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1 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 Inflamação A inflamação aguda é rápida no início (tipicamente minutos) e de curta duração, persistindo por horas ou poucos dias. Suas principais características são a exsudação de fluido e proteínas do plasma (edema) e a migração de leucócitos, predominantemente neutrófilos. Componentes: 1 – Alteração no calibre vascular; 2 – Mudanças na microvasculatura; 3 – Emigração de leucócitos. Estímulos que disparam a inflamação aguda: Infecção, necrose tecidual, corpos estranhos, reações imunes. • Exsudação: Escape de fluídos, proteínas e células sanguíneas do sistema vascular para dentro do sistema intersticial ou cavidades corporais. Sua presença indica um aumento na permeabilidade dos pequenos vasos sanguíneos. • Transudato: É um fluído com baixo conteúdo proteico; é um ultrafiltrado de plasma por alteração osmótica sem aumento da permeabilidade vascular. • Edema: Excesso de fluído no tecido intersticial; pode ser transudato ou exsudato. • Pus: Exsudato purulento rico em leucócitos, células mortas e micróbios. A vasodilatação é a manifestação inicial da inflamação aguda. Pode seguir de uma constrição transitória de arteríolas. O fluxo sanguíneo aumentado causa o calor e vermelhidão no local da inflamação. A vasodilatação é induzida por mediadores (histamina e óxido nítrico). Segue-se então, o aumento da permeabilidade da microvasculatura com extravasamento de exsudato. Esses fatores levam a lentificação do luxo sanguíneo → Estase: Causa acúmulo dos leucócitos e neutrófilos ao longo do endotélio vascular que começam a expressar moléculas de adesão. Ocorre então a migração dessas células para dentro do tecido intersticial. Extravasamento de leucócitos e fagocitose No lúmen: marginação, rolamento e adesão ao endotélio. Na inflamação, o endotélio precisa ser ativado para permitir que ele se ligue aos leucócitos. Transmigração através do endotélio (diapedese). Migração nos tecidos intersticiais em direção ao estímulo quimiotático. Marginação: pela diminuição do fluxo sanguíneo durante o processo inflamatório, há um acúmulo de leucócitos na periferia do fluxo. Rolamento: esses leucócitos marginados vão se deslocando pelo endotélio se aderindo transitoriamente. Após a firme adesão dos leucócitos, esses se posicionam entre as células edoteliais e a membrana basal. Moléculas de adesão: P-selectinas e E-selectinas (presente na superfície interna do vaso); Imunoglobulinas (ICAM-1 e VCM-1); integrinas; glicoproteína semelhante a mucina. Diapedese: as quimiocinas agem nos leucócitos aderidos e estimulam as células a migrar através dos espaços endoteliais na direção do gradiente quimiotático (local da lesão). Esse processo ocorre predominantemente nas vênulas. No tecido extravascular os leucócitos se aderem à matriz extracelular através da ligação das integrinas beta e CD44 às proteínas da matriz. Quimiotaxia: locomoção ao longo de um gradiente químico. Padrões morfológicos da inflamação aguda • Inflamação Serosa: extravasamento exagerados de um fluido diluído, que pode ser derivado do plasma ou secreção de células mesoteliais. Ex. bolha cutânea de uma queimadura ou infecção virótica. • Inflamação Fibrinosa: se desenvolve quando o extravasamento vascular é grande ou quando há início da coagulação. É característico da inflamação dos tecidos que recobrem as cavidades corporais (meninges, pericárdio e pleura). As vezes aparece como uma malha eosinofília ou um coagulo amorfo. Pode gerar placas esbranquiçadas sobre as mucosas e serosas. • Inflamação Purulenta: caracterizada por grandes quantidades de pus consistindo de neutrófilos, células necróticas e edema. Bactérias que Articulações e Artrites 2 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 produzem essa supuração → bactérias piogênicas. Ex. apendicite aguda. • Inflamação Ulcerativa: escavação da superfície de um órgão ou tecido, produzido pela esfoliação do tecido inflamatório necrótico. Ocorre mais frequentemente: necrose inflamatória da boca, do estômago, intestino e trato urogenitourinário; e inflamação subcutânea das extremidades inferiores em pessoas idosas com distúrbios circulatórios. Articulações • Articulação ou junta é uma região anatômica que estabelece contiguidade entre os ossos, entre cartilagem e osso, ou entre os dentes e os ossos. • É uma estrutura altamente diferenciada, composta por diferentes estruturas e tecidos, com funções distintas e complementares. • Todos os componentes de uma articulação são formados de tecido conjuntivo (tem função de enchimento, servindo para ligar órgãos e sistemas. Participa das atividades metabólicas, especialmente das trocas hídricas e iônicas). O TC é constituído de fibras colágenas, elásticas e reticulares. Classificação funcional • Sinartroses: junções de tecido conectivo extremamente fibroso que unem 2 extremidades ósseas, com mínima ou nenhuma possibilidade de movimentação – o exemplo principal são as suturas cranianas; • Anfiartroses: fibrocartilagens adjacentes às extremidades ósseas, permitindo um grau pequeno de movimentação – os exemplos principais são os discos vertebrais, a sínfise púbica e a parte superior da articulação sacroilíaca; • Diartroses: conhecidas também como articulações sinoviais, possuem uma membrana sinovial e realmente um espaço articular, permitindo ampla movimentação. Maioria das articulações do corpo. Exemplos: Ombro, joelho, tornozelo e cotovelo. Tipos de articulações sinoviais • Articulações planas: movimentos de deslizamento no plano das faces articulares. Movimento limitado por suas cápsulas articulares firmes. As articulações planas são muitas e quase sempre pequenas. Um exemplo é a articulação acromioclavicular situada entre o acrômio da escápula e a clavícula; • Gínglimos: apenas flexão e extensão, movimentos ao redor de um único eixo transversal, uniaxiais. A cápsula é fina e frouxa nas partes anterior e posterior onde há movimento; entretanto, os ossos são unidos lateralmente por ligamentos colaterais fortes. A articulação do cotovelo; • Articulações selares: permitem abdução e adução, além de flexão e extensão, movimentos que ocorrem ao redor de dois eixos perpendiculares, biaxiais. Também é possível fazer esses movimentos em uma sequência circular (circundução). As faces articulares opostas têm o formato semelhante a uma sela (isto é, são reciprocamente côncavas e convexas). A da base do polegar; • Articulações elipsóideas: flexão e extensão, além de abdução e adução, biaxiais. No entanto, o movimento em um plano (sagital) geralmente é maior (mais livre) do que no outro. Também é possível realizar circundução, mais restrita do que nas articulações selares. As articulações metacarpofalângicas são elipsóideas; • Articulações esferóideas: permitem movimento em vários eixos e planos: flexão e extensão, abdução e adução, rotação medial e lateral, e circundução; multiaxiais. Altamente móveis, a superfície move- se na cavidade de outro. A cabeça do fêmur, que é esférica, gira na cavidade formada pelo acetábulo do quadril; • Articulações trocóideas: permitem rotação em torno de um eixo central, uniaxiais. Nessas articulações, um processo arredondado de osso gira dentro de uma bainha ou anel. O atlas (vértebra C I) gira ao redor de um processo digitiforme, o dente do áxis (vértebra C II), durante a rotação da cabeça. Cartilagem articular • Cartilagem articular hialina; • Recobre as extremidades ósseas das articulações diartrodiais; • Tecido altamente diferenciado, desprovido de vascularização e inervação; 3 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 • Sua nutrição depende dos fluidos articulares e da nutrição por difusão do osso adjacente.