): não contribuem para o diagnóstico. ❖ Pesquisa de sangue nas fezes: inadequada; pode permanecer positiva após controle clínico do paciente. Será relatado pela mãe o sangramento, mas existem casos onde a mãe não vê; então você pode ver um bebê meio pálido com uma anemia ferropriva. O bebê pode ter o sangramento, cólica, irritabilidade e choro, mas quando vai olhar tem um ganho de peso adequado (na maioria das vezes), a não ser que acometa o intestino delgado. Diagnóstico é clínico, não vai precisar dosar anticorpo e nem igE, pois é uma reação IgE NÃO mediada; não é necessário fazer colono para o diagnóstico. 8 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Não necessita pedir sangue oculto nas fezes, pois são exames inespecíficos, sendo que é um medicamento de alta sensibilidade; qualquer medicamento pode alterar. Outra situação é a mãe já relatar que há sangue nas fezes do paciente e inclusive traz fotos para comprovar; isso só reitera que não é necessário pedir esse exame para o paciente. Além disso é um exame de baixa sensibilidade, então qualquer medicamento (seja ferro, vitamina) pode dar um resultado falso positivo. Também não se deve pedir sangue oculto para acompanhar se a criança melhorou da alergia, porque além da baixa sensibilidade, esse exame pode vir a ficar positivo muito tempo depois da melhora clínica do paciente. Logo, mais uma vez, o diagnóstico é clínico. TRATAMENTO • Dieta de exclusão materna/hidrolisado proteico/aminoácidos – se não resposta ao hidrolisado ou se LM. • Evolução favorável – resolução em meses: desenvolvimento de tolerância oral até os 12 meses. Exclusão do alérgeno da dieta da mãe, já que está passando para o leite materno, para reavaliar. Pode pensar em fórmulas hidrolisadas ou que só tenham aminoácidos. As crianças que possuem a proctocolite tem uma evolução muito boa e antes de um ano de idade elas se tornam tolerantes e podem voltar a consumir a proteína do leite de vaca. Enteropatia • Primeiros meses de vida após desmame e introdução de fórmulas de LV ou soja; • Reação tardia mediada por células – quadro clínico aparece após dias a semanas; • Início insidioso; má absorção (esteatorreia, hipoalbuminemia); diarreia crônica (fezes ácidas); eritema perianal; distensão; anemia; déficit podero-estatural (desnutrição); enterorragia (se associado com colite). É uma inflamação mais de delgado e com isso será uma síndrome de má absorção; nesses casos de enteropatia geralmente se tratam de crianças que estão usando fórmulas de leite de vaca ou de soja; esse quadro de inflamação pode ser de início insidioso, demora de algumas semanas para ter a manifestação do ganho de peso ruim, da diarreia osmótica. Devido a destruição de vilosidades do tecido intestinal, há perda da função absortiva, corroborando com esteatorreia, perda de proteínas, hipoalbuminemia (má absorção) bem como diminuição de lactase. Com isso será feito um quadro de intolerância a lactose secundário com distensão, diarreia osmótica, gases e hiperemia, ganho de peso ruim. Diarreia osmótica já que ocorre uma distensão de vilosidade e com isso gera uma má absorção. Além do delgado pode acometer cólon e gerar também um sangramento junto a síndrome de má absorção. Não é indicado fazer exame endoscópio nessa criança, mas se tiver uma diarreia crônica tem que fazer diagnóstico diferencial com outras coisas e com isso tem que pedir endoscopia. PODE SER ENCONTRADO NA EDA: Histologia: ❖ infiltrado linfoplasmocitário, eosinófilos e mastócitos; ❖ atrofia de vilosidade; ❖ hiperplasia de cripta. Diagnóstico diferencial: doença celíaca: Pode confundir com doença celíaca em crianças maiores, mas essa doença celíaca não é diagnóstico para um bebê que nunca foi exposto ao glúten, mas quando se trata de uma criança maior com diarreia crônica, aí pode ser pensado com