Buscar

Tutoria - Articulações e artrite

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 17 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
Inflamação 
A inflamação aguda é rápida no início (tipicamente 
minutos) e de curta duração, persistindo por horas ou 
poucos dias. Suas principais características são a 
exsudação de fluido e proteínas do plasma (edema) e 
a migração de leucócitos, predominantemente 
neutrófilos. 
Componentes: 1 – Alteração no calibre vascular; 2 – 
Mudanças na microvasculatura; 3 – Emigração de 
leucócitos. 
Estímulos que disparam a inflamação aguda: Infecção, 
necrose tecidual, corpos estranhos, reações imunes. 
• Exsudação: Escape de fluídos, proteínas e células 
sanguíneas do sistema vascular para dentro do 
sistema intersticial ou cavidades corporais. Sua 
presença indica um aumento na permeabilidade dos 
pequenos vasos sanguíneos. 
• Transudato: É um fluído com baixo conteúdo 
proteico; é um ultrafiltrado de plasma por alteração 
osmótica sem aumento da permeabilidade vascular. 
• Edema: Excesso de fluído no tecido intersticial; 
pode ser transudato ou exsudato. 
• Pus: Exsudato purulento rico em leucócitos, 
células mortas e micróbios. 
A vasodilatação é a manifestação inicial da inflamação 
aguda. Pode seguir de uma constrição transitória de 
arteríolas. O fluxo sanguíneo aumentado causa o calor 
e vermelhidão no local da inflamação. A vasodilatação 
é induzida por mediadores (histamina e óxido nítrico). 
Segue-se então, o aumento da permeabilidade da 
microvasculatura com extravasamento de exsudato. 
Esses fatores levam a lentificação do luxo sanguíneo → 
Estase: Causa acúmulo dos leucócitos e neutrófilos ao 
longo do endotélio vascular que começam a expressar 
moléculas de adesão. Ocorre então a migração dessas 
células para dentro do tecido intersticial. 
Extravasamento de leucócitos e fagocitose 
No lúmen: marginação, rolamento e adesão ao endotélio. 
Na inflamação, o endotélio precisa ser ativado para 
permitir que ele se ligue aos leucócitos. Transmigração 
através do endotélio (diapedese). Migração nos tecidos 
intersticiais em direção ao estímulo quimiotático. 
Marginação: pela diminuição do fluxo sanguíneo 
durante o processo inflamatório, há um acúmulo de 
leucócitos na periferia do fluxo. 
Rolamento: esses leucócitos marginados vão se 
deslocando pelo endotélio se aderindo 
transitoriamente. 
Após a firme adesão dos leucócitos, esses se 
posicionam entre as células edoteliais e a membrana 
basal. 
Moléculas de adesão: P-selectinas e E-selectinas 
(presente na superfície interna do vaso); 
Imunoglobulinas (ICAM-1 e VCM-1); integrinas; 
glicoproteína semelhante a mucina. 
Diapedese: as quimiocinas agem nos leucócitos aderidos 
e estimulam as células a migrar através dos espaços 
endoteliais na direção do gradiente quimiotático (local 
da lesão). Esse processo ocorre predominantemente nas 
vênulas. No tecido extravascular os leucócitos se 
aderem à matriz extracelular através da ligação das 
integrinas beta e CD44 às proteínas da matriz. 
Quimiotaxia: locomoção ao longo de um gradiente 
químico. 
Padrões morfológicos da inflamação aguda 
• Inflamação Serosa: extravasamento exagerados 
de um fluido diluído, que pode ser derivado do 
plasma ou secreção de células mesoteliais. Ex. bolha 
cutânea de uma queimadura ou infecção virótica. 
• Inflamação Fibrinosa: se desenvolve quando o 
extravasamento vascular é grande ou quando há 
início da coagulação. É característico da inflamação 
dos tecidos que recobrem as cavidades corporais 
(meninges, pericárdio e pleura). As vezes aparece 
como uma malha eosinofília ou um coagulo amorfo. 
Pode gerar placas esbranquiçadas sobre as mucosas 
e serosas. 
• Inflamação Purulenta: caracterizada por grandes 
quantidades de pus consistindo de neutrófilos, 
células necróticas e edema. Bactérias que 
Articulações e Artrites 
 
