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1 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 aul� 9 - farmacologi� Antifúngicos e Antiparasitários Antifúngicos Considerações •Infecção por fungos: micose - São com frequência crônicas •As infecções podem ser super�iciais, subcutâneas ou sistêmicas •Fungos: células eucarióticas de vida livre sem mobilidade - Parede celular (quitina) - Memb. Plasmática: ergosterol •Infecções oportunistas: acomete principalmente imunodeprimidos - HIV, transplantados, quimioterapia, idosos, gestantes •Ação fungistático (inibe o crescimento) ou fungicida (mata o fungo) •Infecções fúngicas são resistentes a ATBs Atenção O uso generalizado de antibióticos de amplo espectro erradicam populações de bactérias não patogênicas as quais, em geral, competem com os fungos pelos recursos nutricionais. Dessa forma, há um aumento na incidência de infecções fúngicas sistêmicas secundárias graves. Classi�icação Antifúngicos naturais - Polienos - Equinocandinas Antifúngicos sintéticos - Azóis - Pirimidinas - Fluoradas Mecanismo de ação ✓Inibidores da síntese de ácidos nucleicos - Flucitosina ✓Inibidores da mitose dos fungos - Griseofulvina ✓Inibidores da estabilidade da membrana - Anfotericina B - Nistatina ✓Inibidores da via de síntese do ergosterol - Azóis - Inibidores da esqualeno epoxidase ✓Inibidores da síntese da parede celular - Equinocandinas Infecções super�iciais - Fármacos tópicos Infecções sistêmicas - Fármacos orais *Não é uma regra geral. A depender do caso, pode-se fazer associação de preparações tópicas + orais. Infecções fúngicas clinicamente importantes •Cryptococcus neoformans •Candida albicans •Aspergillus fumigatus •Histoplasma capsulatum Mic���� su���tâne�� � �is�êmi��� Considerações 2 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 São infecções graves - Candidíase: mais comum - Meningite criptocócica - Mucormicose rinocerebral - Aspergilose pulmonar - Blastomicose - Histoplasmose - Paracoccidioidomicose Anfotericina B •Antifúngico natural •Pode ser fungicida ou fungistático (depende do microrganismo e [ ]) Fármaco de escolha para tratamento de micoses sistêmicas Mecanismo de ação O fármaco se liga ao ergosterol nas MP das células fúngicas. Ali ela forma poros que desorganizam a função da membrana, permitindo o vazamento de eletrólitos (potássio) e algumas moléculas resultando em morte da célula. Mecanismo de resistência: (infrequente) - Está associada à diminuição do conteúdo de ergosterol na membrana fúngica. Espectro de ação (amplo) Infecções invasivas graves •Candida albicans •Histoplasma capsulatum •Cryptococcus neoformans •Coccidioides immitis •Blastomyces dermatitidis •Aspergillus *Utilizado no tratamento da Leishmaniose (protozoário) Farmacocinética •Administração: infusão IV lenta, oral (infecção no TGI superior) •Apresentação: convencional e lipossomal •Preparação lipossomal (não é solúvel em água) - Reduz a toxicidade de infusão e renal - Possui alto custo e é reservada para paciente que não toleram a Anfotericina B convencional •Ampla distribuição pelo organismo - É encontrada em baixas [ ] no LCR, olho e líquido amniótico •Liga-se intensamente às proteínas plasmáticas •Atravessa a barreira placentária •Excreção renal e biliar *Não é necessário o ajuste de dose em hepatopatas Efeitos adversos •Febre e calafrios (1 a 3h após início da adm. IV) - Pré-medicação com corticosteróide ou antipirético ajuda na prevenção desse problema •Lesão renal (insu�iciência renal em doses elevadas) •Hipotensão •Trombo�lebites (adm. heparina à infusão alivia) •Anemia *Evitar utilizar drogas em pacientes que utilizem fármacos que provoquem �lutuações na [ ] de potássio (digoxina) Tem baixo índice terapêutico ✓Convencional: Dose total diária não deve exceder 1,5 mg/kg/dia ✓Formulação lipídica: pode ser administrada até 10 mg/ kg/dia Flucitosina (5-FC) 3 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 •Antifúngico sintético •Antimetabólito •Fungistático •Pode ocorrer resistência com uso repetido Mecanismo de ação O fármaco entra na célula fúngica através de uma enzima (citosina-especí�ica), que não está presente nas células dos mamíferos. Após entrar na célula, o fármaco se transforma em outros compostos (5-�luorouracila (5-FU) e 5-�luorodesoxiuridina 5-monofosfato) que interrompem a síntese de ácidos nucleicos e proteínas. *A anfotericina B aumenta a permeabilidade celular, permitindo que mais 5-FC entre na célula e gere efeitos sinérgicos. Mecanismo de resistência: diminuição dos níveis das enzimas que convertem 5-FC em 5-FU ou pelo aumento da síntese de citosina. Não é utilizado como antifúngico único - RESISTÊNCIA *Deve ser associado a outro medicamento. Espectro de ação *Seu espectro é limitado. Atua principalmente contra leveduras) •Cryptococcus neoformans •Candida spp •Rhodotorula spp •Saccharomyces cerevisiae Uso clínico •Cromoblastomicose (causa infecções cutâneas e subcutâneas) - 5-FC + Itraconazol •Micoses sistêmicas e meningite (C. neoformans e C. albicans) - 5-FC + anfotericina B •Candida no trato urinário - Utilizado quando o uso de �luconazol não é apropriado Farmacocinética •Bem absorvida por VO •Ampla distribuição corporal (penetra bem no LCR) •Excreção renal - É necessário o ajuste de doses em pacientes com disfunção renal. •A 5-FC deve ser administrada por VO em quatro doses divididas (25 mg/kg em intervalos de 6 horas) em pacientes adultos e pediátricos. Efeitos adversos •Neutropenia •Trombocitopenia •Depressão dose-dependente da MO •Nefrotóxico •Disfunção hepática (reversível) - Elevação sérica das transaminases e fosfatase alcalina •Náuseas, vômitos, diarréia •Enterocolite grave •Teratogenicidade (evitar durante a gravidez) *Cautela ao utilizar esse medicamentos em pacientes submetidos à radiação, quimioterapia ou que utilize algum fármaco supressor da MO Atenção É importante medir as [ ] séricas de 5-FC após 3 a 5 dias de terapia para reduzir os riscos de toxicidade, principalmente a hematológica. Interações medicamentosas •Hidróxido de alumínio e Hidróxido