diagnóstico diferencial. Diagnóstico diferencial • Intolerâncias alimentares (particularmente para crianças maiores); • Alterações anatômicas do TGI; • Doença celíaca; • Fibrose cística (principalmente como diagnóstico diferencial de enteropatia, diarreia crônica, diarreia de má absorção); • Erros inatos do metabolismo (às vezes abre com quadros de vômito, ganho de peso inadequado); • DRGE; • Insuficiência pancreática exócrina; • Imunodeficiências; • Linfangiectasia intestinal; • Infecções; 9 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar • Reações psicológicas. Essas possibilidades de diagnóstico diferencial variam muito da clínica do paciente e da faixa etária. Por exemplo, não se pensa em doença celíaca em um bebê que está mamando e que nunca comeu glúten OU uma intolerância a lactose primária para uma bebê de um mês de vida OU uma proctocolite alérgica em um adolescente que sangrou pela primeira vez com 14 anos de idade. Diagnóstico Focando na alergia ao leite, que é a mais comum. Primeira coisa a se fazer é uma anamnese e um exame físico muito bem feitos. Exemplo: um bebê que começou a sangrar; não existem sinais de lesão ou infecção. A suspeita clínica fica forte para APLV. A suspeita fica maior ainda quando se começa a fazer dieta de restrição → a mãe não consome mais leite e derivados e observa-se se em 2-4 semanas essa criança melhora da sintomatologia. Em caso de positivo, o grau de suspeita fica ainda maior, mas ainda não tem como confirmar a alergia, pois o sangramento inicial pode ter sido por alguma outra causa (lesões, vacinas que estimulem uma hiperplasia nodular linfoide, entre outros). Em função disso, só se consegue confirmar realmente se é alergia ao fazer a reexposição dessa criança ao alérgeno e observando se ocorre alguma reação. Dessa forma, a mãe volta a consumir leite e derivados e se a criança apresentar os mesmos sintomas anteriores o diagnóstico é fechado em alergia. Caso contrário, isso não vai ser alergia alimentar e a causa do sangramento foi outro motivo. Naqueles pacientes que apresentam reação IgE mediada, mediada por anticorpo, que fica com o corpo empolado, o diagnóstico pode ser baseado na clínica (assim como no exemplo anterior → retirada do fator, melhora, reintrodução do fator, piora) ou pela dosagem de anticorpo IgE, seja por um Prick Test ou seja dosando a nível sérico. Essa dosagem de anticorpo maiselevada para um determinado alérgeno aumenta o grau de suspeita clínica para aquela alergia. Mas, sempre que esse exame tiver alterado não significa que a criança é alérgica àquele determinada alimento; esse exame mostra que a criança está sensibilizada. Logo, a melhor maneira de diagnosticar alergia alimentar é com uma boa história clínica → retirada do alérgeno → melhora → reintrodução do alérgeno → volta dos sintomas. Um critério inicial para diagnóstico de APLV deve ser a resposta a dieta de exclusão ANAMNESE + EXAME FÍSICO • Idade de início; • Natureza, frequência e reprodutibilidade dos sintomas (não adianta, por exemplo, dizer que come camarão todos os dias e só teve um episódio alérgico); • Tempo entre ingestão e aparecimento das reações (IgE mediada: < 2 horas) (Essas reações são IgE mediada e são IMEDIATAS); • Quantidade de leite necessária para deflagrar sintomas; • Forma de preparação do alimento; Ex. às vezes a criança não tem alergia ao amendoim cru, mas tem quando torrado. • Última reação: Se faz muito tempo, pode-se realizar um teste de provocação para verificar se o paciente já é tolerante. Em pacientes que ainda ingerem só leite, é mais difícil associar a temporalidade com os sintomas, pois estão em aleitamento materno, portanto demoram para melhorar. É importante observar se concomitantemente ao quadro alérgico houve influência de fatores externos, como o uso de algum medicamento, produto