2 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
produzem essa supuração → bactérias piogênicas. 
Ex. apendicite aguda. 
• Inflamação Ulcerativa: escavação da superfície de 
um órgão ou tecido, produzido pela esfoliação do 
tecido inflamatório necrótico. Ocorre mais 
frequentemente: necrose inflamatória da boca, do 
estômago, intestino e trato urogenitourinário; e 
inflamação subcutânea das extremidades inferiores 
em pessoas idosas com distúrbios circulatórios. 
Articulações 
• Articulação ou junta é uma região anatômica que 
estabelece contiguidade entre os ossos, entre 
cartilagem e osso, ou entre os dentes e os ossos. 
• É uma estrutura altamente diferenciada, composta 
por diferentes estruturas e tecidos, com funções 
distintas e complementares. 
• Todos os componentes de uma articulação são 
formados de tecido conjuntivo (tem função de 
enchimento, servindo para ligar órgãos e sistemas. 
Participa das atividades metabólicas, especialmente 
das trocas hídricas e iônicas). O TC é constituído 
de fibras colágenas, elásticas e reticulares. 
Classificação funcional 
• Sinartroses: junções de tecido conectivo 
extremamente fibroso que unem 2 
extremidades ósseas, com mínima ou 
nenhuma possibilidade de movimentação – o 
exemplo principal são as suturas cranianas; 
• Anfiartroses: fibrocartilagens adjacentes às 
extremidades ósseas, permitindo um 
grau pequeno de movimentação – os 
exemplos principais são os discos 
vertebrais, a sínfise púbica e a parte superior da 
articulação sacroilíaca; 
• Diartroses: conhecidas também como 
articulações sinoviais, possuem uma 
membrana sinovial e realmente um 
espaço articular, permitindo ampla 
movimentação. Maioria das articulações do corpo. 
Exemplos: Ombro, joelho, tornozelo e cotovelo. 
Tipos de articulações sinoviais 
• Articulações planas: movimentos de deslizamento 
no plano das faces articulares. Movimento limitado 
por suas cápsulas articulares firmes. As 
articulações planas são muitas e quase sempre 
pequenas. Um exemplo é a articulação 
acromioclavicular situada entre o acrômio da 
escápula e a clavícula; 
• Gínglimos: apenas flexão e extensão, movimentos ao 
redor de um único eixo transversal, uniaxiais. A 
cápsula é fina e frouxa nas partes anterior e 
posterior onde há movimento; entretanto, os ossos 
são unidos lateralmente por ligamentos colaterais 
fortes. A articulação do cotovelo; 
• Articulações selares: permitem abdução e adução, 
além de flexão e extensão, movimentos que 
ocorrem ao redor de dois eixos perpendiculares, 
biaxiais. Também é possível fazer esses movimentos 
em uma sequência circular (circundução). As faces 
articulares opostas têm o formato semelhante a uma 
sela (isto é, são reciprocamente côncavas e 
convexas). A da base do polegar; 
• Articulações elipsóideas: flexão e extensão, além 
de abdução e adução, biaxiais. No entanto, o 
movimento em um plano (sagital) geralmente é 
maior (mais livre) do que no outro. Também é 
possível realizar circundução, mais restrita do que 
nas articulações selares. As articulações 
metacarpofalângicas são elipsóideas; 
• Articulações esferóideas: permitem movimento em 
vários eixos e planos: flexão e extensão, abdução 
e adução, rotação medial e lateral, e circundução; 
multiaxiais. Altamente móveis, a superfície move-
se na cavidade de outro. A cabeça do fêmur, que é 
esférica, gira na cavidade formada pelo acetábulo do 
quadril; 
• Articulações trocóideas: permitem rotação em 
torno de um eixo central, uniaxiais. Nessas 
articulações, um processo arredondado de osso gira 
dentro de uma bainha ou anel. O atlas (vértebra C 
I) gira ao redor de um processo digitiforme, o dente 
do áxis (vértebra C II), durante a rotação da 
cabeça. 
Cartilagem articular 
• Cartilagem articular hialina; 
• Recobre as extremidades ósseas das articulações 
diartrodiais; 
• Tecido altamente diferenciado, desprovido de 
vascularização e inervação; 
 