de magnésio (atrasam a absorção de 5-FC) •Medicamentos com toxicidade semelhante: zidovudina, ganciclovir ou trimetoprim-sulfametoxazol Terapia combinada Anfotericina B + 5-FC Pneumonia criptocócica grave Meningoencefalite Candidíase invasivas 5-FC + Meningoencefalite criptocócica 4 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Fluconazol Azóis •Fungistáticos •O tratamento prolongado causa resistência •Terapia de 1ª linha para infecções fúngicas graves *Esses fármacos são mais utilizados, pois possuem menos efeitos colaterais comparados a Anfotericina B. São compostos por duas classes de fármacos: ✓Imidazóis: administração tópica. Utilizado para tratamento de infecções cutâneas ✓Triazóis: administração sistêmica. Utilizados para tratamento ou pro�ilaxia de infecções cutâneas ou sistêmicas - Fluconazol, itraconazol, posaconazol e voriconazol. Mecanismo de ação Eles inibem a C-14 α-desmetilase (uma enzima CYP450), bloqueando, assim, a desmetilação do lanosterol em ergosterol, o principal esterol das membranas dos fungos. A inibição da biossíntese do ergosterol desorganiza a estrutura e a função da membrana, inibindo o crescimento da célula fúngica. Mecanismo de resistência •Mutações no gene da C-14 α-desmetilase, o que diminui a ligação dos azóis •Bombas de e�luxo Uso clínico • Candidíase • Aspergilose • Criptococose • Histoplasmose • Blastomicose • Coccidioidomicose • Pro�ilaxia de infecções fúngicas invasivas Interações farmacológicas •Alguns azóis são biotransformados pela CYP3A4 e CYP450 •Todos os azóis inibem a isoenzima hepática CYP3A4 em graus variados. - Pacientes em uso de medicação concomitante que são substratos para essa enzima podem ter suas [ ] aumentadas (maior risco de toxicidade) •Rifampicina (indutor do CYP450) •Ritonavir (inibidor potente do CYP450) Contraindicação: Gestação (teratogênicos) Fluconazol •Classe: triazol •Espectro limitado a leveduras e alguns fungos dimór�icos •Altamente ativo contra C. neoformans e Candida (C. albicans e C. parapsilosis) •Resistência:C. krusei e C. glabrata Uso clínico •Pro�ilaxia de infecções fúngicas invasivas e receptores de transplante de medula •Fármaco de escolha contra C. neoformans •Tratamento da candidemia - É e�icaz contra a maioria das formas mucocutâneas da candidíase •Coccidioidomicose Não tem utilidade no tratamento da aspergilose ou da zigomicose. Farmacocinética 5 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 •Formas de administração: IV e VO •Bem absorvido por VO •Distribuição ampla pelo corpo (líquidos e tecidos) •Excreção renal (ajuste de dose em pacientes com disfunção renal Efeitos adversos •Náuseas, vômitos •Cefaléia •Urticária •Hepatotoxicidade (cautela em uso nos hepatopatas) Itraconazol •Classe: triazol •Amplo espectro Uso clínico •Fármaco de escolha para o tratamento de blastomicose, esporotricose, paracoccidioidomicose e histoplasmose. *Raramente utilizado para o tratamento de infecções por espécies de Candida e Aspergillus Farmacocinética •Formas de administração - Cápsula (VO): deve ser ingerido com alimento e uma bebida ácida (melhora a absorção) - Solução oral: deve ser tomada com o estômago vazio (o alimento diminui a absorção) •Boa distribuição corporal (ossos, tecido adiposo) •Excreção renal e nas fezes •Metabolismo hepático Efeitos adversos •Náuseas, vômitos •Urticária, edema •Hipopotassemia •Hipertensão, cefaléia •Hepatotoxicidade (quando administrado com outros fármacos que afetam o �ígado) Possui efeito inotrópico negativo. Deve ser evitado em pacientes com evidência de disfunção ventricular (insu�iciência cardíaca) Posaconazol •Classe: Triazol •Amplo espectro Uso clínico •Tratamento e pro�ilaxia de infecções invasivas por Candida e Aspergillus em pacientes gravemente imunocomprometidos. •Tratamento de infecções fúngicas invasivas causadas por Scedosporium e Zygomycetes. Farmacocinética •Formas de administração: Suspensão oral, comprimidos, IV •Possui baixa disponibilidade oral (deve ser administrado junto com alimentos) •Possui meia-vida longa (comp. 1x ao dia) Efeitos adversos •Náuseas, vômitos, diarréia •Cefaléia •Elevação sérica das transaminases hepáticas *Fármacos que alteram o PH gástrico como IBPs podem diminuir a absorção deste medicamento - Evitar uso quando possível Contraindicações *O posaconazol inibe intensamente a CYP3A4. Dessa forma, deve-se evitar o uso concomitante com os fármacos: - alcalóides do ergot - atorvastatina - citalopram - risperidona - pimozida - quinidina Voriconazol 6 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 •Classe: Triazol •Amplo espectro Farmacocinética •Formas de administração: VO, IV •Alta biodisponibilidade oral Equinocandinas Mecanismo de ação: interfere na síntese da parede celular fúngica (inibe a síntese de b-(1,3)-D-glicano), levando à lise e à morte celular. Representantes •Caspofungina •Micafungina •Anidulafungina •Boa penetração em todos os tecidos •Metabolismo hepático (CYP450) Uso clínico •Tratamento de candidíase invasiva •Fármaco de escolha contra aspergilose invasiva •Tratamento de infecções graves causadas por espécies de Scedosporium e Fusarium Efeitos adversos •Em altas [ ] podem causar alucinações visuais e auditivas •Hepatotoxicidade Vantagens Possui atividade contra (Candida spp, C. glabrata e C. Krusei) - resistentes ao �luconazol Baixo potencial de toxicidade renal e hepática Poucas interações medicamentosas 7 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 *Classe mais tolerada (menos efeitos colaterais) e mais segura Farmacocinética •Administração IV •Dose única Efeitos adversos •Febre •Urticária •Flebite no local da injeção •Reação tipo histamina (ruborização) - Quando infundido muito rapidamente Caspofungina Primeira opção para tratamento de candidíase invasiva e candidemia em pacientes nos quais a anfotericina B ou o azol falharam ou não foram tolerados. *Não precisa ajuste de dose na disfunção renal *É necessário o ajuste de dose na disfunção hepática *Não deve ser administrada junto a ciclosporina (aumento das transaminases hepáticas) *Pode ser utilizada em crianças com mais de 3 meses de idade - Candidíase esofágica, candidíase invasiva, neutropenia febril Micafungina e anidulafungina Elas são opções de primeira linha para o tratamento de candidíase invasiva, incluindo candidemia. A micafungina também é indicada para a pro�ilaxia de infecção invasiva por Candida em pacientes que serão submetidos ao transplante de células-tronco. 