Buscar

Salmoneloses Aviárias

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Jéssica Oliveira | Medicina Veterinária 
Salmoneloses Aviárias 
Essa é uma das doenças mais importantes entre as que afetam a avicultura mundial e 
o mercado dos produtos avícolas. 
A salmonela pode afetar as aves, mamíferos (inclusive o Homem), animais de sangue 
frio, por isso é importante entender a infecção por essa bactéria. 
Já foram descritos mais de 2600 sorotipos de salmonella, nem todos causando doenças 
aos animais. O gênero salmonella pode infectar todos os animais, mas nem todos os 
sorotipos infectam todas as espécies de animais. Algumas são espécie-específicas. 
É importante do ponto de vista econômico porque modifica a qualidade do produto e 
afeta o comércio interno e externo e do ponto de vista de saúde pública porque alguns 
sorotipos transitam entre as espécies, podendo infectar o homem. 
A transmissão se dá por animais errantes (ratos, pássaros selvagens) se contaminando 
com salmonella, depois transmitindo para as aves de produção. Essa ave pode ter sua 
carcaça contaminada no momento do processamento da carcaça ou então colocar ovos 
(a transmissão também é vertical) contaminados. O homem ingere esse alimento e 
contrai a salmonelose. 
É uma bactéria da família das enterobactérias, bastonete, gram negativo, não 
esporulado. A maioria é móvel (a S. Pullorum e a S. Gallinarum são imóveis). 
O gênero é Salmonella, a espécie e subespécie é enterica e ela tem mais de 2600 
sorotipos, que é o que será estudado. O sorotipo não bota em itálico e fica em maiúsculo 
a primeira letra: Salmonella Pullorum). Sorotipo é uma classificação de acordo com o 
antígeno presente na superfície das bactérias e tem esse nome porque é classificado 
através de uma reação sorológica com soro hiperimune. 
Salmonella Pullorum – Pulorose aviária 
Salmonella Gallinarum – Tifo aviário 
Ambas são espécie-específicas, causando doenças só em aves. Então, não geram 
riscos para humanos quando consumidos, a menos que seja consumido uma carga 
absurda do lote contaminado. 
Qualquer outra salmonella gera paratifo aviário. Essas podem contaminar e causar 
doença nos humanos. A Salmonella Typhimurium gera o paratifo, não o tife. 
Elas são de controle oficial e importantes porque causam doenças nas aves, gerando 
prejuízos na produção. 
PULOROSE 
É doença que acomete de forma mais grave, patogênica e desastrosa os pintinhos. Ela 
é pior quanto mais cedo acometer o lote (já no ovo, sendo, portanto, de transmissão 
vertical). O pintinho, ao defecar, elimina a bactéria e pode contaminar outros pintinhos 
do lote. A doença se manifesta desde o primeiro dia de vida do pintinho. Conforme esses 
animais crescem, eles se tornam resistentes e não desenvolvem mais sintomas, mas 
transmitem a bactéria para os ovos. 
É também chamada de diarreia branca bacilar (gera uma diarreia branca que fica 
aderida na cloaca do pintinho). 
Os hospedeiros naturais são as galinhas, mas pode afetar outras aves no geral. As 
galinhas poedeiras são mais resistentes (sendo as galinhas leves – brancas – mais 
resistentes que as pesadas – vermelhas). 
É mais comum em aves jovens (de 2 a 3 semanas de vida se tem uma maior taxa de 
letalidade). Nas aves adultas não é comum, mas pode ocorrer, com a doença sendo 
leve ou inaparente. Caso as aves jovens sobrevivam, elas podem se tornar portadoras. 
A transmissão pode ser por várias vias, sendo a mais importante a transovariana. Aves 
portadoras assintomáticas disseminam a bactéria através dos ovos por meses. 
O agente fica alojado no intestino e é liberado nas fezes, com a disseminação podendo 
ser feita pelas fezes de aves doentes via alimento, ar, água, cama contaminados. 
Sinais clínicos: 
Crescimento irregular do animal, diarreia branca aderida a cloaca, sonolência, 
desenvolvimento desuniforme do lote (refugagem), apatia, anorexia, desidratação e 
morte. 
Com esses sinais, o diagnóstico presuntivo é de pulorose. Depois, se passa para o 
diagnóstico laboratorial, porque pode ser outro patógeno (como uma colibacilose). 