3 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
• Sua nutrição depende dos fluidos articulares e da 
nutrição por difusão do osso adjacente.• A sinalização álgica dos processos destrutivos para 
a cartilagem depende, principalmente, da 
estimulação do osso subcondral e da membrana 
sinovial; 
Constituição: 
• Matriz extracelular: Principal componente, 
formada por macromoléculas; principalmente 
colágeno e os proteoglicanos; e água; 
• Condrócitos: pequena população, conferem à 
mesmas características especiais de elasticidade 
e compressibilidade para ser capaz de resistir às 
poderosas forças de impacto e fricção a que estão 
submetidas as articulações móveis; 
Outros: Proteoglicanos, colágeno (Principal componente 
da matriz). O principal é o tipo II – 85%. Confere 
resistência; diferenciação, adesão, migração e 
proliferação celular; atividade antigênica em processos 
imunológicos). 
Metabolismo da cartilagem: Controlada pelo 
condrócito, que apresenta um metabolismo bastante 
ativo, mas que passa a ser insuficiente em algumas 
situações de maior demanda porque estão presentes em 
pequeno número. 
Sinóvia (membrana sinovial) 
Contém os sinoviócitos que são secretantes do líquido 
sinovial, responsável pela lubrificação e nutrição da 
cartilagem. Os sinoviócitos assemelham-se a 
macrófagos e participam do mecanismo inflamatório 
sinovial. Tais células são revestidas por um tecido 
conjuntivo frouxo, rico e vascular. As funções da 
membrana são das mais diversas; mantém 
estabilidade, receptor de sensibilidade, fagocitose, 
produção de líquido sinovial, barreira de filtração. A 
sinóvia secreta moléculas especializadas no líquido 
sinovial, tais como ácido hialurônico. 
As células da membrana sinovial ficam inundadas por 
matriz extracelular rica em colágeno tipo I e 
proteoglicanos e são compostas majoritariamente por 
2 tipos: sinoviócito tipo A (células com ação fagocítica) 
e sinoviócito tipo B (derivadas fibroblásticos – 
sintetizam matriz extracelular e o líquido sinovial). A 
membrana sinovial possui capilares sanguíneos e 
linfáticos, nervos e ainda pode ser habitada por células 
dendríticas e mastócitos. 
O líquido sinovial produzido pelos sinoviócitos é rico em 
ácido hialurônico, seu principal componente, que garante 
a viscosidade característica vista na artrocentese. A 
perda da viscosidade pode simbolizar o aumento de 
proteínas no espaço articular, simbolizando um líquido 
eventualmente inflamatório. 
Fator de agressão → vasodilatação → acúmulo de 
células inflamatórias → migração destas células para 
cavidade articular → edema → acúmulo de 
mononucleares → hipertrofia da camada de 
sinoviócitos → enzimas erosivas. 
Frente a um fator de agressão, ocorre rápida resposta, 
que inclui vasodilatação, acúmulo de células 
inflamatórias, principalmente polimorfonucleares na 
fase aguda, e migração desses elementos celulares 
para a cavidade articular. Existe uma passagem do 
edema para o meio intra-articular, que dilui o líquido 
sinovial, reduzindo sua viscosidade. Numa fase crônica, 
ocorre o acúmulo de mononucleares, por vezes numa tal 
quantidade, que simulam folículos linfóides. Existe uma 
hipertrofia da camada de sinoviócitos. O líquido 
sinovial da membrana inflamada carreia também uma 
série de enzimas capazes de erodir o osso e causar 
osteopenia, erosões e cistos. Os processos imuno-
inflamatórios reumáticos da articulação acontecem na 
sinóvia. 
As respostas dos principais tecidos da articulação são 
organizadas pelos linfócitos, macrófagos, sinoviócitos, 
mastócitos, células endoteliais, fibroblastos. 
condrócitos e neutrófilos. Através da sua interferência, 
ocorre produção e liberação de diversas citocinas que 
modularão a resposta tecidual. No processo 
inflamatório articular por exemplo, a membrana sinovial 
torna-se inflamada, o osso sofre reabsorção, existe 
proliferação do tecido conjuntivo e degradação da 
cartilagem articular. 
Líquido sinovial 
• Formado por ultrafiltrado do plasma + 
glicoproteínas (confere o caráter viscoso) secretado 
pelas células sinoviais. 
• Sua composição líquida é semelhante ao soro, 
porém com uma concentração ligeiramente inferior 
de alguns de seus constituintes como a glicose. 
 
4 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
• Lubrificante quase perfeito por causa das moléculas 
de ácido hialurônico, um polímero de sacarídeos 
neutros; 
• É viscoso, translúcido e compõe-se de muita água. 
• Sua coloração normal é amarelo transparente, 
límpido, alcalino, similar a clara de ovo. 
• Sua quantidade normal varia de 0,5 a 2ml. 
• Composição: proteínas, glicose, eletrólitos, 
células, ácido hialurônico. 
• Funções: redução do atrito pela lubrificação da 
articulação, absorção de impactos, fornecimento 
de oxigênio e nutrientes e remoção de dióxido de 
carbono e resíduos metabólicos dos condrócitos 
dentro da cartilagem articular. Contém células 
fagocíticas que removem micróbios e resíduos 
resultantes do uso e desgaste da articulação. 
 