• A sinalização álgica dos processos destrutivos para a cartilagem depende, principalmente, da estimulação do osso subcondral e da membrana sinovial; Constituição: • Matriz extracelular: Principal componente, formada por macromoléculas; principalmente colágeno e os proteoglicanos; e água; • Condrócitos: pequena população, conferem à mesmas características especiais de elasticidade e compressibilidade para ser capaz de resistir às poderosas forças de impacto e fricção a que estão submetidas as articulações móveis; Outros: Proteoglicanos, colágeno (Principal componente da matriz). O principal é o tipo II – 85%. Confere resistência; diferenciação, adesão, migração e proliferação celular; atividade antigênica em processos imunológicos). Metabolismo da cartilagem: Controlada pelo condrócito, que apresenta um metabolismo bastante ativo, mas que passa a ser insuficiente em algumas situações de maior demanda porque estão presentes em pequeno número. Sinóvia (membrana sinovial) Contém os sinoviócitos que são secretantes do líquido sinovial, responsável pela lubrificação e nutrição da cartilagem. Os sinoviócitos assemelham-se a macrófagos e participam do mecanismo inflamatório sinovial. Tais células são revestidas por um tecido conjuntivo frouxo, rico e vascular. As funções da membrana são das mais diversas; mantém estabilidade, receptor de sensibilidade, fagocitose, produção de líquido sinovial, barreira de filtração. A sinóvia secreta moléculas especializadas no líquido sinovial, tais como ácido hialurônico. As células da membrana sinovial ficam inundadas por matriz extracelular rica em colágeno tipo I e proteoglicanos e são compostas majoritariamente por 2 tipos: sinoviócito tipo A (células com ação fagocítica) e sinoviócito tipo B (derivadas fibroblásticos – sintetizam matriz extracelular e o líquido sinovial). A membrana sinovial possui capilares sanguíneos e linfáticos, nervos e ainda pode ser habitada por células dendríticas e mastócitos. O líquido sinovial produzido pelos sinoviócitos é rico em ácido hialurônico, seu principal componente, que garante a viscosidade característica vista na artrocentese. A perda da viscosidade pode simbolizar o aumento de proteínas no espaço articular, simbolizando um líquido eventualmente inflamatório. Fator de agressão → vasodilatação → acúmulo de células inflamatórias → migração destas células para cavidade articular → edema → acúmulo de mononucleares → hipertrofia da camada de sinoviócitos → enzimas erosivas. Frente a um fator de agressão, ocorre rápida resposta, que inclui vasodilatação, acúmulo de células inflamatórias, principalmente polimorfonucleares na fase aguda, e migração desses elementos celulares para a cavidade articular. Existe uma passagem do edema para o meio intra-articular, que dilui o líquido sinovial, reduzindo sua viscosidade. Numa fase crônica, ocorre o acúmulo de mononucleares, por vezes numa tal quantidade, que simulam folículos linfóides. Existe uma hipertrofia da camada de sinoviócitos. O líquido sinovial da membrana inflamada carreia também uma série de enzimas capazes de erodir o osso e causar osteopenia, erosões e cistos. Os processos imuno- inflamatórios reumáticos da articulação acontecem na sinóvia. As respostas dos principais tecidos da articulação são organizadas pelos linfócitos, macrófagos, sinoviócitos, mastócitos, células endoteliais, fibroblastos. condrócitos e neutrófilos. Através da sua interferência, ocorre produção e liberação de diversas citocinas que modularão a resposta tecidual. No processo inflamatório articular por exemplo, a membrana sinovial torna-se inflamada, o osso sofre reabsorção, existe proliferação do tecido conjuntivo e degradação da cartilagem articular. Líquido sinovial • Formado por ultrafiltrado do plasma + glicoproteínas (confere o caráter viscoso) secretado pelas células sinoviais. • Sua composição líquida é semelhante ao soro, porém com uma concentração ligeiramente inferior de alguns de seus constituintes como a glicose. 4 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 • Lubrificante quase perfeito por causa das moléculas de ácido hialurônico, um polímero de sacarídeos neutros; • É viscoso, translúcido e compõe-se de muita água. • Sua coloração normal é amarelo transparente, límpido, alcalino, similar a clara de ovo. • Sua quantidade normal varia de 0,5 a 2ml. • Composição: proteínas, glicose, eletrólitos, células, ácido hialurônico. • Funções: redução do atrito pela lubrificação da articulação, absorção de impactos, fornecimento de oxigênio e nutrientes e remoção de dióxido de carbono e resíduos metabólicos dos condrócitos dentro da cartilagem articular. Contém células fagocíticas que removem micróbios e resíduos resultantes do uso e desgaste da articulação. Propedêutica Reumatológica Abordagem da articulação Os sintomas mais comuns das enfermidades articulares são: • DOR (artralgia): Pode ser aguda (gota, bursite, artrite séptica) ou crônica (artrite reumatóide, artrose), em peso (artrose) ou cruciante (gota, artrite séptica). • SINAIS INFLAMATÓRIOS (artrite) • RIGIDEZ PÓS-REPOUSO (matinal): em geral está presente em enfermidades inflamatórias. Resulta do acúmulo de substâncias produzidas no local durante o repouso. • CREPITAÇÃO ARTICULAR: sinal característico de comprometimento da cartilagem articular. Indica processo articular degenerativo, com comprometimento da cartilagem hialina. • MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS: febre, astenia, perda de peso e anorexia – são frequentes nas doenças difusas do tecido conjuntivo como as colagenoses - AR, moléstia reumática, lúpus, esclerose, engiite necrosante. Na vigência de manifestações extra-articulares como glomerulonfrite, úlcera bucal, inflamação ocular e neuropatia periférica, sugere-se que a artrite é uma manifestação de uma doença reumática sistêmica ou vasculite. Exame físico • INSPEÇÃO: buscar assimetria, reconhecer aumento de volume, rubor, desalinhamento articular, deformidades, atrofia muscular (sugere bloqueio articular por tempo prolongado), nódulos. Observa-se também a marcha. • PALPAÇÃO: é possível determinar causa do aumento do volume articular (derrame sinovial ou hipertrofia óssea), presença de pontos hipersensíveis, tumorações, aumento da temperatura (sinais inflamatórios sugerem artrite), busca de fraqueza e crepitações. Pesquisar nódulos subcutâneos, pois esses podem revelar nódulos reumatoides ou tofos sugestivos de artrite reumatoide ou gota, respectivamente. O eritema nodoso, principalmente sobre as canelas, pode indicar uma periartrite do tornozelo que pode ser observada em alguns pacientes com sarcoidose. Movimentação: ❖ ADM ativa: Movimento da articulação iniciado pelo paciente. Testa a função integrada e requer a inervação intacta e o funcionamento do músculo e do tendão, assim como a mobilidade da articulação. ❖ ADM passiva: Movimento de uma articulação iniciado pelo examinador. Testa apenas a mobilidade. Amplitude de movimento ativa reduzida