Alterações anatomopatológicas: aumento de volume e congestão de fígado, baço e rins, 
fígado apresenta pontos brancos, nódulos branco-amarelados no pulmão, TGI, musculo 
cardíaco e pâncreas. A infecção é sistêmica. 
TIFO AVIÁRIO 
Acomete aves relativamente jovens, que ainda não começaram a pôr ovos, mas mais 
velhas que os pintinhos. Pode acometer aves adultas também. É extremamente 
patogênica. 
É causada pelo agente etiológico Salmonella Gallinarum. Ocorre com maior frequência 
em aves jovens-adultas e adultas. É altamente patogênica para as aves de qualquer 
idade, podendo ser confundido com a pulorose em aves jovens. 
A transmissão vertical é menor. A mortalidade pode chegar de 40-80% do plantel. É 
uma doença de distribuição mundial. 
As galinhas são hospedeiros naturais, podendo infectar também outras aves. 
Sinais clínicos: perda de apetite, queda na produção de ovos, diarreia aquosa, anorexia, 
demora a começar a produção de ovos. 
A transmissão pode ser pelo ovo, mas a mais importante é a horizontal, sendo direta 
(contato do animal sadio com o doente) ou indireta (água, ração, ambiente, cama 
contaminados). 
A disseminação acontece pela falta de higiene e limpeza; pássaros, moscas, roedores 
podem contaminar as aves do lote; pessoas que transitam entre várias granjas; 
canibalismo de aves mortas; caminhões que transportam esterco depois transportando 
a ração. 
A mortalidade gerada pelo tifo é intensa, a diarreia é profusa, o que é um problema 
porque atrai moscas que também disseminam a doença. A diarreia é amarelo-
esverdeada e fica aderida as penas e cloaca. 
Alterações anatomopatológicas: pontos esbranquiçados no fígado, baço (cada ponto é 
uma colônia de bactéria); esplenomegalia; fígado congesto; folículos atróficos, 
rompidos; ovário congesto. 
Em uma histopatologia se tem acúmulo de macrófago e linfócito, colônia de bactérias, 
presença de caseo (também na pulorose). 
O diagnóstico definitivo de ambas se dá pelo cultivo das bactérias. 
PARATIFO AVIÁRIO 
É uma zoonose e as bactérias que a causam transitam entre várias espécies. Os 
agentes podem ser qualquer outra Salmonella que não seja a Gallinarum e a Pullorum. 
Por não possuírem preferência por um hospedeiro, podem causar infecções alimentares 
em humanos. As mais comuns de gerar o paratifo são a Typhimurium, Enteritidis, Agona 
e Heidelberg. 
Os hospedeiros naturais são todas as aves e mamíferos. As aves mais jovens são mais 
propensas a desenvolver os sintomas clínicos, mas aves jovens e adultas podem ter 
infecção inaparente, sendo mais comum em aves adultas a infecção inaparente. Isso é 
um problema porque quando acomete matrizes, dissemina para os pintinhos e, quando 
é nas poedeiras, os ovos que vão para o consumidor vão contaminados. Quando 
acomete frango de corte, se for jovem ele pode acabar morrendo e gerando perda 
econômica, se ele contrair perto do tempo de abate, ele pode ir pra consumo 
contaminado. (IMPORTANCIA DE SE MONITORAR AS SALMONELLAS 
PARATÍFICAS) 
A salmonelose não é exclusiva de carne e ovos de aves, podendo estar presente nas 
carnes de outros animais, em verduras, sorvetes... Tudo pode ser contaminado por 
salmonella. 
A transmissão vertical existe, com a contaminação ocorrendo no trato reprodutivo ou 
por fezes quando passa pela cloaca ou na cama com as fezes contaminadas. A 
transmissão horizontal também acontece, podendo ser direta ou indireta pela 
disseminação de fezes no ambiente. A disseminação pode ocorrer via água, ração, 
veículos de transporte, trânsito de humanos, moscas, pássaros e roedores. 
Sinais clínicos: 
Aves adultas: ligeira perda de apetite e queda na postura, mas em geral é inaparente 
Pintinhos: sonolência, desidratação, penas arrepiadas, asas caídas, diarreia. 
Alterações anatomopatológicas: lesões necróticas focais na mucosa do intestino 
delgado, baço e fígado podem estar congestos e edemaciados... 
1. Diagnóstico de todas: 
Inicialmente, é sempre presuntivo, com os sinaisclínicos e o histórico do animal. A 
coleta laboratorial se faz para o cultivo das bactérias, sempre se usando amostras onde 
o tecido foi acometido, evitando local com cáseas, ou as fezes. 