8 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 *Não é necessário o ajuste de dose em pacientes com disfunção renal e hepática Mic���� cu�âne�� Infecções cutâneas super�iciais: dermató�itos, tinhas •Lesão em forma de anel ou manchas arredondadas com centros mais claros •Infecções de pele, cabelo e unhas + candidíase Tinea capitis Couro cabeludo Tinha cruris Virilha Tinea pedis Pés (pé de atleta) Tinea corporis Corpo Candidíase super�icial Boca (sapinho), vagina, pele Etiologia •Trichophyton •Microsporum •Epidermophyton Inibidores da esqualeno epoxidase Mecanismo de ação - Atuam bloqueando a síntese de ergosterol. O acúmulo de quantidades tóxicas de esqualeno resulta em aumento da permeabilidade da membrana e morte da célula fúngica. Terbina�ina •A terbina�ina oral é o fármaco de escolha para o tratamento da dermató�ito-onicomicose (infecção fúngica das unhas). - Tratamento longo (3 meses) •A terbina�ina oral também pode ser usada contra tinea capitis (infecção do escalpo). •Terbina�ina tópica (pomada, gel ou solução a 1%) é usada para combater tinea pedis, tinea corporis (ringworm) e tinea cruris (infecção da virilha). Espectro de ação: Trichophyton, Candida, Epidermophyton e Scopulariopsis Farmacocinética •Formas de administração: VO, tópica •Extensamente ligada às proteínas plasmáticas 9 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 - Se deposita na pele, unhas e tecido adiposo - *Se acumula no leite (não deve ser administrado a lactantes) •Meia-vida longa (200 a 400 h) •Metabolização hepática (CYP450) •Excreção renal *Deve ser evitada em pacientes com disfunção renal grave ou disfunção hepática Efeitos adversos •Diarréia •Dispnéia •Náuseas •Cefaléia •Urticária •Elevação das transaminases hepáticas •Distúrbios de paladar e visão Nafti�ina: ativa contra Trichophyton, Microsporum e Epidermophyton. - Formas de administração: creme e gel (uso tópico) - Uso clínico: tinea corporis, tinea cruris e tinea pedis (tratamento dura 2 semanas) Butena�ina: ativa contra Trichophyton rubrum, Epidermophyton e Malassezia. - Uso tópico (pomada) - Combate infecções por tinea Griseofulvina •Ação fungistática •Tratamentos longos (6-12 meses) Mecanismo de ação: causa ruptura do fuso mitótico e inibição da mitose do fungo. Uso clínico •Onicomicose •Dermato�itoses do escalpo e dos cabelos Farmacocinética •Bem absorvido pelo TGI - A absorção aumenta com a ingestão de alimentos rico em gordura •O fármaco se concentra na pele, pêlos, unhas e tecido adiposo •Induz a atividade da CYP450 hepática Contraindicação •Gestantes •Portadores de por�iria Nistatina Uso clínico: Infecções cutâneas e orais por cândida Farmacocinética •Baixa absorção pelo TGI •Não é utilizada por via parenteral (IV) - toxicidade sistêmica •A administração é feita como um fármaco oral (“gargarejar e engolir" ou "gargarejar e cuspir”) - Candidíase orofaríngea (afta, sapinho) •Intravaginal: candidíase vulvovaginal •Tópica: candidíase cutânea Efeitos adversos •Náuseas, êmese (adm. oral) •Irritação cutânea (adm. tópica) Imidazóis •Derivados dos azóis Representantes •Butoconazol •Clotrimazol •Econazol •Cetoconazol •Miconazol •Oxiconazol •Sertaconazol •Sulconazol •Terconazol •Tioconazol Uso clínico •Tinea corporis •Tinea cruris •Tinea pedis 10 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 •Candidíase orofaríngea e Vulvovaginal Efeitos adversos •Uso tópico: irritação vulvar, dermatite de contato e edema Ciclopirox Mecanismo de ação - o fármaco atua no transporte de elementos essenciais na célula fúngica, interrompendo a síntese de DNA, RNA e proteínas. Espectro de ação •Trichophyton •Epidermophyton•Microsporum •Candida •Malassezia Farmacocinética - Formas de administração: injetável, xampu, pomada, gel, suspensão Uso clínico •Tinea pedis •Tinea corporis •Tinea cruris •Candidíase cutânea •Tinea versicolor Tolnaftato Mecanismo de ação - distorce as hifas e interrompe o crescimento micelial dos fungos suscetíveis. Espectro de ação •Epidermophyton •Microsporum •Malassezia furfur *Não é e�icaz contra candida Uso clínico •Tinea pedis •Tinea cruris •Tinea corporis Farmacocinética •Forma de administração (tópica): pó, creme e solução a 1% Antihelmínticos Considerações •A prevalência de infecções causadas por verminoses é maior nos países tropicais pobres •A maioria dos vermes vive no TGI, no entanto, existem vermes que vivem em outros tecidos Classi�icação dos vermes Nematelminto Platelminto 11 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Pri���p�i� ��l���tías�� Ascaridíase Etiologia - Ascaris lumbricoides - Mais comum Transmissão - Ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos de Ascaris. Manifestações clínicas *A maioria dos pacientes é assintomático. •Síndrome de Loef�ler - sintomas respiratórios (tosse seca, dispnéia, chiado no peito, escarro com sangue e desconforto subesternal) - Ciclo pulmonar da larva •Sintomas intestinais - Desconforto abdominal, náuseas, vômitos e diarréia *Geralmente é autolimitada com o desaparecimento dos sintomas de 5 a 10 dias. Complicações - Obstrução intestinal, comprometimento hepatobiliar e pancreático (migração dos vermes para a árvore biliar e ducto pancreático) Tratamento - Benzimidazólicos *TODOS os pacientes precisam ser tratados (sintomáticos e assintomáticos) Ancilostomíase Etiologia - Ancylostoma duodenale e Necator americanus. Transmissão - Penetração das larvas �ilarióides na pele Manifestações clínicas •Ciclo de Loss - Passagem das larvas pelo pulmão - Síndrome de Loef�ler sintomas respiratórios (tosse seca, dispnéia, chiado no peito, escarro com sangue e desconforto subesternal) •Anemia (larvas retiram sangue da parede