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Apostila de Literatura

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Entenda a Literatura
Objetivos:
 Revelar o papel da Literatura em nossa vida, como ela é feita, como é útil, quem foram alguns ilustres escritores que fizeram história, etc. Você conhecerá gêneros literários, e algumas das inúmeras formas possíveis de escrever literatura.
Pré-requisitos:
 Interesse absurdo pela literatura. Curiosidade e vontade de aprender e conhecer sobre escritores e livros espetaculares. Esse módulo um de literatura apenas será uma ajuda para o seu entendimento. É necessário que você pesquise as obras literárias aqui descritas, assim seu aprendizado será ainda maior. E acompanhe os próximos módulos para seguir a linha de raciocínio que o levará a conhecer a fundo a Literatura.
 A Literatura é uma arte!!! Dentre as várias manifestações artísticas que existem a literatura é a arte de compor ou escrever trabalhos artísticos em prosa e verso.
 Cada artista tem seus materiais ou sua matéria prima. O pintor, por exemplo, usa de tintas, telas etc. O escritor que também é um artista usa como matéria prima às palavras. Alceu Amoroso Lima comprova:
 “A palavra é, pois o elemento material intrínseco do homem de letras para realizar sua natureza e alcançar seu objetivo artístico.”
 Mas não basta apenas fazer o uso da palavra para produzir Literatura. O escritor ou emissor deve estar atento para sua mensagem, tal cuidado inicia-se na seleção e combinação de palavras, na estrutura da mensagem com palavras carregadas de significado. Por isso há uma diferença enorme entre um texto de um manual de instruções e um texto literário. Nem tudo que é escrito é Literatura!
 Observe com atenção o poema abaixo, veja que cada palavra é carregada de significado, e note que o poeta se atentou ainda quanto à sonoridade do poema: 
Neologismo
Beijo pouco, falo menos ainda
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo
Teadoro, Teodora.
 (Manuel Bandeira)
 Para se produzir Literatura, então, é necessário estar atento ao arranjo ou arrumação das palavras. Ao se comunicar o emissor escolhe, seleciona as palavras para depois organizá-las, combina-las conforme sua vontade. Todas as palavras podem se tornar literárias, o que as transformam é o arranjo delas. Para isso o poeta procura obter através das palavras:
» o ritmo
» a sonoridade
» o belo e inusitado das imagens.
 Denotação e conotação
 A linguagem denotativa é basicamente informativa, ou seja, não produz emoção ao leitor. É informação bruta com o único objetivo de informar. É a forma de linguagem que lemos em jornais, bulas de remédios, em um manual de instruções etc.
 Por isso, a palavra literária é conotativa, é uma linguagem carregada de emoções e sons.
 Isto fica evidente em momentos da crônica Notícia de Jornal de Stanislaw Ponte Preta:
 Linguagem denotativa:  “João José Gualberto, vulgo Sorriso, foi preso na madrugada de ontem, no Beco da felicidade, por ter assaltado a Casa Garson, de onde roubara um lote de discos. (...)”
 Linguagem conotativa:  “O Sorriso roubou a música e foi preso no Beco da Felicidade. (...)”
 Gêneros literários
 Há grandes diferenças de conteúdo e estrutura entre os textos literários. Por isso as obras literárias podem ser classificadas em gêneros. Quanto à forma, o texto pode-se apresentar em prosa ou verso.
 Podemos enquadra as obras literárias em três gêneros: o Lírico, Dramático e o Épico.
 Gênero Lírico
 “Lírico” vem de “lira”, um instrumento musical, cujo som acompanhava a declamação de poemas na Grécia. O gênero Lírico acontece quando um “eu” nos passa uma emoção e sentimentos pessoais do poeta. Fala de emoções, de estados da alma.
 Soneto de Fidelidade
 De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
 
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
 
E assim, quanto mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
 
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
 (Vinícius de Moraes)
 O lirismo ocorre em poemas chamados sonetos, odes, baladas, elegias, canções e eventualmente pode ocorrer em prosa.
 Gênero dramático
 “Drama” em grego significa “ação”. Então, textos em prosa ou poesia feita para representação enquadram-se no gênero dramático.
 É uma literatura representada num palco, numa tela, ao ar livre e há grande ênfase no diálogo. Pode aparecer representando uma tragédia, uma comédia, uma tragicomédia ou uma farsa.
 Vemos esse gênero em peãs de teatro, filmes, novelas,circo-teatro, shows etc.
 Gênero Épico
 O gênero Épico aparece na forma de longos poemas chamados epopéias. É uma poesia objetiva, impessoal onde é feito a narração de feitos heróicos, histórico, com grande ênfase nos atos de bravura.
 Dentre as principais epopéias (ou poemas Épicos), destacamos:
 » Ilíada e Odisséia do escritor grego Homero, narrativas sobre a guerra entre Grécia e Tróia.
» Eneida do romano Virgílio, que narra os feitos romanos.
» Os Lusíadas de Camões natural de Portugal.
 A forma de alguns gêneros literários
 » Epopéia: poemas de forma fixa, geralmente versos de dez ou doze sílabas, em estrofes de oito ou dez versos.
 Para entender examine esta estrofe, do exódio de Os Lusíadas, é uma oitava (estrofe de oito versos) em versos decassílabos (versos de dez sílabas).
 
I
 
Cessem do sábio Grego e do troiano
As navegações grandes que fizeram,
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram,
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.
 » Soneto: são complexas composições líricas de forma fixa. São 14 versos, distribuídos em dois quartetos e dois tercetos. Veja:
 Soneto do amor total
 
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade.
 
Amo-te afim, de um calmo amor prestante,
E te amo além, presente na saudade.
Amo-te, enfim, com grande liberdade
Dentro da eternidade e a cada instante.
 
Amo-te como um bicho, simplesmente,
De um amor sem mistério e sem virtude
Com um desejo maciço e permanente.
 
E de te amar assim muito e amiúde,
É que um dia em teu corpo de repente
Hei de morrer de amar mais do que pude.
 
(Vinícius de Moraes)
 » Romance: É a narração de um acontecimento fictício, mas em conformidade com o universo real. Apresenta quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem.
 Podemos ter romance de costumes, romance psicológico, romance policial, romance regionalista, romance de cavalaria, romance histórico etc. Exemplos de alguns romances bastantes conhecidos:
 
A Moreninha - Joaquim Manuel Macedo
 Senhora, Lucíola e Diva- José de Alencar.
 » Conto: Narrativa curta, de episódio único, poucos personagens e que geralmente se passa num único lugar.
» Crônica: São relatos de fatos do cotidiano. No Brasil tivemos cronistas importantes como José de Alencar, Machado de Assis, Olavo Bilac, Carlos Drummond de Andrade; Fernando Sabino, Rachel de Queiroz, Luís Fernando Veríssimo, entre outros.
 » Fábula: Narrativa inverossímil que tem como objetivo transmitir uma lição de moral. Normalmente os personagens são animais. No Brasil, Monteiro Lobato escreveu Fábulas que ensinavam lições importantes, fez isso através de comentários feitos pelos personagens que viviam no Sítio do Picapau Amarelo. Veja a profundidade desta fala de Emília para o Visconde de Sabugosa:
 “Tudo é loucura ou sonho no começo.
Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira.
Mas já tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum.”
» Ode e hino: Ambos vêm da Grécia e significam “canto”. Ode é uma poesia de exultação. Hino glorifica pátria ou divindades.
 » Elegia: Poesia que fala de acontecimentos tristes ou da morte de alguém. A maisfamosa Elegia foi escrita por Fagundes Varela e intitula-se “Cântico do Calvário”.
 » Sátira: Poesia que relata os defeitos humanos, mostrando o ridículo de determinada situação.
INTRODUÇÃO AOS ESTUDOS LITERÁRIOS : CONCEITO FUNDAMENTAIS- PARTE1
 
MÓDULO 1:CONCEITOS E FUNÇÕES DA LITERATURA E CARACTERIZAÇÃO DO TEXTO LITERARIO
 
Objetivo:
 Esta lição visa mostrar as origens da literatura e sua função.Mostra também algumas da figuras de linguagem mais usadas na literatura em geral.
 LITERATURA: CONCEITUAÇÃO
 Conceituação
 Toda a manifestação artística feita com a palavra recebe o nome de literatura.Esta palavra designa textos que buscam expressar o belo e o humano através das palavras. Embora se tenha amplos significados. Deve-se diferenciar o seu emprego genérico de seu sentido artístico, criativo.
 A literatura trata de textos que possuem uma preocupação estética, que provoca prazer e conhecimento por seu conteúdo, forma e organização. Por ser uma expressão do homem é um bom meio de comunicação, porque explora todos as partes da linguagem.
 Ela pode utilizar simultaneamente palavras recursos gráficos ou visuais e é bem vista na comunicação do dia-a-dia. Na televisão, cinema, teatro, shows, DVD, rádio, jornais e até em revistas de quadrinhos.Por que em todos esses campos existe um elemento em comum: a palavra.
 A utilização da literatura não é de hoje. Na Grécia antiga, Aristóteles, filósofo de destaque, mostrou que a literatura tem também a propriedade de exprimir, mostra sentimentos coletivos, ou seja, de um grupo, sociedade ou de uma época e que os purifica pela expressão escrita, fortes emoções.
 Esta propriedade chama-se de cartase, ou seja, purificação das emoções. Foi bem explorada por escritores de todas as épocas.
 Na França, no século XVIII, surgiu outra concepção de literatura: a de ligação entre o homem e o fazer literário, isto quer dizer que, a literatura está intimamente ligada aos aspectos coletivos do homem.Sob esta conceituação, a literatura marcou sua presença em grandes mudanças sociais e políticos. Ela podia com que reinterpretar o mundo, a partir de ações, gestos e palavras de acordo com a situação da sociedade.
 Por isso, essa associação de inter-relação entre sociedade e literatura, alguns escritores do séc.XIX,  viram que havia a necessidade  de se compreender a literatura como também em exercício da linguagem da comunicação.
 A literatura que busca o essencial, o universal, que pode contribuir para a formação dos homens,indicando-lhes a maneira de agir,mostrar os seus prazeres,desejos e outros sentimentos.Isto ajuda o homem a se conhecer melhor.A literatura da a vida, o sentido das palavras, exemplo:
 Havia um mendigo cego, onde as pessoas que passavam por ele não lhe davam quase nada, mas aí um homem fez a diferença para ele ganhar mais esmolas,trocou o cartaz que carregava com as palavras ”cego de nascença” por outro: “chegará a estação das flores e eu não a vereis”.
 Com isso nota-se que simples palavras ganham sentimento.
 