Propedêutica Reumatológica 
Abordagem da articulação 
Os sintomas mais comuns das enfermidades 
articulares são: 
• DOR (artralgia): Pode ser aguda (gota, bursite, 
artrite séptica) ou crônica (artrite reumatóide, 
artrose), em peso (artrose) ou cruciante (gota, 
artrite séptica). 
• SINAIS INFLAMATÓRIOS (artrite) 
• RIGIDEZ PÓS-REPOUSO (matinal): em geral está 
presente em enfermidades inflamatórias. Resulta 
do acúmulo de substâncias produzidas no local 
durante o repouso. 
• CREPITAÇÃO ARTICULAR: sinal característico de 
comprometimento da cartilagem articular. Indica 
processo articular degenerativo, com 
comprometimento da cartilagem hialina. 
• MANIFESTAÇÕES SISTÊMICAS: febre, astenia, 
perda de peso e anorexia – são frequentes nas 
doenças difusas do tecido conjuntivo como as 
colagenoses - AR, moléstia reumática, lúpus, 
esclerose, engiite necrosante. Na vigência de 
manifestações extra-articulares como 
glomerulonfrite, úlcera bucal, inflamação ocular e 
neuropatia periférica, sugere-se que a artrite é uma 
manifestação de uma doença reumática sistêmica 
ou vasculite. 
Exame físico 
• INSPEÇÃO: buscar assimetria, reconhecer 
aumento de volume, rubor, desalinhamento 
articular, deformidades, atrofia muscular (sugere 
bloqueio articular por tempo prolongado), nódulos. 
Observa-se também a marcha. 
• PALPAÇÃO: é possível determinar causa do 
aumento do volume articular (derrame sinovial ou 
hipertrofia óssea), presença de pontos 
hipersensíveis, tumorações, aumento da 
temperatura (sinais inflamatórios sugerem 
artrite), busca de fraqueza e crepitações. 
Pesquisar nódulos subcutâneos, pois esses podem 
revelar nódulos reumatoides ou tofos sugestivos de 
artrite reumatoide ou gota, respectivamente. O 
eritema nodoso, principalmente sobre as canelas, 
pode indicar uma periartrite do tornozelo que pode 
ser observada em alguns pacientes com sarcoidose. 
 
 Movimentação: 
❖ ADM ativa: Movimento da articulação iniciado pelo 
paciente. Testa a função integrada e requer a 
inervação intacta e o funcionamento do músculo e 
do tendão, assim como a mobilidade da articulação. 
❖ ADM passiva: Movimento de uma articulação 
iniciado pelo examinador. Testa apenas a 
mobilidade. 
Amplitude de movimento ativa reduzida com amplitude 
de movimento passiva preservada: sugere distúrbios 
dos tecidos moles, como bursite, tendinite ou lesão 
muscular. 
Se, por outro lado, as amplitudes de movimento ativa e 
passiva são diminuídas: então possivelmente há 
contratura do tecido mole, sinovite e uma anormalidade 
estrutural da articulação. 
Objetivo mais importante do exame físico em um 
paciente com dor monoarticular: Estabelecer a 
presença ou ausência de derrame ou sinovite. A 
 
5 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
detecção de uma efusão ou sinovite limita o diferencial 
para as artrites inflamatórias (incluindo infecção) e 
doenças reumáticas sistêmicas. 
As marcas de sinovite incluem: 
• Edema dos tecidos moles, calor e derramearticular. 
Achados do exame físico: 
• Dor articular - não é suficiente para diagnóstico de 
artrite 
• Eritema - sugere infecção ou artrite microcristalina 
• Edema - sinal definitivo de artrite e pode ser 
ocasionado tanto por derrame articular (excesso de 
líquido sinovial) quanto por membrana sinovial 
inflamada e edemaciada (sinovite). 
• Crepitações - fina (sinovite proliferativa crônica) ou 
grosseira (aspereza ou perda da superfície hialina). 
• Dano e deformidade: sinais de artrite prévia ou de 
lesão (frouxidão dos ligamentos, subluxação 
articular, ruptura de tendão ou contratura). 
 
