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Plantas tóxicas Plantas cianogênicas Sorghum spp. Principais espécies: Sorghum halepense, Sorghum sudanense, Sorghum vulgare Gramíneas utilizadas para produção de forragem/silo Distribuição: todo o brasil Principalmente meses de novembro a abril Mais tóxica na fase de crescimento 7 semanas de plantio < 20 centímetros Morbidade: 5% Mortalidade 2% Princípio ativo e mecanismo de ação Todas as plantas produzem cianeto (10mg de HCN por kg de planta fresca) Cianeto ligado a glicosídeos Ligação quebrada por enzimas (própria planta ou micro- organismos do trato gastrointestinal) Planta íntegra: ruptura não ocorre (enzimas separadas dos glicosídeos) Contato de enzima com glicosídeo libera cianeto livre Fatores que podem influenciar a toxicidade Quantidade de compostos cianogênicos Tamanho e espécie do anima Velocidade de ingestão da planta Tipo de alimentação simultânea Capacidade de detoxificação do organismo Tipo de adubação Diferenças entre espécies Monogástricos: pH ácido Inativa enzimas hidrolítica (pH 5 a 6) Ruminantes Conteúdo ruminal (pH de 6 a 7) Pode ocorrer detoxificação Fígado (rodanase), converte em tiocianato Eliminação pela urina Sinais clínicos Evolução aguda Sinais aparecem de 10 a 15 minutos após a ingestão Morte minutos depois (1 a 2 horas) Sialorreia, paresia Espasmos musculares generalizados Convulsões tônico clônicas Mucosas cianóticas Dispneia, taquipneia, parada respiratória Patologia Musculatura escura Congestão de traqueia e pulmões Congestão hepática Cheiro de amêndoas amargas no rúmen Folhas das plantas no rúmen Diagnóstico Epidemiologia Sinais clínicos Diagnóstico diferencial: nitratos e nitritos Tratamento 20g de nitrito de Na + 30g de tiossulfato de Na Diluir em 500mL de solução fisiológica 40mL para cada 100kg, IV rápido Repetir uma vez se necessário Nitrito oxida a hemoglobina (metemoglobina) Metemoglobina compete com citocromo oxidase pelo cianeto Forma cianometemoglobina – tiocianato (menos tóxico e eliminado pela urina) Glicosídeos cianogênicos Mastigação e digestão CN Absorvido membrana celular Citocromo oxidase Fosforilação oxidativa da cadeia respiratória Anóxia citotóxica Sistema nervoso central e musculatura cardíaca Hidrólise Inibe Controle e profilaxia Não pastorear animais com fome Evitar época de rebrote ou menos de 7 semanas Colocar animais de pouco valor para pastejar e trata-los caso demonstrem sinais Teste do picrato: 5g de carbonato de sódio 0,5g de ácido pícrico 100mL de água Tira de papel filtro embebida na solução Deixar secar Frasco pequeno (vegetal + papel) 30°C a 35°C por 5 minutos Cor vermelho tijolo Prunus sellowii Nomes comuns: pessegueiro bravo, marmeleiro bravo Árvore da família Rosaceae 15 metros de altura Em locais com altas altitudes Matas secundárias e capoeiras Distribuição: surtos registrados em todo o Sul e São Paulo Condições para intoxicação Derrubada de matas Ventos fortes (galhos frágeis) Bovinos ingerem facilmente as folhas verdes Morbidade 10% Letalidade 80% Princípio ativo Glicosídeo cianogênico (amigdalina) Toxicidade Letal quando ingerida verde (3,5g por kg) Quantidades menores podem produzir alterações leves a moderadas Sinais clínicos Curso agudo Sinais aparecem 10 a 15 minutos após a ingestão Aumento de FC e FR Atonia ruminal Andar cambaleante e decúbito Convulsões são frequentes Timpanismo moderado, respiração profunda Morte em 40 a 90 minutos Patogenia Não ocorrem lesões significativas Equimoses no epicárdio Congestão dos hemisférios cerebrais Forte odor de pêssego no rúmen Presença de folhas no rúmen Diagnóstico Odor e folhas no rúmen Planta na propriedade Quadro clínico Teste do papel picrossódico Diagnóstico diferencial: outras intoxicações de curso agudo e morte súbita Controle e profilaxia Evitar acesso dos animais a áreas onde há derrubada de matas Cercar as matas Observar áreas após ventos fortes Tratamento Idêntico aos casos de intoxicação por sorgo Extremamente eficaz Outras plantas cianogênicas Manihot esculenta (mandioca brava), Cynodon sp (tifton), Holocalyx glaziovii (alecrim de campinas), Piptadenia macrocarpa (angico preto) Plantas nefrotóxicas Amaranthus spp. Nome popular: caruru Família Amaranthaceae 75 espécies Arbusto Invasoras de lavouras Escassez de alimento (suínos, ovinos e bovinos) Epidemiologia Afetam bovinos em áreas severamente invadidas Ocorre no outono (frutificação) Associada a grandes consumos Afeta bovinos de todas as