intestinal) •Erupção macupapular pruriginosa no local da penetração das larvas •Sintomas intestinais - Náusea, diarreia, vômito, �latulência Tratamento - Benzimidazólicos, Pamoato de pirantel Enterobíase Etiologia - Enterobius vermicularis *É mais comum em crianças de 5 a 10 anos 12 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Transmissão - ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos ou pelo manuseio de roupas de cama contaminados Manifestações clínicas - Prurido perianal (migração das fêmeas grávidas para o reto), náuseas, vômitos, dor abdominal Tratamento - Benzimidazólicos, Pamoato de pirantel *É importante realizar o tratamento de TODA a família, *Orientações: lavar bem as roupas de cama, cortar as unhas e lavar as mãos com frequência. Tricuríase Etiologia - Trichuris trichiura Transmissão - ingestão de água ou alimentos contaminados com ovos Manifestações clínicas - Disenteria, colite, prolapso retal *A maioria das infecções é assintomática Tratamento - Benzimidazólicos, Ivermectina Estrongiloidíase Etiologia - Strongyloides stercoralis Transmissão - Larvas �ilarióides penetram na pele Manifestações clínicas - Erupção cutânea no local de penetração das larvas, Síndrome de Loef�ler, desconforto abdominal, diarréia, constipação, anorexia Complicação - Infecção disseminada e hiperinfecção - Está geralmente associada a imunossupressão *A infecção pode ser crônica e assintomática por anos Tratamento - Ivermectina Teníase Etiologia - Taenia saginata(boi) e Taenia solium (porco) Transmissão - Ingestão de carne (porco/ boi) infectada mal cozida Manifestações clínicas - Náuseas, anorexia, dor epigástrica - Pode causar obstrução (apêndice, ducto biliar e pancreático) *A maioria das infecções é assintomática Tratamento - Praziquantel Esquistossomose Etiologia - S mansoni, S japonicum, S haematobium Transmissão - Cercárias penetram na pele Manifestações clínica - febre de Katayama, migração de ovos para órgãos - Complicações: hipertensão portal Tratamento - Praziquantel An�i-he��ín�i��s Benzimidazólicos *Principais anti-helmínticos usados na prática clínica Representantes •Mebendazol •Tiabendazol •Albendazol Mecanismo de ação - atuam por meio da inibição da polimerização da beta-tubulina helmíntica (constituinte do citoesqueleto dos vermes), com consequente redução do aporte da glicose necessária para geração de ATP. 13 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Albendazol Espectro de ação •Ascaridíase •Enterobíase •Tricuríase •Neurocisticercose •Ancilostomíase *Tem ação precária na Estrongiloidíase Farmacocinética •Formas de administração: comprimidos e suspensão •Absorção irregular no TGI •Sofre rápido metabolismo de primeira passagem no �ígado (Sulfato de albendazol) - Cautela em pacientes com disfunção hepática •Meia vida - 8 a 12 horas •Excreção pelas fezes *A posologia varia de acordo com o que se deseja tratar Efeitos colaterais •Possui poucos efeitos colaterais •Uso prolongado - elevação das transaminases, icterícia, queda de cabelo, leucopenia e plaquetopenia Contraindicação •Gestantes (teratogênico e embriotóxico) •Crianças abaixo de 2 anos Mebendazol Espectro de ação •Ascaridíase •Enterobíase •Tricuríase •Ancilostomíase •Toxocaríase Farmacocinética •Forma de administração - comprimido e xarope •Baixa absorção intestinal (<10%) •Meia-vida - 2 a 6 horas •Excreção renal e biliar *A posologia varia de acordo com o que se deseja tratar Efeitos colaterais (possui excelente tolerabilidade) •Dor e distensão abdominal •Diarreia •Hiporexia •Flatulência •Náuseas e vômitos Contraindicações •Hipersensibilidade ao mebendazol •Gestação •Crianças menores de 1 ano Tiabendazol Espectro de ação •Estrongiloidíase •Larva Migrans Cutânea Não deve ser prescrito para o tratamento de Enterobíase, Ascaridíase, Tricuríase ou Ancilostomíase, a não ser que não se disponha de fármacos mais seguros. Possui muitos efeitos colaterais Farmacocinética 14 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 •Formas de administração - oral e tópica •Rapidamente absorvido após ingestão •Metabolização hepática •Excreção renal •Meia-vida - 1,2 hora Efeitos colaterais •Sonolência •Náuseas •Vômitos •Sialorréia •Dores abdominais Contraindicações •Gestantes •Crianças com menos de 15 Kg Uso com cautela •Desnutrição •Anemia grave •Insu�iciência hepática ou renal Ivermectina Mecanismo de ação - imobilização dos vermes por uma paralisia tônica da musculatura através da ativação de canais de cloro sensíveis ao glutamato. Espectro de ação •Larva Migrans Cutânea •Ascaridíase •Escabiose •Pediculose Droga de escolha no tratamento da Estrongiloidíase e Oncocercose Farmacocinética •Meia-vida - 16 horas •Excreção fecal *A posologia varia de acordo com o que se deseja tratar Efeitos colaterais *Estão relacionados a carga parasitária e tempo de evolução da doença •Fadiga •Náusea •Vômitos •Dor abdominal •Erupção cutânea No tratamento da Oncocercose os efeitos adversos consistem na reação de Mazzotti que começa no primeiro dia após a administração da dose única oral e atinge o seu máximo no segundo dia. A reação é causada pela morte das micro�ilárias e não pela toxicidade do fármaco. A clínica é de febre, cefaléia, tontura, sonolência, fraqueza, erupção cutânea urticariforme, prurido, diarreia, artralgia e mialgia, hipotensão, taquicardia, linfadenite e edema periférico. Pode ser controlada com aspirina e anti-histamínicos. Contraindicações •Hipersensibilidade à ivermectina •Crianças menores de 5 anos •Gestação Atenção A ivermectina aumenta a atividade do GABA. Dessa forma, é melhor evitar o uso concomitante de outros fármacos com efeitos semelhantes (como barbitúricos, benzodiazepínicos e ácido valpróico). Praziquantel Espectro de ação •Cestódeos •Trematódeos •Esquistossomose** 15 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Mecanismo de ação - O fármaco aumenta a permeabilidade da membrana celular ao cálcio, resultando em elevada contração, paralisia e morte dos vermes. Farmacocinética •Rapidamenteabsorvido pelo TGI após uso oral •Excreção