com amplitude de movimento passiva preservada: sugere distúrbios dos tecidos moles, como bursite, tendinite ou lesão muscular. Se, por outro lado, as amplitudes de movimento ativa e passiva são diminuídas: então possivelmente há contratura do tecido mole, sinovite e uma anormalidade estrutural da articulação. Objetivo mais importante do exame físico em um paciente com dor monoarticular: Estabelecer a presença ou ausência de derrame ou sinovite. A 5 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 detecção de uma efusão ou sinovite limita o diferencial para as artrites inflamatórias (incluindo infecção) e doenças reumáticas sistêmicas. As marcas de sinovite incluem: • Edema dos tecidos moles, calor e derramearticular. Achados do exame físico: • Dor articular - não é suficiente para diagnóstico de artrite • Eritema - sugere infecção ou artrite microcristalina • Edema - sinal definitivo de artrite e pode ser ocasionado tanto por derrame articular (excesso de líquido sinovial) quanto por membrana sinovial inflamada e edemaciada (sinovite). • Crepitações - fina (sinovite proliferativa crônica) ou grosseira (aspereza ou perda da superfície hialina). • Dano e deformidade: sinais de artrite prévia ou de lesão (frouxidão dos ligamentos, subluxação articular, ruptura de tendão ou contratura). Relação com idade e sexo ❖ As doenças difusas do tecido conjuntivo acometem mulheres jovens, já a partir da adolescência; ❖ A artrite reumatóide envolve mulheres adultas; ❖ As artropatias soronegativas predominam em homens jovens, com exceção da artrite psoriática; ❖ A osteoartrite atinge indivíduos a partir da quarta e quinta década, com discreta predominância no sexo feminino; ❖ A gota atinge quase que exclusivamente homens acima dos 40 anos; ❖ A febre reumática acomete crianças e adolescentes; ❖ A fibromialgia acomete mulheres adultas; ❖ O reumatismo de partes moles tem distribuição mais universal, dependendo mais de fatores ocupacionais que idade e sexo; ❖ A osteoporose incide em mulheres idosas. Manifestações articulares • A artrite, por representar um processo mais evidente, e ser passível de identificação ao exame físico, é mais valorizada na elaboração diagnóstica; São mais específicas, permitindo o diagnóstico de doenças como a artrite reumatóide, artropatias soronegativas, microcristalinas e infecciosas; • Artralgias são inespecíficas, ganhando significado se presentes na mesma articulação por um período prolongado. Podem sugerir uma osteoartrite, distúrbios mecânicos (neuropatias, instabilidade) e mesmo doenças difusas do tecido conjuntivo nas fases iniciais; Anamnese: Número de articulações envolvidas, simetria, duração, topografia, sinais flogísticos, rigidez matinal, tipos de dor, tempo de seguimento, intensidade, evolução, localização. Número de articulações envolvidas: • Monoarticular: 1 (gota, infecciosas, algumas osteoartrites); • Oligoarticular: 2-4 (artropatias soronegativas, osteoartrite, febre reumática); • Poliarticular: > 4 (doenças difusas do tecido conjuntivo, osteoartrites e algumas artropatias soronegativas. Simetria: • Simétrica: artrite reumatóide e doenças difusas do tecido conjuntivo; • Assimétrica: artropatias soronegativas e microcristalinas; Duração: • Aguda (horas ou dias): Os quadros agudos sugerem artropatias relacionadas a trauma, artrites microcristalinas, artrites infecciosas e trans- infecciosas, reumatismo de partes moles. • Crônica (em geral > 6 semanas): Os crônicos sugerem artropatias inflamatórias crônicas ou seja, artrite reumatóide, artrites soronegativas e doenças difusas de tecidos conjuntivo. Pensar em inflamação persistente, questionar se: Rigidez matinal prolongada, edema, sinais sistêmicos, elevação de marcadores inflamatórios (VHS/PCR). Se ausentes → Artrite não inflamatória crônica – OSTEOARTRITE. Se presentes → Artrite inflamatória crônica. 6 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 Topografia: • Axial: coluna, inter-apofisárias, intervertebrais, costo-vertebrais, esternoclavicular, esterno- costais e sacroilíacas. O acometimento axial sugere artropatias soronegativas, osteoartrite e eventualmente casos de artrite reumatóide com envolvimento cervical. • Periférica: as demais articulações. Tipos de sinais flogísticos: • Edema: corresponde à sinovite, e caracteriza-se por apresentar consistência de borracha macia à palpação. • Eritema e calor: geralmente presentes em casos mais graves. • Derrame articular (líquido intra-articular): O derrame apresenta consistência cística à palpação. No joelho o derrame produz o sinal da tecla que é o movimento que a patela faz quando pressionada para baixo até impactar no fêmur. • Rigidez matinal: É a sensação de lentificação da articulação. É característica quando atinge as pequenas articulações das mãos. Observada nas doenças inflamatórias articulares crônicas. É medida em tempo: > 30 minutos passa a ter importância clínica mais significativa, e > 60 minutos, integra os critérios diagnósticos da artrite reumatóide. Tipo de dor: • Inflamatória: tende a ser mais contínua, e pode acontecer no repouso noturno. É característica das artropatias inflamatórias crônicas. • Mecânica: relacionada ao movimento. Ocorre no início do movimento ou quando ele é executado de modo mais prolongado. Tende a ser mais frequente após longos períodos de permanência na mesma posição. Ocorre principalmente nas articulações de carga (joelhos, quadris e coluna). Neste caso, o paciente queixa-se de dor e rigidez ao levantar-se após longo período sentado. Intensidade: A dor guarda habitualmente relação com o grau de inflamação e destruição articular, sendo, portanto, mais intensas nas artropatias erosivas como a artrite reumatóide soronegativas, microcristalinas e infecciosas; Evolução: • Progressiva: (artrite reumatóide e artropatias soronegativas). • Surtos (febre reumática). • Comportamento episódico, auto-limitado: (artrites microcristalinas); Localização: • Dores difusas sugerem processo não articular, como miopatias, fibromialgia e síndromes miofaciais. • Dores localizadas ocorrem nas artrites e reumatismo de partes moles. • Dores regionais do tipo queimação, ou acompanhadas de parestesias sugerem envolvimento neurológico (vasculites, neuropraxias). Inflamação: • Não inflamatórias: Sem sinais flogísticos (calor, rubor, dor, tumor/edema ou diminuição da função). Sintomas como a dor, piora com atividade e melhora com repouso; rigidez matinal mínima (30 minutos); contagem de leucócitos no líquido sinovial <2000 (artrocentese, coleta do líq. Sinovial); VHS e PCR geralmente são normais. OSTEOARTIRTE é a principal causa de monoartrite não inflamatória, principalmente na articulação do joelho ou no quadril. O DM é a causa subjacente mais comum de Artropatia neuropática e deve ser considerado em um paciente diabético com artrite do pé, tornozelo ou joelho. • Inflamatórias: sinais flogísticos presentes; dor e rigidez articular matinal superior a 60 min; piora pela manhã ou após períodos de inatividade; melhora sintomas após atividade; Contagem de leucócitos no líq sinovial >2000; PCR elevado. Ao exame: as grandes articulações podem estar quentes quando gravemente inflamadas (ex. gota aguda ou atrite séptica); pode haver eritema da pele sobrejacente. Investigações laboratoriais frequentemente revelam uma VHS elevada e um nível alto de PCR. 7 