categorias Morbidade: 5 a 30% (surtos até 100%) Letalidade: 100% Princípio ativo Altas concentrações de oxalato solúveis (sódio, potássio e amônia) Estomago de monogástricos e pré-estômagos de ruminantes: Ca + oxalato = oxalato de cálcio Composto insolúvel Eliminado nas fezes → HIPOCALCEMIA NEFROSE TUBULAR TÓXICA Sinais clínicos 2 a 4 semanas de ingestão continuada Depressão, anorexia, atonia ruminal Deitados, quando em movimento incoordenação Corrimento nasal sero-hemorrágico Emagrecimento progressivo, diarreia Poliúria (PU) e polidipsia (PD) → casos crônicos Decúbito e morte (3 a 10 dias) Ovinos e caprinos Ataxia, tremores musculares e debilidade Suínos Semelhantes aos anteriores Paresia, paralisia e distensão abdominal Análise bioquímica Hipocalcemia, hiperfosfatemia, aumento de ureia e creatinina (azotemia) Patologia Petéquias no subcutâneo e serosas Liquido seroso no abdômen Lesões ulcerativas em mucosas do trato gastrointestinal Rins aumentados e amarelados Histologia Nefrose tubular Degeneração e necrose epitelial Cilindros hialinos Espessamento da cápsula de Bowman Áreas de necrose focal no trato gastrointestinal Cristais de Oxalato Diagnóstico Epidemiologia e sinais clínicos Confirmados pela histologia Provas bioquímicas da função renal Diagnóstico diferencial: parasitoses gastrointestinais (diarreia), intoxicação por Setaria anceps Controle e profilaxia Planta dessecada perde consideravelmente sua toxicidade Roçar antes de soltar os animais Tratamento Não há, o tratamento é sintomático Outras plantas nefrotóxicas Dimorphandra mollis (faveira): todo o cerrado, intoxicação pelas favas Thiloa glaucocarpa (Sipaúba): regiões de caatinga (Ceará e Piauí), intoxicação em surtos no início das chuvas quando ocorre a brotação. Também é conhecida por “mal de rama” e mal da rama murcha”, causa edema subcutâneo como sinal clínico Plantas miotóxicas Senna occidentalis Nome popular: fedegoso, chuva de ouro, cigarreira, mamangá Cassia occidentalis Arbusto anual Família Leguminoseae 40 a 80 centímetros Folhas elípticas verde escuras Flores amarelo ouro Epidemiologia Brotação na primavera, inflorescência no verão Vagens curvas, triangulares Contaminam pastagens de soja, milho e sorgo Intoxicação ocorre pela ingestão de cereais (sementes) ou feno contaminado ou pastoreio Contaminação durante colheita mecânica pois as sementes são parecidas com sorgo Toxicidade: toda planta (bovinos) + sementes (confinamento de aves) Afeta bovinos maiores de 1 ano Bovinos: morbidade de 10 a 60% e letalidade alta Suínos: morbidade de 5 a 50% e letalidade de 92 a 95% Princípio ativo Não foi completamente isolado e identificado Alcaloides causando miodegeneração: diantrona, senosídeo (degeneração mitocondrial) Dose tóxica Varia conforme a espécie Quantidade de semente com os grãos Morte ocorre por insuficiência cardíaca e respiratória Sinais clínicos Bovinos podem morrer em 3 dias sem apresentar sinais Diarreia (2 a 4 dias) Distúrbios musculares: fraqueza, ataxia, relutância em se movimentar (exercício precipita esses sinais), decúbito Depressão, anorexia, perda de peso Urina de coloração marrom (mioglobinúria) Elevação de creatinina fosfoquinase (CK) e aspartato aminotransferase (AST) Atonia ruminal Morte horas ou semanas após o decúbito Doença não causa febre Equinos são mais sensíveis e possuem curso mais agudo da doença de 4 horas a 4 dias Não ocorre diarreia e mioglobinúria Aumento acentuado de CK, AST, GGT e LDH Patologia Lesões mais regulares são na musculatura esquelética, pulmão e miocárdio Casos agudos são difíceis de perceber Áreas pálidas nos músculos Congestão e hemorragia das fáscias Fígado aumentado, pálido, em noz moscada Bexiga com urina escura (mioglobinúria) Histologia Miopatias degenerativa e necrótica Necrose centro lobular hepática Vacuolização de hepatócitos Vacuolização da substancia branca Edema mitocondrial (microscopia eletrônica) Diagnóstico Dados clínicos e epidemiológicos Achados de necropsia e histopatologia Plantas na pastagem ou sementes na ração Determinação sérica de CK e AST Urina escura (bovinos) → diferenciar de hemoglobinúria Diagnóstico diferencial Deficiência de Selênio e Vitamina E Intoxicação por monensina Intoxicação por gossipol Síndrome de decúbito Doenças que cursam com hemoglobinúria: leptospirose, babesiose e Pteridium aquilinum Controle e profilaxia Retirar do contato com a planta ou ração Evitar invasão da pastagem Se possível, substituir por colheita