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O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL (1)

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GRUPO EDUCACIONAL FAVENI
PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E EDUCAÇÃO INFANTIL
LETICIA CAROLAINE SOUSA VIEIRA- 92965
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
são pedro-sp
2020
O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autora¹
Declaro que sou autora¹ deste Trabalho de Conclusão de Curso. Declaro também que o mesmo foi por mim elaborado e integralmente redigido, não tendo sido copiado ou extraído, seja parcial ou integralmente, de forma ilícita de nenhuma fonte além daquelas públicas consultadas e corretamente referenciadas ao longo do trabalho ou daqueles cujos dados resultaram de investigações empíricas por mim realizadas para fins de produção deste trabalho.
Assim, declaro, demonstrando minha plena consciência dos seus efeitos civis, penais e administrativos, e assumindo total responsabilidade caso se configure o crime de plágio ou violação aos direitos autorais. (Consulte a 3ª Cláusula, § 4º, do Contrato de Prestação de Serviços)
RESUMO
Brincar, muitas vazes os adultos subestimam e acham que é pura diversão, porém é uma das formas mais prazerosas de aprender. Não é possível separar o sentido de ser criança do brincar. E como diz o ditado, “é brincando que se aprende”. E de fato isso é real, brincando se aprende a viver, se estabelecem as primeiras interações sociais, a criatividade é desenvolvida, constroem-se conhecimentos e o raciocínio. É necessário reaver o significado e a importância didática dos jogos, brinquedos e brincadeiras na educação infantil. Com isso mostra-se a importância de ter outro olhar sobre as metodologias, e não sobre abandona-las. Dar valor a cada fase de desenvolvimento da Como diz Piaget, cada nova capacidade adquirida por meio do lúdico, traz uma nova necessidade de aprendizado. A ludicidade tem como fim assimilar a realidade, através de resolução de conflitos, da compreensão de necessidades não satisfeitas ou da simples inversão de papéis. Neste cenário professor é na realidade o mediador do processo de ensino-aprendizagem e tem um papel importante no uso do lúdico como ferramenta de trabalho pedagógica. Desta forma se estabelece a identidade emocional, social e intelectual.
Palavras-chave: Brincar. Brinquedos. Lúdico. Aprendizagem. Educação.
INTRODUÇÃO
O direito de brincar da criança é constitucional e está previsto em documentos legais nacionais e internacionais, como na Declaração Universal dos Direitos Humanos, na Declaração dos Direitos da Criança, a Constituição Federal e a ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), todos tem artigos que asseguram o direito à recreação, ao lazer e a brincar.
Diante da importância que se dá ao brincar e ao lazer na infância, é necessário avaliar a relevância que possui no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças e como essa característica tão particular dessa fase da vida, pode ser um recurso educacional.
A Educação Infantil é o início do processo educativo e normalmente, o primeiro contato da criança com uma socialização estruturada. A matrícula para esta etapa passou a ser obrigatória a todas as crianças de 4 e 5 anos em 2013 
Após o início desta jornada, para assegurar que as práticas pedagógicas direcionadas pela relação brincar-aprender, onde as crianças aprendem em situações ativas de interação de fato aconteçam e sejam eficazes, foram estabelecidos na BNCC (Base Nacional Comum Curricular) seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento na educação infantil: conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se.
Apesar de a aprendizagem ser vista como um processo espontâneo nesta fase é necessário um contexto educativo intencional para que o conhecimento seja sistematizado. Neste caso, cabe ao educador organizar, planejar e intervir nas situações de aprendizagem para garantir o desenvolvimento pleno da criança. 
É preciso compreender a evolução da sociedade no âmbito da tecnologia e aproveitar de maneira lúdica esse novo conhecimento.
Ou seja, não é o brincar por brincar. A intencionalidade e organização nas brincadeiras são necessárias para que atendam ao contexto de aprendizado.
Será feita uma análise cuidadosa de estudos e pesquisas já produzidos sobre a ludicidade para esclarecer a importância desse direito essencial para o desenvolvimento e formação de nossas crianças.
CRIANÇA E INFÂNCIA
Antigamente, no período grego clássico, Platão define a criança como um ser inferior.
