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A reação em cadeia da polimerase (PCR – Polymerase Chain Reaction) é uma técnica de biologia molecular revolucionária, pois permitiu o rápido desenvolvimento do estudo de sequências de ácidos nucléicos, proporcionando grandes avanços em diversas áreas do conhecimento. O diagnóstico de doenças infecciosas dos animais é realizado, historicamente, com técnicas que avaliam características fenotípicas do patógeno. No entanto, o estado da arte do diagnóstico de doenças infecciosas sofreu mudanças significativas nessas últimas décadas após o adventoda PCR. Possui capacidade de detectar agentes infecciosos com alta sensibilidade e especificidade, sem necessidade de encontrar microrganismos viáveis na amostra biológica. -------------------------------------------------------- A técnica de PCR promove, por meio de etapas de variação de temperatura, a duplicação de cadeias de DNA in vitro. A reação de amplificação de DNA por PCR envolve o emprego dos quatro nucleotídeos (dNTP’s) do DNA, sequências iniciadoras (primers) e uma DNA polimerase termoestável. Assim, é possível a obtenção de muitas cópias de uma sequência específica de ácido nucléico, a partir de uma fita molde. Desde a introdução da técnica de PCR, rápidos avanços nas técnicas de genética molecular tem revolucionado a prática da patologia, anatomia e análises clínicas. As técnicas moleculares são agora aplicáveis a todas as áreas do laboratório clínico. Existem 3 etapas que compreendem a reação de PCR: 1. Desnaturação – O DNA gnômico contendo a sequência a ser amplificada é desnaturado. Ou seja, ocorre a separação da dupla fita de DNA. ● A temperatura de anelamento usada na PCR depende do comprimento e composição (citosina/guanina) dos primers; ● Idealmente, a temperatura de anelamento deve ser 1 a 5 ºC abaixo da temperatura de melting (Tm - Temperature melting) , que é a temperatura na qual 50% das moléculas do conjunto primer/DNA estão separadas e as outras 50% estão ainda hibridizadas; ● temperatura de anelamento baixa demais produz pouca adstringência, resultando em amplificação de fragmentos inespecíficos; ● uma temperatura de anelamento muito acima da Tm, pode impedir o anelamento dos primers, resultando em pouco ou nenhum produto amplificado; 2. Anelamento ou Hibridização – os iniciadores ou primers se ligam a fita de DNA que se pretende amplificar. Um deles é complementar à sequência em uma fita da dupla-hélice de DNA e o outro é complementar à sequência na outra fita. São eles que irão identificar/marcar qual trecho de interesse do DNA deverá ser copiado. 3. Extensão ou polimerização – com o ponto de partida já identificado, a Taq polimerase liga-se a fita sinalizada pelo primer, complementando-a. Inicia-se então a extensão do novo fragmento de DNA, formando novamente uma fita dupla de DNA. ● A reação de amplificação é catalizada pela TaqDNA polimerase (enzima termoestável extraída da bactéria extremófila Thermus aquaticus que é encontrada em fontes hidrotermais), a qual alonga um pequeno fragmento de DNA de fita simples, chamado de oligonucleotídeo iniciador ou primer, quando este, por sua vez, encontra-se ligado a uma fita molde de DNA. ● Por ser uma enzima termoestável, a Taq DNA polimerase permite a realização de múltiplos ciclos de reação, com uma única adição de enzima, o que possibilitou a automatização da reação e consequentemente a generalização de seu uso. A Taq DNA polimerase suporta temperaturas de 95ºC e é mais ativa entre 70ºC e 75ºC, temperatura em que o pareamento entre os iniciadores e o DNA é mais específico ● O alongamento é feito pela adição na extremidade 3’ do iniciador, do nucleotídeo complementar ao nucleotídeo correspondente na fita molde. O fragmento amplificado pela PCR é aquele compreendido entre as duas extremidades 3’ de um segmento duplex, complementares aos dois iniciadores utilizados na reação. ● Os iniciadores ou primers são fitas de DNA geralmente com 18-22 nucleotídeos (A, T, C, G) sintetizados in vitro, tendo como base uma sequência de nucleotídeos complementares às sequências que delimitam o fragmento de ácido nucléico a ser amplificado. Esse ciclo é realizado inúmeras vezes até atingir milhões de cópias. Na PCR convencional, a detecção do produto de amplificação normalmente é feita em eletroforese em gel de agarose. Após a coloração, ocorre a visualização do DNA pesquisado. A tecnologia de PCR em Tempo Real (qPCR) é uma evolução do método de PCR (Polymerase Chain Reaction ou Reação em Cadeia