LITERATURA E SUAS FUNÇÕES
 A literatura pode ser definida como:
 - Um elemento de catarse
 - Um elemento do conhecimento do mundo, tanto do passado, e do presente, como da mentalidade de uma sociedade ou época.
 - Um elemento essencialmente ligado ao homem, ao seu próprio conhecimento.Em si mesmo, a outros, como um espelho de si mesmo, ou como ele sendo um espelho da sociedade em si.
 - Um elemento de formação e desenvolvimento em todos os campos do saber: intelectual, moral, ideológico e até estético.
 
CARACTERÍTICAS DO TEXTO LITERARIO:
 SENTIDOS DAS PALAVRAS
 Em um texto literário, dependendo do contexto que uma palavra se encontra, o seu significado pode ser real, ou seja, esta pode ter um objetivo comum a todos.
 EX:  Romeu é cego por isso lê em braile.
 Este exemplo mostra o valor denotativo da palavra. Aqui no exemplo a palavra  cego.
Mas esta mesma palavra em outro contexto pode ter outro sentido, ou interpretação.
 EX: Romeu estava cego de paixão por Julieta.
 Neste caso a mesma palavra cego tem valor conotativo.
 Para melhor entendimento, observe:
 Na denotação aparece:
 - uma linguagem informativa,objetiva.
 - Tem por objetivo um conhecimento prático e cientifico.
 - A palavra é usada no seu real sentido.
 EX: Ganhei um par de brincos dourados.
 Na conotação aparece:
 - Uma linguagem mais afetiva e subjetiva.
 - tem por objetivo uma apreciação bela e criativa.
 
- A palavra é empregada no seu sentido figurado.
 EX: Os anos que você esteve ao meu lado, foram anos dourados.
 ATIVIDADES
 01) Indique se as palavras abaixo em destaque estão em sentido denotativo ou conotativo:
 
a) A raiz desta árvore já está afetando a estrutura da casa.
 
_______________________________________________
 
b) A raiz de todo o mal da humanidade é a falta de amor.
 
_______________________________________________
 
c) Ela é uma víbora perigosa, com suas atividades.
 
_______________________________________________
 
d) A víbora é cobra muito perigosa.
 
_______________________________________________
 
FIGURAS DE LINGUAGEM
 As figuras de linguagem são recursos usados para dar maior ênfase ou sentido á expressão.O estudo dessas figuras ajuda a entender melhor os recursos utilizados pelos escritores em seus textos.Veja algumas das figuras de linguagem mais usadas:
 COMPARAÇÃO
 É uma comparação, ou seja, uma equivalência real entre um comparante  e um comparado por meio de um termo de comparação, uma frase,palavra ou locução,que deixa claro a comparação na sentença.
 EX: Ela é tão feia quanto briga na foice.
 METÁFORA
 A metáfora é uma comparação, mas de maneira indireta, porque não possui em termos específicos de comparação. Ela associa idéias semelhantes, ou seja, usar uma palavra fora do seu contexto normal para fazer parte de um outro contexto.
 EX: Nosso chefe é um leão.
 METONÍMIA
 Esta é a substituição de um termo por outro com o qual há uma relação de sentido.
 Essa relação pode ser:
 - Efeito pela causa
 EX: Bebeu a morte
      Bebeu veneno
 - Continente pelo conteúdo
 EX: Bebeu dois copos
      Bebeu duas doses de wisque
 - Autor pela obra
 EX: Eu li a obra de machado de Assis.
      Eu li machado de Assis.
 CATACRESE
 É como uma metáfora do dia-a-dia.Seu objetivo é desviar uma palavra do seu sentido próprio para dar nome a outra coisa que não tem nome específico.
 EX: Braço do sofá
      Perna da mesa.
 EUFEMISMO
 É usado para amenizar o que é desagradável, através da substituição de palavras graves e fortes, diretas por outras mais suaves, brandas.
 EX: Ela passou dessa para melhor.
      ( quer dizer ela morreu)
 IRONIA
 É uso de palavras, expressões, mas que querem dizer o contrario do que está sendo dito.
 
EX: Com governo honesto e sem corrupção não precisa ter medo do futuro.
 ANTÍTESE
 É usado para opor dois termos na mesma frase ou parágrafo, enfatizando seus contrastes.
 EX: Quando estou triste, aí que fico alegre.
 ELIPSE
 É quando uma ou mais palavras são omitidas na frase, mas que são subentendidas.
 EX: Elas todos no quintal de casa.
( Quer dizer que elas todas estavam no quintal de casa) o verbo estar ficou em elipse.
 ANÁFORA
 É a repetição de palavras em intervalos regulares no final ou início de frase, serve para enfatizar idéias.
 EX: Pense em mim
      Chore por mim
      Liga pra mim
 HIPÉBOLE
 Este é o exagero intencional de uma idéia ou sentimento.
 EX: Ele come feito um leão.
PROSOPOPÉIA
 É a figura que dá características humanas a seres inanimados, abstratos ou irracionais. Um exemplo comum: são os filmes onde mostram animais com características humanas.
EX: O rei leão
 Gabarito – Atividades
 a) denotação
b) conotação
c) conotação
d) denotação.
 
GÊNEROS LITERÁRIOS
 Objetivo:
 Mostra a definição dos gêneros Épico, lírico e dramático, suas origens e como foram usados pelos escritores e também suas principais características.
 Pré-requisito:
 Seguir a seqüência das lições.
 GÊNEROS LITERÁRIOS
 Os texto literários, por apresentarem certas características podem ser agrupados de acordo com estas. Por isso os gêneros literários podem serdefinidos como conjunto de textos que apresentam uma determinada característica, estabelecida.
Embora seja um pouco difícil ter uma classificação precisa, porque um texto pode agrupar várias características de mais de um gênero, ou então um gênero pode evoluir e se transformar.
 CLASSIFICAÇÃO:
 A partir do século XVI, deu-se mais ênfase ao estudo especifico dos gêneros literários.Embora a origem deles tem por base a obra república, do filósofo grego, Platão (428 a.c – 347 a.c ).
 Foi com Platão e também Aristóteles que surgiu a classificação dos gêneros literários em épico, lírico e dramático.
 Para Platão, toda manifestação artística tem por base falsas situações, como se fossem imitações transitórias.
 De Platão ate hoje, já surgiram outras definições dobre o estudo dos gêneros literários. Os gêneros literários podem ser definidos em três grandes grupos: épico, lírico e dramático.
 GÊNERO ÉPICO ( NARRATIVO)
 O gênero épico pode ser definido pelo seu aspecto narrativo e pela sua vinculação aos fatos históricos ou pelas realizações humanas, que são reveladas pelo artista como observados que mostra em sua obra o mundo exterior.É uma representação do mundo objetivo e da ação do homem, nas suas relações com a realidade.
 Objetivo do épico é apresentar a totalidade dos objetos, ou seja, a retratação da realidade, com os aspectos, direções e acontecimentos que ela demonstra.
 Aparece escrito tanto em prosa como em verso, predominando a forma narrativa. Suas formas principais: epopéia e diferentes tipos de romances.
 Epopéia é um poema de longo fôlego, que abrange assuntos grandiosos e geralmente históricos. Suas estrutura é dividida em: proposição, invocação, dedicatória, narração e epílogo. As epopéias mais destacadas são: Ilíada e Odisséia de Homero ( na Grécia ); Eneida, Virgilio (Itália); e os Lusíadas, de Luís de Camões (Portugal).
 Os elementos encontrados na epopéia :
 - na forma: prosa ou versos;
- no gênero: épico (narrativo)
- no ponto de vista: objetivo ou objeto-subjetivo.
 Principais Formas
 Em Versos:
 Uma narrativa rimada.
 Romance:
 De origem medieval, forma poética que aborda historias tradicionais, narrativas de épocas antigas como novelas de cavalaria, de amor, de narrativas ou historias de guerras ou conquistas marítimas e viagem.
 EX: Os Lusíadas, que retrata as aventuras ocorridas na viagem dos portugueses para o novo mundo.
 Poema burlesco:
 Este enfatiza o ridículo, satírico, irônico e o crônico. Esta forma foi bem usada pelos escritores em 1922, na semana da arte moderna.O objetivo era entrar em choque com a literatura comportada dos anos 20.
 Poema Alegórico:
 Fala de situações imaginarias que mostram sob simbólica, um pensamento.
 Em Prosa:
 - Romance:
 Ao ouvir este termo, já se vem a mente, algo romântico, apaixonante. Na realidade romance, do latim “romanice”, de “Roma”. Uma língua vulgar, nascida do latim e falada em alguns países europeus após a queda do Império Romano.
 A palavra romance significa um gênero narrativo voltado para a vida coletiva do homem.
 As características do romance são a pluralidade:
 - Da ação
- Do tempo
- Do espaço
- Dos personagens
 Novela:
 Esta se posiciona entre o conto e o romance. Na verdade é uma narração geralmente certa, com situações humanas fictícias, mas ordenadas e completos e que apresentam um fundo de verdade. Assim como no romance, a novela apresenta a pluralidade de tempo, espaço, ação e personagens.
 