urinária e biliar •Meia-vida - 2 horas Efeitos adversos •Dor abdominal •Anorexia •Náuseas •Tontura •Cefaleia *Podem surgir febre baixa, prurido, erupção cutânea e eosino�ilia devido à liberação de proteínas estranhas dos vermes mortos. No tratamento da neurocisticercose pode ocorrer nova reação neurológica ou exacerbação da clínica já existente devido à in�lamação em torno dos parasitas mortos no parênquima cerebral. Contraindicações •Gestação •Cisticercose ocular •Tarefas que exijam atenção mental (dirigir, operar máquinas) - Sonolência Oxamniquina Uso clínico - Esquistossomose mansônica em qualquer fase: hepatoesplenomegalia, fase aguda (febre de katayama). *Não é e�icaz contra o Schistosoma haematobium ou Schistosoma japonicum. Esquema terapêutico - 12 a 15mg/Kg, via oral, dose única. Mecanismo de ação - o fármaco provoca paralisia dos vermes, fazendo com que eles se desprendam das vênulas terminais e sejam deslocados para o �ígado, onde morrem. Farmacocinética •Meia-vida - 2,5 horas •Excreção renal •Facilmente absorvido por VO Efeitos adversos •Tontura •Sonolência •Náuseas •Vômitos •Febre baixa •Pigmentação alaranjada da urina •Redução transitória da contagem dos leucócitos •Elevação de enzimas hepáticas •Eosino�ilia •In�iltrados pulmonares transitórios, urticária e febre em decorrência da morte dos parasitas e liberação de antígenos Contraindicações relativas •Gestantes •Crianças menores de 2 anos •Tarefas que exijam atenção mental (dirigir, operar máquinas) - sonolência Dietilcarbamazina Uso clínico •Filariose •Loíase Esquema terapêutico Loíase - 8 a 10mg/ Kg/dia divididos em 3 doses diárias, por 21 dias. Filariose - 6mg/Kg/dia em dose única ou 16 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 divididos em 3 doses diárias, durante 21 dias. Mecanismo de ação - A Dietilcarbamazina imobiliza as micro�ilárias e altera sua estrutura super�icial, tornando-as mais sensíveis à destruição pelo organismo do hospedeiro. Farmacocinética •Meia-vida - 2 a 3 horas •Excreção renal •Facilmente absorvido por VO Efeitos adversos •Cefaleia •Mal-estar •Anorexia •Fraqueza, •Náuseas •Vômitos *Ocorrem também eventos adversos em consequência da morte dos parasitas como febre, erupção cutânea, edema, dores musculares e articulares e eosino�ilia. Contraindicações •Oncocercose (dano visual permanente) •Cardiopatias •Insu�iciência renal •Gestação Piperazina Uso clínico - Tratamento alternativo para ascaridíase Esquema terapêutico - Ascaridíase 75mg/Kg/dia, por via oral, durante 2 dias. *Nas infecções maciças deve ser mantida por 3 a 4 dias ou repetida após uma semana. *É usada também no tratamento não cirúrgico da obstrução intestinal por Ascaris lumbricoides. *Não é e�icaz no tratamento da Ancilostomíase, Tricuríase ou Estrongiloidíase. Mecanismo de ação - A Piperazina tem ação anticolinérgica na junção mioneural, provocando paralisia do verme que é então expulso pelo peristaltismo intestinal. Farmacocinética •Meia-vida - 2 a 4 horas •Excreção renal •Facilmente absorvido por VO Efeitos adversos •Cefaleia •Dor abdominal •Anorexia •Tontura •Náuseas •Vômitos *Os pacientes com epilepsia podem sofrer exacerbação das crises convulsivas. Contraindicações •Hipersensibilidade à droga •Doenças hepáticas, renais e neurológicas •1º trimestre da gestação *Deve haver cautela no uso em pacientes com diagnóstico de epilepsia e doenças neurológicas crônicas. Pamoato de pirantel Mecanismo de ação - Provoca a paralisia dos vermes pelo estímulo a receptores nicotínicos e inibição da colinesterase. Após a paralisia os vermes são expulsos pelo trato intestinal do hospedeiro. Espectro de ação •Enterobíase •Ascaridíase •Ancilostomíase 17 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 *Não é e�icaz na Tricuríase ou Estrongiloidíase. Esquema terapêutico - 11mg/Kg em dose única para tratamento da Ascaridíase e Enterobíase e por 3 dias para o tratamento da Ancilostomíase. Farmacocinética •Meia-vida - 1 a 3 horas •Excreção fecal •Pouco absorvida no TGI Efeitos adversos •Cefaleia •Dor e cólica abdominal •Diarréia •Sonolência •Erupção cutânea •Tontura •Náuseas •Vômitos Contraindicações •Hipersensibilidade à droga •Doenças hepáticas (elevação das transaminases) •Gestação •Crianças menores de 2 anos Pamoato de pirvínio Uso clínico - Droga alternativa para Enterobíase Esquema terapêutico - 10mg/ Kg, dose única, VO. Mecanismo de ação - O fármaco interfere na absorção de glicose exógena pelo intestino do verme. Farmacocinética •Não é absorvido pelo TGI •É totalmente eliminado pelas fezes - Fezes �icam fortemente coradas (podem manchar as roupas) Efeitos adversos •Náuseas •Vômitos •Cólicas Contraindicações - Hipersensibilidade à droga *Pode ser usado durante a gestação e lactação sob orientação médica. Antiprotozoários Considerações •Protozoários - microrganismos unicelulares eucarióticos móveis •Mais comuns em países subdesenvolvidos, tropicais e subtropicais Doenças causadas pelos protozoários Amebíase Etiologia - Entamoeba histolytica *Transmissão fecal-oral *A infecção pode ser aguda, crônica ou assintomática 18 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Manifestações clínicas •Disenteria grave •Colite amebiana fulminante *A doença pode ser assintomática ou invasiva (E. histolytica) Tratamento •Metronidazol •Tinidazol •Secnidazol •Nitazoxanida *TODAS as pessoas com infecção por E. histolytica devem ser tratadas, mesmo na ausência de sintomas, dado o risco potencial de desenvolver doença invasiva e o risco de disseminação para outros membros da família. Classi�icação dos amebicidas ✓Luminais - atuam nos parasitas no lúmen do intestino ✓Sistêmicos - são e�icazes contra as amebas na parede intestinal e no �ígado ✓Mistos - são e�icazes contra as formas luminal e sistêmica da doença Metronidazol *Amebicida misto •Fármaco de escolha para o tratamento da amebíase extraluminal - Destrói os trofozoítas mas não os cistos de E. Histolytica. •Uso clínico - Amebíase, Trichomonas vaginalis, cocos anaeróbios e bacilos gram-negativos anaeróbios - Fármaco de escolha para