químico, entre outros. Deve-se buscar o recordatório alimentar e o histórico alimentar durante o quadro, associá-los, também, aos dados antropométricos da criança (ver se está adequada nas curvas de crescimento). Nesses casos, também é imprescindível que crianças que já são diagnosticadas com alergia e apresentam os quadros alérgicos, se há alguma associação com a dieta restritiva, pois existem crianças que tem alergias mais persistentes e acabam até desnutrindo por não apresentarem adequação a uma dieta restritiva; por esse motivo é essencial a avaliação nutricional em conjunto com o acompanhamento pediátrico. Esses 10 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar quadros são bem comuns em crianças com manifestações cutâneas, pois pode apresentar uma dermatite atópica associada à alergia alimentar e, com isso, confunde-se a dermatite atópica com alguma alergia. Se a criança já apresenta alergia, buscar se houve melhora ou piora com o uso de fórmulas, buscar outras comorbidades (asma/rinite/dermatite atópica), se já fez anafilaxia, urticária, exantema. Exames laboratoriais • Dosagem de IgE (Teste cutâneo ou sérico): Mostra sensibilização e não alergia; Teste cutâneo (Prick test): > 6 meses; VPP <50%; VPN >95% → aplicabilidade. Dosagem sérica (imunocap). • Testes podem ser positivos por tempo superior a reatividade clínica; • Úteis para determinar momento de TPO. • Não solicitar para reação não IgE mediada; • Útil em IgE mediada e mista; • Dosagem de IgG: se evidência científica. É importante lembrar que o diagnóstico de alergia alimentar não IgE mediada é clínico, boa resposta, provocação positiva. Porém, em busca de complicações, pode-se realizar alguns exames. Em uma criança que apresente, por exemplo, baixo peso, diarreia e está hipocorada, deve-se checar se a criança está anêmica (hemograma + dosagem de ferritina), pois ela pode apresentar anemia pela própria perda fecal ou por lesão de delgado com má absorção e pelo próprio estado inflamatório. No hemograma, pode apresentar uma eosinofilia, que é bem comum nesse contexto. ATENÇÃO → REAÇÃO INTESTINAL NÃO ELEVA IgE, pois a resposta é celular à alergia. Pacientes que apresentam reação IgE mediada podem elevar o IgE. A dosagem desse IgE é realizada pelo teste sérico (imunocap) ou pelo teste cutâneo (prick test) que se baseiam na resposta IgE e mastócitos. Nesses casos, um IgE positivo não necessariamente demostra que o paciente é alérgico, pode apenas haver uma sensibilização ao alérgeno que se é exposto. Por esse motivo, deve-se unir a química ao exame, já que se isso não ocorre, acabamos pedindo vários IgEs e restringindo a dieta da criança. O valor preditivo positivo desses exames é menor que 50%, ou seja, menos de 50% dos pacientes que apresentam IgE + para determinado alérgeno é alérgico a ele. O valor preditivo negativo do exame é mais de 95%, ou seja, o exame que der negativo, em 95% dos pacientes significa que eles realmente não são alérgicos. Ele tem uma boa eficácia em afastar alergia IgE mediada. A força da negatividade deles é muito grande, mas também não vai 100% dos casos. Se a mãe chega dizendo que o filho apresenta alergia toda vez que come banana, mas o exame IgE veio negativo, eu vou tirar a dúvida com teste de provocação oral na criança. Isso pode acontecer às X. O teste de IgE pode ser positivo tanto pelas mediadas como pelas mistas, visto que IgE é mediado por célula e anticorpo. Então não adianta ficar pedindo IgE para ver se a criança está melhor da alergia, porque a dosagem pode ser positiva ainda por um tempo maior do que a reatividade clínica. Se ele vier negativo, significa que diminuiu bastante a sensibilização, você já pode até pedir um TPO. Então antes de pedir o teste de provocação oral para retestar ela, é indicado que faça a dosagem de IgE para ver