É uma história onde logo no inicio já se pode ter uma compreensão dos fatos. Diferente do romance, onde é preciso ter, lido todos os capítulos para entender a história.
 Conto:
 É uma narrativa com fragmentos da realidade, de episódios breves, e cheios de ficção, pois pode apresentar dados exagerados e fatos apenas imaginados. Sua origem vem do folclórico e popular, algo que surgiu de base para a criação coletiva da linguagem.
 Crônica
 É um texto de pequeno porte e com o enredo relacionado a política, teatro e sociedade e a outros aspectos da vida cotidiana. Sua temática refere-se aos fatos do dia-a-dia. Sua característica é o humor, a leveza e a linguagem coloquial.
 Em geral, as características do gênero épico são:
 - Um ponto de vista objetivo
 - Texto em prosa ou verso
 - Narração objetiva dos fatos de outros personagens.
 GÊNERO LÍRICO
 O gênero lírico tem como característica e manifestação do eu artista. Onde o artista demonstra de maneira expressiva seus pensamentos e emoções, ou melhor, seu mundo interior. Uma característica marcante do texto lírico é a musicalidade, ou seja, a exploração da sonoridade. É predominantemente subjetivo, e sua origem que acompanhava os recitais de poesias.
 Por envolver a musicalidade, a mensagem devia ter uma linguagem precisa, tendo cada palavra seu significado.
 EX: Meu amor ensinou a ser simples
      Como um largo de igreja
      Onde não há nem um sino
      Nem um lápis
      Nem uma sensualidade
                                                                   (Oswaldo de Andrade)
 Este texto em verso, é denominado poema. E o autor usou de diversas figuras para dar a idéia da simplicidade mostrou o “eu” do autor.
 CARACTERÍSTICAS DO POEMA
 Um poema possui os seguintes elementos:
 - Versos: As que compõe o poema. Cada linha um verso.
 
- Estrofe: É a reunião dos versos, em blocos
 - Ritmo: É o real conteúdo da poesia dado pela repetição mais ou menos regular da intensidade poesia
 - Metro: É a divisão das sílabas. A medida vazia do sentido reproduzida pelo número regular de sílabas.
 - Rima: É a regularidade sonora que pode estar tanto no meio como no final do verso, quando não há rima, chama-se verso branco.
 GÊNERO DRAMÁTICO
O estudo do gênero dramático vem desde a antiguidade clássica. O primeiro teórico a usar os princípios deste gênero foi Aristóteles.
 Até início do século XIX, dominava as teorias de Aristóteles, que dividia as peças teatrais em tragédias e comédia. O gênero dramático procura representar o conflito do homem com seu mundo.
 De origem de ofícios religiosos, a tragédia mostravam os sentimentos nobres do homem, já a comédia mostrava os baixos e instintivos sentimentos.
 O drama nasce da concepção de que a vida não é só comédia ou só tragédia, mas sim os dois ao mesmo tempo.
 Na 1ª metade do século XX, o teatro passa a ser uma manifestação de acontecimento, a redescoberta do crítico e reflexão do mundo.
 O objetivo dessa nova forma de teatro era fazer o espectador analisar e refletir sobre o mundo que o cerca. O teatro foi visto como um meio de comunicação, onde não só transmite, mas também recebe  e faz o ouvinte escutar e agir.
 FORMAS DO GÊNERO DRAMÁTICO
 Pode-se enumerar pelo menos 7 formas do gênero dramático:
 - Farsa:
 É um enredo onde há uma espontânea complicação e que mostra uma seqüência de cenas com pancadarias e corre-corre.
 - Auto:
 Esta em geral mostra ritos religiosos
 EX: O auto da Compadecida, que já foi até feito em filme.
 - Mágica:
 Este contém o enredo cheio de personagens fantasiosos, e fadas e gnomos.
 - Circo:
 O enredo não está em palavras, mas a ação e apresentação dos personagens.
 
- Balé:
 O enredo aparece através da musica e da expressão corporal.
 EX: O lago dos cisnes
 - Mímica:
 Sem sonoridade, a concentração está nos recursos gestuais e faciais.
 - Ópera:
 Nesta peça teatral já ocorre a música. Apareceu no final do século XVI, na Itália, com objetivo de restaurar a tragédia clássica.
 Características
 
MÓDULO 3- TROVADORISMO
Objetivo:
 Mostrar a origem do trovadorismo. Como afetou a sociedade da época. Como se situa dentro do contexto literário português, mostrará suas características marcantes, como as cantigas de amor, de amigo, de maldizer e de escárnio, qual o objetivo de cada uma, quem as usavam e qual era a mais comum na sociedade medieval portuguesa.
 Pré-requisito:
 Seguir a seqüência das lições, principalmente neste assunto. Pois o Humanismo está ligado ao trovadorismo, juntos formam a literatura medieval portuguesa.
 TROVADORISMO
 TROVADORES e menestréis errantes são palavras que fazem vir a mente canções de amor cortêse o cavalheirismo. Os trovadores envolviam-se em muitas questões sociais, políticas e religiosas de seus dias.
 O trovadorismo abrangeu  especialmente os séculos 12 e 13, por toda a região que agora é o sul da França. Os anos de 1189( 1198) a 1418, foi o seu auge. No ano de 1189 ou 1198 é o possível ano  em que a Cantiga da Ribeirinha, faz seu marco histórico na poesia escrita em língua portuguesa.
 Sociedade
 A sociedade era formada basicamente por três grupos bem distintos: clero, nobreza e povo ( incluindo os vilões, que eram homens livres, tanto ricos como pobres, mas não eram da nobreza;os semi-servos que eram os trabalhadores das terras feudais; e os escravos geralmente prisioneiros de guerra).
O pensamento dominante da época era o Teocentrismo, ou seja, Deus sendo o centro do universo. Isto serviu para se justificar o sistema medieval e o poder da igreja.
Os artistas- trovadores
 Os trovadores eram poetas-músicos que escreviam naquela que era a mais refinada das línguas românicas vernáculas. A chamada langue d’oc, a língua comum da maior parte da França ao sul do rio Loire e das regiões fronteiriças da Itália e da Espanha.
 A  origem da palavra “trovador” parece se derivar do verbo occitano trobar, que significa “compor, inventar ou encontrar”. Assim, os trovadores eram os que conseguiam achar a palavra ou a rima certa para seus versos elegantes. Musicava-se a poesia, que então podia ser cantada. Eram viajantes que iam de aldeia em aldeia, muitas vezes acompanhados por menestréis profissionais, chamados jograis, os trovadores executavam suas canções com harpa, viela, flauta, alaúde ou violão. Nas casas dos ricos, bem como em mercados, torneios, feiras, festivais e banquetes, em geral a música fazia parte do entretenimento.
 Os artistas medievais apareciam em quatro categorias:
 » o trovador: uma pessoa culta que escrevia poesias, também era capaz compor músicas e apresentar todo seu trabalho, mas não recebia nenhum salário por seu trabalho.
» Segrel: este era um trovador profissional, um  fidalgo decaído, que ia de corte em corte , acompanhado de seu jogral;
 » Jogral: este poderia tanto ser um saltimbanco como um ator mímico, ou até o próprio compositor. Este aparecia nas festas, nos torneios, onde cantava as poesias de trovadores  e segréis em troca de pagamento;
 » Menestrel: músico ligado a um corte específica.
 Origens diferentes
 Os trovadores tinham as mais diversas formações. Alguns eram de família rica; uns poucos reis; outros tinham origem mais humilde, mas alcançaram a posição de trovador. Alguns conseguiram muito status. Muitos eram instruídos e viajados. Todos eram bem treinados nas regras do galanteio, decoro, poesia e música.
 desenvolvimento do comércio no século 12 trouxe grande riqueza para o sul da França. Com a prosperidade passou-se a ter mais tempo de lazer, mais instrução e um gosto mais refinado pela arte e vida elegante. Os grandes cavalheiros e damas do Languedoc e da Provença eram os maiores protetores dos trovadores. Os poetas eram muito estimados e passaram a influenciar o gosto, a moda e as maneiras entre os aristocratas. Eles se tornaram os pais da dança de salão européia.
 Cantigas trovadorescas
 As cantigas trovadorescas são divididas em quatro estilos:
 Cantiga de amor: o trovador assume o papel masculino , onde é o homem quem fala. A dama é o objeto da cantiga, para ela aparece o termo “ senhor”. Nestas cantigas o homem aparece com um cativo do amor, onde sofre por sua amada. A mulher já é bem valorizada, tanto fisicamente , como moral e socialmente. Os sentimentos expressos no poema são a coita , ou seja, a mágoa amorosa do trovador por amar uma mulher  impossível  para ele. O cenário é a própria corte a origem é provençal.
 Cantiga de amigo: o trovador assume o papel feminino, ou seja, é a mulher quem fala. O objeto do poema é o homem, ou amigo. O sujeito se caracteriza por  termos como louçã( formosa), leda( alegre) e outros. Já o objeto  é considerado um mentiroso , traidor e etc. o sentimento expresso nesse tipo de poema é o de uma mulher que sofre por sentir saudades do amigo( namorado). O cenário geralmente é o campo, o mar a casa. A origem foi no território galaico- português.
 Cantiga de escárnio: esta tinha um caráter satírico, onde o ataque é expresso  de maneira indireta pelo uso da ironia e do sarcasmo. As críticas eram direcionadas aos costumes, pessoas, acontecimentos. Mas não se revelava o nome da pessoa ou pessoas visadas.
 Cantiga de maldizer:  esta era de caráter satírico e o ataque era de maneira bem direta. A crítica tinha alvo bem específicos, pessoas, costumes e acontecimentos  com a revelação dos nomes das pessoas visadas.
 CANCIONEIROS
 Para não se perderem no tempo as cantigas foram reunidas em várias coletâneas manuscritas, os cancioneiros. Alguns se tornaram bem conhecidos:
 » cancioneiro da ajuda:  provavelmente do século XIII e XIV, este continha na sua maioria , cantigas de amor, foram 88 folhas-pergaminhos;
 » cancioneiro da Vaticana: achado no século XIX na biblioteca do Vaticano, possui 1205 cantigas, é uma cópia de um original do século XVI. Aparece as cantigas de D.Diniz;
 » cancioneiro da biblioteca nacional: é de Portugal , tem 1567 composições. É o mais completo e contém fragmentos de um Tratado de poética.
 » Cantigas de santa Maria: tem 426 composições acompanhadas da música.
 A prosa medieval
 As atitudes medievais para com as mulheres eram muito influenciadas pelos ensinos da Igreja, que encarava a mulher como responsável pela incorrência do homem no pecado e expulsão dele do Paraíso. Ela era encarada como a tentadora, instrumento do Diabo, um mal necessário. O casamento era muitas vezes encarado como condição de vida degradada. A lei canônica permitia o espancamento e o repúdio à esposa, o que contribuía para a humilhação e a subserviência da mulher. Ela era encarada, em quase todos os aspectos, como inferior ao homem. Mas, com o surgimento dos trovadores, a mentalidade dos homens começou a mudar.
 O primeiro trovador conhecido foi Guilherme IX, duque de Aquitânia. Sua poesia foi a primeira a conter os elementos que caracterizaram a concepção única dos trovadores sobre o amor, que veio a ser chamado de amor cortês. Os poetas provençais chamavam-no de verai’amors (amor verdadeiro) ou fin’amors (amor refinado). Era um conceito revolucionário, porque a mulher não era mais relegada a uma posição de desprezível inferioridade em relação ao homem.
 Com já observado nas cantigas de amor e de amigo, a poesia dos trovadores dignificava, honrava e mostrava respeito à mulher. Ela se tornou a personificação de qualidades nobres e virtuosas. Nas canções de amor mostra o lamento a fria indiferença da dama para com o bardo que a admirava. Pelo menos teoricamente, o amor do trovador devia permanecer casto. Seu objetivo primário não era possuir a dama, mas sim alcançar o refinamento moral que seu amor por ela lhe inspirava. Para tornar-se digno, o poeta era compelido a cultivar a humildade, o autocontrole, a paciência, a lealdade e todas as qualidades nobres que ela possuía. Assim, até o mais rude dos homens podia ser transformado pelo amor.
 Os trovadores achavam que o amor cortês era fonte de refinamento social e moral, que atos corteses e nobres se originavam do amor. À medida que essa idéia foi desenvolvida, tornou-se a base para todo um código de conduta que, com o tempo, foi adotado pelas classes sociais mais baixas.
 A partir do século XIII aparecem as novelas de cavalaria, traduzidas do francês e do inglês. No começo eram apenas poemas  com temas guerreiros, as canções de gesta. Tinha um fundo teocêntrico e cavaleiresco, o objetivo era contar as aventuras de reis e seus cavaleiros. Um exemplo o Rei Artur e os cavaleiros da Távola redonda.
 Além das novelas , surgiram também:
 » cronicões: livros com crônicas, serviram para início a historigrafia portuguesa;
 » hagiografias: vida de santos;
 » livros de linhagens: a relação de nomes de nobres, com o intuito de estabelecer  graus de parentesco e com isso evitar casamentosentre parentes próximos e tirar dúvidas no caso de heranças;
 instrumento de comunicação
 Pode-se dizer que, bem antes da invenção da imprensa, os trovadores e outros menestréis errantes serviam como a mídia dos seus dias.  Eles viajavam por vários países. Por todas as cortes européias, de Chipre à Escócia e de Portugal à Europa Oriental, onde quer que estivessem, eles ouviam as notícias e trocavam histórias, melodias e canções. As melodias dos trovadores, fáceis de lembrar, espalhavam-se oralmente com rapidez de um jogral para outro, e o povo as aprendia. Isso influenciava muito a opinião pública e incitava a plebe a favor de uma ou outra causa.
 Crítica à Igreja
 Com o fracasso das Cruzadas, muitas pessoas começaram a duvidar da autoridade espiritual e temporal da Igreja Católica. Os clérigos afirmavam representar a Cristo, mas suas ações não eram nada cristãs. Sua hipocrisia, ganância e corrupção se tornaram amplamente conhecidas.  Nestes casos as cantigas tanto de maldizer como de escárnio eram sempre bem utilizadas. Na França os condes de Toulouse e outros governantes sulistas garantiam a liberdade religiosa do povo. Os valdenses haviam traduzido a Bíblia para a langue d’oc e pregavam-na zelosamente, aos pares, por toda a região. Os cátaros (ou albigenses) também disseminavam sua doutrina e conseguiam muitos conversos entre os nobres.
 A liberdade trovadoresca em perigo
 A Igreja Católica Romana, porém, considerava-se superior a todo império ou reino. A guerra tornou-se seu instrumento de poder. O papa Inocêncio III prometeu toda a riqueza do Languedoc a qualquer exército que subjugasse os príncipes do sul da França e esmagasse a dissensão nos domínios deles. O que se seguiu foi um dos períodos mais sangrentos da história da França, e incluiu torturas e assassinatos. Ficou conhecido como Cruzada Albigense (1209-29).
 Os trovadores chamaram-na de Falsa Cruzada. Suas canções expressavam indignação contra o tratamento cruel imposto aos dissidentes e contra a oferta do papa de dar a mesma indulgência tanto aos que assassinassem dissidentes franceses como aos que matassem muçulmanos, considerados infiéis. A Igreja enriqueceu muito durante a Cruzada Albigense e com a Inquisição que se seguiu. Famílias foram deserdadas e suas terras e casas, confiscadas.
 