colite pseudomembranosa •Tratamento: Associar Metronidazol + Iodoquinol ou paromomicina (maiores taxas de cura) - Metronidazol: VO, 500 a 750mg a cada 8 horas, por 7 a 10 dias. •Efeitos colaterais - náuseas, vômitos, tontura, desconforto abdominal, gosto metálico, azia e erupções cutâneas. •Contraindicações - hipersensibilidade, gravidez e lactação •Evitar uso em pacientes leucopênicos, com discrasias sanguíneas e pacientes com doenças do SNC Atenção NÃO DEVE-SE INGERIR ÁLCOOL DURANTE O TRATAMENTO Efeito antabuse - caracteriza-se por desconforto abdominal, rubor, vômitos e cefaleia e ocorre quando o paciente ingere bebidas alcoólicas durante o tratamento com metronidazol e outras drogas. Tinidazol *Amebicida misto •Tratamento - 2g, via oral, uma vez ao dia por 3 dias •Uso clínico - amebíases, abscesso amébico hepático, giardíase e tricomoníase. •Efeitos adversos - fadiga, mal-estar, tontura, cefaleia, sabor metálico e náuseas. •Contraindicações - hipersensibilidade à droga •Evitar uso - gestantes e lactentes Secnidazol •Utilizado no tratamento da amebíase intestinal •Administração oral - via oral, na dose de 2g, dose única. •Efeitos adversos - cefaléia, náusea, diarreia, dor abdominal e vômitos. •Contraindicações - Hipersensibilidade à droga e gestantes 19 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 •Evitar uso durante a lactação Nitazoxanida •Utilizada no tratamento da diarreia causada pelo Cryptosporidium parvum e Giardia lamblia •Administração oral ou suspensão - 1 comprimido, duas vezes ao dia por 3 dias - Suspensão, 0,375ml (7,5mg) por kg, duas vezes ao dia, durante 3 dias. •Efeitos adversos - cefaléia, dor abdominal, náuseas e urina esverdeada, diarreia, tontura, dispneia, erupção cutânea e urticária. •Contraindicações - hipersensibilidade, crianças menores de 1 ano *Pode ser usado na gestação após o 1º trimestre Iodoquinol *Amebicida luminal •Uso clínico - E. histolytica eé e�icaz contra os trofozoítos luminais e os cistos •Efeitos adversos - urticária, diarreia e neuropatia periférica (neurite óptica) *O uso prolongado desse fármaco deve ser evitado Paromicina *Amebicida luminal •Uso clínico - Amebíase (luminal), criptosporidiose e a giardíase •Efeitos adversos - desconforto gastrintestinal e diarréia Após completar o tratamento da doença amébica invasiva intestinal ou extraintestinal, deve ser administrado um fármaco luminal, como o iodoquinol, o furoato de diloxanida ou a paromomicina, para a eliminação de estados de colonização assintomáticos. Cloroquina *Amebicida sistêmico •Uso clínico - Abscessos hepáticos amebianos (não é útil no tratamento da amebíase luminal), malária •Tratamento - Associar com metronidazol Desidroemetina *Amebicida sistêmico •Fármaco alternativo para tratamento da amebíase •Formas de administração - IM, VO (irritante) *Foi substituído pelo metronidazol (+ tóxico) •Efeitos adversos - dor no local da injeção, náusea, cardiotoxicidade (arritmias e insu�iciência cardíaca congestiva), fraqueza neuromuscular, tonturas e urticária. Os amebicidas sistêmicos são úteis no tratamento de abscessos hepáticos e infecções da parede intestinal causados por amebas. Giardíase Etiologia - Giardia lamblia *Transmissão - água e alimentos contaminados (fecal-oral) *Comum em crianças de creche e berçários e idosos em asilos *Os trofozoítos se localizam no intestino delgado Manifestações clínicas •Assintomático (+ comum) •Diarréia •Distensão abdominal •Flatulências •Diarréia crônica •Má absorção (esteatorréia) 20 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 •Perda ponderal Tratamento •Metronidazol - via oral, na dose de 250mg, 3 vezes ao dia ou 500mg, 2 vezes ao dia por 5 a 7 dias. •Tinidazol - 2g, via oral, em dose única. •Nitazoxanida - via oral na dose de 500mg a cada 12 horas por 3 dias. Tricomoníase Etiologia - Trichomonas vaginalis *Doença sexualmente transmissível - causa vaginite (mulheres) e uretrite (homens) - Mulheres: corrimento vaginal abundante, amarelo ou amarelo-esverdeado, malcheiroso e bolhoso + ardência, hiperemia e edema. “Colo em framboesa” Tratamento •Metronidazol - 500mg, 2 vezes ao dia, por 7 dias. •Tinidazol - 2g, via oral em dose única. *Os parceiros devem ser tratados e as relações sexuais devem ser suspensas durante o tratamento. Toxoplasmose Etiologia - Toxoplasma gondii •Zoonose - os protozoários são eliminados nas fezes de gatos contaminados *Transmissão - ingestão de carne mal cozida (cistos teciduais), ingestão de vegetais contaminados, contato direto com fezes de gatos, infecção fetal transplacentária (mãe com infecção aguda) Manifestações clínicas *Pessoas imunocompetentes são geralmente assintomáticas, mas podem evoluir com infecção sistêmica ou doença ocular. •Febre •Calafrios •Cefaleia •Mialgia •Hepatoesplenomegalia •Linfadenopatia cervical bilateral •Erupção cutânea A toxoplasmose aguda geralmente é autolimitada e não necessita de tratamento. No entanto, os casos que evoluem com sintomas graves ou prolongados devem ser tratados. A Toxoplasmose deve ser investigada através da sorologia (IgG e IgM) durante o pré-natal devido ao risco de Toxoplasmose congênita. Tratamento Associação dos fármacos: •Pirimetamina - VO de 50 a 75mg/dia por 1 a 3 semanas. - Contraindicação: Anemia megaloblástica (↓folato) *Ao primeiro sinal de urticária, a pirimetamina deve ser suspensa, pois a hipersensibilidade a esse fármaco pode ser grave •Sulfadiazina - 1g para pacientes com menos de 60Kg ou 1,5g para aqueles com ≥60Kg, a cada 6 horas por pelo menos 6 semanas. •Ácido folínico (protege contra a de�iciência de folato) Malária Etiologia - Plasmodium (P. vivax, P. falciparum, P. ovale e P. malariae) 21 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Vetor - Mosquito fêmea Anopheles Manifestações clínicas •Febre •Calafrios, •Dores nas articulações •Cefaleia •Vômito repetitivo •Convulsões generalizadas •Anemia •Esplenomegalia •Icterícia Os episódios repetitivos de febre resultam da ruptura das hemácias com a liberação de merozoítos e resíduos celulares. - A depender da espécie de