Relação com idade e sexo 
❖ As doenças difusas do tecido conjuntivo acometem 
mulheres jovens, já a partir da adolescência; 
❖ A artrite reumatóide envolve mulheres adultas; 
❖ As artropatias soronegativas predominam em 
homens jovens, com exceção da artrite psoriática; 
❖ A osteoartrite atinge indivíduos a partir da quarta 
e quinta década, com discreta predominância no 
sexo feminino; 
❖ A gota atinge quase que exclusivamente homens 
acima dos 40 anos; 
❖ A febre reumática acomete crianças e 
adolescentes; 
❖ A fibromialgia acomete mulheres adultas; 
❖ O reumatismo de partes moles tem distribuição 
mais universal, dependendo mais de fatores 
ocupacionais que idade e sexo; 
❖ A osteoporose incide em mulheres idosas. 
 
Manifestações articulares 
• A artrite, por representar um processo mais 
evidente, e ser passível de identificação ao exame 
físico, é mais valorizada na elaboração diagnóstica; 
São mais específicas, permitindo o diagnóstico de 
doenças como a artrite reumatóide, artropatias 
soronegativas, microcristalinas e infecciosas; 
• Artralgias são inespecíficas, ganhando significado 
se presentes na mesma articulação por um período 
prolongado. Podem sugerir uma osteoartrite, 
distúrbios mecânicos (neuropatias, instabilidade) e 
mesmo doenças difusas do tecido conjuntivo nas 
fases iniciais; 
Anamnese: Número de articulações envolvidas, 
simetria, duração, topografia, sinais flogísticos, rigidez 
matinal, tipos de dor, tempo de seguimento, 
intensidade, evolução, localização. 
Número de articulações envolvidas: 
• Monoarticular: 1 (gota, infecciosas, algumas 
osteoartrites); 
• Oligoarticular: 2-4 (artropatias soronegativas, 
osteoartrite, febre reumática); 
• Poliarticular: > 4 (doenças difusas do tecido 
conjuntivo, osteoartrites e algumas artropatias 
soronegativas. 
Simetria: 
• Simétrica: artrite reumatóide e doenças difusas do 
tecido conjuntivo; 
• Assimétrica: artropatias soronegativas e 
microcristalinas; 
Duração: 
• Aguda (horas ou dias): Os quadros agudos sugerem 
artropatias relacionadas a trauma, artrites 
microcristalinas, artrites infecciosas e trans-
infecciosas, reumatismo de partes moles. 
• Crônica (em geral > 6 semanas): Os crônicos 
sugerem artropatias inflamatórias crônicas ou seja, 
artrite reumatóide, artrites soronegativas e 
doenças difusas de tecidos conjuntivo. Pensar em 
inflamação persistente, questionar se: Rigidez 
matinal prolongada, edema, sinais sistêmicos, 
elevação de marcadores inflamatórios (VHS/PCR). 
Se ausentes → Artrite não inflamatória crônica – 
OSTEOARTRITE. Se presentes → Artrite 
inflamatória crônica. 
 