Acusados de ser hereges cátaros, muitos trovadores fugiram para terras menos hostis.
 O latim herdado das legiões romanas era chamado românico. Qualquer obra escrita no vernáculo do norte ou do sul era chamada de romance. Visto que muitas dessas histórias de cavalaria lidavam com sentimentos de amor cortês, tornaram-se o padrão para tudo o que é considerado romance ou romântico.
 Embora a origem do trovadorismo seja na França, ele modificou muito os costumes de toda uma época nos países europeus
HUMANISMO
 Objetivo:
 Esta lição visa mostrar como surgiu o Humanismo, porque surgiu, qual foi sua influência para a sociedade da época. E quais foram seus maiores destaques. também dá destaque para um importante autor, Gil Vicente, como suas obras influenciaram a literatura da época. Suas obras serviram de marco divisório na história da literatura humanista portuguesa.
 Pré-requisito:
 Ter visto o módulo 3, onde foi abordado o assunto sobre o trovadorismo. Pois ambos fazem parte do estilo de época da literatura da idade média.
 HUMANISMO
 Tradicionalmente, o humanismo está associado com a Renascença. Naquela época, a Europa, especialmente a Itália, estava submersa nos antigos manuscritos procedentes de Bizâncio, sitiada pelos turcos. Isso resultou numa onda de entusiasmo pela antiga cultura greco-romana por parte das pessoas que estavam cansadas da árida escolástica medieval. Após mil anos de estudo sobre Deus, sob a mão opressiva da Igreja Católica, os europeus da Renascença ficaram na expectativa de imitar os antigos e de glorificar o homem, como inovação.
“O livre pensamento e a livre conduta dos gregos seguidores de Péricles ou dos romanos clássicos criavam em muitos humanistas um anelo que esmagava nos seus corações o código cristão de humildade, continência e desprendimento do mundo”, comenta o historiador Will Durant, “e se perguntavam por que deviam sujeitar seu corpo, sua mente e sua alma à regra de eclesiásticos que se convertiam eles próprios agora alegremente ao mundo”.
 Mas os humanistas da Renascença lançaram fora a religião e o cristianismo. “Em grande parte”, segundo observa Durant, os humanistas “agiram como se o cristianismo sido um mito . . . que não devia ser levado a sério por mentes emancipadas”.
 Os humanistas gostam de citar o antigo filósofo grego Protágoras que disse que “o homem é a medida de todas as coisas”.
 Este movimento envolveu todos os campos da sociedade, a saber, o intelectual, moral e religioso. Iniciou-se no final do século XV e influenciou fortemente o século XVI. O objetivo dos humanistas era conseguir uma humanidade melhor. Seus ideais baseavam-se na paz e sabedoria, que seria conseguida através do aperfeiçoamento das qualidades intelectuais e morais dos homens. Em Portugal o mais destacado humanista foi Gil Vicente. Este foi autor de várias obras, entre elas: O Auto da barca do inferno.
 A SOCIEDADE DA ÉPOCA
 O período humanista, foi uma época onde houve muitos  marcos históricos. Como exemplo, na ciência  houve a invenção da Tipografia por Gutenberg em 1448; na religião a inquisição foi instaurada na Espanha,infelizmente este fato não foi de tanto prestígio pois atrasou o progresso da ciência;na política expansionista as grandes navegação começam a mostrar seus efeitos, um exemplo: Cristóvão Colombo descobriu a América e Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil. Em 1536 a inquisição em Portugal é estabelecida por Paulo III.
 Com isso tudo, o mercantilismo ganhou importância, deixando para trás uma economia baseada na agricultura. As cidades portuárias começam a crescer, passando a ser um chamariz para os camponeses, que mudam para as cidades e passam a aprender novas profissões, ter um outro estilo de vida, diferente de quando eram somente sujeitos aos senhores feudais. Isto fez surgir as pequenas industrias artesanais. A burguesia passa a florescer, crescer e desafiar o poder da nobreza, que vê na nobreza um concorrente ao poder. 
O pensamento medieval começa a desaparecer e a idéia do Teocentrismo passa a dar lugar ao antropocentrismo ( a valorização do homem).
 ORIGEM DO HUMANISMO
 Com a conquista de Constantinopla em 1453, muitos intelectuais gregos fugiram para a Itália, e com eles a influência dos autores da antiguidade grego-latino.
 Quem foram os humanistas?
 Eles eram artista, professores e até homens da igreja. Para estes homens os valores e direitos de cada pessoa deveriam ficar acima da cultura, por isso eles copiavam, estudavam e comentavam textos de  filósofos grego-latino.
O humanismo além de ter sido um movimento cultural, fez revolução na maneira de pensar do homem. Passou a considerar o homem com objetivo de conhecimento. Algo a ser valorizado, ter mais destaque no Universo, ficando abaixo apenas de Deus.
 DESTAQUES DE LITERÁRIOS EM PORTUGAL
 GIL VICENTE
 Gil Vicente viveu no meio das transformações na Europa e principalmente em Portugal. Seu inicio no teatro foi provavelmente em junho de 1502, quando em espanhol recitou o monólogo do vaqueiro ou Auto da visitação, por ocasião do nascimento do futuro rei D.JoãoIII, filho de D.Manuel.
 As manifestações teatrais podem ser divididas em dois períodos:
 Pré-vicentinas: manifestações de caráter religioso ou profano, chamadas também de milagres, mistérios e moralidades. Estas como já se sugere, refere-se a todas as manifestações antes de Gil Vicente e dentro delas há os seguintes grupos:
 » Os milagres: eram encenações de situações de vida dos santos.
 » Os mistérios: eram cenas da vida de cristo, com vários figurantes, ocorriam por época do natal ou páscoa.
 » As moralidades: eram cenas onde os personagens tornavam formas de vícios e virtudes, como humildade, egoísmo e outros.
 