se diminuiu um pouco e ter segurança. Se vier um IgE alto, a pessoa tem que atrasar um pouco mais o TPO. Não é para ficar pedindo IgG para alimentos. Não tem participação do IgG na resposta imediata da alergia alimentar. Não tem evidência científica nenhuma. DIAGNÓSTICO – DIETA DE RESTRIÇÃO • Deve ser feita a exclusão completa das proteínas do leite de vaca da dieta como diagnóstico quando for possível excluir a suspeita de APLV: ❖ Mínimo: 2 semanas; ❖ Máximo: 4 semanas; ❖ Se a criança está em AME: excluir proteína do LV da dieta materna. Então na suspeita de alergia, o diagnóstico é clínico (falando de manifestações gastrointestinais). MAS, se for reação IgE mediada, a dosagem de anticorpo também pode ajudar no diagnóstico, principalmente para afastar se vier negativo. Então vem um menino com infecção gastrointestinal e que apresentou sangramento. Eu vou excluir a proteína do leite de vaca da mãe por 2 a 4 semanas + orientar em relação a tudo que tiver traços de leite no rótulo, reforçar que não é lactose – é LEITE; orientar em relação a medicamento, utensílios sujos com leite ... 11 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Se estiver usando fórmula, usar fórmula extensamente hidrolisada. Cuidado: tem fórmulas que são parcialmente hidrolisadas (NAN HA hipoalergênico), mas que não são para alergia. Essas fórmulas foram criadas com o objetivo de tentar prevenir alergia alimentar em crianças com histórico familiar de alergia, mas tem evidências científicas baixíssimas. Apesar de 90% das crianças responderem bem a essas fórmulas extensamente hidrolisadas, ainda tem crianças que mantem a alergia mesma com ela, em torno de 10%. Então temos que usar nessas crianças fórmulas de aminoácidos (Ps. não tem como ter alergia ao aminoácido isolado). Fórmulas extensamente hidrolisadas: Alfaré (Nestle) e Pregomin (Danone). Há também o Aptamil Pepti (ou seja, peptídeos, quebrados) e a Althéra. Essas fórmulas também são para alergia alimentar. A diferença delas para o Pregomin e Alfaré é que elas têm lactose. Então, para manifestações intestinais, não é recomendado prescrever essas fórmulas com lactose, porque ele pode ter intolerância a lactose transitória, piorando o quadro de diarreia ou de sintoma gastrointestinal. Elas (Aptamil Pepti e Althéra) podem ser utilizadas para alergia alimentar IgE mediada sem nenhum problema. O ideal é que seja as fórmulas extensamente hidrolisadas sem lactose.O Novamil rice é uma fórmula com proteína de arroz. Essa proteína de arroz não é baseada em proteína de leite e teria alguns outros nutrientes para igualar às outras fórmulas infantis. Nenhum guideline está colocando isso como opção de tratamento ainda de APLV. Geralmente as crianças ficam até bem com ela, mas é uma fórmula que tem o mesmo preço e o paladar não é bom. Essas fórmulas de alergia são péssimas, mas como os bebês não tem paladar muito desenvolvido, eles conseguem tomar tranquilamente. Nos 10% dos pacientes que não respondem as fórmulas ou aqueles pacientes que já possuem APLV muito avançado e os pacientes mais graves (com anafilaxia, dermatite atópica grave, esofagite eosinofílica, FPIES, enteropatia grave) vão direto para a fórmula de aminoácido. As fórmulas de aminoácidos podem ser passadas logo de início naqueles pacientes que fazem aleitamento materno exclusivo em que o médico está com muita dúvida se a mãe não está transgredindo na dieta. Então, às vezes, é aquela mãe que diz que está fazendo a dieta e o menino está mantendo o sangramento. Ou então se o médico estiver suspeitando de outra alergia em conjunto. E, além disso, se a mãe não quiser manter o aleitamento materno exclusivo. Nesses casos, você já pode ir testando essa fórmula de aminoácido, porque aí o médico não perde tempo testando a fórmula de hidrolisados e, caso não responda, ter que