[...] entre todas as criaturas selvagens, a criança é a mais intratável; pelo próprio fato dessa fonte de razão que nela existe ainda ser indisciplinada, a criança é uma criatura traiçoeira, astuciosa e sumamente insolente, diante do que tem que ser atada, por assim dizer, por múltiplas rédeas [...] (PLATÃO, 2010, p. 302)
O sentido da família nesta época era social e não sentimental. A criança era um objeto que poderia ser substituído por outro com melhores condições. Até os sete anos a criança era considerada incapaz, pois não dominava as palavras. Após passar a fase de mortalidade, a criança passava ocupar o espaço no mundo adulto, na família e no trabalho.
Isso mudou a partir do século XVIII. Os cuidados com a criança mudam devido à interferência dos poderes públicos, da escola e da igreja.
Essas novas preocupações resultam em um novo comportamento em relação à infância. Nesse período se iniciam os primeiros estudos em psicologia sobre o funcionamento da mente da criança para melhor adaptar os métodos educacionais.
Muitas mudanças ocorreram a partir do final do século XVIII onde a infância passou a ser vista como uma fase peculiar da vida. 
Esses conceitos continuaram a evoluir e, hoje fazem parte dos documentos oficiais dos governos. Aqui no Brasil encontramos concepções sobre a infância e a criança em dois documentos oficiais do MEC, onde são valorizados e respeitados os direitos e necessidades das crianças.
Nas Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil – DCNEI, parecer 022/1998, afirma que: 
São seres humanos portadores de todas as melhores potencialidades da espécie:
*inteligentes, curiosas, animadas, brincalhonas em busca de relacionamentos gratificantes, pois descobertos entendimento, afeto, amor, brincadeira, bom humor e segurança trazem bem- estar e felicidade;
*Tagarelas, desvendando todos os sentidos e significados das múltiplas linguagens de comunicação, por onde a vida se explica; *inquietas, pois tudo deve ser descoberto e compreendido, num mundo que é sempre novo a cada manhã; 
*encantadas, fascinadas, solidárias e cooperativas desde que o contexto ao seu redor, e principalmente, nós adultos/educadores, saibamos responder, provocar e apoiar o encantamento, a fascinação, que levam ao conhecimento, à generosidade e à participação (BRASIL, 1998).
Esses conceitos são aprimorados a cada nova revisão feita nos documentos oficiais. As atuais DCNEI consideram a criança como:
Sujeito histórico e de direitos que, nas interações, relações e práticas cotidianas que vivencia, constrói sua identidade pessoal e coletiva, brinca, imagina, fantasia, deseja, aprende, observa, experimenta, narra, questiona e constrói sentimentos sobre a natureza e a sociedade, produzindo cultura (BRASIL, 2010, p. 14).
É exatamente nesse contexto que a educação infantil deve se basear. O princípio que deve nortear a ação educativa é o fato de a criança ser um indivíduo que constrói ao longo da vida conhecimento e cultura.
O BRINQUEDO, A BRINCADEIRA E O JOGO
Independente de estar relacionado a aprendizagem ou simplesmente à diversão e distração, tudo faz parte do universo infantil. Segundo Vygostky: 
[...] a brincadeira cria para as crianças uma zona de desenvolvimento proximal que não é a outra coisa senão a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver independentemente um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de um problema, sob a orientação de um adulto ou um companheiro mais capaz. (VYGOSTKY,1989, p. 130) 
O brincar é extremamente importante para o desenvolvimento da infância e nas interações da criançacom o mundo.
Ressaltaremos alguns conceitos de brinquedo, brincadeira e jogos.
· Brinquedo – é o objeto, o incentivo material que ganha sentido segundo as vivências da criança, que com ele interage, imagina, cria, representa e constrói conhecimentos sociais durante a infância.
· Brincadeira – Tem uma concepção ampla e não está ligada somente ao uso do brinquedo. Pode ser individual ou coletiva e ter ou não regras. 
Brincando é possível ter mais flexibilidade nas regras, muda-las no meio do caminho quando necessário, ou simplesmente brincar sem traçar, impor, ou determinar regra alguma. Segundo Oliveira:
O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamente a situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e confiável. (OLIVEIRA, 2000, p. 19).
	
Nas RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil), brincar é fundamental para o desenvolvimento da criança, já que através da brincadeira desenvolvem: atenção, imitação, memória, imaginação e a socialização, através da interação e da utilização de regras e papéis sociais (BRASIL, 1998, p. 22).