Gil Vicente serviu de marco no teatro português. Com ele passam a surgirimportantes  mudanças no teatro.
 Teatro Vicentino
 Gil Vicentino foi franco em suas obras. Em relação à sociedade foi bastante crítico. No teatro, ele achou o meio ideal para mostrar suas opiniões sobre os fatos da época. Suas críticas eram extremas, temperadas com comicidade. Estas afetavam a todas as classes sociais, desde o alto clero até o povo. Estas críticas apareciam nas suas peças de acordo com os personagens: autoridades corruptas, médicos charlatões, velhos indo atrás de moças jovens  e outros...
 Era um teatro popular com temas da idade média, como por exemplo as encenações religiosas, como  a do natal,  os feitos heróicos dos cavaleiros e o lirismo das cantigas.
 Mesmo sendo católico, criticava a venda de indulgências. Prática ainda forte em sua época.
 Fez 44 peças, tanto em português como em castelhano. As mais destacadas foram: Monólogo do Vaqueiro(1502); Auto da Barca do inferno(1517); farsa de Inês Pereira(1523), O juiz da beira(1525).
 Outros Manifestos literários
 Fernão Lopes, viveu antes de Gil Vicente nascido entre 1378 ou 1383. O seu destaque maior foi para o lado científico na historiografia portuguesa. Mostrou como o destino do homem pode ser mudado devido a fatos econômicos, e como o povo pode ter poder nos fatos históricos. Mas apresentou a sociedade da época de maneira simples, elegante e coloquial.
 Suas obras de destaques foram: Crônica de El-rei D.Pedro; Crônica de El-rei de.Fernando e Crônica de El-rei D.João I.
 Garcia Resende, foi outro autor de destaque, sua obra principal foi: Trovas a Morte de D.Inês de Castro, esta obra influenciou o mesmo episódio em Os lusíadas de Luís de Camões. Com estes autores o enfoque foi mais para as crônicas, ou seja relatos de fatos da época.
 Mas também teve outro tipo de prosa:
 Prosa doutrinaria (ou ensinanças)
 estas eram obras de caráter didático, ou seja, para o ensino, especialmente de nobreza. Se comparar com os dias de hoje seriam como livros de aula, tal como um livro de português, ou matemática.
 Novelas de cavalaria
 estas eram narrativas que valorizavam os feitos heróicos de cavaleiros medievais em combates e aventuras, estas sempre contra monstros ou guerreiros pagãos em prol de Deus ou por amor a uma Dama.
 Estas novelas podem ser divididas em três partes:
 Ciclo bretão ou arturiano: As histórias do rei Artur e os cavaleiros da Távola Redonda;
 
Ciclo carolíngio: As histórias sobre Carlos Magno e os 12 pares da França ;
 Ciclo clássico: Histórias sobre os personagens e acontecimentos da antiguidade grego-latino.
 A Poesia
 A poesia palaciana era elaborada para ser lida e recitada em cortes, ser apreciada pelos nobres, mas não deixava de lado alguns temas comuns aos trovadores medievais. Com a dor por amor, geralmente um amor não correspondido ou impossível, a suplica e a sátira, bem usada para expressar suas opiniões sobre a atitude de autoridades tanto na política como na religião.
 A diferença neste período como o trovadorismo é que o poeta trabalha com superioridade, ou seja, valorizando sua obra e o homem
LITERÁRIOS – MOVIMENTOS LITERÁRIOS: CLASSICISMO
 
Objetivo:
 
Esta lição visa mostrar como o classicismo surgiu, em que época ele foi mais forte e de onde ele tem maior influência. Também com afetou a sociedade da época.  E como este termo pode ser aplicado. Quais foram os principais autores. E uma pequena ênfase em Luiz de Camões.
 
Pré-requisito:
 
Estar seguindo as lições.
 
CLASSICISMO
 
ORIGEM E CONTEXTO HISTÓRICO
 
Durante o século XIV, a Europa começava a se preparar para uma grande transformação política, econômica e cultural que teve seu auge ou apogeu nos séculos XV e XVI, chamado de classicismo, também conhecido como quinhentismo, já que  se manifestou no século XVI, em l527, quando o poeta Sá de Miranda retornou da Itália trazendo as características desse novo estilo. este fato marcou o início dos tempos modernos. Esse período, pela história passa  a ser conhecido como Renascimento, onde o homem passa a ser redescobrir, mudar de valores ter uma nova visão do mundo. 
 
A sociedade que era dominada pelo teocentrismo medieval passa a dar lugar ao antropocentrismo, ou seja, a valorização do homem, onde o homem passa a ser o centro dos estudos e a exaltação da natureza humana, pois o homem começa a entender  sua capacidade realizadora:ele pode conquistar, inventar, criar,  produzir e fazer qualquer outra coisa. Esse caráter humanista ou antropocêntrico estava esquecido nas "trevas" da Idade Média, embora já estivesse existido na Antigüidade clássica, como exemplo na civilização grega. No início do século XVI, ocorre o  renascimento do Antropocentrismo. No Renascimento, as obras passam a perder o primitivismo e a ingenuidade das obras medievais e a ganhar um aprimoramento técnico igual ou até superior as obras da antiguidade.
 
O homem do Renascimento se identifica na cultura greco-latina que passa a ser os valores da época.  Além de Integrar a seu universo artístico os deuses da mitologia grega,isto porque os deuses tem características humanas, como por exemplo, sentimentos, o homem renascentista procura compreender o mundo sob a luz da razão, e faz a associação do equilíbrio entre razão e emoção, as noções de beleza, bem e verdade.
 
A concepção estética que teve a base no Humanismo e no Renascimento convencionou-se chamar Classicismo, isto porque os clássicos eram os antigos  filósofos greco-latinos que por sua influência e saber poderiam ser considerados importantes ao ponto de serem estudado em  “classes”.
 
Classicismo e seu significado
 
Este termo também teve alguns significados, poderia referi-se a um escritor aristocrático.
 
pintura típica do classicismo
 
Outra definição pode ser o classicismo como conjunto de caracteres estéticos, definindo o estilo cultural, artístico e literário de um período, por oposição ao barroco, ao romântico.
 
Os termos :clássico e classicismo também podem ser empregados a partir de uma mistura de definições de valores, como se arte greco-romana estabelecesse um padrão para toda a arte produzida posteriormente , e periodização histórica.
 
A oposição clássico/ romântico permitiria explicar, no limite, o desenvolvimento das artes e da cultura na Europa.
 
CARACTERÍSTICAS
 
» Imitação dos autores greco-latino: como exemplo: Homero, Aristóteles, que eram gregos; Cícero, Virgílio, Horácio que eram latinos.
 
Um exemplo da influência desses autores pode ser vista em um trecho do poema de Camões,abaixo :
 
“As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Traprobana,
 
(Camões, Os lusíadas)
 
» Preocupação com a forma: Rígida exigência quanto a métrica e a rima dos poemas; acentuada preocupação com a correção gramatical, principalmente com a clareza na expressão do pensamento,  a sobriedade e a lógica; preocupa-se com a observância das distinções ou diferenças entre os gêneros literários.
 
» Construção frasal :ocorre a inversão dos termos na oração e de outras no mesmo período, isto devido a influência latina.
 
» Utilização da mitologia greco-latina: para dar um efeito mais artístico, porque os personagens mitológicos simbolizam ações, demonstram sentimentos e atitudes humanas.
 
» Universalidade e impessoalidade: ampla preocupação com as verdades eternas e universais, não levando em conta opiniões particulares e  o pessoal, não se tem opinião do autor.
 
» Temas de interesse da época: como os descobrimentos e as expansões marítimas.
 
» Idealismo: A arte clássica  era naturalista e objetiva; a realidade era idealizada pelo artista. A mulher amada era descrita como  um ser celestial, igual aos anjos; a natureza era vista como uma região paradisíaca, onde a paz e a harmonia de bosques e florestas eram mostradas.
 
PRINCIPAIS AUTORES PORTUGUESES
 
Luís Vaz de Camões: (1525?-1580), O escritor mais conhecido e destacado do classicismo português. Escreveu poesias líricas e épicas, além de várias peças teatrais. A obra Os lusíadas, foi publicada em 1572 , mostra muito bem como era a visão do mundoe dos homens na época, algo próprio do classicismo. Serviu como matéria informativa, ou melhor, como uma reportagem de um dos fatos mais importantes da história portuguesa. O poema tem como tema principal a narração da viagem de Vasco da Gama as Índias,o enfoque maior é no povo português, em como conseguiu conquistar novas terras, por isso o enfoque é no povo e não em alguém específico.
 
Francisco de Miranda: (1495-1558), seus trabalhos giraram em torno da poesia e a comédia. Por ter vivido algum tempo na Itália, ele introduziu em Portugal o soneto,uma nova forma poética com base na arte renascentista.
 
Bernardim Ribeiro: (1482-1552), sua obra de destaque foi Menina e Moça, publicado em 1554.
 
Antônio Ferreira: (1528-1569), Sua obra principal foi A castro (ou Tragédia de d.Inês de Castro), escrita em versos, publicada em 1587, em Portugal.
 
Como Luis de Camões foi o mais destacado e conhecido poeta português deste período, será dado maior ênfase a ele.
 
CAMÕES LÍRICO
 
A base  do amor para os poetas clássicos fundamentava-se,  em três pensamentos diferentes: o racionalismo, a idealização e o espiritualismo.
 
Outro poeta que influenciou os poetas portugueses, foi o filósofo grego Platão.
 