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 Causas inflamatórias: ARTRITE SÉPTICA OU ARTRITE GONOCÓCICA. Apresenta dor significativa na articulação infectada. Tem também a artrite tuberculosa. Manifestações extra articulares Peles e mucosas: É um dos tecidos mais afetados nas doenças reumáticas, provavelmente devido a abundância de tecido conjuntivo. Fotossensibilidade, alopécia, esclerodermia (espessamento da pele, com diminuição das rugas), fenômeno de Raynaud (mudança de cor dos dedos), vasculite cutânea, eritema nodoso, lúpus discóide, livedo reticular, nódulos subcutâneos, tofos, calcinose, telanfiectasias, lesões psoriáticas, púrpura, equimoses e hematomas, úlceras mucosas, eritema palmar, heliotropo (coloração eritêmato violácea nas pálpebras) e gottron (eritema na face dorsal das articulações das mãos e cotovelos). Coração e pulmões: Pleurite e pericardite, pneumonite intersticial, valvulites, cardite, hipertensão arterial, hipertensão pulmonar. Aparelho genitourinário: Nefrites,cistites, uretrites, cervicites. Sistema Digestório: Disfagia, DRGE, diarreia, xerostomia. Olhos: Conjuntivite, uveíte, irite, iridociclite, xeroftalmia, episclerite. Sistema nervoso: Neuropatias, convulsões, coréia. Abordagem do paciente com artrite Sintomas condicionais • Presença de febre levanta a possibilidade de infecção, a maioria dos pacientes com artrite séptica e infecção gonocócica disseminada; • A febre também pode acompanhar a artrite não decorrente de infecção ativa; • Uma perda significativa de peso é comum na apresentação inicial de artrite reativa, vasculite sistêmica, artrite enteropática e artrite paraneoplásica, mas é incomum na artrite reumatoide de início recente; • Sintomas constitucionais raramente acompanham as formas não inflamatórias da artrite. Condições comórbidas • Pacientes com diabetes melito de longa data e pouco controlado apresentam um risco maior para artropatia de Charcot nos pés e mobilidade articular limitada nas mãos; • Certos medicamentos podem desencadear lúpus induzido por fármacos, que pode apresentar-se como uma poliartrite, frequentemente com serosite. O ressurgimento do uso de hidralazina para o tratamento de hipertensão levou a um aumento da incidência de lúpus induzido por hidralazina, assim como da vasculite grave associada com anticorpo anticitoplasma de neutrófilo (ANCA), induzido pela hidralazina; • Um tratamento anterior com glicocorticoide e o abuso de álcool são os principais fatores de risco para osteonecrose, que comumente se apresenta como dor no quadril; • O uso de drogas injetáveis traz o risco de artrite séptica, endocardite e infecção com hepatite B, hepatite C e HIV – todas associadas com condições reumáticas. História familiar • Uma história familiar positiva, particularmente entre parentes de primeiro grau, aumenta a probabilidade de certas formas de artrite; • É notável que o risco de espondilite anquilosante para crianças ou irmãos de um paciente com espondilite anquilosante é 75 vezes maior do que o risco da população em geral; • O risco relativo para LES entre parentes de primeiro grau varia de 20 a 30; • Uma história familiar positiva de artrite reumatoide é menos útil. Tipos de acometimentos SINOVITE INFLAMATÓRIA: ❖ Inflamação da membrana sinovial que reveste a articulação. ❖ Típica das poliartrites inflamatórias como AR, LES e outras doenças autoimunes. ❖ Inflamação sinovial é a característica clínica dominante da AR, podendo acarretar dano articular irreversível. 8 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 ❖ A presença de envolvimento de múltiplos órgãos deve levar à suspeita clínica de uma doença autoimune sistêmica. SINOVITE INDUZIDA POR CRISTAIS: ❖ Os cristais de urato monossódico (gota), pirofosfato de cálcio (pseudogota) ou hidroxiapatita são capazes de induzir uma reação inflamatória aguda no líquido sinovial e na sinóvia. ❖ Normalmente afeta apenas uma ou, no máximo, algumas articulações de uma só vez. ❖ A aspiração articular e a análise do líquido sinovial, utilizando microscopia de luz polarizada para pesquisa de cristais, estabelecem o diagnóstico. MIOPATIA INFLAMATÓRIA: ❖ Polimiosite, dermatomiosite e miosite por corpúsculo de inclusão. ❖ Inflamação e a fraqueza (em geral indolor) dos músculos esqueléticos proximais. ❖ Níveis elevados de creatinoquinases, anormalidades eletromiográficas e anormalidades histopatológicas características na biópsia muscular estão presentes. Exames complementares Os exames complementares muitas vezes são coadjuvantes. Por vezes podem apresentar maior potencial de confirmação de uma doença, ou mesmo serem altamente específicos, mas via de regra, devem ser interpretados em conjunto com dados clínicos de modo criterioso. Laboratoriais ▪ HEMOGRAMA: Deve ser considerado quando houver suspeita de doença multissistêmica com base na história e exame físico. ▪ PROVA DE ATV. INFLAMATÓRIA: PCR, VHS, ASLO, FR, FAN, ácido úrico. Os testes e VHS e PCR podem ser mais úteis em pacientes com um exame articular ambíguo; neste cenário, uma VHS ou PCR elevada torna mais provável uma artrite inflamatória. ▪ ELETRÓLITOS; ▪ CREATININA SÉRICA. PROVAS DE FASE AGU DA São alterações em substâncias séricas produzidas sob a influência de citocinas, em grande parte pelo fígado, frente a vários estímulos, principalmente pelos que causam dano tecidual. Não são específicas. Elas podem estar relacionadas também a situações não inflamatórias. Proteína C reativa: é importante por desempenhar uma ação inespecífica, porém rápida frente a agressões infecciosas e de outra natureza. É uma das provas de fase aguda mais utilizadas na prática, prestando-se também como parâmetro de monitorização terapêutica. Velocidade de hemossedimentação: essa velocidade pode ser acelerada pela presença de proteínas de carga assimétrica como o fibrinogênio e as imunoglobulinas e outras substâncias de fase aguda. Trata-se, portanto, de uma avaliação indireta, que capta a influência de uma série de outras substâncias, bem como situações fisiológicas, o que a torna sensível mas pouco específica. Exceção deve ser feita a valores muito elevados, próximos a 100 mm/h verificados na arterite temporal. Alfa-1 glicoproteína ácida: Eleva-se 12 horas após a lesão tecidual. Substituiu a dosagem da mucoproteína, por ser mais específica. Eletroforese de proteínas: engloba todas as proteínas séricas. Nas frações alfaglobulinas estão a maioria das proteínas de fase aguda. A proteína C reativa por exemplo corre em alfa 2 e a alfa 1, glicoglobulina ácida corre em alfa 1. Nos processos inflamatórios verifica- se um aumento na fração alfa 2, e nos casos crônicos, um aumento policlonal das gamaglobulinas e diminuição da albumina. Outras: várias substâncias também se elevam na fase aguda da lesão tecidual, porém são menos utilizadas na prática. São exemplos: fibrinogênio, ferritina, complemento, haptoglobina, amilóide sérico A. Análise do líquido sinovial ▪ Deve ser enviado para cultura (de bactérias, micobactérias e fungos), contagem de células, coloração de Gram e pesquisa de cristais por microscopia de luz polarizada. ▪ Maior quantidade reflete a presença de processo patológico. Independentemente da causa, o 9 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 mecanismo básico do aumento é a ALTERAÇÃO DA PERMEABILIDADE CAPILAR. ▪ O líquido normal tem no máximo 200 células. ▪ Pacientes com monoartrite inflamatória e culturas negativas para bactérias: pesquisar doença de Lyme e reatividade ao PPD. ▪ O principal objetivo da análise do líquido sinovial é estreitar o diagnóstico diferencial, categorizando o derrame como não inflamatório, inflamatório, hemorrágico ou séptico. ▪ Se houver suspeita clínica de infecção articular, a coloração de Gram e cultura do líquido sinovial devem ser solicitadas. A menos que haja características clínicas que sugiram infecção gonocócica, micobacteriana ou fúngica, as culturas bacterianas de rotina para bactérias aeróbias e anaeróbias são geralmente apropriadas. Se houver suspeita de infecção gonocócica, o laboratório de microbiologia deve ser informado para que o meio apropriado possa ser usado para melhorar o rendimento. ▪ Os estudos químicos do líquido sinovial, como as concentrações de glicose, lactato desidrogenase ou proteína, têm apenas valor limitado; uma redução na concentração de glicose e elevação no nível de lactato desidrogenase (LDH) são consistentes com infecção bacteriana, mas não são suficientemente sensíveis. Fator reumatóide O fator reumatóide é um anticorpo das classes IgM, IgG ou IgA, contra a porção Fc de uma IgM. Aproximadamente 60 a 75% dos pacientes com artrite reumatóide apresentam esseauto anticorpo, e sua presença e título guardam certa correlação com manifestações extra-articulares e agressividade do envolvimento articular. Em alguns pacientes pode haver uma redução nos níveis de fator reumatóide quando há controle da doença, mas não é uma regra. O fator reumatóide não é específico da artrite reumatóide. Até 5% dos indivíduos normais podem apresentar fator reumatóide em baixos títulos, e sua prevalência e nível aumentam com a idade, alcançando até 16% aos 65 anos. Também pode estar presente em outras doenças reumáticas como nas doenças difusas do tecido conjuntivo (principalmente a síndrome de Sjögren, mas também no lupus, esclerose sistêmica progressiva e doença mista do tecido conjuntivo), doenças infecciosas (endocardite bacteriana, tuberculose, lues, hepatite), doenças pulmonares (pneumoconiose, sarcoidose, doenças intersticiais) e neoplasias (leucemia, adenocarcinoma de cólon). Geralmente o título do fator reumatóide é mais baixo fora da artrite reumatóide e da síndrome de sjögren. Portanto, quando um paciente apresenta fator reumatóide positivo, o diagnóstico deve levar em conta o título, a idade, e principalmente as manifestações clínicas. Nesse aspecto, não é um exame de confirmação diagnóstica. Anti peptídeo citrulinado cíclico (CCP) O CCP é um auto anticorpo presente em 80 a 90 % dos casos de artrite reumatóide, diferindo deste por ser muito mais específico, além de poder anteceder a eclosão clínica da doença. Pode estar presente na artrite reumatóide com fator reumatóide negativo. Fator antinuclear (FAN) Designa uma família de auto-anticorpos contra constituintes celulares nucleares. A pesquisa do FAN é realizada por um teste de triagem pela técnica da imunoflorescência indireta, utilizando como substrato células de fígado de camundongo (FAN clássico) e células Hep 2. Quando positivo, realiza-se a tipagem de anticorpos específicos como ant-DNA, anti-Sm, anti- Ro, etc. Estão presentes em 99% dos casos de lúpus e em frequência variável nas doenças difusas. O FAN não é específico do lúpus ou de doenças auto- imunes. Pode ocorrer em indivíduos saudáveis e em outras doenças não reumáticas e não auto-imunes. Na interpretação do FAN positivo, deve-se levar em conta o título, o tipo (alguns são específicos e outros pouco ou inespecíficos) e o contexto clínico. 10 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 Anti-estreptolisina (ASLO) São os anticorpos decorrentes de uma estreptococcia, ou seja, são uma evidência de uma infecção pregressa ou atual, e não uma confirmação de febre reumática ou outra doença reumatológica. A ASLO eleva-se em 85% das infecções estreptocóccicas, e permanece desta forma durante aproximadamente 2 meses, decaindo lentamente em 6 meses. Ácido úrico O ácido úrico tende a aumentar após os 40 anos e os maiores níveis ocorrem nos homens. O limite é de 7 mg/100 ml, que representa o ponto de saturação máxima nos fluídos fisiológicos. A prevalência de hiperuricemia na gota chega a 97% e nos indivíduos normais é de 5%. Numa amostra populacional aleatória, a hiperuricemia não estará relacionada à gota em 90% dos indivíduos. A dosagem do ácido úrico presta-se para o diagnóstico e seguimento terapêutico da gota. Na gota, utiliza-se também a dosagem do ácido úrico na urina de 24 horas para se determinar o melhor tipo de tratamento. Complemento O sistema complemento engloba várias proteínas, que podem ser ativadas numa sequência, através de uma via clássica que se inicia por C1 e por uma via alternativa, através do C3. A avaliação do complemento objetiva a detecção do consumo que ocorre em doenças onde haja formação de imunocomplexos (principalmente o lupus e a glomerulonefrite). Habitualmente verifica-se o nível do complemento total (CH50), C3 e C4. É útil para a detecção de atividade do lúpus e para monitorizar a resposta ao tratamento. Pode estar também diminuído eventualmente em outras doenças autoimunes nas quais haja formação de imunocomplexos. Pode estar diminuído também devido a uma deficiência constitucional de algum dos seus componentes como o C2 e o C4. Exames de imagem RADIOGRAFIA: Muitas vezes é capaz de acertar o diagnóstico. Pacientes com história de trauma significativo ou dor óssea focal devem fazer radiografias para descartar fratura, tumor ou osteonecrose. Identifica-se 3 tipos básicos de artropatias no raio-X: 1. Inflamatórias: estreitamento uniforme do espaço articular e erosões tipo ¨mordida de rato¨ nos ossos da articulação. 2. Degenerativas: estreitamento não uniforme do espaço articular, osteófitos e eburnizaçao do osso subcondral (ossificação). 3. Metabólicas: espaço articular normal, erosões nas margens ósseas e massas de tecido mole. RESSONÂNCIA: Usada para diagnóstico de alterações osteoarticulares profundas, como quadris e ombros, que podem ser difíceis de detectar no exame físico. A ressonância magnética também pode ser usada para distinguir a sinovite de lesões ligamentares ou de outros tecidos moles ou anormalidades. USG: Mais para alterações de partes moles; Fornece uma técnica simples para a detecção de derrames articulares, e é mais sensível que o exame físico na detecção de sinovite. Também pode ser usado para orientar as aspirações e injeções articulares. Distingue com clareza inflamação, ruptura parcial ou total dos tendões, presença de líquido (derrame), erosões, corpos estranhos. Tomografia Computadorizada: Reservada para avaliação e colocação adequada da agulha para aspiração articular de áreas de difícil acesso, como quadril, articulações sacroilíacas ou esternoclaviculares. Artrite • Processo inflamatório da articulação, tendo como base anatomopatológica a sinovite (inflamação da membrana sinovial). • Podem ser de causas traumáticas, imunológicas, infecciosas, metabólicas, neoplásicas e paraneoplásicas. Caracteriza-se por: ❖ Aumento do volume articular (edema); ❖ Aumento da temperatura local; ❖ Dor; ❖ Rubor local; 11 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 Artrite infecciosa • Resulta da invasão direta das articulações (infecção na membrana