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1 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL O QUE É ABDOME AGUDO? Síndrome clínica caracterizada por dor na região abdominal não traumática, súbita e de intensidade variável, associada ou não a outros sintomas e que precisa de diagnóstico e conduta terapêutica cirúrgica associada ou não. Numa urgência, quando chega um quadro de abdome agudo, qual a rotina de Raio X? Quais incidências são necessárias? São realizadas duas incidências normalmente: decúbito dorsal horizontal e a outra em posição ortostática. Como adicional, Tórax PA em ortostática (nível das hemicúpulas). Quando o paciente não apresenta condições clínicas para permanecer em pé, pode-se realizar no lugar da incidência ortostática, a incidência em decúbito lateral. Por que precisa das duas incidências? Para comparar e ver se forma nível, porque se tiver nível se trata de um quadro obstrutivo, precisando de cirurgia. Para que precisa da incidência do tórax? Porque pode ter um pneumoperitônio. Abdome Agudo Não Traumático Emergência X Urgência Situação que deve ser resolvida rapidamente, mas é menos imediatista do que a emergência. Ex: Apendicite, diverticulite (tem tempo de fazer um exame de imagem etc.) Situação imediata, não possa perder tempo fazendo exames de imagens (Ex: apendicite perfurada etc.). Radiografia simples de abdome realizada em decúbito dorsal, com raios verticais, demonstra significativa dilatação de alças intestinais observando-se o aspecto característico das pregas coniventes do intestino delgado. Ausência de ar no intestino grosso. Radiografia simples de abdome em posição ortostática, com raios horizontais, demonstra níveis hidroaéreos nas alças intestinais de delgado, alguns em diferentes alturas, caracterizando processo obstrutivo intestinal. 2 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL AVALIAÇÃO DA VESÍCULA BILIAR • Como avaliar a vesícula biliar na USG? Avaliar distensão. Avaliar parede (tem que ter até 3mm, mais que isso já se nota espessamento). Presença de líquido ao redor (sinal de processo inflamatório). No interior precisa ser anecóica, e não preenchida por nenhum conteúdo. • Também pode examinar a vesícula biliar com o paciente em pé, já que a USG é dinâmica, para que não tenha nenhuma sobreposição de gases e fezes. Pneumoperitônio 3 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL ACHADOS MAIS ESPECÍFICOS: colelitíase, espessamento das paredes, sinal de Murphy ultrassonográfico. ACHADOS MENOS ESPECÍFICOS: distensão da VB, líquido pericolecístico e lama biliar, Cálculo impactado no infundíbulo e espessamento de parede. VB com paredes espessadas e grande cálculo. VB com parede espessa, lama biliar e líquido pericolecístico. 4 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL • O método de escolha para avaliação da vesícula biliar é a Ultrassonografia. • A tomografia é um bom método, principalmente para estadiamento de lesões neoplásicas já conhecidas, mas não é um bom método para cálculos biliares. • Quando há cálculos hiperdensos, é fácil identificar na TC. • Na USG quando se tem cálculos muito pequenos em meio de bile espessa algumas vezes não consegue identificar, mas na ultrassonografia consegue identificar os cálculos de colesterol e 80% são compostos de colesterol, o que faz dificultar na TC. . VB com paredes espessadas e cálculos hiperdensos em seu interior. TC • Usada quando a suspeita clínica não é muito evidente. • Achados semelhantes aos da USG + realce mural ou mucoso. • Densificação dos planos adjacentes. • Alterações perfusionais do parênquima hepático circunjacente. • Cálculos: hiperdensos, menos densos ou conteúdo gasoso. • Quando calcificados, os cálculos são perceptíveis mesmo que pequenos. • Laudo: múltiplas imagens hiperdensas no interior da VB. RM • O padrão ouro para avaliação das vias biliares é a RM, principalmente na colangio RM, mas para avaliar a VB não é de escolha. • Há dificuldade para diagnosticar precisamente a VB, então nesse caso usa a USG. 5 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL COLECISTITE AGUDA ACALCULOSA TC em re Epidemiologia • 5-10% dos pacientes com colecistites • Pacientes debilitados, em terapia intensiva com dieta por via parenteral Etiopatogenia • Estase biliar • Isquemia da Vesícula biliar • Infecção sistêmica Clínica + Evolução • Apresenta comorbidades que dificultam o diagnóstico clínico • Progressão rápida Gangrena / perfuração TC • Achados semelhantes a USG • Densificação gordurosa • Alterações perfusionais no parênquima hepático adjacente. TC em reconstrução axial e coronal, evidenciando espessamento parietal da VB do mesmo paciente. 