PLATONISMO
 
Platão, (129-347 a.C), influenciou muitas das poesias de Camões. Principalmente no que se  refere a Beleza e ao Amor. Para Platão,que tinha um pensamento meio espiritual, nossa alma, que segundo ele está presa ao corpo na vida terrena, passa a ligar-se a beleza, isto porque a pequena memória de uma Beleza soberana contemplada em outro universo. O amor platônico é na verdade, a supremacia em direção a Beleza que ultrapassa a pessoa e os prazeres dos sentidos.
LITERÁRIOS – MOVIMENTOS LITERÁRIOS: A LITERATURA DE INFORMAÇÃO
 
Objetivo:
 
Esta lição visa mostrar os primeiros passos da literatura tanto no Brasil como em Portugal. Era na verdade os registros de navegação, os relatos da vida tanto nos navios como nas novas terras recém-descobertas, os destaques foram Pero Vaz de Caminha, que escreveu carta a D. Manuel, Padre Manuel da Nóbrega, com influência na educação da época ,e José de Anchieta, sua marca foi nas poesias e no teatro, na literatura dos jesuítas.
 
Pré-requisito:
 
Seguir a seqüência das lições, pois as lições estão na ordem de cada movimento literário.
 
LITERATURA DE INFORMAÇÃO
 
A Carta a EL-rei d.Manuel é o primeiro de uma serie de textos sobre o Brasil, é um real registro do nascimento do Brasil. Nela são contados os primeiros contatos entre portugueses e nativos, as primeiras povoações em terras brasileiras, que não fossem índios,mas sim europeus. São obras escritas nesta época, quase sempre sem intenções artísticas,o objetivo delas eram informar a sociedade européia como estava sendo o trabalho e vida nas colônias recém-descobertas. Eram de grande importância porque registravam as condições de vida e a mentalidade dos primeiros colonizadores e habitantes das novas terras. Por isso que  estes textos passaram a ser  chamados de Literatura informativa sobre o Brasil. Além disso houve também a literatura dos jesuítas, esta com um objetivo mais religioso.
 
Os autores de destaque foram:
 
Pero Vaz de caminha e Padre José de Anchieta.
 
Muitos são as historias dos viajantes que compararam o Novo Mundo ao Paraíso. Américo Vespúcio, que esteve no Brasil em 1503, Cristóvão Colombo, que foi o descobridor da América, e outros navegantes que escreveram cartas aos papas relatando terem encontrado o “Paraíso terreal”.
 
Diferentes dos europeus colonizadores, os índios que viviam naquela região não tinham as doenças graves dos brancos, e nem conheciam a noção do pecado, eles viviam livres em suas terras em um regime de igualdade, comunhão de bens e decisões comunitárias.
 
A carta de pero Vaz de Caminha possui um grande valor histórico, mas um duvidoso valor literário já que sua carta teve o objetivo de informar a situação encontrada na nova terra.
 
Os dois grandes interesses presentes na carta de Caminha são:
 
- Interesse material (ouro e prata).
 
- Interesse espiritual (catequese dos índios).
 
- Descrição da flora, fauna e a geografia tanto dos nativos, como da própria terra.
 
Agora tem-se alguns trechos da “carta a El-rei Dom Manuel”, por Pero Vaz de Caminha:
 
“E neste dia, a hora de véspera, houvemos vista de terra, isto é, primeiramente d’um grande monte, mui alto e redondo, e d’outras serras mais baixas a sul dele e de terra chã com grandes arvoredos, ao qual monte alto o capitão pôs nome o Monte Pascoal e a terra a terra de Vera Cruz.
 
E dali houvemos vista d’homens, que andavam pela praia, de 7 ou 8, segundos os navios pequenos disseram, por chegarem primeiro.(...) A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como tem em mostrar o rosto.
 
O capitão, quando eles vieram, estavam assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés por estrado, e bem vestidos, com um colar d’ouro mui grande ao pescoço. (...)Um deles, porém, pôs olho no colar do capitão e começou d’acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia também prata.
 
E uma daquelas moças era toda tinta, de fundo a cima, daquela tintura, a qual, certo, era tão bem feita e tão redonda a sua vergonha, que ela não tinha, tão graciosa, que a muitas mulheres de nossa terra, vendo-lhes tais, feições, fizera vergonha, por não terem a sua como ela.
 
Nela até agora não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem nenhuma cousa de metal, nem de ferro; nem olho vimos. A terra, porém, em si, é de muito bons ares, assim frios e temperados como os d’Antre Doiro e Minho, porque neste tempo d’agora assim os achávamos como os de lá. Águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo por bem das águas que tem. Mas o melhor fruto que nela se pode fazer me parece que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente que Vossa Alteza em ela deve lançar.”
 
A literatura Quinhentista foi uma continuação da literatura portuguesa.
 
A literatura dos viajantes está baseada nas cartas, crônicas, relatório, documentos, enviados pelos padres, colonos, viajantes e aventureiros que falaram da flora, da fauna, da geografia e dos usos e costumes dos índios.
 
Os colonizadores portugueses esperavam encontrar no Brasil as mesmas condições que os tornaram ricos com a exploração das índias. Os europeus ainda tinham em mente o mito do “Eldorado, a cidade de ouro”, uma região de incríveis riquezas, onde haveria pouco trabalho braçal e muito lucro. Este tipo de pensamento fez com que o colonizador português não se apegasse a terra e com isso o tratamento dado a ela foi de maneira agressiva, com o único objetivo de tirar toda a riqueza dela, sem medir as conseqüências. O pensamento do colonizador era somente um: enriquecer logo para poder voltar para Portugal rico.
 
A princípio no Brasil a fonte de renda para os colonizadores era o pau-brasil, embora tivesse um importante valor no mercado de negócios, não chegava a se igualar aos preciosos recursos do Oriente. Somente em 1532, aproveitando-se do preço compensador do açúcar, os portugueses iniciaram o cultivo do açúcar em terras brasileiras, auxiliados pelo trabalho escravo. No entanto, a Carta e os outros textos produzidos no início da colonização queriam apenas enaltecer exageradamente a terra e a fertilidade do solo, sem na verdade ter uma real analise da situação. Esse tipo de pensamento em relação ao Brasil sempre contribuiu para certos para equívocos prejudiciais que atrasaram o  desenvolvimento da região. No Brasil ou em qualquer outro lugar, sempre será necessário muito trabalho, esforço e planejamento, só assim “dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem”, como escreveu Pero Vaz de Caminha em sua carta aD.Manuel.
 
Além da Carta, os seguintes textos informativos foram de destaque:
 
- Tratado da terra do Brasil (1570?) e Historia da Província de Santa Cruz a que vulgarmente foi chamada de Brasil (1576), de Pero Magalhães Gandavo;
 
- Tratado descritivo do Brasil (1587), de Gabriel Soares de Sousa;
 
- Diálogos das grandezas do Brasil, escrito em 1618 por Fernandes Brandão.
 
São encontrados nas obras da literatura informativa, muito elementos que mais tarde vieram a servir para dar uma base para compor o indianismo de Gonçalves Dias, José de Alencar, Gonçalves de Magalhães e outros escritores do romantismo.
 
LITERATURA DOS JESUÍTAS
 
A carta que o padre Manuel da Nóbrega escreveu, descrevendo a chegada da primeira missão jesuítica no Brasil, por ele chefiada, em 1549, inaugurou a literatura informativa dos jesuítas no Brasil, já que eles contribuíram em muito nesta parte da literatura.
 
O maior representante deste tipo de literatura entre os jesuítas foi o padre José de Anchieta.
 
José de Anchieta (1534-1597) nascido numa das ilhas Canárias e chegou ao Brasil em 1553; assim que chegou colaborou com Manuel da Nóbrega na fundação de um colégio em Piratininga, vilarejo que daria origem a cidade de São Paulo.
 
Além disso, ele escreveu cartas, sermões, poesias e peças teatrais, utilizou os idiomas: latim, Tupi e português, em suas obras onde teve uma grande influência  missionária.
 
POESIA
 
Anchieta utilizava em suas poesias as antigas medidas, ou seja, versos de cinco ou sete sílabas nos cancioneiros medievais. Anchieta também escreveu poemas de sentido religioso, com  versos fáceis de serem cantados em cerimônias da igreja. Na verdade eram poesias essencialmente ingênuas, com conteúdo simples, mas direto, sem muita complexidade para poder ser bem aceito e entendido na sociedade européia, pois era ela que patrocinava as expedições e viagens.
 
TEATRO
 
Também com a intenção de catequizar os índios, impor os conceitos europeus a eles, Anchieta foi o introdutor do teatro no Brasil. Suas peças seguiam as tradições dos teatros medievais, principalmente tendo como modelo os autos de Gil Vicente.
 
O Auto de São Lourenço é a  obra mais importante delas: é uma peça trilíngue , porque abrangeu três idiomas:Castelhano, Tupi, português. Também teve a dança cantada, onde o tema predominante foi a luta de São Lourenço e São Sebastião contra os demônios, que infelizmente tinham nomes tupis como Guaixará e Amberê,com isso a cultura indígena passa a ser desvalorizada, pois os heróis eram santos conhecidos e adorados pelos europeus,mas os vilões tinham origens na cultura dos nativos. O objetivo disso era supostamente adaptar a visão catequética para a realidade indígena. Mas na realidade ser for bem analisado esta adaptação de visão  serviu para transformar os índios( por acaso donos da terra) em vilões ou de inferiores aos brancos.
 