da Polimerase). Seu princípio se baseia na duplicação de cadeias de DNA “in vitro” que pode ser repetida diversas vezes, gerando quantidade de DNA suficiente para realizar diversas análises. Com apenas um único fragmento de DNA é possível reproduzir milhões de cópias. A PCR foi desenvolvida no final dos anos 80 por Kary Mullis que posteriormente ganhou o Prêmio Nobel de Química pelo feito. Além de revolucionar as técnicas de genética molecular, sua aplicação compreende várias áreas como identificação genética, medicina forense, análises clínicas, diagnóstico de doenças, controle de qualidade industrial, entre outros. Os ensaios de PCR em Tempo Real são muito mais sensíveis, específicos e rápidos, principalmente quando comparados aos testes convencionais, levando de 2 a 3 horas para emitir o resultado. Para diagnósticos, são amplamente utilizados na infectologia clínica para a detecção de patógenos, identificando infecções virais e bacterianas, em que a cultura dos agentes causadores pode ser muito difícil ou até mesmo impossível. Este método não depende do isolamento ou crescimento do patógeno ou da detecção de uma resposta imune contra o agente. Em vez disso, o que é detectado nos ensaios são as sequências de ácidos nucleicos dos patógenos. Alguns exemplos de sua aplicação consistem no diagnóstico de dengue, infecções respiratórias, ISTs, anteriormente chamada de DSTs, e meningites. É utilizada também no diagnóstico de doenças genéticas, identificando mutações e pré-disposição genética para determinadas doenças, como é o caso da trombose. Essa técnica molecular também é utilizada na oncologia para identificação do cromossomo Philadeplhia, uma alteração citogenética que está associada a algumas formas de leucemia. Como é realizada a técnica de PCR em tempo real (qPCR)? A sigla qPCR significa PCR quantitativa em Tempo Real, traduzido do inglês Real Time quantitative PCR ou ainda RT-qPCR. Isto porque a metodologia permite realizar a quantificação do alvo durante o processo de amplificação do DNA. Para entender completamente o que é a qPCR precisamos entender primeiro qual é o processo da PCR. Atualmente, as técnicas de amplificação e detecção de ácidos nucleicos estão entre as ferramentas mais valiosas na pesquisa biológica. Cientistas em todas as áreas da ciência da vida - pesquisa básica, biotecnologia, medicina, ciência forense, diagnósticos e muito mais - utilizam esses métodos em uma ampla gama de aplicações. A PCR ou Reação em Cadeia da Polimerase se tornou a pedra angular da biologia molecular moderna em todo o mundo. A PCR Real Time (qPCR ou PCR em Tempo Real) é uma forma avançada da Reação em Cadeia da Polimerase que maximiza o potencial da técnica. Como o nome sugere, a PCR Real Time é uma técnica usada para monitorar o progresso de uma reação de PCR em tempo real. Ao mesmo tempo, uma quantidade relativamente pequena de produto de PCR (DNA, cDNA ou RNA) pode ser quantificada. A PCR Real Time baseia-se na detecção da fluorescência emitida por uma molécula repórter que aumenta à medida que a reação avança. O aumento da fluorescência ocorre devido ao acúmulo do produto de PCR (fragmento alvo) a cada ciclo de amplificação. A PCR Real Time facilita o monitoramento da reação à medida que ela progride. Pode-se detectar quantidades extremamente mínimas de ácido nucleico do patógeno investigado e quantificar o produto final com precisão. Além disso, não há necessidade do processamento pós-PCR, como ocorre no PCR convencional, fator esse que evita contaminação e economizarecursos e tempo. Estas vantagens da técnica de PCR Real Time baseada em fluorescência revolucionaram completamente a abordagem da quantificação do DNA e RNA baseada em PCR. Os testes de PCR Real Time são fáceis de executar, apresentam sensibilidade e especificidade bastante elevadas, e fornecem escopo para automação. A PCR Real Time é também referida como RT-qPCR quando é inserido ciclo adicional de transcrição reversa, que leva à formação de uma molécula de DNA a partir de uma molécula de RNA. Isso é feito porque o RNA é menos estável em comparação ao DNA. De forma geral, a PCR Real Time representa uma valiosa ferramenta diagnóstica de alto fator tecnológico agregado. Além de permitir detecção precoce de agentes infecciosos em animais doentes, o teste exibe grande precisão diagnóstica e viabiliza detecção múltipla de patógenos relacionados a um problema comum. Na qPCR, o resultado é visualizado imediatamente, dispensando a eletroforese. Isto é possível pela adição de