plasmodium a febre pode ser terçã ou quartã, maligna ou benigna. P. falciparum 48 horas Malária terçã maligna *Espécie + perigosa P. vivax 48 horas Malária terçã benigna *Espécie + branda P. ovale 48 horas P. malariae 72 horas Malária quartã Ciclo da malária Os esporozoítos do Plasmodium são inoculados na derme e entram na circulação após a picada do mosquito Anopheles fêmea infectado. Estes esporozoítos viajam até o �ígado, onde infectam os hepatócitos. Os parasitos sofrem replicação assexuada no interior dos hepatócitos, originando esquizontes do estágio hepático. Ocorre uma ruptura dos hepatócitos infectados, liberando milhares de merozoítos na circulação, que infectam as hemácias. Os merozoítos então assumem uma forma anelar, tornando-se trofozoítos que se transformam em esquizontes sanguíneos assexuados. Com a ruptura das hemácias infectadas esses esquizontes liberam merozoítos que podem infectar novas hemácias à sua volta. Uma parte dos merozoítos se transforma em gametócitos (forma infectiva para os mosquitos), que são ingeridos e vão para o intestino médio do mosquito durante o repasto sanguíneo. Em seguida se transformam em gametas, que sofrem fertilização e se tornam zigotos. Estes amadurecem nos oocistos, onde ocorre replicação assexuada para gerar esporozoítos, que por sua vez invadem as glândulas salivares do mosquito, onde podem dar início a uma nova infecção. Os antimaláricos são utilizados para combater os diferentes estágios do ciclo de vida do parasita. *Nenhum fármaco é capaz de matar os esporozoítos (forma infectante). Dessa forma, não é possível prevenir a infecção. Os fármacos podem apenas evitar o desenvolvimento da malária sintomática. Tratamento •Derivados da quinolona (Cloroquina, quinina e primaquina) •Inibidores da síntese de folato (pirimetamina e proguanil) •Antibióticos •Atovaquona •Derivados da Artemisinina Cloroquina •Mecanismo de ação - Ela interfere no metabolismo e utilização da hemoglobina pelos parasitas. Além de inibir seu crescimento. 22 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 - A Cloroquina é um esquizonticida sanguíneo. Não é ativa contra os parasitas do estágio hepático. •Pro�ilaxia - VO na dose de 500mg, semanalmente, devendo ser iniciada 1 a 2 semanas antes da exposição e interrompida 4 semanas após deixar a área endêmica. •Tratamento - VO na dose de 1g no dia 1, seguido de 500mg 6, 24 e 48 horas após a primeira dose. - Fármaco de escolha no tratamento da malária eritrocítica por P. falciparum, exceto nas cepas resistentes. •Efeitos colaterais - cefaleia, tontura, desconforto abdominal, vômitos e diarreia. •Contraindicações - hipersensibilidade à droga, alterações na retina ou campo visual de qualquer etiologia e portadores de psoríase ou por�iria. - É considerada segura na gravidez •Resistência - o protozoário P. falciparum é resistente à cloroquina em locais como África e Ásia (representa um grave problema médico) Quinina •Mecanismo de ação - atua na interrupção da replicação e transcrição nos parasitas. - A Quinina é um esquizonticida sanguíneo de ação rápida e é e�icaz contra as quatro espécies de parasitas da malária humana. Não é ativa contra parasitas do estágio hepático. •Tratamento - VO na dose de 648mg a cada 8 horas, por 3 dias, em combinação com doxiciclina, tetraciclina ou clindamicina. •Efeitos adversos - Cinconismo: zumbido, náusea, cefaléia, tontura e distúrbios visuais (desaparecem com o término do tratamento). Pode causar hipoglicemia (estimula a liberação de insulina) - Febre hemoglobinúrica - doença grave, rara, caracterizada por hemólise pronunciada e hemoglobinúria •Contraindicações - Hipersensibilidade à droga. - Deve-se interromper o tratamento na presença de sinais de cinconismo graves ou hemólise - Deve ser evitado em pacientes com problemas visuais e auditivos *Ela é reservada para infestações graves e cepas de malária resistentes à cloroquina.Primaquina •Mecanismo de ação - não é bem conhecido. - Atua contra os estágios hepáticos do Plasmodium: formas exoeritrocíticas (tecidos) de plasmódios e as formas exoeritrocíticas secundárias de malárias recorrentes (P. vivax e P. ovale). - A forma sexuada são destruídas ou impedidas de maturar, inibindo a transmissão da doença •Tratamento - Malária por P vivax ou ovale: 30 mg, via oral, uma vez ao dia por 14 dias, associada à Cloroquina. - Tratamento ou prevenção de recidiva da malária por P vivax é usada na dose de 15 mg, via oral, uma vez ao dia, por 14 dias. •Efeitos colaterais - náuseas, dor epigástrica, cólicas, anemia hemolítica, cefaléia, leucopenia, agranulocitose e arritmias cardíacas. - As doses-padrão de Primaquina podem causar hemólise •Contraindicações - Deve ser evitada em pacientes com história de granulocitopenia, gestantes ou de�iciência de G6PD. *Primaquina é o único fármaco que previne as recaídas das malárias P. vivax e P. ovale, que podem permanecer na forma exoeritrocítica no �ígado depois que a forma eritrocítica foi eliminada.) *A primaquina não é e�icaz contra o estágio eritrocítico da malária e, por isso, é usada em conjunto com fármacos que combatem a forma eritrocítica [p. ex., cloroquina e me�loquina].) Inibidores da síntese de folato - Pirimetamina •Mecanismo de ação - impede a síntese de DNA do parasita - Deve ser utilizado em combinação com outras drogas (Proguanil e cloroquina) •Efeitos adversos - dor gastrointestinal e cefaléia. - Devem ser usados com cautela na presença de disfunção renal ou hepática. •Contraindicação - hipersensibilidade a droga, anemia megaloblástica secundária a de�iciência de folato. 