A peça foi apresentada no pátio da Capela de São Lourenço, no Morro de São Lourenço, em Niterói (RJ), em 1583
BARROCO
Objetivo:
 Esta lição mostrará as origens do barroco,seus principais autores,como foi seu desenvolvimento na Europa, principalmente em Portugal. Aqui no Brasil teve uma grande influência e também teve seus autores.
 Pré-requisito:
 Continuar a seguir as lições.
 BARROCO
 O estilo barroco teve uma orientação artística que surgiu na Itália, especialmente em Roma, na virada para o século XVII. Na verdade,serviu como uma reação ao artificialismo maneirista do século anterior. O novo estilo estava comprometido com a emoção genuína e, ao mesmo tempo, com a ornamentação vivaz.
 A base para esse movimento foi o drama humano , que na pintura barroca foi bem encenado com gestos teatrais muitíssimo expressivos, sendo iluminado por um extraordinário claro-escuro e caracterizado por fortes combinações cromáticas.O termo Barroco é usado para designar o estilo que, partindo das artes plásticas teve seu apogeu literário no século XVII, prolongando-se até meados do século XVIII.
 No Brasil,esse movimento teve sua influência entre 1601 e 1768 com os seguintes eventos marcantes:
 - 1601: publicação de Prosopopéia, de Bento Teixeira Pinto;
 - 1768: publicação das Obras poéticas, de Cláudio Manuel das Costa, que assinala o início do Arcadismo no Brasil.
 CONTEXTO HISTÓRICO
 A REFORMA
 O Barroco se manifestou em um período em que a igreja tinha uma forte influência na sociedade européia. Isto fez com que alguns dos seus membros ou que nela se infiltraram não por motivos puramente religiosos, mas pelo desejo de ter um status, já que na época fazer parte do clérigo era visto como algo de grande valor e isto fazia com que pessoas que não tinham verdadeiras vocações religiosas tivessem cargos dento da religião e assim através da atuação clerical vivessem como senhores nobres ou como pecadores contumazes, contrariando os ideais de humildade e simplicidade da doutrina cristã.
 Esta situação serviu como forte motivo para uma cisão ou divisão dentro da igreja, que foi definitivamente concretizada pela Reforma Protestante de Martinho Lutero, iniciada em 1517, seguida da entrada de João Calvino, em 1532.
 Os reformadores, Lutero na Alemanha e Calvino na França, reivindicavam a reaproximação da Igreja do espírito do cristianismo primitivo. Calvino tinha a idéia de que todos os fiéis podiam ter acesso ao sacerdócio, inclusive as mulheres. Era contra a hierarquia e colocou pastores como ministros das igrejas, aos quais era permitido o casamento.
 Calvino pregou a teoria da predestinação, para ele era Deus que daria a salvação a poucos eleitos e que o homem tinha que buscar o lucro por meio do trabalho e da vida regrada, isto marcou a ética protestante ficou bem atraente para o pensamento capitalista principalmente para a burguesia.
 A CONTRA-REFORMA
 Com o objetivo de acabar com os exageros que haviam afugentados muitos fiéis e permitiu o êxito dos reformistas em alguns países, com isso a igreja começou a organizar a contra-reforma. Para isso, foi convocado o Concílio de Trento (1545-1563), com o objetivo de restabelecer a disciplina do clero e a reafirmação dos dogmas e crenças católicos.
 Depois do Concílio de Trento, criou-se o índex, uma espécie de índice para censurar os livros que pregavam doutrinas contrárias ou diferentes da doutrina católica. A  inquisição passa a ser reorganizada para ter julgamentos de cristãos, hereges e de judeus acusados, ou seja de qualquer pessoa que fosse contra os princípios cristãos ou da igreja dominante da época. A tentativa de conciliar o espiritualismo medieval e o humanismo renascentista resultou numa tensão, ou uma disputa entre forças opostas: o teocentrismo e o antropocentrismo.
 Características da literatura barroca
 » Culto do contraste: o dualismo barroco coloca em contraste a matéria e o espírito, o bem e o mal, Deus e o Diabo, céu e a terra, pureza e o pecado, a alegria e a tristeza, a vida e a morte.
 » Consciência da transitoriedade da vida: a idéia de que o tempo consome, tudo leva consigo,e que conduz irrevogavelmente a morte, reafirma os ideais de humildade e desvalorização dos bens materiais, ou seja sem apego aos bens materiais.
 » Gosto pela grandiosidade: característica comum expressa com o auxilio de hipérboles, ou seja exageros, figura de linguagem que consiste em aumentar exageradamente algo a que se estar referindo.
 » Frases interrogativas: que refletem dúvidas e incertezas, questionamentos: “que amor sigo? Que busco? Que desejo? O que quero da vida?
 » Cultismo: é o jogo de palavras, o estilo trabalhado. Predominam hipérbole, hipérbatos (isto é, alteração da ordem natural das palavras na frase ou das orações no período) e metáforas (comparações), como: diamantes que significam dentes ou olhos.
 » Conceptismo: é o jogo de idéias ou conceitos, de conformidade com a técnica de argumentação. É comum o uso de antítese, ou seja idéias contrárias, paradoxos. enquanto os cultistas tinham a visão direcionada aos sentidos, já os conceptistas eram direcionados a inteligência.
 O BAROCO NO BRASIL
 Este movimento só se tornou realidade no Brasilquando a exploração das minas de metais preciosos em Minas gerias deu oportunidade para o surgimento de novas cidades e vilarejos, pois com elas vieram também a cultura e a arte.
 Um exemplo foi a :
 ARQUITETURA BARROCA
 Teve sua visão voltada para e construção de fortalezas, casas de engenho, igrejas pertencentes a muitas ordens como a dos beneditinos. Alguns de seus principais representantes foram: Francisco Frias de Mesquita, que veio para o Brasil em 1603; Francisco Dias , que foi um jesuíta e que projetou a primeira igreja jesuítica no Brasil; Francisco dos Santos, teve sua atuação em Olinda, foi arquiteto e também franciscano, seus projetos foram: a igreja de Nossa Senhora das Neves e o convento de São Francisco;Macário de São João, ele foi frei beneditino, que teve entre os seus principais projetos, o Convento de Santa Teresa, o Mosteiro de São Bento Casa de Misericórdia, em Salvador.
Francisco Xavier de Brito foi escultor português, radicando no Brasil, acabou influenciando a obra do mestre Aleijadinho;
 Antonio Francisco Lisboa, também conhecido como o Aleijadinho, visto como o maior gênio da arte brasileira.
 MÚSICA
A música barroca, por sua vez, tem nos nomes de José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita e Marcos Coelho Neto sua maior representatividade.
 LITERATURA
 A publicação, em 1601, do poema Prosopopéia, de Bento Teixeira, marca o início da literatura barroca no Brasil.
 Prosopopéia é um poema de 94 estrofes que exalta, de forma exacerbada, a figura de Jorge de Albuquerque Coelho, segundo donatário da capitania de Pernambuco.
Influenciado por Camões, Bento Teixeira transcreve em seu poema Prosopopéia inúmeros trechos de Os Lusíadas, estabelecendo, desta forma, um vínculo estreito entre a literatura brasileira e a literatura portuguesa do período.
 Interessante apenas como um documento histórico da fase inicial da literatura brasileira, o poema de Bento Teixeira não apresenta grande valor estético.
 Estendendo-se até 1768, a literatura barroca produzida no Brasil refletiu as tendências e características literárias de península ibérica.
 Em resumo tem-se:
 Origens do Barroco
 - Jesuítas como responsáveis históricos pela formação do Barroco.
 Barroco no Brasil:
 - Realidade cultural a partiu do surgimento de cidades e vilarejos de Minas Gerais;
 - Novas cidades e vilarejos originaram o desenvolvimento de manifestações culturais e artísticas como arquitetura, artes plásticas, músicas e literatura;
 - Antonio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, visto como o maior gênio da arte barroca;
 - Marco da literatura barroca no Brasil: o poema “Prosopopéia”, de Bento Teixeira, publicado em 1601
ARCADISMO- parte I
 
Objetivo: esta lição mostrará detalhe sobre o estilo literário: arcadismo. Como surgiu, quais foram os seus principais autores e escritores. Que ideologias foram as bases para esse movimento e como ele repercutiu na sociedade da época. Como foi a sua atuação em Portugal.
 
ARCADISMO
 
O Arcadismo, ou Setecentismo (anos 1700) ou Neoclassicismo é o período que  caracteriza principalmente a Segunda metade do século XVIII,porque o espírito reformista envolve este século numa valorização antropocêntrica, de um saber racional que reflete o desenvolvimento tecnológico, industrial, social e científico. Vive-se, agora, o Século das Luzes, o iluminismo burguês que prepara o caminho para a Revolução Francesa.
 
No início do século XVIII ocorre a decadência do pensamento barroco, para a qual colaboraram vários fatores: o exagero da expressão barroca havia cansado o público, e a chamada arte cortesã, que se desenvolvera desde a Renascença, atinge em meados do século um estágio estacionário e mesmo decadente, perdendo terreno para o subjetivismo burguês; o problema da ascensão burguesa supera a questão religiosa; surgem as primeiras arcádias, que procuram a pureza e a simplicidade das formas clássicas; no combate ao poder monárquico, os burgueses cultuam o "bom selvagem", em oposição ao homem corrompido pela sociedade do Ancien Régime ( o velho regime monárquico). Como se observa, a burguesia atinge a  hegemonia econômica e passa a lutar pelo poder político, então em mãos da monarquia. Isso se reflete claramente no campo social e artístico: a antiga arte cerimonial cortesã dá lugar ao gosto burguês.
 
O Arcadismo tem espírito nitidamente reformista, pretendendo reformular o ensino, os hábitos, as atitudes sociais, uma vez que é a manifestação artística de um novo tempo e de uma nova ideologia. No século XVIII a influência sobre Portugal vem da França devido a emancipação política da burguesia. Essa mesma burguesia é responsável pelo desenvolvimento do comércio e da indústria e já assistia a algumas vitórias na Inglaterra e Estados Unidos. Na França, a partir de 1750, os filósofos atacam o poder real e clerical e denunciam a corrupção dos costumes com grande violência.
 
Em Portugal, o Arcadismo estende-se desde 1756, com a fundação da Arcádia Lusitana, até 1825, com a publicação do poema "Camões", de Almeida Garret, considerado o marco inicial do Romantismo português.
 
No Brasil, considera-se como data inicial do Arcadismo o ano 1768, em que ocorrem dois fatos marcantes: a fundação da Arcádia Ultramarina, em Vila Rica, e a publicação de Obras, de Cláudio Manuel da Costa. A Escola Setecentista desenvolve-se até 1808, com a chegada da Família Real ao Rio de Janeiro, a qual, com suas medidas político-administrativas, permite a introdução do pensamento pré-romântico no Brasil.
 
- CONTEXTO HISTÓRICO-CULTURAL
 
No século XVIII, o fortalecimento político da burguesia e o aparecimento dos filósofos iluministas formam um novo quadro sociopolítico-cultural, que necessita de outras fórmulas de expressão.
 
Combate-se a mentalidade religiosa criada pela Contra-Reforma, nega-se a educação jesuítica praticada nas escolas, valoriza-se o estudo científico e as atividades humanas, num verdadeiro retorno à cultura renascentista. A literatura tem por objetivo restaurar o equilíbrio por meio da razão.
 