6 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL COMPLICAÇÕES DAS COLECISTITES AGUDAS TC de abdome com contraste: vesícula biliar distendida com gás e fluido e gás intramural US: vesícula biliar distendida, parede mal definida e sombreamento sujo, indicando gás intramural. COLECISTITE ENFISEMATOSA • Definição: presença de gás na parede ou no lúmen da VB durante a evolução de uma colecistite aguda. • Causas: decorrente de isquemia das paredes da VB com a proliferação de bactérias formadoras de gás. • Epidemiologia: indivíduos mais velhos, portadores de DM e doença aterosclerótica periférica. • Achados de imagem: presença de gás intramural (focos radiotransparentes) e nível hidroaéreo no lúmen. • Detecção do gás: TC: mais sensível e específico. US: confundido com cálculo. RM: sem sinal. US: perfuração da VB (seta). 7 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL TC: perfuração da VB (seta). RM: colangiopancreatografia demonstrando perfuração da VB (ponta de seta: VB, setas curtas: bile, asterisco: local de perfuração). PERFURAÇÃO VESICULAR • Causas: complicação mais frequente da colecistite aguda. • Local mais frequente: fundo da vesícula. • Associado a: trauma, colecistite, neoplasia, uso de esteroides e isquemia. • Classificação: Perfuração aguda livre na cavidade peritoneal. Perfuração subaguda com abscesso pericolescistico. Perfuração crônica com fístula colescistoentérica. • Achados de imagem: defeito focal na parede da VB, coleções junto a VB, cálculos extravesiculares. COLECISTITE CRÔNICA CALCULOSA E ACALCULOSA • Epidemiologia: aproximadamente 2/3 das pessoas que são acometidas por cálculo biliar voltam a apresentar o problema ao longo da vida. 95% dos pacentes com colecistite crônica têm colelitíase. • Conceitos: processo inflamatório da VB decorrente da obstrução transitória desta, causando inflamação e fibrose. A vesícula em porcelana é uma rara forma de colecistopatia crônica, em que as paredes da VB estão calcificadas parcial ou completamente. • Achados de imagem: as alterações morfológicas são variáveis, variando desde um pequeno espessamento da vesícula biliar até a calcificação das paredes da vesícula. 8 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL Perfuração de vísceras ocas. Ar ou líquido na cavidade abdominal (pneumoperitônio). O ar livre na cavidade peritoneal se acumular nas porções mais altas da cavidade, ou seja, no paciente em pé ou sentado o ar acumula sob as cúpulas diafragmáticas, que passam a ser vistas dos dois lados. 9 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL APENDICITE AGUDA] • Ultrassom: recomendado como estudo de imagem inicial em crianças, mulheres jovens e gestantes. Usa transdutor linear por ser superficial. Espessamento da parede > 7mm. Aumento do tamanho do apêndice. Presença de líquido ao redor SINAL DE CHILAIDITI X SÍNDROME DE CHILAIDITI • Chilaiditi: se diferencia do pneumoperitônio porque na Chilaiditi as haustrações vão ser visíveis (alça intestinal entre o fígado e o diafragma fazendo projeção). • Importante: sinal da Chilaiditi é o que Rx/TC irão mostrar. Já a síndrome da Chilaiditi é quando você tem o sinal da Chilaiditi mais os sintomas de obstrução intestinal. A síndrome inclui não só o achado radiológico, mas também apresenta sintomas. Se houver somente o achado radiológico sem a presença de sintomas clínicos, é só o sinal da Chilaiditi, não é a síndrome. 