Os testes sorológicos podem ser a soroaglutinação rápida (é qualitativo – positivo ou 
negativo – e só pode ser usada em lotes não vacinados, porque pode dar falso positivo 
pelo anticorpo do lote vacinado). Se der positivo, se faz a técnica de soroaglutinação 
lenta, que tem o mesmo princípio, mas é uma prova lenta e mais precisa, levando até 
48hrs para a leitura. 
Como sorologia pode-se também fazer o ELISA direto e o indireto. O ELISA indireto 
pode ser feito para monitorar os protocolos vacinais. 
O único diagnóstico definitivo é o cultivo bacteriano, o restante é considerado presuntivo. 
Se faz o cultivo inicial em um meio enriquecido, meio enriquecido seletivo e depois em 
um meio seletivo, para que se faça o isolamento bacteriano e posteriormente a 
identificação dessa colônia de bactéria isolada através de provas bioquímicas e também 
testes sorológicos (que podem dizer qual é o sorotipo). O PCR também pode ser feito 
para caracterização do sorotipo, mas é mais caro. 
2. Tratamento para todas: 
É preciso fazer antibiograma para verificar a eficácia da antibioticoterapia. Geralmente 
se usa amoxicilina, gentamicina, norfloxacina. Esse tratamento reduz a mortalidade, 
mas não elimina o quadro de portador. Por isso, se usa a prevenção e controle. 
3. Prevenção e controle para todas: 
- Adoção de medidas de isolamento e biosseguridade durante todo o ciclo de criação: 
Essas medidas são oficiais pelo programa nacional de sanidade avícola. Aquisição de 
aves sem salmonella, isolamento da criação durante todo o ciclo de criação. 
As aves reprodutoras tem que ser livres de S. pullorum e S. gallinarum. Se der positivo 
para as matrizes, sacrifica o núcleo e elimina todos os ovos. 
As reprodutoras tem que ser livres ou controladas de S. enteritidis e typhinurium. Se der 
positivo para as matrizes, cancela a certificação de animais livres e o núcleo passará a 
ser considerado controlado. A legislação permite a vacinação, para essas duas, apenas 
das matrizes, não pode vacinar avós e bisavós porque a vacina apenas impede o 
desenvolvimento da doença, mas não impede a disseminação da bactéria. 
Se der positivo para qualquer uma delas em avós e bisavós, sacrifica o lote inteiro. 
O programa de monitoramento coleta swabe do chão do galpão (no momento do pré-
alojamento), swabe do fundo da caixa e dos animais mortos (no primeiro dia de chegada 
dos pintinhos), swabe cloacal e coleta de sangue nos animais ao longo da vida para 
cultura e sorologia. 
A IN 10 legisla como deve ser montado uma propriedade de produção avícola dentro 
das normas corretas para garantir a biosseguridade em matrizes, frangos de corte, 
poederias... Em aves poedeiras, quem não quiser se adequar a IN10, é obrigado a fazer 
o protocolo de vacinação. 
- Vacinação: 
A vacinação é proibida para linhas puras, avós e bisavós. 
A vacinação para matrizes é permitida se for inativada. 
A vacinação de poedeiras sempre pôde e é feita com vacinas vivas. 
A IN 20 estabelece que, além das medidas da IN10, nos abatedouros tem que haver 
monitoramento de salmonella também. 
- Higiene e limpeza 
- Uso de probióticos 
Medidas gerais no matadouro: exames médicos periódicos dos trabalhadores, 
isolamento dos doentes, banhos antes de entrar nas instalações, lavagens e 
desinfecções de instalações e equipamentos, cuidados a desde a produção até a 
cozinha. (isso porque o humano pode contaminar o alimento e as aves também). 
É uma doença de notificação obrigatória, principalmente em granjas de reprodutores 
(matrizes, avós e bisavós). As medidas tomadas variam de acordo com o sorotipo que 
está acometendo o lote. 
4. Considerações finais: 
Tem grande importância econômica na produção de frangos e ovos; 
Pode gerar problemas na saúde pública, pela elevada endemicidade, alta morbidade e 
dificuldade de controle; 
Tem uma cadeia epidemiológica complexa, pela grande variedade de hospedeiros; 
Prevenção e controle sanitário com adoção de medidas de biosseguridade; 
Importância do diagnóstico e monitoramento da doença.

Continue navegando