ir para aminoácido. Em resumo, normalmente, é: se for um aleitamento materno exclusivo -> manter aleitamento materno com dieta. Se já estiver usando fórmula infantil -> médico passa a estritamente hidrolisada e se não melhorar -> fórmula de aminoácidos. Se já tiver aleitamento materno exclusivo, a mãe quiser começar a fórmula e você achar que a mãe não está fazendo a dieta direito, o médico pode passar para a hidrolisada e caso não dê certo passa para a de aminoácidos, mas também pode passar direto para a de aminoácido porque aí poupa o tempo do teste do estritamente hidrolisada e diminui o custo para a mãe. Caso a criança já esteja com a fórmula de aminoácido e continuar com a clínica, o médico pode ter CERTEZA de que não é alergia alimentar, porque não tem como a criança ter alergia a fórmula de aminoácido (fórmula elementar). Deve-se buscar diagnósticos diferenciais. Diagnóstico de teste de provocação oral • Padrão ouro: teste duplo cego controlado por placebo e nem o médico nem a mãe sabe o que está tomando, mas na prática acaba fazendo o teste normal mesmo e todo mundo sabe o que é. É feito para ver se tem reação ou não. • Realizar após 2-4 semanas de dieta isenta. • Se positivo – alergia alimentar – 6 meses em dieta isenta. Se o quadro for leve, pode fazer 3 meses. 12 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Se o quadro for grave, pode estender um tempo maior para 1 ano. • Se negativo – não é alergia alimentar – liberar dieta. INDICAÇÕES • Confirmar ou excluir uma alergia alimentar para ver qual o melhor momento para reintroduzir ou para ver se já está tolerante aquele alimento; • Avaliar aquisição de tolerância (leite de vaca, ovo, trigo ou soja); • Avaliar reatividade clínica em pacientes sensibilizados e nos com dieta restritiva a múltiplos alimentos; • Determinar se alérgenos alimentares associados a doenças crônicas podem causar reações imediatas; é recomendável que todos os TPO’s sejam feitos em clínica para vigiar se tem alguma reação; dá alguns alimentos, aumenta algumas quantidades e observa por determinado tempo. Teoricamente todos deveriam ser feitos em clínica, tanto o mediado por IgE quanto o não mediado, obviamente; o mediado por IgE com anafilaxia todos tem que ser feitos em clínica e, geralmente, os não mediados por IgE acabam sendo em casa. Às vezes um paciente começou com um quadro não mediado por IgE, com diarreia e sangue, e depois de um tempo ele pode mudar o padrão de alergia para mediada por IgE. Ex: um menino começou com proctocolite alérgica, já chegou com dieta isenta, com 6 meses já ia ver se estava tolerante, mas nesse meio caminho ele entrou em contato com leite, que a irmã ou o pai estava consumindo e fez reação de pele. Quando o IgE foi dosado, estava altíssimo para caseína. Ou seja, uma criança que mudou o padrão. Essa criança agora vai ficar em dieta isenta por mais 6 meses. Não vai pedir para a mãe dar o leite em casa, vai testar em hospital/clínica, porque tem risco de fazer anafilaxia. • Avaliar a tolerância a alimentos em possíveis reações cruzadas; • Avaliar o efeito do processamento do alimento em sua tolerabilidade; • É recomendável que TPO sejam iniciados sob supervisão médica (incluindo manifestações digestivas): pode haver mudança no padrão de reação clínica manifestada em relação as apresentadas quando do diagnóstico de APLV. Nos casos IgE mediados, antes de mandar consumir o alérgeno, pede-se os IgEs; se tiver IgE baixo, normal, libera para começar a introdução em casa; se vier um IgE alto, encaminha para o alergo para fazer com supervisão clínica. Tratamento • Dieta isenta do alérgeno por no mínimo 6 meses caso tenha tido TPO positivo; • LM com dieta isenta materna; • Fórmula extensamente hidrolisada; • Fórmula de aminoácidos (NEO CATE, mais famosa) • Fórmulas de soja; O ideal é sempre