10 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL • Epidemiologia: Cerca de 4% das causas de abdome agudo. causa inflamatória mais frequente da cavidade abdominal; geralmente jovens de 20 a 30 anos • Quadro clínico: Início: dor abdominal dor abdominal periumbilical Depois: Migração para a fossa ilíaca direita; Associado a náuseas e vômitos *Dor à palpação no ponto de McBurney. RADIOGRAFIA SIMPLES: Apendicolito em 7 a 14% dos pacientes. OUTROS ACHADOS • Nível hidroaéreo em alças da fossa ilíaca • Pneumoperitônio (incomum) • Alça sentinela – alça hipotônica com nível líquido em FID ENEMA OPACO: apêndice não preenchido por bário. Deformidade do ceco e do íleo terminal por efeito compressivo extrínseco extraluminal ou massa. 11 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL TC sem contraste: Apêndice espessado com apendicolito nas setas. APENDAGITE/APENDICITE EPIPLÓICA TC • Sensibilidade e especificidade de 95%; • Pacientes obesos Apêndice espessado> 7/ 8 mm; • Densificação da gordura periapendicular; • Pode ter o pendicolito; • Alças intestinais locais distendidas com níveis líquidos. Apendagite epiplóica na TC: • Densificação gordurosa pericolônica, de configuração alongada (em “dedo de luva”) • Linha central hiperintensa que representa a estrutura vascular • Processo inflamatório no plano pericolônico – gordura borrada. • Sem espessamento evidente da parede intestinal TC pós contraste: lesão lipomatosa pericólica com halo hiperatenuante (seta). 12 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL • PATOGENIA: envolve torção, edema e isquemia, evoluindo para necrose e irritação focal do peritônio. • EPIDEMIOLOGIA: afeta pacientes adultos entre 20 e 50 anos, com leve predomínio do sexo masculino • SINTOMAS: dor, tosse, abdômen flácido. • CAUSA: torção ou trombose venosa • DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: diverticulite. 13 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL DIVERTICULITE • Pequenas saculações da mucosa e submucosa propensas a inflamação por obstrução do canal. • Entre a Teniae coli e o Mesentério. • Sintomas: dor e febre. DIVERTICULOSE → presença de divertículos (assintomático) DIVERTICULITE → inflamação e infecção nos divertículos (sintomático) No Enema opaco, só dá para identificar diverticulose (os divertículos), não dá para diagnosticar diverticulite! 14 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL COLITE COLITE INFECCIOSA COLITE PSEUDOMEMBRANOSA COLITE ISQUÊMICA • Manifestações clínicas: diarreia aquosa, dores abdominais. • Achados: ulceração da mucosa, densificação do mesocólon, ascite, espessamento parietal. • TC: hiperrealce mucoso, espessamento parietal, hipoatenuação da submucosa. • Sinal de “acordeom” – espessamento difuso principalmente do reto e sigmoide, caracterizado por bandas alternadas de alta e baixa densidade decorrente do contraste entremeado pelo edema das haustrações. • Sinal do Halo – espessamento parietal circunferencial e simétrico, espessamento das pregas mucosas e estratificação das camadas. • Não acomete o intestino delgado, (pode ser confundida com a doença de Crohn). • Mais frequente em idosos. • Pode ser oclusiva e não oclusiva. • Subtipos: não gangrenosa (85%) e gangrenosa (15%). • Zonas de fronteira mais susceptíveis. • Doença de pequenos vasos (microvascularização dos vasos cólicos menos desenvolvida que o delgado). Diverticulite Aguda. TC com contraste retal (positivo). A e B = Imagens Axiais C = Imagem Coronal • Imagens evidenciando espessamento parietal do Sigmoide, com divertículo (seta em B) associado a densificação do mesossigmoide adjacente. Qual a espessura que irá denominar espessura parietal anormal? Se tem distensão gasosa é superior a 3mm, se não tem distensão é superior a 10mm. 15 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL Cólon distendido, presença de líquido e paredes extremamente finas, sem haustrações (dobras). A parede perdeu seu tônus → colite isquêmica. O realce da parede é mantido, enquanto na outra imagem não, porque está afilado e não fica presente. Se tem distensão gasosa: Alça espessada, realce na mucosa, tem perfusão. COLITE ISQUÊMICA As zonas de fronteira são mais susceptíveis a isquemia porque a microvascularização é mais escassa nesses pontos. 