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Osteoartrite Definição: A Osteoartrose/osteoartrite (OA), é uma doença degenerativa das articulações sinoviais (diartroses), caracterizada clinicamente por dor e limitação funcional (“insuficiência articular”), radiologicamente pela presença de osteófitos, redução do espaço articular e esclerose do osso subcondral e, histopatologicamente pela perda da integridade da cartilagem articular – elemento alvo desse processo mórbido. Ao contrário do que se pensava, a osteoartrose não é uma consequência normal do envelhecimento, e sim uma doença que depende da interação de fatores genéticos, biomecânicos e metabólicos. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A maioria dos pacientes com sinais radiológicos de OA NÃO apresenta sintomas. O motivo é que as fases iniciais da doença (onde se encontra um grande número desses indivíduos) são caracterizadas por lesão restrita à cartilagem articular, um tecido insensível à dor. E a intensidade dos sintomas não possui relação direta com o grau de OA na radiografia. As articulações mais acometidas pela OA são a 1ª metatarsofalangeana (“hálux valgo”), as interapofisárias (coluna vertebral), Interfalangeanas Distais (IFD) e Proximais (IFP), carpometacarpiana do primeiro quirodáctilo (polegar), os joelhos e o quadril. Outras articulações também podem ser envolvidas, como os cotovelos. As Metacarpofalangeanas (MCP) NÃO são tipicamente afetadas (ao contrário da artrite reumatoide), e a articulação do tornozelo (exceto em formas secundárias de OA – por exemplo: pós-trauma). A OA geralmente costuma respeitar determinados padrões de acometimento articular. O principal sintoma da OA é a dor articular, precipitada ou piorada pelo uso da articulação. A dor começa segundos ou minutos após o início do movimento, podendo permanecer por horas após o repouso. Tem um caráter tipo “aperto” ou “constricção”. Eventualmente é desencadeada pelo próprio peso do corpo sobre a junta. Com o tempo, até cerca de 50% dos pacientes passam a referir dor em repouso e 30% apresentam dor noturna que pode dificultar o sono. O mecanismo desta dor depende de vários fatores, tais como: (1) instabilidade articular, levando ao estiramento de ligamentos e da cápsula articular, ambas estruturas muito sensíveis à dor; (2) pressão intraóssea elevada, principalmente na placa subcondral, secundária à inflamação (vista na RNM como edema de medula óssea); (3) sinovite; (4) dor muscular (5) síndromes periarticulares secundárias – bursite, tenossinovite. A AO não é invariavelmente progressiva, em vários pacientes, ocorre estabilização da doença. Alguns pacientes experimentam regressão da dor articular e até mesmo das alterações radiográficas. 2 importantes sinais podem ser facilmente percebidos no paciente com OA das mãos : os nódulos de Heberden consistem numa expansão firme de osso recoberto de cartilagem, que se torna proeminente sobre o dorso das articulações interfalangeanas distais; os nódulos de Bouchard são aumentos semelhantes aos de Heberden, porém localizados sobre as articulações interfalangeanas proximais. Esses nódulos são, na verdade, osteófitos palpáveis, quase patognomônicos de AO (especialmente os de Heberden). EXAMES DE IMAGEM E LABORATORIAIS O diagnóstico da OA é feito através da história, exame clínico e exame radiológico (Joelhos: AP, perfil, axial, com CARGA; Mãos AP e oblíquo). Principais achados da OA na radiografia estão listados na Tabela. Encontrar alguns desses achados associados a um quadro clínico compatível sugere fortemente o diagnóstico da AO. Com base nos critérios diagnósticos, somente na OA de mãos a radiologia não tem valor diagnóstico. A gravidade da OA também pode ser estimada pelos sinais radiológicos. Uma redução muito acentuada ou perda do espaço articular e a presença de cistos subcondrais (decorrentes de necrose focal do osso) são sinais de OA grave. O colapso do osso subcondral é um evento terminal. Classificação de Kellgren-lawrence (na radiografia) Grau II: osteófito Grau III: Diminuição do espaço Grau IV: Diminuição do espaço acentuada e deformidade; Outros exames complementares: A tomografia computadorizada é superior à radiografia convencional na avaliação da articulação do ombro. A ressonância nuclear magnética é o exame de escolha para o diagnóstico de várias condições associadas à OA: rotura de menisco, rotura do ligamento cruzado, osteonecrose, lesão do manguito rotador do ombro etc. Este exame também pode nos fornecer dados sobre a composição da cartilagem articular, a espessura condral, alterações morfológicas da superfície condral, alterações de sinal intrasubstancial da cartilagem, além de avaliar alterações do osso subcondral. Quando tem duvida diagnostica/ complicações ou planejamento terapêutico. Exame do líquido sinovial: o derrame articular da OA é do tipo não inflamatório, com menos de 2.000 leucócitos por mm3, predominando as células mononucleares, com glicose normal. Exame de sangue: as provas de atividade inflamatória (hemograma, VHS, proteína C reativa) estão caracteristicamente normais na OA, bem como o FAN e o fator reumatoide. Em idosos, podemos encontrar FR positivo em baixos títulos, mas tal achado se correlaciona com a idade avançada do paciente, e NÃO à presença de um processo inflamatório autoimune. TRATAMENTO Medidas não farmacológicas Nos