sinovial e dos componentes do espaço articular) pelo agente microbiano, causando diferentes graus de atividade inflamatória e destrutiva que pode ser aguda, subaguda ou crônica; • A intensidade da agressão e a extensão do acometimento dependem muito do tipo de microrganismo invasor. • Microorganismos: bactérias, vírus ou fungos; • DIFERENCIAR DE ARTRITE REATIVA (Sínd. Reitter): Resulta de uma infecção, mas sem que haja invasão do espaço articular. São estéreis (patógeno não está dentro da articulação) e surgem frequentemente no período de convalescença de determinadas infecções, sendo originadas mais provavelmente por ação de complexos imunes circulantes. Geralmente está relacionada a uma infecção, do TGI ou TGU. Erupções cutâneas e olhos avermelhados também são comuns. Existem duas formas: uma causada pela clamídia (IST) e a outra que ocorre após infecção intestinal (Shigella, etc); • Mecanismos sobre os quais os patógenos podem atingir a articulação: ➢ Hematogênica - mais comum; ➢ Inoculação direta - traumas, artrocentese, artroscopia; ➢ Por contiguidade - osteomielite, celulite. Fatores de risco para artrite infecciosa: ❖ Lesão articular prévias (osteoartrose, artrite reumatoide); ❖ Câncer; ❖ Diabetes Mellitus; DRC; IR; cirrose hepática; ❖ Menstruação e gravidez (gonocócica); ❖ Idade > 60 anos; ❖ Infecções cutâneas; ❖ Uso de drogas ilícitas intravenosas; ❖ Cateter venoso profundo (ex.: hemodiálise); ❖ Imunossupressão (ex.: SIDA; glicocorticóides); ❖ Prótese articular; ❖ Hemoglobinopatias, hemofílicos; ❖ Doenças autoimunes (LES, AR); ❖ Alcoolismo; ❖ Uso de infliximab, etanercepte adalimumab – drogas inibidoras do TNF-alfa, utilizadas no tratamento da artrite reumatoide e doença de Crohn. Artrite infecciosa bacteriana • Também denominada como artrite séptica ou artrite infecciosa aguda. As bactérias são responsáveis pela grande maioria dos casos de artrite infecciosa. • Mais de 90% das vezes é monoarticular, sendo o local mais acometido o joelho, seguido do quadril, tornozelo, punho, ombro e articulação esternoclavicular. • Resulta de uma disseminação infecciosa hematogênica (processo infeccioso à distância causando bacteremia) e, menos comumente, de penetração direta (trauma, artrocentese, artroscopia) ou osteomielite contígua. • A passagem das bactérias do sangue para o espaço articular é facilitada pelo fato dos capilares sinoviais não possuírem membrana basal. • A penetração de bactérias no espaço articular gera uma resposta inflamatória mediada, principalmente, por neutrófilos. Horas depois, as bactérias já estão aderidas à cartilagem articular. Ocorre, então, liberação de proteases e citocinas pelos condrócitos e invasão da cartilagem pelas bactérias e células inflamatórias. • Isso aumenta a pressão intra-articular, levando a um derrame articular purulento, o qual predispõe à isquemia local, intensificando o processo destrutivo. As consequências desse processo são: • Perda da matriz extracelular da cartilagem; • Abcessos na cartilagem (pode levar a osteomielite - extensão para tecido ósseo); • Necrose da cartilagem sinovial e de osso subjacente. 12 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS E DIAGNÓSTICO • Em mais de 90% das vezes é monoarticular; • Ordem de acometimento: joelho (+ acometido), seguido do quadril, tornozelo, punho, ombro e articulação esternoclavicular; • Pequenas articulações das mãos: são raramente acometidas por artrite bacteriana, à exceção da infecção por gonococo, indivíduos com artrite reumatoide e osteoartrose da mão, bem como nos casos de mordedura humana ou animal (inoculação direta). • Artrite séptica aguda poliarticular: mais comum nos portadores de artrite reumatoide e LES, e acarreta um pior prognóstico (maior chance de incapacidade permanente). • Quadro clínico: Febre alta (39-40ºC); calafrios; flogose articular (dor, edema, rubor, calor e limitação funcional); impotência (perda do arco de movimento – dado fortemente sugestivo!!!); • Pacientes muito debilitados e imunodeprimidos (ex.: usuários de drogas citotóxicas, insuficiência renal ou hepática podem NÃO desenvolver um quadro de flogose tão exuberante, portanto, à menor suspeita clínica, uma artrocentese deve sempre ser realizada com o intuito de confirmar ou afastar o diagnóstico de artrite séptica). Artrite não gonocócica • É a forma mais perigosa e destrutiva de monoartrite aguda. • Staphylococcus aureus é responsável pela imensa maioria dos casos, seguido por outros cocos Gram- positivos (S. pyogenes, S. pneumoniae) e bacilos Gram-negativos (E. coli, Salmonella, Pseudomonas). H. influenzae só é comum em crianças entre um mês e cinco anos de idade não vacinadas. • Predomina em crianças, idosos, pacientes imunocomprometidos ou usuários de drogas endovenosas. • Durante a bacteremia, o principal fator de risco para o desenvolvimento da artrite bacteriana é a existência de lesão articular prévia (AR, osteoartrose). • Quadro clínico: geralmente monoartrite francamente inflamatória, súbita, associada a sinais sistêmicos de toxemia que acompanham qualquer infecção grave. Pacientes referem dor acentuada na articulação acometida. • Essas infecções geralmente afetam grandes articulações, como quadril e joelho, embora os pulsos e tornozelos também sejam comumente envolvidos. • EM QUALQUER MONOARTRITE PENSAR EM ARTRITE SÉPTICA NÃO GONOCÓCICA. Principalmente se for associada à febre alta, de início agudo e acentuada flogose articular. Líquido sinovial: ❖ Aspecto turvo ou purulento; ❖ Contagem leucocitária elevada (entre 25.000- 250.000/mm3); ❖ Em geral se observa > 80% de neutrófilos; ❖ Glicose baixa; ❖ Proteína total e LDH altos (não são tão úteis na avaliação diagnóstica, uma vez que outras formas de artrite aguda - por cristais, artrite reumatoide - se acompanham de alterações idênticas nestes marcadores bioquímicos). Diagnóstico: Fazer o mais cedo possível uma artrocentese (punção articular - PADRÃO OURO). Apesar da contagem leucocitária sugestiva (geralmente MUITO alta), só podemos confirmar o diagnóstico pelo estudo bacteriológico. Descartar possíveis focos à distância (via hematogênica): endocardite, pneumonia e furúnculos (através da anamnese, exame físico e métodos complementares). Artrocentese: • Solicitar: Análise do líquido sinovial - celularidade, pesquisa de cristais, cultura e bacterioscopia, PCR para TB (casos selecionados). • Indicações: Deve ser tentada em todos os pacientes com dor articular de causa desconhecida que apresentam derrame ou sinais sugestivos de inflamação na articulação. Na suspeita da artrite séptica ou microcristalina (gota), artrite de etiologia a esclarecer. • Contraindicações: RNI>3 pelo risco de sangramento ou lesão de pele ou celulite. 