estimular o aleitamento materno, se não tiver jeito; Fórmulas são bem caras ... a prefeitura fornece, tem que dar entrada, às vezes demora. Via SESAB também é possível. Fórmulas de soja • Somente para reações IgE mediadas e em > 6 meses; • Não usar em não mediadas por IgE (sensibilização simultânea). NAN SOY, APTALMIL SOJA, mais baratas. Se for reação IgE mediada, de pele, em crianças > 6 meses, pode ser fornecida essa fórmula. Maior de 6 meses devido as questões de fitoesteróides, tem essa preocupação quanto a exposição precoce. Para manifestações intestinais não é recomendado usar soja porque pode haver sensibilização às duas coisas em mais de 10% dos pacientes. Não é Ades, são fórmulas baseadas em proteínas de soja que tentam ser nutricionalmente similares às fórmulas infantis. Normalmente não são prescritas, apenas em situações extremas de precariedade social, a mãe não amamenta; há um risco de falha terapêutica. Caso a criança chegue já em uso de soja e que esteja bem, não há necessidade de alterações. Programa para fazer o TPO. Não utilizar • Leite de outro mamífero (ex: cabra): proteínas homólogas – alergia. Tem sensibilização cruzada em mais de 90% dos pacientes; 13 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar • Leites de proteína vegetal (na verdade não é leite, porque não tem glândula mamária) – não adequados nutricionalmente. Ex: amêndoa, castanha, arroz. Criança com alergia IgE mediada, mais de 6 meses de idade: pode retirar da dieta materna ou passar a fórmula de soja ou fórmulas extensamente hidrolisadas. Se ele melhora dos sintomas, o TPO é programado: Desencadeamento em média 8 semanas; com 2 a 4 semanas já pode fazer, mas até 8 ainda é aceitável, dependendo da clínica do paciente. Ex. um menino que só tem peso alterado, não sendo IgE mediada não adianta fazer com 2 semanas, porque ele não vai recuperar o peso em 2 semanas. (sem sentido a explicação na aula) Posteriormente, mantém a fórmula que ele respondeu, programa o TPO: Se for negativo, isso NÃO era alergia alimentar. Então, mantém a criança com a fórmula normal para idade e libera o leite da mãe se for o caso. Se for TPO positivo, é alergia alimentar. Então, mantém com a fórmula de soja ou extensamente hidrolisada por 6 meses para fazer novamente um desencadeamento. Se com 6 meses ele melhorar: libera o leite. Se não melhorar: mantém mais 6 meses. Toda vez que testa e dá positivo, mantém 6 meses de dieta isenta. Criança com menos de 6meses não pode usar fórmula de soja, logo, utiliza a fórmula extensamente hidrolisada. Se for não IgE mediada ou se for menor de 6 meses com reação IgE mediada: faz a fórmula extensamente hidrolisada. Se melhora, programa o TPO: se for positivo, mantém a extensamente hidrolisada por 6 meses. Se for TPO negativo, libera o leite da mãe ou o leite da criança normal. Se com a fórmula extensamente hidrolisada (seja pra IgE mediada em menor de 6 meses ou não IgE mediada), está mantendo os sintomas, parte-se para a fórmula de aminoácidos. Caso ele melhore com a fórmula de aminoácidos, marca-se o desencadeamento assim que for possível. Se o desencadeamento for negativo, vai para a fórmula extensamente hidrolisada e fica um tempo novamente com dieta isenta. Depois marca novamente o TPO com a fórmula infantil (normalmente se for positivo, você tem que voltar para a fórmula extensamente hidrolisada, ficando normalmente mais seis meses com dieta). No entanto, se com a fórmula de aminoácidos ele não melhorar, isso não é alergia alimentar. Explicação do fluxograma extremamente confusa!! Prognóstico • Leite, ovo, trigo, soja: altas taxas de resolução da alergia (45-50%) • Leite: tolerância alta (1 ano) em IgE negativas e 57% em IgE positivo. APLV: 50% aquisição de tolerância até os 5 anos e 75% no início da adolescência. • Imunoterapia para