casos de OA com sintomatologia leve a moderada, a terapia não farmacológica deve ser a única medida prescrita. São estratégias que visam uma diminuição na sobrecarga articular através da redução ponderal, uso de bengalas, andadores e a utilização de calçados acolchoados ou palmilhas especializadas, geralmente prescritas por ortopedistas. Na OA de joelho, o uso de fitas adesivas ou joelheiras fenestradas para realinhamento da articulação pode diminuir a velocidade de evolução da doença. Evitar carregar objetos pesados;Não caminhar em superfícies irregulares;Evitar subir e descer escadas com frequência;Evitar atividades com longa permanência em pé; Evitar agachar-se e ajoelhar-se com frequência;Fazer uso contralateral de bengala nas OA unilaterais;Utilizar muleta ou andador nas OA bilaterais. A perda de peso, mesmo de poucos quilos, tem um impacto extremamente favorável em retardar o aparecimento da dor e melhorar a já existente. Os exercícios físicos devem ser prescritos no intuito de melhorar o condicionamento físico, reforçar a musculatura periarticular e ampliar a mobilidade da articulação acometida. O mais consagrado é a extensão de pernas (utilizando caneleiras), para fortalecer o quadríceps, elemento fundamental na terapia da OA de joelho. Recomendam-se também atividades aeróbicas como: natação, hidroginástica e caminhadas. A fisioterapia motora tem papel crucial. A combinação de exercícios aeróbicos e de resistência com uma dieta com redução de calorias, como a testada no estudo ADAPT, mostrou eficácia superior ao exercício ou dieta isoladamente, indicando a importância da aplicação da terapêutica múltipla nesses pacientes. A aplicação de frio ou calor local pode elevar o limiar de dor e reduzir a espasticidade muscular. Períodos de repouso programado ao longo do dia também são fundamentais. Medidas farmacológicas Visam exclusivamente o controle dos sintomas (especialmente a dor), já que não atuam no processo patológico básico e não retardam a progressão da doença. Estão indicadas na OA com sintomatologia grave, ou nos casos refratários à terapia não farmacológica. Analgésicos O paracetamol ou acetaminofeno (tylenol) é a droga de escolha para o controle da dor na OA sem sinais inflamatórios, sendo a primeira droga a ser prescrita na grande maioria dos pacientes com OA. AINEs Estão indicados nos casos de dor refratária ao paracetamol ou nos casos de OA inflamatória (edema articular, dor noturna, rigidez matinal por mais de 30min).Nos pacientes sem história de doença péptica, recomenda-se iniciar com ibuprofeno (800 mg 8/8h), naproxeno (500 mg 12/12h) ou diclofenaco (75 mg 12/12h). Condroprotetores Glucosamina A glucosamina participa da síntese das glicosaminoglicanas (GAGs), proteoglicanas e hialuronato da cartilagem articular.Além de funcionar como substrato, age diretamente no condrócito, estimulando a síntese de proteoglicanas e inibindo a de metaloproteases. Inibe os efeitos da IL-1 sobre o fator nuclear capa beta dentro do condrócito, também inibindo a produção de óxido nítrico, mais IL-1 e TGF. Tem ação sobre o osteoclasto e sobre a sinóvia. Condroitina Tem eficácia superior à do placebo, com efeito predominante no alívio dos sintomas, sem diminuir o estreitamento articular da glucosamina. A dose recomendada é a de 1.200mg/dia. Associação de glucosamina e condroitina A associação das drogas, por agirem em vias diferentes tendo efeitos complementares, seria melhor do que o uso isolado. A dosagem usual é de 1.500mg de glucosamina e 1.200mg de condroitina em dose única diária ou dividida, dependendo da apresentação comercial. Apresenta boa tolerabilidade ao uso prolongado, com poucos efeitos colaterais. Insaponificáveis do abacate e soja São comprovadamente inibidores de IL-1, IL-6, IL-8 e metaloproteases in vitro e estimuladores do condrócito in vitro. Cloroquina Vem sendo prescrita há mais de 30 anos. Sua eficácia sintomática foi sugerida inicialmente para o tratamento da OA erosiva das mãos, por sua semelhança em certos aspectos com a artrite reumatoide. Corticoides Intra-Articulares Podem ser utilizados nos casos refratários de dor monoarticular, trazendo alívio por 4-6 semanas. Têm como efeito teórico indesejável a diminuição da capacidade de regeneração da cartilagem articular. Por isso, as injeções de esteroides de depósito devem ter no mínimo periodicidade trimestral (no máximo, quatro aplicações por ano). A OA que melhor responde à injeção intra-articular de corticoide é a carpometacarpiana do polegar. O corticoide NÃO deve ser injetado nas interfalangeanas, pois estimula a precipitação de cristais de apatita e calcificação articular. Derivados do Ácido Hialurônico (“Regenerador Articular”): injeções intra- articularessemanais (total de cinco) de derivados do ácido hialurônico (hialuronato de sódio) têm sido indicadas em certos casos de OA grave de joelho (o efeito perdura por até seis meses). Medidas intervencionistas Em casos refratários de OA de joelho ou ombro, a lavagem articular com soro fisiológico e consequente remoção de debris pode trazer alívio sintomático por alguns meses. A artroplastia total da articulação, com colocação de uma prótese articular, é reservada para pacientes com osteoartrose grave que possuem, apesar da terapêutica otimizada, dor refratária e incapacidade funcional.
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