6 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
Topografia: 
• Axial: coluna, inter-apofisárias, intervertebrais, 
costo-vertebrais, esternoclavicular, esterno-
costais e sacroilíacas. O acometimento axial sugere 
artropatias soronegativas, osteoartrite e 
eventualmente casos de artrite reumatóide com 
envolvimento cervical. 
• Periférica: as demais articulações. 
Tipos de sinais flogísticos: 
• Edema: corresponde à sinovite, e caracteriza-se por 
apresentar consistência de borracha macia à 
palpação. 
• Eritema e calor: geralmente presentes em casos 
mais graves. 
• Derrame articular (líquido 
intra-articular): O derrame 
apresenta consistência cística 
à palpação. No joelho o 
derrame produz o sinal da tecla que é o movimento 
que a patela faz quando pressionada para baixo 
até impactar no fêmur. 
• Rigidez matinal: É a sensação de lentificação da 
articulação. É característica quando atinge as 
pequenas articulações das mãos. Observada nas 
doenças inflamatórias articulares crônicas. É 
medida em tempo: > 30 minutos passa a ter 
importância clínica mais significativa, e > 60 
minutos, integra os critérios diagnósticos da 
artrite reumatóide. 
Tipo de dor: 
• Inflamatória: tende a ser mais contínua, e pode 
acontecer no repouso noturno. É característica das 
artropatias inflamatórias crônicas. 
• Mecânica: relacionada ao movimento. Ocorre no 
início do movimento ou quando ele é executado de 
modo mais prolongado. Tende a ser mais frequente 
após longos períodos de permanência na mesma 
posição. Ocorre principalmente nas articulações de 
carga (joelhos, quadris e coluna). 
Neste caso, o paciente queixa-se de dor e rigidez ao 
levantar-se após longo período sentado. 
Intensidade: A dor guarda habitualmente relação com 
o grau de inflamação e destruição articular, sendo, 
portanto, mais intensas nas artropatias erosivas como 
a artrite reumatóide soronegativas, microcristalinas e 
infecciosas; 
Evolução: 
• Progressiva: (artrite reumatóide e artropatias 
soronegativas). 
• Surtos (febre reumática). 
• Comportamento episódico, auto-limitado: (artrites 
microcristalinas); 
Localização: 
• Dores difusas sugerem processo não articular, 
como miopatias, fibromialgia e síndromes 
miofaciais. 
• Dores localizadas ocorrem nas artrites e 
reumatismo de partes moles. 
• Dores regionais do tipo queimação, ou 
acompanhadas de parestesias sugerem 
envolvimento neurológico (vasculites, 
neuropraxias). 
Inflamação: 
• Não inflamatórias: Sem sinais flogísticos (calor, 
rubor, dor, tumor/edema ou diminuição da 
função). Sintomas como a dor, piora com atividade 
e melhora com repouso; rigidez matinal mínima (30 
minutos); contagem de leucócitos no líquido sinovial 
<2000 (artrocentese, coleta do líq. Sinovial); VHS e 
PCR geralmente são normais. 
OSTEOARTIRTE é a principal causa de monoartrite 
não inflamatória, principalmente na articulação do 
joelho ou no quadril. O DM é a causa subjacente mais 
comum de Artropatia neuropática e deve ser 
considerado em um paciente diabético com artrite do 
pé, tornozelo ou joelho. 
• Inflamatórias: sinais flogísticos presentes; dor e 
rigidez articular matinal superior a 60 min; piora 
pela manhã ou após períodos de inatividade; 
melhora sintomas após atividade; Contagem de 
leucócitos no líq sinovial >2000; PCR elevado. 
Ao exame: as grandes articulações podem estar 
quentes quando gravemente inflamadas (ex. gota aguda 
ou atrite séptica); pode haver eritema da pele 
sobrejacente. Investigações laboratoriais 
frequentemente revelam uma VHS elevada e um nível 
alto de PCR. 
 
7 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
Causas inflamatórias: ARTRITE SÉPTICA OU 
ARTRITE GONOCÓCICA. Apresenta dor significativa 
na articulação infectada. Tem também a artrite 
tuberculosa. 
Manifestações extra articulares 
 Peles e mucosas: É um dos tecidos mais afetados 
nas doenças reumáticas, provavelmente devido a 
abundância de tecido conjuntivo. 
Fotossensibilidade, alopécia, esclerodermia 
(espessamento da pele, com diminuição das rugas), 
fenômeno de Raynaud (mudança de cor dos dedos), 
vasculite cutânea, eritema nodoso, lúpus discóide, 
livedo reticular, nódulos subcutâneos, tofos, 
calcinose, telanfiectasias, lesões psoriáticas, 
púrpura, equimoses e hematomas, úlceras 
mucosas, eritema palmar, heliotropo (coloração 
eritêmato violácea nas pálpebras) e gottron 
(eritema na face dorsal das articulações das mãos e 
cotovelos). 
 Coração e pulmões: Pleurite e pericardite, 
pneumonite intersticial, valvulites, cardite, 
hipertensão arterial, hipertensão pulmonar. 
 Aparelho genitourinário: Nefrites,cistites, 
uretrites, cervicites. 
 Sistema Digestório: Disfagia, DRGE, diarreia, 
xerostomia. 
 Olhos: Conjuntivite, uveíte, irite, iridociclite, 
xeroftalmia, episclerite. 
 Sistema nervoso: Neuropatias, convulsões, coréia. 
Abordagem do paciente com artrite 
Sintomas condicionais 
• Presença de febre levanta a possibilidade de 
infecção, a maioria dos pacientes com artrite 
séptica e infecção gonocócica disseminada; 
• A febre também pode acompanhar a artrite não 
decorrente de infecção ativa; 
• Uma perda significativa de peso é comum na 
apresentação inicial de artrite reativa, vasculite 
sistêmica, artrite enteropática e artrite 
paraneoplásica, mas é incomum na artrite 
reumatoide de início recente; 
• Sintomas constitucionais raramente acompanham as 
formas não inflamatórias da artrite. 
Condições comórbidas 
• Pacientes com diabetes melito de longa data e 
pouco controlado apresentam um risco maior para 
artropatia de Charcot nos pés e mobilidade 
articular limitada nas mãos; 
• Certos medicamentos podem desencadear lúpus 
induzido por fármacos, que pode apresentar-se como 
uma poliartrite, frequentemente com serosite. O 
ressurgimento do uso de hidralazina para o 
tratamento de hipertensão levou a um aumento da 
incidência de lúpus induzido por hidralazina, assim 
como da vasculite grave associada com anticorpo 
anticitoplasma de neutrófilo (ANCA), induzido pela 
hidralazina; 
• Um tratamento anterior com glicocorticoide e o 
abuso de álcool são os principais fatores de risco 
para osteonecrose, que comumente se apresenta 
como dor no quadril; 
• O uso de drogas injetáveis traz o risco de artrite 
séptica, endocardite e infecção com hepatite B, 
hepatite C e HIV – todas associadas com condições 
reumáticas. 
História familiar 
• Uma história familiar positiva, particularmente 
entre parentes de primeiro grau, aumenta a 
probabilidade de certas formas de artrite; 
• É notável que o risco de espondilite anquilosante 
para crianças ou irmãos de um paciente com 
espondilite anquilosante é 75 vezes maior do que o 
risco da população em geral; 
• O risco relativo para LES entre parentes de 
primeiro grau varia de 20 a 30; 
• Uma história familiar positiva de artrite 
reumatoide é menos útil. 
Tipos de acometimentos 
 SINOVITE INFLAMATÓRIA: 
❖ Inflamação da membrana sinovial que reveste a 
articulação. 
❖ Típica das poliartrites inflamatórias como AR, LES 
e outras doenças autoimunes. 
❖ Inflamação sinovial é a característica clínica 
dominante da AR, podendo acarretar dano 
articular irreversível. 
 