16 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL RETOCOLITE ULCERATIVA Proliferação de gordura e vasos ingurgitados. Retocolite ulcerativa. Envolvimento retal 95%, comprometimento pólipo difuso no delgado é raro, raramente envolve exclusivamente o colón direito, abcessos e fístulas são raros. O espessamento da parede é menor do que em Crohn, pode ter edema no íleo terminal sem ulcera e com válvula incompetente ACHADOS DE IMAGEM Antes: RX, Enema e angiografia. Hoje: TC • Espessamento parietal circunferencial e simétrico. • Espessamento das pregas mucosas e estratificação das camadas (sinal do halo). • A parede pode apresentar hipoatenuação difusa (edema ou alta atenuação, quando há componente hemorrágico). • Densificação inflamatória da gordura pericolônica. • Nos casos de oclusão vascular pode-se evidenciar o trombo ou a eventual invasão vascular quando a causa for neoplásica. • Presença de pneumatose nos vasos mesentéricos ou portais (indicativo de necrose intestinal). 17 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL DOENÇA DE CROHN • Inflamação multifocal, segmentar e descontínua que afeta o trato gastrointestinal • Raro antes do jejuno • 50% delgado e cólon • 33% só delgado (pp íleo terminal) • 20% só cólon ACHADOS DE IMAGEM • Enema opaco e colonoscopias: melhores para demonstrar as alterações superficiais mucosas, que não são aparentes na TC. • O estudo tomográfico é importante para avaliar as demais camadas do cólon, a presença de sinais inflamatórios agudos e as alterações inflamatórias pericolônicas. CARACTERÍSTICAS • Doença com provável interação genética e ambiental • Época do diagnóstico: 15 aos 40 anos • Sintomas: diarreia, tenesmo, febre, dor, perda de peso • Risco aumentado para neoplasia colorretal • Tratamento medicamentoso: reduz inflamação • Tratamento cirúrgico: colectomia ACHADOS DE IMAGEM – TC E RM • Alargamento do espaço pré-sacral • Espessamento parietal. Estratificação das camadas (sinal do halo) • Obliteração dos planos adiposos pericolônicos • Realce da mucosa, muscular própria e pólipos pseudoinflamatórios com o uso de contraste intravenoso • Proliferação mesentérica fibrogordurosa • Ingurgitamento de vasos mesentéricos - sinal do pente (comb sign) • Linfonodomegalia mesentérica 18 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL Nas imagens de TC com contraste IV, o comprometimento inflamatório em atividade pode ser caracterizado pelo espessamento parietal com estratificaçãodas camadas (sinal do halo), notando-se hiper-realce da mucosa, espessamento e hipoatenuação da submucosa, secundários ao edema associado e, por vezes, à lipoproliferação. Outros sinais de atividade inflamatória incluem densificações no mesocólon e ingurgitamento dos vasos mesentéricos (comb sign). ACHADOS DE IMAGEM – TC FASE AGUDA FASE CRÔNICA • Espessamento parietal descontínuo • Estreitamento luminal leve • Sinal do halo (doença em atividade): estratificação das camadas com hiperrealce mucoso e hipoatenuação da submucosa (edema) • Ingurgitamento dos vasos mesentéricos - sinal do pente (comb sign) • Densificação inflamatória da gordura pericolônica • Proliferação da gordura mesentérica • Linfadenopatia • Fístulas e abscessos • Estreitamento acentuado (estenoses) • Deformidade e encurtamento do cólon • Perda da estratificação das camadas e atenuação homogênea parietal • Abscessos (15%-20%) e fístulas • Alterações mesentéricas- proliferação fibrogordurosa • Linfadenopatia ACHADOS DE IMAGEM – TC • Espessamento parietal (> que RCU). • Estenoses – 21% delgado e 8% cólon: doença ativa é reversível e na crônica não. • Fístulas – características da doença. Tem inicio a partir da estenose. 19 Mayra Alencar @maydicina | IMAGINOLOGIA UC14/P5 | 2021.1 MEDICINA UNIT AL COMPLICAÇÕES • Abscessos: 15 a 20% • Neoplasias: 4 a 20 vezes mais chance que população geral. Jovem (30% antes 40 anos) • Doença anorretal: fístulas, fissura, hemorroidas internas, abscessos
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