13 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 OBS. Artrite estafilocócica: bacterioscopia pelo GRAM, cultura do líquido sinovial e hemocultura POSITIVOS para GRAM-POSITIVOS; ↑ VHS P ↑ P persistência da infecção articular (reavaliar o paciente). Tratamento: • Oxacilina 2 a 4 semanas. Drenagem cirúrgica. Artrite gonocócica • Gonococcemia: causada pela Neisseria gonorrhoeae, um diplococo gram-negativo, sexualmente transmissível, implicado em casos de cervicite, salpingite, uretrite e proctite na mulher, e de uretrite e proctite no homem, e faringite gonocócica. • Predomínio em adultos (20-30 anos), sexualmente ativos. • Acomete mais as mulheres: sobretudo durante o período menstrual, a gestação ou no pós-parto. Apresenta 2 fases diferentes: Síndrome Artrite- Dermatite (fase poliarticular) e Artrite Supurativa (fase monoarticular). Síndrome Artrite-Dermatite (Fase Poliarticular): ▪ 2/3 dos casos o paciente começa assim. ▪ Fase gonococcemia; ▪ Quadro clínico: fase bacterêmica (48-72h), febre alta, calafrios e lesões de pele (pústulas ou vesículas indolores, com base eritematosa, frequentemente com centros necróticos ou hemorrágicos que preferem as extremidades, principalmente as mãos) + envolvimento poliarticular (artralgias/artrite). É comum tenossinovite, geralmente acometendo múltiplos tendões, principalmente nos punhos, tornozelos, mãos (dactilite), pés e tendão de Aquiles “Tendinite dos amantes ” ▪ Hemoculturas positivas e culturas do líquido sinovial, negativas. ▪ Neisseria pode ser encontrada em culturas de orofaringe, reto, cérvice e uretra. O gonococco raramente é isolado das lesões de pele. ▪ Tríade clássica: Poliartrite, tenossinovite e lesões cutâneas. Artrite Supurativa (Monoarticular): ▪ Monoartrite (ou oligoartrite com características semelhantes às da artrite séptica não gonocócica). ▪ 1/3 dos pacientes começam já com o quadro monoarticular. ▪ Há um predomínio das grandes articulações periféricas (joelho, tornozelo e punho). ▪ Hemoculturas negativas, mas as culturas do líquido sinovial (punção articular) podem identificar o gonococo em 30% dos casos. DIAGNÓSTICO: presuntivo, pois todos os exames bacteriológicos podem ser negativos. Sempre solicitar: ▪ Hemoculturas *Obrigatório na fase poliarticular ▪ Cultura do líquido sinovial *Na fase monoarticular é turvo/purulento, com leuco entre 10 e 100mil/m³, com predomínio neutrofílico, queda de glicose e aumento de LDH, VHS e PCR. ▪ Culturas de materiais colhidos da uretra, colo uterino, reto e orofaringe. Tratamento: Ceftriaxone 7 dias e associa azitromicina. Tratamento geral da artrite séptica ▪ Administração intravenosa de penicilina G cristalina, oxacilina e ceftriaxone. Evita-se a via 14 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 oral nos primeiros dias de tratamento, por ser menos eficaz. No início, o tratamento deve ser empírico, antes de dispormos dos resultados das hemoculturas e da cultura do líquido sinovial. ▪ Injeções de antibiótico diretamente dentro do espaço articular não são necessárias, podendo piorar a inflamação sinovial (sinovite asséptica, principalmente com a penicilina). ▪ RN: esquema de ATB empírico (oxacilina + gentamicina); ▪ Crianças ENTRE 1 mês - 5 anos: cefalosporina de 3ª geração (oxacilina + ceftriaxone); ▪ Crianças > 5 anos ou adultos: se detecta um foco cutâneo de infecção estafilocócica, o tratamento empírico poderá ser feito apenas com oxacilina. Pacientes com risco de artrite séptica por pneumococo (ex.: anemia falciforme), oxacilina + ceftriaxone. ▪ No caso de dúvida entre origem estafilocócica ou gonocócica: o tratamento empírico poderá ser feito com oxacilina + ceftriaxone. Artrite fúngica • O comprometimento osteoarticular é raro (5-10%) nas doenças fúngicas. • Em nosso meio, destaca-se a esporotricose como causa de monoartrite crônica indolente, provavelmente a causa mais comum de artrite fúngica. Espotricose • O fungo acomete indivíduos que trabalham na agricultura, expondo-se ao contato com o fungo. • A forma extracutânea é mais comum em diabéticos, alcoólatras, pneumopatas e imunodeprimidos. • Acomete preferencialmente o tecido osteoarticular e, em segundo lugar, o pulmão. Surge uma monoartrite, de evolução insidiosa, na ausência de qualquer outro sintoma, afetando uma das grandes articulações periféricas (joelho, tornozelo, punho ou cotovelo). • Diversas espécies de Candida podem causar monoartrite, relacionada à inoculação direta em procedimentos cirúrgicos ou de punção articular, ou à disseminação hematogênica. Diagnóstico e tratamento ▪ As artrites fúngicas entram no diagnóstico diferencial de qualquer monoartrite de curso tardio. ▪ O diagnóstico deve ser confirmado pelo exame micológico do líquido sinovial, 10.000-40.000 leucócitos, com cerca de 70% de neutrófilos. ▪ Algumas vezes, são necessárias várias punções articulares repetidas ou uma biópsia sinovial para se chegar ao diagnóstico. ▪ O tratamento normalmente é feito com anfotericina B, que deve ser feita pela via parenteral (sistêmica) e intra-articular (instilação local). Se preciso, pode realizar desbridamento cirúrgico. ▪ Nas infecções fúngicas de próteses articulares, a remoção é mandatória. Artrite viral • São causas importantes de poliartralgia/poliartrite aguda, diferenciando-se da artrite reumatoide apenas por terem um curso autolimitado, geralmente não ultrapassando seis semanas. • Acomete mais crianças e adultos jovens, com um nítido predomínio no sexo feminino. • Principais vírus: rubéola, o vírus atenuado da vacina da rubéola, o parvovírus B19, os vírus das hepatites A, B e C e o HIV. • Rubéola: A artrite é descrita em 30% das mulheres. Manifesta-se entre uma semana antes e uma semana depois do aparecimento do rash cutâneo. É uma poliartrite que acomete preferencialmente as articulações da mão, punhos e joelhos, constituindo uma síndrome reumatoide autolimitada. A duração média é de duas semanas. A poliartralgia é ainda mais comum do que a artrite (50%). O vírus vacinal da rubéola (atenuado) também é capaz de causar artrite, geralmente duas semanas após a vacinação. • Parvovírus B19: no adulto, esse vírus manifesta-se apenas com síndrome febril e um quadro poliarticular semelhante à artrite reumatoide. A duração varia entre 2-4 semanas. Não se conhece a patogênese da artrite por esse vírus. • Vírus da Hepatite B: um quadro de poliartralgia ou poliartrite semelhante à artrite reumatoide pode ocorrer na fase pré-ictérica da hepatite B aguda, 15 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 resolvendo-se à medida que o paciente melhora da síndrome gripal e entra na fase ictérica da doença. O mecanismo é a deposição sinovial de imunocomplexos contendo o HBsAg. • O diagnóstico das artrites virais é dado de forma presuntiva, através da sorologia. Um IgM positivo ou um aumento maior que quatro vezes dos títulos de IgG em 15-21 dias. • O tratamento é meramente sintomático. Artrites inflamatórias As artrites inflamatórias são aquelas em que há formação de tecido inflamatório nas articulações, sendo a principal representante a artrite reumatoide. Algumas vezes, esse tecido provoca lesão óssea ou neoformação óssea, que ficam evidentes nas radiografias. O aparecimento de sinais gerados pelas artrites inflamatórias nos exames de imagem ocorre em fases mais tardias da doença. Com isso, a ausência dos sinais que identificam essas patologias, não significa necessariamente que não existe a doença. Assim, a principal forma de diagnóstico é o exame físico bem feito e escuta atenta à história do paciente, buscando os sinais precoces da patologia. Avaliação articular Dor articular aguda: O primeiro exame a ser realizado em pacientes com dor articular aguda é o raio-X convencional, que irá identificar lesões ósseas. O segundo exame é a ultrassonografia, importante no diagnóstico de derrame articular e lesões nos tendões (tenossinovite) e bursas. A ressonância magnética (RM) também pode ser usada quando os outros exames não forem suficientes para o diagnóstico. Dor articular