8 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
❖ A presença de envolvimento de múltiplos órgãos 
deve levar à suspeita clínica de uma doença 
autoimune sistêmica. 
 
 SINOVITE INDUZIDA POR CRISTAIS: 
❖ Os cristais de urato monossódico (gota), 
pirofosfato de cálcio (pseudogota) ou 
hidroxiapatita são capazes de induzir uma reação 
inflamatória aguda no líquido sinovial e na sinóvia. 
❖ Normalmente afeta apenas uma ou, no máximo, 
algumas articulações de uma só vez. 
❖ A aspiração articular e a análise do líquido sinovial, 
utilizando microscopia de luz polarizada para 
pesquisa de cristais, estabelecem o diagnóstico. 
 
 MIOPATIA INFLAMATÓRIA: 
❖ Polimiosite, dermatomiosite e miosite por 
corpúsculo de inclusão. 
❖ Inflamação e a fraqueza (em geral indolor) dos 
músculos esqueléticos proximais. 
❖ Níveis elevados de creatinoquinases, 
anormalidades eletromiográficas e anormalidades 
histopatológicas características na biópsia muscular 
estão presentes. 
Exames complementares 
Os exames complementares muitas vezes são 
coadjuvantes. Por vezes podem apresentar maior 
potencial de confirmação de uma doença, ou mesmo 
serem altamente específicos, mas via de regra, devem 
ser interpretados em conjunto com dados clínicos de 
modo criterioso. 
Laboratoriais 
▪ HEMOGRAMA: Deve ser considerado quando 
houver suspeita de doença multissistêmica com 
base na história e exame físico. 
▪ PROVA DE ATV. INFLAMATÓRIA: PCR, VHS, 
ASLO, FR, FAN, ácido úrico. Os testes e VHS e 
PCR podem ser mais úteis em pacientes com um 
exame articular ambíguo; neste cenário, uma VHS 
ou PCR elevada torna mais provável uma artrite 
inflamatória. 
▪ ELETRÓLITOS; 
▪ CREATININA SÉRICA. 
PROVAS DE FASE AGU DA 
São alterações em substâncias séricas produzidas sob 
a influência de citocinas, em grande parte pelo fígado, 
frente a vários estímulos, principalmente pelos que 
causam dano tecidual. Não são específicas. Elas podem 
estar relacionadas também a situações não 
inflamatórias. 
Proteína C reativa: é importante por desempenhar uma 
ação inespecífica, porém rápida frente a agressões 
infecciosas e de outra natureza. É uma das provas de 
fase aguda mais utilizadas na prática, prestando-se 
também como parâmetro de monitorização terapêutica. 
Velocidade de hemossedimentação: essa velocidade 
pode ser acelerada pela presença de proteínas de 
carga assimétrica como o fibrinogênio e as 
imunoglobulinas e outras substâncias de fase aguda. 
Trata-se, portanto, de uma avaliação indireta, que capta 
a influência de uma série de outras substâncias, bem 
como situações fisiológicas, o que a torna sensível mas 
pouco específica. Exceção deve ser feita a valores muito 
elevados, próximos a 100 mm/h verificados na arterite 
temporal. 
Alfa-1 glicoproteína ácida: Eleva-se 12 horas após a 
lesão tecidual. Substituiu a dosagem da mucoproteína, 
por ser mais específica. 
Eletroforese de proteínas: engloba todas as proteínas 
séricas. Nas frações alfaglobulinas estão a maioria das 
proteínas de fase aguda. A proteína C reativa por 
exemplo corre em alfa 2 e a alfa 1, glicoglobulina ácida 
corre em alfa 1. Nos processos inflamatórios verifica-
se um aumento na fração alfa 2, e nos casos crônicos, 
um aumento policlonal das gamaglobulinas e diminuição 
da albumina. 
Outras: várias substâncias também se elevam na fase 
aguda da lesão tecidual, porém são menos utilizadas na 
prática. São exemplos: fibrinogênio, ferritina, 
complemento, haptoglobina, amilóide sérico A. 
Análise do líquido sinovial 
▪ Deve ser enviado para cultura (de bactérias, 
micobactérias e fungos), contagem de células, 
coloração de Gram e pesquisa de cristais por 
microscopia de luz polarizada. 
▪ Maior quantidade reflete a presença de processo 
patológico. Independentemente da causa, o 
 