manual Tratamento Não há Indica-se laxativos e antiespasmódicos Plantas calcinogênicas Solanum malacoxylon Nome popular: espichadeira, maria mole Família Solanaceae Arbusto de 1 a 1,5 metros Talos simples e pouco ramificados Folhas verde grisáceas de 10 a 20cm Flores azul violáceas Epidemiologia Cresce em áreas de pobre drenagem Planta anual Pouco palatável Floresce na primavera e frutifica no outono Afeta bovinos Ocorre pela ingestão das folhas caídas e rebrote Pode afetar equinos e ovinos Princípio ativo Derivado glicosídico do 1,25 di-hidroxicolecalciferol ou calcitriol Metabólito ativo da Vitamina D Na intoxicação, o princípio ativo atua diretamente no intestino, provocando absorção incontrolável de Ca e P Sinais clínicos Emagrecimento progressivo Andar rígido e abdômen contraído Cifose, locomoção com dificuldade Aumento do tamanho e rigidez das artérias Curso crônico Morte num período de até 4 meses Caquexia Análises bioquímicas: hipercalcemia e hiperfosfatemia Patologia Lesões macroscópicas fundamentalmente no sistema cardiocirculatório e nos pulmões Artérias grandes, rígidas, espessas e quebradiças Placas esbranquiçadas na superfície Lesões semelhantes do endocárdio e válvulas Mineralização dos pulmões Calcificação de tendões e ligamentos Histopatologia Depósito de Cálcio nas artérias Áreas de enfisema pulmonar, septos espessados Calcificação das cartilagens Atrofia da paratireoide Lesões ósseas: Osteopetrose Aumento da espessura e densidade das trabéculas Exagerada formação de osteóides Proteína carreadora de Ca Intestino Cálcio ↑ Osteopetrose Deposição de Cálcio nos tecidos moles (coração, pulmão, rins, aorta e tendões) Vitamina D3 Diagnóstico Dados epidemiológicos Sinais clínicos e patológicos Bioquímica sanguínea Diagnóstico diferencial: doenças crônicas com emagrecimento, tuberculose e Leucose Controle e profilaxia Manejo para evitar ingestão da planta Evitar colocar em áreas infestadas em épocas de carência de forragens Não queimar, pois rebrote é facilmente ingerido Não há tratamento Nierembergia veitchii Família Solanaceae Cresce rasteira Palatável Afeta ovinos de qualquer raça, idade ou sexo Distribuição: Rio Grande do Sul Morbidade de até 85% Mortalidade de 25 a 60% Bovinos podem ser afetados, porém com morbidade baixa de 0,7% Princípio ativo Semelhante a Vitamina D Experimentalmente, alimentou-se pintinhos raquíticos com a dieta contendo a planta, observando-se aumento na absorção de Cálcio Sinais clínicos Semelhantes aos encontrados na intoxicação por Solanum malacoxylon Diagnóstico Dados epidemiológicos Sinais clínicos e achados na necropsia Bioquímica sanguínea Diagnóstico diferencial: parasitoses gastrointestinais, enterotoxemia, hepatite necrótica Controle e profilaxia Evitar ingestão pelo manejo Utilizar bovinos no pastejo Não existe tratamento Intoxicação pelo gossipol (Toxinas do algodão) Algodão: Gossypium spp. Gossipol: “ol” deriva do fenol Pigmento fenólico de coloração amarelada Produzido por glândulas nas raízes, talos, folhas e sementes do algodoeiro Humanos: anticoncepcional masculino (China) Para extração de óleo: conjugação com proteínas (inativação). Se livre, é toxico e altera a coloração do óleo Toxicocinética e mecanismo de ação Ruminantes: até 5mg/mL de gossipol nos 15% de farelo de algodão da ração são aceitáveis Absorção: trato gastrointestinal (TGI) Excreção: bile (fezes), não passa para o leite Gossipol absorvido se liga ao Ferro: deficiência de Ferro e problemas na hematopoese Sinais clínicos – BOVINOS Adultos: menor sensibilidade Ingestão crônica Efeito Cardiotóxico é o principal Morte súbita (insuficiência cardíaca) Ascite, taquipneia Anorexia e perda de peso Redução da fertilidade em machos e fêmeas Laboratorial: anemia (ligação do ferro ao gossipol) Patologia – BOVINOS Edema e congestão pulmonar Congestão e hemorragia hepática (fígado em noz moscada) Gastroenterite, ascite Fibras cardíacas degeneradas e hipertróficas Sinais clínicos – AVES Dispneia, fraqueza, anorexia Insuficiência cardíaca congestiva (ICC) Redução na postura (poedeiras) Ovos com gema esverdeada Sinais clínicos –SUÍNOS Dispneia, redução de peso, anorexia Post-mortem: igual bovinos Diagnóstico Difícil Alterações laboratoriais: anemia, ALT, AT Tratamento e prevenção Suplementação de ferro e proteína na dieta Evitar alimentar bezerros com suplementos de algodão Peletização (calor) reduz teor de gossipol do farelo
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