dessensibilização: falta de resposta sustentada - (2 a 24 semanas). Por sorte, a maioria das crianças com alergia a leite acabam adquirindo tolerância, resolvendo a alergia em até 50% dos casos (IgE mediada e IgE não mediada) A tolerância ao leite para manifestações não IgE mediadas é bem alta, tendo estudos que mostram 90 – 100% de tolerância. Para IgE mediada é um pouco menos. • De modo geral, tanto o processo IgE mediado, quanto o não mediado tem em torno de 50% de chance já de ser tolerante até os 5 anos de idade e 75% no início da adolescência. Tem sido feitas várias terapias de dessensibilização, mas não está havendo respostas tão boas, porque ele acaba perdendo um pouco a resposta dessensibilizada em torno de 2 – 24 semanas, ou seja, estão tentando fazer, mas não está havendo resultados tão bons com esse tipo de terapia. 14 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar Caso clínico 1 Paciente 2 meses de vida trazida ao ambulatório de gastropediatria devido à presença de rajas de sangue e muco em fezes há dois dias. Genitor refere dejeções pastosas (2-3 episódios/dia) e nega febre. Lactente nasceu a termo sem intercorrências e está em aleitamento materno exclusivo com boa aceitação do leite materno. Nega uso de fórmulas artificiais. Vem em ganho de peso adequado (30g/dia) e apresenta alguns episódios ocasionais de cólica a noite. Sem alterações no exame físico. Suspeita diagnóstica: Alergia. O bebê tem diarreia com sangue. Deve-se pensar em alergia alimentar, em quadros infecciosos. Como ele está bem, sem irritabilidade, sem nenhuma alteração, não se pensa em algo agudo nem obstrutivo. Existem doenças inflamatórias de início muito precoce, mas não é observado normalmente nessa idade. Então, não é o que se pensa de cara nesse paciente. Pensaria em quadro raro de obstrução intestinal dentro de uma síndrome genética se não estivesse respondendo a terapêutica nenhuma. Questão 1 1. Sobre o caso acima assinale a alternativa correta: a) Trata-se de um quadro sugestivo de alergia a proteína do leite de vaca mediada por anticorpos IgE. b) A ausência de diarreia e o bom ganho ponderal exclui a possibilidade de proctocolite alérgica devendo ser afastadas outras causas de hemorragia digestiva baixa. c) Intolerância a lactose primária é a principal hipótese diagnóstica para esse lactente. d) A ausência e febre não exclui a principal suspeita para esse paciente: disenteria infecciosa que, em nosso meio, tem a shiguella como principal agente etiológico. e) Os prováveis alérgenos envolvidos no quadro acima são as frações do leite: alfalactoalbumina, betalactoglobulina e caseína. Sendo essa última associada a quadros mais persistentes. COMENTÁRIOS SOBRE A QUESTÃO a) FALSA. É não mediada por IgE, porque se trata de manifestação gastrointestinal. É questão celular, não envolve anticorpo, então não é necessário dosar IgE para fazer diagnóstico. b) FALSA: Na proctocolite alérgica, na maior parte dos bebês eutróficos, não tem diarreia. Quando acomete intestino delgado, pode ter baixo peso e diarreia associada, mas não exclui o diagnóstico só porque ele está com peso bom e sem diarreia. c) FALSO. Intolerância a lactose primária JAMAIS. Se ele tivesse uma enteropatia no intestino delgado, poderia fazer uma intolerância a lactose secundária a uma inflamação/atrofia vilositária. d) FALSO. Pode ser um diagnóstico diferencial, mas não é a principal suspeita. O paciente não apresenta febre e nenhum outro comemorativo infeccioso. e) VERDADEIRA. Lembrar que a caseína está associada a quadros mais graves e persistentes. A suspeita principal é alergia ao leite (mais comum), mas se a criança não responder e mantiver a sintomatologia, deve-se ampliar a possibilidade para alergia a outros alimentos, como soja e trigo, por exemplo. Questão 2 2. Sobre o caso acima assinale a