23 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 - Pode ser utilizado durante a gestação + suplemento de folato Antibióticos •A Tetraciclina, a Doxiciclina e a Clindamicina são ativas contra os esquizontes eritocíticos de todos os tipos de Plasmodium mas têm uma ação mais lenta, sendo usados geralmente associados a antimaláricos de ação rápida (geralmente Quinina). - A Tetraciclina não deve ser usada em grávidas e crianças com menos de 8 anos. Atovaquona •Mecanismo de ação - Age sobre o complexo mitocondrial dos parasitas, inibindo o transporte de elétrons. - É ativa contra parasitas do estágio sanguíneo assexuado e hepático do P falciparum. •Utilizada em associação com Proguanil - 250mg de Atovaquona para 100mg de Proguanil, via oral, uma vez ao dia por 3 dias. - Usados contra cepas de P. falciparum resistentes à cloroquina •Efeitos adversos - náuseas, dor abdominal, vômitos, cefaleia, exantema e febre. •Contraindicação - Hipersensibilidade à droga *A associação deve ser tomada com alimento ou leite para aumentar a absorção. Derivados da artemisinina •Representantes - Artemeter e Artesunato •Possui ação rápida e ação gametocida, diminuindo a transmissão do parasita •São e�icazes no tratamento da malária grave por P falciparum e contra estágios eritrocíticos assexuados do P vivax. •Formas de administração - VO, IM, EV e retal •Tratamento - Artesunato via endovenosa na dose de 2,4mg/Kg em 0, 12 e 24 horas. - Artemeter + Lumefantrina = Devem ser usados 4 comprimidos no momento do diagnóstico, mais 4 depois de 8 horas e então 4 comprimidos, 2 vezes ao dia nos 2 dias subsequentes, totalizando 24 comprimidos. *Evitar uso isolado do fármaco para prevenir o desenvolvimento de resistência •Efeitos colaterais - náusea, vômitos e diarreia, anormalidades neurológicas transitórias associadas ao uso da droga, incluindo nistagmo e distúrbio do equilíbrio. •Contraindicações - hipersensibilidade à droga - Evitar durante a gestação São fármacos de primeira escolha, recomendados para o tratamento de malária por P. falciparum multirresistente. Me�loquina Fármaco único, e�icaz para pro�ilaxia e tratamento de infecções causadas por formas multirresistentes de P. falciparum. Efeitos adversos - náuseas, êmese e tonturas a desorientação, alucinações e depressão. *Essa droga é reservada apenas para casos em que os outros fármacos não podem ser bem utilizados - Reações neuropsiquiátricas Tripanossomíase 24 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 Etiologia - Trypanosoma brucei (doença do sono - Africana), Trypanosoma cruzi (Americana - doença de chagas) Vetor - moscas hematófagas, barbeiro Doença de chagas Fases Aguda - possui duração de 8 a 12 semanas - Presença de tripomastigotas circulantes no sangue - Clínica: mal-estar, febre e anorexia ou assintomática. - Chagoma de inoculação, Sinal de romaña Crônica - Clínica: cardiopatia, megacólon e megaesôfago. Tratamento •Pentamidina •Benzonidazol •Nifurtimox Pentamidina •Uso clínico - tripanossomíase africana, leishmaniose, Pneumocystis jirovecii (fungo) •Formas de administração - IM, IV •Farmacocinética: não penetra no SNC, ine�icaz ao 2º estágio da doença que envolve o SNC •Efeitos adversos - disfunção renal, hiperpotassemia, hipotensão, pancreatite, diabetes e hipo ou hiperglicemia. Benzonidazol •E�icaz contra as formas tripomastigotas e amastigotas do T cruzi •Mecanismo de ação - inibe a síntese de DNA, RNA e proteínas do T cruzi •Tratamento - VO na dose de 5 a 7mg/Kg/dia, divi- didos em 2 doses diárias por 60 dias •Efeitos adversos - erupções cutâneas, perda de peso, dor abdominal e hiporexia •Contraindicações - hipersensibilidade à droga Nifurtimox (+ tóxico) *Não tem efeito nas lesões orgânicas irreversíveis. •Mecanismo de ação - não conhecido •Tratamento do T. cruzi - VO em adultos na dose de 8 a 10mg/Kg/ dia, divididos em 3 a 4 doses di- árias por 90 dias. •Efeitos adversos - cefaléia, insônia, polineuropatia, ana�ilaxia, convulsões, vertigem, náuseas, dor abdominal, vômitos, artralgia e mialgia. •Contraindicações - hipersensibilidade à droga Leishmaniose Etiologia - Leishmania Manifestações clínicas - São variadas devido a virulência do parasita e a variabilidade de resposta imune do hospedeiro Leishmaniose cutânea 25 Farmacologia丨 Mariana Oliveira丨P5 - Localizada: as lesões tendem a ocorrer em áreas expostas da pele. Surge como uma pápula rósea que aumenta e se transforma em um nódulo, evoluindo com ulceração central. É indolor e apresenta bordas endurecidas - Difusa: é rara. As lesões localizadas que não ulceram, além de nódulos ou placas na face extensora dos membros. Localizada Difusa Leishmaniose mucocutânea - há destruição da mucosa, com descamação do tecido morto principalmente em septo nasal e boca. Leishmaniose visceral (Calazar) - Muitos pacientes são assintomáticos. O início dos sintomas geralmente é insidioso ou subagudo, envolvendo mal-estar, febre, perda de peso e hepatoesplenomegalia. - Acomete o baço e o �ígado Tratamento •Estibogluconato de sódio (não disponível no Brasil) •Antimoniato de N-metilglucamina (Glucantime) •Anfotericina B (antifúngico) Antimoniato de N-Metilglucamina Fármaco de escolha para o tratamento •Mecanismo de ação - não é bem conhecido. •Tratamento - Leishmaniose visceral: 20mg/Kg/dia de antimônio pentavalente, durante 20 dias consecutivos. - Leishmaniose Cutânea: de 10 a 20mg/Kg/dia de antimônio pentavalente durante 20 dias. - Leishmaniose Mucosa: de 20mg/ Kg/dia de antimônio pentavalente, durante 30 dias consecutivos. •Efeitos adversos - artralgia, mialgia, náusea, vômito, cefaleia, anorexia, aumento de transaminases, alargamento do intervalo QT no eletrocardiograma, além de arritmias. *Antes e durante o tratamento deve ser realizado o ECG, além da dosagem sérica de ureia e creatinina, enzimas hepáticas e leucograma. •Contraindicações - hipersensibilidade à droga, gestantes e pacientes com insu�iciência renal, cardíaca ou hepática. Estibogluconato de sódio •Administração parenteral (IV) - não é absorvido por VO •Efeitos adversos - dor no local de injeção, pancreatite, aumento das enzimas hepáticas, artralgias, mialgias, distúrbios GI e arritmias cardíacas. *As funções hepática e renal devem ser monitoradas periodicamente. Miltefosina •Uso clínico - Leishmaniose visceral (pode ter alguma atividade contra formas cutânease mucocutâneas da doença) •É ativo por VO •Efeitos adversos - náuseas e êmese •Contraindicação - Gestação (efeitos teratogênicos)
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