· Jogo – Trata-se de uma atividade mais estruturada e com regras. Diversos autores atribuem ao jogo vários sentidos, como: o prazer, a descontração, a liberdade, a separação dos fenômenos do cotidiano, as regras, o caráter fictício ou representativo e sua limitação no tempo e no espaço. (KISHIMOTO, 2009, p, 23).
Piaget fala do jogo em três dimensões: como exercício (imitação), de maneira simbólica (faz-de-conta) e o jogo de regras (relações sociais e interpessoais). Quando a criança chega ao estágio das regras, substitui o símbolo e se enquadram nas relações sociais, que, para Piaget, é a prova concreta do desenvolvimento da criança.
Vygotsky 1998 apud Campos (2009, p. 18) define o processo de brincar
como:
[...] uma ‘situação imaginária’, na qual a criança cria relações com o pensamento e a realidade, podendo ser considerada como um recurso de construção do seu conhecimento, pois ao agir sobre os objetos, a criança vai estruturando seu tempo e espaço, desenvolvendo noções de causalidade, passando pela representação e, finalmente, à lógica. (VYGOTSKY 1998 apud CAMPOS, 2009, p. 18)
	É assim que a criança se expressa e se comunica com o mundo ao seu redor, brincando.
BRINCAR E APRENDER
A RELAÇÃO ENTRE OS DOIS PROCESSOS
Em tempos passados essas duas ações eram contrárias e não tinham relação, mas atualmente é impossível dissociá-las. Segundo Brougére (1997) a brincadeira enquanto método pedagógico permite que a criança siga o curso da natureza humana. Assim, utilizar a brincadeira permite que a criança aprenda de forma natural.
O aprender não é somente cumprir conteúdos, mas uma sucessão de metodologias e recursos que preservam cada etapa do desenvolvimento da criança. Neste sentido, o lúdico é um dos aspectos mais importantes desse novo olhar para a educação infantil. Segundo o RCNEI: 
Educar significa, portanto, proporcionar situações de cuidados. Brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito, confiança e o acesso pelas crianças aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural. ” (RCNEI,1998, p.23)
	
	Brincar melhora sua concentração e aumenta a sua imaginação. Segundo Vygotsky (1998), não se trata apenas de um passatempo, mas de um processo de aprendizagem significativa.
	O lúdico é o fator essencial para o desenvolvimento psíquico-social da criança. É necessário oferecer situações lúdicas que favoreçam experiências afetivas, sociais, motoras e cognitivas, elevando seu nível de interesse com a brincadeira, sua imaginação e seu aprendizado.
	Enquanto brinca, a criança interage com o ambiente, aumenta sua autoestima e se torna ativa, investigativa, sociável e expande sua cultura.
	É através do jogo simbólico, segundo Piaget, a segunda fase do jogo na infância, se expressando nas brincadeiras e nas infinitas possibilidades de imaginação desse período. A expansão da imaginação define mentes criativas, eloquentes, independentes e inteligentes. 
	Vygotsky afirma que o jogo e as brincadeiras contribuem para que os conteúdos e conhecimentos sejam consolidados, facilitam o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da concentração, estimulando a capacidade de discernimento, com ambientes desafiadores e possibilitando a conquista de estágios mais avançados de raciocínio. 
	Como destaca Brougére, o brinquedo e o brincar incorporam nossos conhecimentos sobre a criança ou, ao menos, as representações largamente difundidas que circulam nas imagens que nossa sociedade é capaz de segregar. (2000, p. 98)
	Desta forma, brincar na infância, permite descobertas físicas e emocionais. O lúdico proporciona desenvolvimento de habilidades físicas, motoras e psíquicas e possibilita melhorias na interação social, no autoconhecimento e influencia em outros processos culturais.
A DIMENSÃO PEDAGÓGICA DO LÚDICO
	
	A criança também aprende brincando. Partindo dessa afirmação, temos que considerar a importância da dimensão lúdica como ferramenta pedagógica. 
	Navarro (2009) mostra o brincar como prática social do universo infantil, e para ser prazerosa é necessário ter um brinquedo, ambiente, história ou amigo. O educador tem que ser o mediador, para que o brincar realmente estimule e oportunize aprendizagens reais.