crônica: Para avaliar pacientes com dor articular crônica, o raio-X e a RM são os principais exames. A RM permite identificar alterações na medula óssea e estruturas articulares extraósseas (cartilagem, meniscos, etc). Artrite por cristais Gota • 80% dos ataques iniciais de gota aguda envolvem uma única articulação, geralmente na extremidade inferior, mais frequentemente na base do dedão do pé (primeira articulação metatarsofalangeana, conhecida como podagra), no mediopé, em tornozelo ou no joelho. • Há acúmulo de depósito de cristais de ácido úrico nas articulações devido a hiperuricemia, causando exacerbações inflamatórias dolorosas nas articulações ou ao seu redor. • É mais prevalente em homens de meia idade e mulheres pós-menopausa. • Geralmente ocorre dor intensa repentina em uma ou mais articulações, frequentemente durante a noite (isso porque o líquido de acumula na articulação durante o repouso, aumentando o ácido úrico), que piora progressivamente. A articulação fica edemaciada, quente e eritematosa, enrijecida. Outros sintomas que podem estar associados são febre, taquicardia, mal-estar e calafrios. • Os sinais de inflamação associados à gota aguda frequentemente se estendem além dos limites da articulação que está principalmente envolvida e, no pé ou tornozelos, podem dar a impressão de artrite em várias articulações contíguas, de tenossinovite ou celulite. • Após vários episódios pode resultar em deformidade. Há diminuição do arco de movimento. • OBS.: 20% das pessoas com gota desenvolvem cálculos renais compostos por ácido úrico, que podem também causar dores e bloqueio do trato urinário. A gota aumenta o risco de osteoartrite. • O fator desencadeante primário não foi a ativação de metaloproteinases e sim pelo excesso de ácido úrico precipitado. Ele é derivado de fatores de degradação normais, é o produto final do metabolismo das bases púricas. O ácido úrico é uma molécula produzida no nosso organismo de maneira solubilizada como urato monossódico, que circula e será eliminado na urina. Mas o que pode acontecer é a queda do pH, aumento da produção de ácido úrico e a queda da temperatura, promovendo aprecipitação desse urato monossódico, formando cristais indeterminados chamados tofos. • Esses cristais malformados (tofos) são interpretados pelos macrófagos residentes como antígenos. O macrófago fagocita esses cristais, gerando uma resposta inflamatória dentro do 16 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 macrófago, que se degranula (liberando interleucinas, prostaglandinas, proteases etc) recrutando novas células sanguíneas fagocíticas. Pseudogota • O joelho é a articulação mais comumente envolvida em pacientes com cristais de pirofosfato de cálcio di-hidratado (CPPD) (pseudogota). O punho, ombro, tornozelo e, ocasionalmente, articulações menores também podem ser alvos, e o envolvimento bilateral do punho é comum em pacientes mais velhos. Artrite reumatoide A artrite reumatoide (AR) é o principal tipo de artrite inflamatória, sendo uma doença generalizada do tecido conjuntivo, predominantemente do tecido articular. É potencialmente incapacitante, sendo mais comum em mulheres, na faixa dos 40-50 anos de idade, mas pode se apresentar em qualquer idade. Não possui causa definida, podendo ter início abrupto ou se instalar aos poucos. Os sintomas da AR costumam se iniciar nas articulações interfalangianas proximais, metacarpofalangianas e metatarsofalangianas, normalmente persistindo por pelo menos 6 semanas. Pacientes com AR também podem apresentar rigidez matinal prolongada (>60 minutos), poliartrite simétrica cumulativa, dor, aumento do volume articular, nódulos reumatoides e fator reumatoide sérico positivo, além de erosões ósseas. Outro importante ponto para o diagnóstico é a distribuição das articulações acometidas, que na maior parte dos pacientes começa nas pequenas articulações das mãos e pés, e depois afeta as grandes articulações. Na radiografia, aparecem a destruição articular, simétrica e bilateral, normalmente nas mãos, principalmente o carpo, que pode sofrer fusão completa. Há usualmente preservação das articulações distais, mas podem ocorrer subluxações (dedos tortos), edema periarticular e formação de cistos sinoviais, que são gânglios contendo líquido sinovial. Além disso, pés e joelhos também podem ser acometidos, e o tecido inflamatório que causa fragilidade das articulações pode gerar instabilidade na coluna também. Os principais exames para avaliação e acompanhamento de pacientes com artrite reumatoide é o raio-X de mãos e pés, principalmente, e a RM, que permite identificar alterações sinoviais e sinais precoces da doença, como erosões e edema de medula óssea. Achados do caso Alteração do volume articular • A dor aguda dos membros inferiores pode ter muitas causas; no entanto, deve-se suspeitar de artrite séptica, artrite induzida por cristal ou fratura quando a dor resultar em incapacidade de suportar peso ou está associada a inchaço dos tecidos moles e outros sinais de inflamação que se estendem muito acima ou abaixo da articulação envolvida. O aumento de volume de uma articulação pode ser devido a vários fatores: ▪ Edema de partes moles; ▪ Excesso de líquido sinovial (derrame intra- articular); ▪ Espessamento da membrana sinovial e da cápsula articular; ▪ Crescimento ósseo localizado (osteófitos, periostite). • Pelo tempo relatado, da topografia lesionada (articulação do tornozelo) e os sinais flogísticos podemos suspeitar de uma monoartrite inflamatória aguda. • OBS: monoartrite inflamatória aguda deve ser tratada como artrite séptica até que provem o contrário. • Como dito anteriormente, essa patologia pode ser decorrente de diversas etiologias. Relato de Corte superficial há 6 meses → suspeitar de uma infecção. • Exames laboratoriais: hemograma completo (pode revelar leucocitose), eletrólitos, creatinina sérica e exames de urina. • Exames de velocidade de hemossedimentação (VHS) e proteína C-reativa (PCR) - normalmente estão elevados • Na suspeita de artrite séptica, devemos solicitar uma hemocultura. 17 Beatriz Machado de Almeida Articulações e Artrites – Caso 4 • Artrocentese - principal exame para o diagnóstico de artrite séptica bacteriana. Diabetes x Artrite • De acordo com um relatório recentemente publicado foi descoberto que a artrite afeta mais da metade dos 20,6 milhões de americanos que atualmente têm diabetes. • A razão para a relação entre diabetes e artrite em si não é conhecida momentaneamente, embora este é um impedimento para essas pessoas se exercitarem, uma opção que ajuda a gerenciar ambas as doenças; Chá de arueira e banha de porco • Um artigo experimentou em ratos uma pomada caseira contendo a banha de porco, mas não ficou comprovada benefício em comparação com outra gordura vegetal utilizada. • As plantas medicinais indicadas para cicatrização de feridas, com comprovadas ações são Anacardium occidentale L.(cajueiro), Caesalpinia ferrea Mart. (pau-ferro), Casearia sylvestris Sw. (guaçatonga), Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira), Stryphnodendrom adstrigens (Mart.) Coville (barbatimão), Calendula officinalis L. (calêndula), Polygonum punctatum Elliott (erva-de-bicho), Coronopu didymus (L.) Smith (mastruço), Aloe Vera (L.) (babosa), Helianthus annuus (girassol).
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