sondas fluorescentes às reações de PCR. A amplificação do DNA-alvo é monitorada durante o processo de qPCR. A medida que o DNA é amplificado, o nível de fluorescência cresce proporcionalmente. O equipamento é capaz de detectar a fluorescência eventualmente produzida pela amostra e assim a técnica permite acompanhar a reação e a apresentação dos resultados em tempo real. Além disso, por meio do monitoramento da taxa de aumento da fluorescência na reação de PCR, é possível determinar com precisão a quantidade de DNA-alvo presente na amostra original. A qPCR pode ser utilizada para se avaliar a presença de um patógeno em uma amostra, podendo ser um teste qualitativo ou quantitativo. ------------------------------------------------------ A Reação em Cadeia da Polimerase convencional (PCR ou cPCR) foi desenvolvida em 1983 por Kary Banks Mullis. A técnica produz um grande número de cópias de uma determinada sequência de DNA alvo para diversas análises. O método revolucionou a biologia molecular, mas foi apenas um ponto de partida para inúmeros outros aprimoramentos que atualmente substituem a PCR convencional com inúmeras vantagens. Algumas limitações da técnica cPCR podem afetar sua aplicabilidade diagnóstica. A classificação como detecção end-point significa que a cPCR demanda uma etapa extra após a amplificação que corresponde à eletroforese em gel de agarose. O resultado é apenas qualitativo (não permite quantificação). O positivo é constatado positivo mediante visualização de banda no gel com o tamanho correspondente ao fragmento amplificado. Ocorre que, a resolução do gel de agarose é muito pobre e soma-se a isso, o fato de haver baixa precisão na discriminação de tamanho dos fragmentos amplificados. Além disso, o processo demanda muito tempo, o que inviabiliza prazos curtos de liberação de resultados. Em adição à baixa precisão e resolução, a cPCR é bem menos sensível que as técnicas mais modernas para diagnóstico molecular. Outros limitantes correspondem ao processamento pós-PCR e ausência de automação, fatores que aumentam muito a chance de contaminação. Em contrapartida, a PCR Real Time (qPCR), considerada uma variação da técnica convencional, representa a melhor ferramenta para diagnóstico molecular. O método é vinculado a um sistema de monitoramento que quantifica emissão de fluorescência produzida durante os ciclos de amplificação. A qPCR viabiliza amplificação, detecção e quantificação simultaneamente, agilizando a obtenção de resultados e minimizando o risco decorrente de possíveis contaminações. O processo é rápido e permite inclusive a detecção múltipla de sequências-alvo em uma mesma amostra (qPCR Multiplex). Comparado à cPCR, a PCR Real time apresenta maior reprodutibilidade, especificidade, sensibilidade, precisão e acurácia diagnóstica, além de também reproduzir resultados quantitativos, que são importantes para acompanhamento de evolução clínica e infecciosa, avaliação de eficácia terapêutica e inferência para interferência vacinal a partir de cepas atenuadas -------------------------------------------------------- Links uteis: http://www.liaaq.ccb.ufsc.br/files/2013/ 10/Aula-1-A-t%C3%A9cnica-de-PCR.p df http://www.liaaq.ccb.ufsc.br/files/2013/10/Aula-1-A-t%C3%A9cnica-de-PCR.pdf http://www.liaaq.ccb.ufsc.br/files/2013/10/Aula-1-A-t%C3%A9cnica-de-PCR.pdf http://www.liaaq.ccb.ufsc.br/files/2013/10/Aula-1-A-t%C3%A9cnica-de-PCR.pdf http://www.imt.usp.br/wp-content/uploa ds/proto/protocolos/aula1.pdf https://kasvi.com.br/papel-consumiveis -qpcr/ ghente.org/ciencia/genetica/index.htm # Referências: HAAS, Dionei Joaquim; TORRES, Ana Caroline Doyle. Aplicações das técnicas de PCR no diagnóstico de doenças infecciosas dos animais. Rev Científica de Medicina Veterinária, v. 14, n. 26, 2016. Kasvi. PCR em Tempo Real (qPCR):Aplicação no diagnóstico de Doenças. Disponivel em:>https://kasvi.com.br/pcr-em-tempo-re al-qpcr-diagnostico-doencas/< Tcsa. O que é PCR Real Time. Disponível em: <http://www.tecsa.com.br/posts/artigo/pcr- real-time> http://www.imt.usp.br/wp-content/uploads/proto/protocolos/aula1.pdf http://www.imt.usp.br/wp-content/uploads/proto/protocolos/aula1.pdf https://kasvi.com.br/papel-consumiveis-qpcr/ https://kasvi.com.br/papel-consumiveis-qpcr/ https://kasvi.com.br/pcr-em-tempo-real-qpcr-diagnostico-doencas/ https://kasvi.com.br/pcr-em-tempo-real-qpcr-diagnostico-doencas/ http://www.tecsa.com.br/posts/artigo/pcr-real-time http://www.tecsa.com.br/posts/artigo/pcr-real-time
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