alternativa correta (conduta diagnóstica): a) Deve ser solicitada colonoscopia para investigação desse quadro de hemorragia digestiva baixa. b) Está indicada a pesquisa de anticorpos IgE para a alfalactoalbumina, betalactoglobulina e caseína. c) Não há necessidade de realização de exames complementares, estando indicada a suspensão do leite e derivados da dieta materna por 2-4 semanas e, se melhora da sintomatologia, realização posterior do teste de provocação oral. d) Deve ser solicitado o teste de tolerância oral a lactose para confirmação da principal hipótese diagnóstica. e) Hemograma, PCR e coprocultura devem ser solicitados para confirmação do quadro infeccioso. COMENTÁRIOS SOBRE A QUESTÃO a) FALSO. ¨Coitado do bebê se for fazer uma colonoscopia¨ b) FALSO. Nada de pesquisar anticorpos. c) VERDADEIRO. Não precisa de exames complementares. Retira leite e derivados. Se melhorar, programa TPO. Se TPO positivo é alergia → 6 meses de dieta isenta. Depois de 6 meses testa outra vez. Se continua mantendo a sintomatologia → mais 6 meses de dieta. TPO negativo não é alergia → volta para a fórmula normal/ fórmula infantil. 15 Beatriz Machado de Almeida Gastropediatria – Alergia alimentar d) FALSO. A principal hipótese diagnóstica não é intolerância à lactose. Se fizer o teste para o bebê, via negativo obviamente, porque o acometimento é de cólon. Se fosse um menino que tivesse diarreia e fizesse um teste de tolerância à lactose, poderia vir positivo. No caso, seria intolerância secundária junto com o processo de APLV. Outro exemplo: se fosse uma criança grande, com sintomas de diarreia osmótica, distensão, hiperemia do bumbum ao ingerir lactose, ainda assim, não é obrigatório o teste para fechar o diagnóstico. Pode ir pela clínica. Se estiver pensando em intolerância à lactose, para a lactose e vê se melhora. Melhorou? Se comer tem sintomas outra vez? → Diagnóstico. e) Não se está pensando em infecção para a criança. Questão 3 3. Sobre o caso acima, assinale a alternativa correta (conduta terapêutica), lembrando que é uma criança que está em aleitamento materno exclusivo: a) Deve ser suspenso o aleitamento materno e prescrito fórmula extensamente hidrolisada. b) Há indicação de antibioticoterapia (azitromicina ou ciprofloxacina) e zinco oral por 10- 14 dias. c) Deve ser retirada a lactose da dieta materna por 2- 4 semanas para avaliar se há melhora da sintomatologia. d) Caso a genitora opte por não manter o aleitamento materno podem ser utilizadas fórmulas extensamentehidrolisadas ou fórmula de soja. e) Caso o teste de provocação oral seja positivo após 2- 4 semanas de exclusão do leite de vaca e derivados da dieta materna, está indicada a manutenção dessa restrição por 6 meses. COMENTÁRIOS SOBRE A QUESTÃO a) FALSO. Tem que incentivar o aleitamento materno com restrição. Lembrar de prescrever cálcio e vitamina D para essa mãe, porque ela não ter a principal fonte de cálcio (leite e derivados). Só folhas e vegetais não vão suprir o aporte de cálcio. b) FALSO. Nada de antibiótico, pois não se está pensando em infecção. c) FALSO. Não é retirar lactose!!! É retirar leite e derivados (todos os traços de leite). Olhar medicamentos, embutidos, pães, tudo que for usar. d) FALSO. Se a mãe preferir não amamentar, não deve julgar! Às vezes ela gosta de comer queijo, café com leite. Se ela falar que não está conseguindo seguir a dieta, deve-se oferecer fórmula para o bebê. A extensamente hidrolisada pode, aminoácido pode (tá no aleitamento materno), mas soja não pode (para manifestações de proctocolite não pode). e) VERDAEIRO: Manter aleitamento, dieta isenta 2-4 semanas e depois TPO. Se TPO positivo, dieta isenta por mais 6 meses. Se TPO negativo, libera novamente a dieta da mãe ou a fórmula para idade da criança.
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