Em meados do século XVIII surge na Inglaterra e na França uma burguesia que passa a dominar economicamente o Estado, através de um vasto comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhoreando-se mesmo de uma parte da agricultura. Em toda a Europa tais circunstâncias são semelhantes, e as influências do pensamento burguês se alastram. Nesse momento, geram-se duas manifestações distintas, mas que se completam.
 
O momento poético nasce de um encontro, com a natureza e os afetos comuns do homem, refletidos através da tradição clássica e de formas bem definidas, julgadas dignas de imitação  ( Arcadismo); e o momento poético ideológico, que se impõe no meio do século, e traduz a crítica da burguesia culta aos abusos da nobreza e do clero.
 
Em 1748, Montesquieu publica O espírito das leis, obra na qual propõe a divisão do governo em três poderes ( Executivo, legislativo e Judiciário). Voltaire, como Montesquieu, relacionado com a alta burguesia, defende uma monarquia esclarecida. Em 1851, dirigido por Diderot e D'Alembert, aparece o Discours préliminaires de l'encyclopédie, cultuando a razão, o progresso e as ciências. Importante papel desempenhou Jean-Jacques Rousseau ( O contrato social; Emílio), defensor de uma governo burguês e do ideal de "bom selvagem"o homem nasce bom, a sociedade é que o corrompe"; portanto, o homem deveria voltar-se para o refúgio da natureza pura). É dentro desse quadro que se desenvolve o Iluminismo europeu, transformando o século XVIII no Século das Luzes, que resulta no despotismo esclarecido, governo forte dando segurança ao capitalismo mercantil da burguesia e preparando terreno para a Revolução Francesa.
 
A influência neoclássica penetrou em todos os setores da vida artística européia, no século XVIII.
 
Na Itália essa influência assumiu feição particular. Conhecida como Arcadismo, inspirava-se na lendária região da Grécia antiga. Segundo a lenda, a Arcádia era dominada pelo deus Pan e habitada por pastores que, vivendo de modo simples, e espontâneo, se divertiamcantando, fazendo disputas poéticas e celebrando o amor e o prazer.
 
Os italianos, procurando imitar a lenda grega, criaram a Arcádia em 1690 - uma academia literária que reunia os escritores com a finalidade de combater o Barroso e difundir os ideais neoclássicos. Para serem coerentes com certos princípios, como simplicidade e igualdade, os cultos literários árcades usavam roupas e pseudônimos de pastores gregos e reuniam-se em parques e jardins para gozar a vida natural.
 
No Brasil e em Portugal, a experiência neoclássica na literatura se deu em torno dos modelos do Arcadismo italiano, com a fundação de academias literárias, simulação pastoral, ambiente campestre, etc.
 
Esses ideais de vida simples e natural vêm ao encontro dos anseios de um novo público consumidor em formação, a burguesia, que historicamente lutava pelo poder e denunciava a vida luxuosa da nobreza nas cortes.
 
- EXPRESSÃO ARTÍSTICA DA BURGUESIA
 
Foi  nesse contexto de fermentação filosófica e lutas políticas que surgiu o Arcadismo, voltado para um novo público consumidor, formado pela burguesia e pela classe média. Como expressão artística dessas camadas sociais, o Arcadismo identifica-se com as idéias da Ilustração e veicula-as sob a forma de valores que se opõem ao tipo de vida levado pelas cortes aristocráticas e à arte que consumiam, o Barroco.
 
Daí a idealização da vida natural, em oposição à vida urbana; a humildade, em oposição aos gastos exorbitantes da nobreza; o racionalismo, em  oposição à fé; a linguagem simples e direta, em oposição à linguagem rebuscada do Barroco. Esses valores artísticos e culturais assumiram, no contexto da sociedade européia do século XVIII, um significado de clara contestação política, já que flagravam os privilégios da nobreza e do clero e propunham uma sociedade mais justa, racional e livre.
 
O Arcadismo pode ser visto, sob o ponto de vista ideológico, como um arte revolucionária. Contudo, do ponto de vista estético, é uma arte conservadora, pois ainda se liga à tradição clássica, tanto tempo cultivada pelas cortes aristocráticas.
 
- CARACTERÍSTICAS DO MOVIMENTO LITERÁRIO
 
A linguagem árcade é a expressão das idéias e dos sentimentos do artista do século XVIII. Seus temas e sua construção procuram adequar-se à nova realidade social vivida pela classe que a produzia e a consumia: a burguesia.
 
Outras características da linguagem árcade que merecem destaque:
 
Características
 
- Arte ligada ao Iluminismo. Oposição ao absolutismo despótico e ao poder (barroco) da Igreja.
 
-  Afirmação orgulhosa da racionalidade. Razão = Verdade = Simplicidade e clareza. 
 
-  Culto da simplicidade. Como se atinge a mesma? Através da imitação (não no sentido de cópia, mas no de seguir modelos já estabelecidos).
 
- Imitação dos clássicos gregos. Em especial, Virgílio e Teócrito, clássicos pastoris.
 
- Imitação da natureza campestre, isto é, da ordem e do equilíbrio que essa natureza apresenta, o que dá a mesma um caráter de paraíso perdido. Dois elementos decorrem da aproximação do árcade da natureza campestre:
 
- Bucolismo: adequação do homem à harmonia e serenidade da natureza.
 
- Pastoralismo: celebração da vida pastoril, vista como um eterno idílio entre pastores e pastoras.
 
- Ausência de subjetividade. O autor não expressa o seu próprio eu, adota uma forma pastoril ( era comum os escritores usarem pseudônimos em seus poemas,sonetos e obras, como exemplo: Cláudio Manuel da Costa é Glauceste Satúrnio, Tomás Antônio Gonzaga é Dirceu, Basílio da Gama é Termindo Sipílio,)
 
- Amor galante. O amor é entendido como um conjunto de fórmulas convencionais.
 
fugere urbem ( fuga da cidade): influenciados pelo poeta latino Horácio, os árcades defendiam o bucolismo  como ideal de vida, isto é, uma vida simples e natural, junto ao campo, distante dos centros urbanos. Tal princípio era reforçado pelo pensamento do filósofo francês Jean Jacques Rousseau, segundo o qual a civilização corrompe os costumes do homem, que nasce naturalmente bom.
 
aurea mediocritas ( vida medíocre materialmente mais rica em realizações espirituais): A idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste na cidade. Nestes versos de Tomás Antônio Gonzaga, por exemplo, são exaltados o trabalho manual e o sentimento, em oposição ao artificialismo e às facilidades da vida urbana:
 
Se não tivermos lãs e peles finas,
Podem mui bem cobrir as carnes nossas
As peles dos cordeiros mal curtidas,
E os panos feitos com as lãs mais grossas.
Mas ao menos será o teu vestido
Por mãos de amor, por minhas mãos cosido.
 
Idéias iluministas: como expressão artística da burguesia, o Arcadismo direciona certos ideais políticos e ideológicos dessa classe, no caso, ideais do Iluminismo. Os iluministas foram pensadores que defenderam o uso da razão, em contraposição à fé cristã, e combateram o Absolutismo.
 
Convencionalismo amoroso: na poesia árcade, as situações são artificiais; não é o próprio poeta quem fala de si e de seus reais sentimentos. No plano amoroso, por exemplo, quase sempre é um pastor que confessa o seu amor por uma pastora e a convida para aproveitar a vida junto à natureza. Porém, ao se lerem vários poemas, de poetas árcades diferentes, tem-se a impressão de que se trata sempre de um  mesmo homem, de uma mesma mulher e de um mesmo tipo de amor. Não há variações emocionais. Isso ocorre devido ao convencionalismo amoroso, que impede a livre expressão dos sentimentos. O que mais importava ao poeta árcade era seguir a convenção, fazer poemas de amor como faziam os poetas clássicos, e não expressar os sentimentos. A mulher é vista como um ser superior, inalcançável e imaterial.
 
Carpe diem: o desejo de aproveitar o dia e a vida enquanto é possível, esta idéia  é retomada pelos árcades e faz parte do convite amoroso.
 
- O ARCADISMO EM PORTUGAL
 
Para os portugueses, o século XVIII iniciou-se com um processo de modernização, através dos planos econômico, político, administrativo, educacional e cultural. A produção literária foi ampla e variada, incentivada principalmente pelas academias literárias árcades. A principal expressão literária desse período, Manuel Maria du Bocage, foi um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos,  Nas primeiras décadas desse século, chegaram a Portugal as idéias iluministas, que entusiasmaram intelectuais, artistas e até mesmo o rei D. João V e seu sucessor D.José I, que desejavam modernizar o país.
 
Esse projeto deveria, ainda, satisfazer os interesses da burguesia mercantil e colonial, equiparando Portugal novamente às grandes nações européias. Com amplos poderes, e, na condição de ministro, o Marquês, foi indicado a liderar essas idéias.
 
Com formação estrangeira, o Pe. Luis Antônio Verney, mudou significativamente o cenário científico e artístico português, usando projeto de reforma pedagógica. Suas idéias expostas na obra :Verdadeiro método de estudar (1764), em que o escritor, atacava a orientação que os jesuítas davam ao país. Criticava a arte barroca e seus adeptos, como o Pe. Vieira.Nem mesmo Camões escapou das críticas, que viam nas antíteses camonianas, traços da estética barroca.
 
Essas críticas originaram um amplo debate sobre a necessidade de renovar a cultura portuguesa. Como decorrência desse período de agitação cultural, foi fundada a Arcádia Lusitana, em 1756, considerada o marco introdutório do Arcadismo em Portugal.
 
As academias literárias
 
As academias literárias eram agremiações que tinham por objetivo promover o debate permanente sobre a criação artística, avaliar criticamente a produção de seus filiados e facilitar a publicação de suas obras.
 
Portugal contou com duas importantes academias árcades: a Arcádia Lusitana, que efetivamente deu início ao movimento árcade em Portugal, e a Nova Arcádia (1790), que contou com o maior poeta português do século XVIII: Manuel Maria Barbosa du Bocage.
 
O gênero literário predominante durante o Arcadismo português foi a poesia.
 
Durante o século XVIII, dos escritores portugueses que mais se destacaram

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