	O primeiro movimento realizado para introduzir os jogos e brinquedos no trabalho pedagógico foi a criação dos jardins da infância de Froebel. Havia distinção entre os jogos e brinquedos. Onde o primeiro baseava-se nos dons e deveriam ser orientados por um adulto. Já o segundo se relacionava ao simbolismo, para que a criança expressasse sua visão de mundo. Assim, Froebel coloca o brincar como uma das principais atividades do desenvolvimento humano, sobretudo nos primeiros anos de vida.
... A criança que brinca sempre, com determinação autoativa, perseverando, esquecendo sua fadiga física, pode certamente tornar-se um homem determinado, capaz de auto-sacrifício para a promoção de seu bem e dos outros... O brincar, em qualquer tempo, não é trivial, é altamente sério e de profunda significação” (Kishimoto, 1999, apud Froebel, p.23)
	Piaget coloca os jogos como indispensáveis na formação do conhecimento o ambiente escolar deve provocar nessas crianças a necessidade daquilo que se quer transmitir / ensinar. Portanto, o direcionamento dos jogos e das brincadeiras no ambiente de aprendizagem deve ser pensado para cada fase do desenvolvimento.
Cabe ao educador o papel de adequar cada atividade a fase de desenvolvimento da criança, para que a atividade não seja inócua.
	O lúdico tem que ser significativo para que seja eficaz, do ponto de vista pedagógico. 
	
A criança, seu desenvolvimento e o brincar.
	
	Para compreender o desenvolvimento intelectual da criança e o quanto o lúdico colabora nesse processo é necessário aprender sobre cada fase da criança.
	Piaget dividiu o desenvolvimento intelectual da criança em períodos, conforme a faixa etária e de acordo com os interesses e necessidades. 
	O professor tem o papel de oportunizar situações desafiadoras que estejam de acordo com o nível de desenvolvimento cognitivo da criança. 
	Piaget dividiu o desenvolvimento cognitivo em quatro estágios: sensório-motor, pré-operatório, operatório concreto e operatório formal.
Sensório-motor (0 a 24 meses) – envolve o aumento das capacidades sensoriais e motoras. As primeiras ações dos bebês são por reflexo e pouco a pouco, assumem um controle intencional sobre a suas ações motoras. No início desse estágio, os objetos só existem se são vistos ou tocados, não há o senso de permanência. No final desseestágio, a criança já é capaz de criar representações mentais dos objetos ou ações. 
Pré-operatório (2 a 7 anos) – as crianças desenvolvem neste estágio o pensamento representativo. Aí começa também a comunicação verbal, que vai se modificando conforme a criança se desenvolve, passando a considerar as influências externas.
Nessa fase as crianças iniciam a manipulação dos conceitos, mesmo com limitações. Nesse estágio, as crianças aprimoram o seu desenvolvimento conceitual e linguístico.
Operatório-concreto (7 a 12 anos) – Além de ideias e memória, eles conseguem realizar operações com essas ideias e memórias com os objetos concretos. Não há abstração.
Operatório-formal (12 anos em diante) – Aí se inicia o raciocínio lógico e sistemático. As estruturas cognitivas chegam ao nível máximo. 
	Com base nos fundamentos do desenvolvimento de Piaget, podemos analisar a relação da criança com a ludicidade. 
	Kishimoto (2010, p. 1) afirma que a criança explora o mundo através do brincar. É desta forma que expressa e compreende os significados, visto que o brincar é a principal atividade diária de uma criança. É assim que a criança expressa plenamente. Essas dimensões devem constar do projeto pedagógico de toda escola de educação infantil e ser colocado em prática. É no brincar que se estabelecem as interações.
	As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil (2010), expõem em seu 9º artigo que: “As práticas pedagógicas que compõem a proposta curricular da Educação Infantil devem ter como eixos norteadores as interações e as brincadeiras [...]”.
	Desta forma, as práticas pedagógicas devem garantir todas essas experiências, proporcionando ambiente adequado, professores engajados e projeto pedagógico que contemple a diversidade de possibilidades de conhecimento para os pequenos.
 
O brincar “hoje” – a criança digital.
	A forma de brincar mudou com o avanço das tecnologias.
	É normal, as crianças escolherem brinquedos tecnológicos aos tradicionais. Isso mostra forma como o brincar tem se desenvolvido desde então.
	A falta de espaço ou segurança faz com que as crianças tenham que se adaptar a um ritmo de brincadeiras diferente. Antes, a maior parte dos brinquedos e das brincadeiras eram criados e confeccionados pelas próprias crianças. Exigia muita criatividade para elaborar jogos e brinquedos. No aspecto pedagógico, era raro o uso de jogos e, brinquedos. 
	É preciso saber conviver e aproveitar o que essa tecnologia nos oferece positivamente. 
	É necessário sempre saber moderar, pois o uso em excesso limita a exploração dos sentidos, dos movimentos e até mesmo o contato social físico, e com outras pessoas, fatores imprescindíveis no desenvolvimento infantil.
	O que é preciso fazer é cuidar da forma como são utilizados esses recursos tecnológicos. 
	Sobre os cuidados Boff salienta:
“O que se opõe ao descuido e ao descaso é o cuidado. Cuidar é mais que um ato; é uma atitude . Portanto, abrange mais que um momento 34 de atenção, de zelo e de desvelo. Representa uma atitude de ocupação, preocupação, de responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro” (BOFF, 1999, p. 33)
	Como recurso pedagógico, as tecnologias são muito eficientes, pois oportunizam a pesquisa, a assistir filmes e documentários na própria sala e sempre que surge uma dúvida ou necessidade, podem ser utilizados no momento.
	É necessário ressaltar que as atividades com as mídias não substituem os brinquedos tradicionais. 
	Segundo Boff (1999), o mundo virtual criou um novo ambiente para o ser humano, fechado em si mesmo, onde não há o contato físico e social. É esse o aspecto preocupante em relação às tecnologias e as crianças.
	Mas, como tudo na medida certa, há o lado positivo, principalmente para os pequenos. Há muitas atividades e jogos que trabalham o raciocínio lógico e estratégias para todas as idades.
	CONSIDERAÇÕES FINAIS
	Brincar, brincadeiras, brinquedos, jogos e crianças são conceitos associados. 
	O brincar é uma forma privilegiada de a criança conceber o mundo.
	Na Educação Infantil a criança tem o primeiro contato com meio social sem a família e com o contexto pedagógico. Essas primeiras experiências devem ser significativas e prazerosas. Neste ponta pé inicial da Educação Formal a criança tem contato com as atividades que despertam na criança o gosto pela leitura, pelas artes, pela matemática e pelo estudo da natureza e da sociedade. Mas isso só acontece se houver o estímulo adequado.
	Trabalhar a educação baseada no lúdico propicia o desenvolvimento de estruturas cognitivas novas, e auxilia no desenvolvimento de várias habilidades.
	Crianças em idade pré-escolar aprendem pela experiência e pelas relações que estabelecem na escola, exatamente por isso que o brincar é uma fonte completa e inesgotável de experiências e interações que geram benefícios para a criança, tanto no sentido pessoal, como educacional. 
	É brincando que a criança aprende a interagir, construir relações sociais, cooperar, dividir, desenvolver o raciocínio e acatar regras estabelecidas pelo grupo, assim como ampliar a imaginação e a criatividade.
	Proporcionar uma prática pedagógica através de uma postura lúdica é favorecer o desenvolvimento da criança em sua globalidade.
Crianças que brincam constroem a identidade social e pessoal, desenvolvem a linguagem e expressão, ampliam seu vocabulário, cultivam relações e, durante a prática lúdica, reconhecem limites de espaço e tempo, promovem o respeito à diversidade e aprendem de fato.
	É devido a tudo isso que o brincar faz parte dos documentos oficiais como eixo norteador das práticas pedagógicas da Educação Infantil. 
	Além de tudo que foi descrito, o brincar tem sua significação cultural, como objeto de conhecimento, contribuindo para que a criança conheça sua cultura, se aproprie e se torne protagonista dela.
	O professor assume um papel importante como motivador, mediador e o organizador destas práticas pedagógicas. Todo esse trabalho feito de maneira correta e engajada pelo professor motiva os alunos a participarem com entusiasmo. 
Por isso o professor e a escola devem estar preparados para desenvolver o planejamento norteado pela prática do lúdico, com a instituição favorecendo e propiciando para que os espaços para o desenvolvimento das atividades e material pedagógico sejam de qualidade e suficientes para atender a todas as crianças.
Portanto, a importância do brincar na educação infantil é indiscutível. O uso do lúdico é necessário e deve ser o elemento norteador do trabalho pedagógico na infância. É preciso profissionais estejam constantemente atualizados e preparados e a escola tem que estar preparada estruturalmente e administrativamente, todos comprometidos em conduzir o processo de ensino com excelência.
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