9 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
mecanismo básico do aumento é a ALTERAÇÃO DA 
PERMEABILIDADE CAPILAR. 
▪ O líquido normal tem no máximo 200 células. 
▪ Pacientes com monoartrite inflamatória e culturas 
negativas para bactérias: pesquisar doença de 
Lyme e reatividade ao PPD. 
▪ O principal objetivo da análise do líquido sinovial é 
estreitar o diagnóstico diferencial, categorizando 
o derrame como não inflamatório, inflamatório, 
hemorrágico ou séptico. 
▪ Se houver suspeita clínica de infecção articular, a 
coloração de Gram e cultura do líquido sinovial 
devem ser solicitadas. A menos que haja 
características clínicas que sugiram infecção 
gonocócica, micobacteriana ou fúngica, as culturas 
bacterianas de rotina para bactérias aeróbias e 
anaeróbias são geralmente apropriadas. Se houver 
suspeita de infecção gonocócica, o laboratório de 
microbiologia deve ser informado para que o meio 
apropriado possa ser usado para melhorar o 
rendimento. 
▪ Os estudos químicos do líquido sinovial, como as 
concentrações de glicose, lactato desidrogenase 
ou proteína, têm apenas valor limitado; uma redução 
na concentração de glicose e elevação no nível de 
lactato desidrogenase (LDH) são consistentes com 
infecção bacteriana, mas não são suficientemente 
sensíveis. 
 
Fator reumatóide 
O fator reumatóide é um anticorpo das classes IgM, 
IgG ou IgA, contra a porção Fc de uma IgM. 
Aproximadamente 60 a 75% dos pacientes com artrite 
reumatóide apresentam esseauto anticorpo, e sua 
presença e título guardam certa correlação com 
manifestações extra-articulares e agressividade do 
envolvimento articular. Em alguns pacientes pode haver 
uma redução nos níveis de fator reumatóide quando há 
controle da doença, mas não é uma regra. O fator 
reumatóide não é específico da artrite reumatóide. 
Até 5% dos indivíduos normais podem apresentar 
fator reumatóide em baixos títulos, e sua prevalência 
e nível aumentam com a idade, alcançando até 16% aos 
65 anos. Também pode estar presente em outras 
doenças reumáticas como nas doenças difusas do 
tecido conjuntivo (principalmente a síndrome de 
Sjögren, mas também no lupus, esclerose sistêmica 
progressiva e doença mista do tecido conjuntivo), 
doenças infecciosas (endocardite bacteriana, 
tuberculose, lues, hepatite), doenças pulmonares 
(pneumoconiose, sarcoidose, doenças intersticiais) e 
neoplasias (leucemia, adenocarcinoma de cólon). 
Geralmente o título do fator reumatóide é mais baixo 
fora da artrite reumatóide e da síndrome de sjögren. 
Portanto, quando um paciente apresenta fator 
reumatóide positivo, o diagnóstico deve levar em conta 
o título, a idade, e principalmente as manifestações 
clínicas. Nesse aspecto, não é um exame de 
confirmação diagnóstica. 
Anti peptídeo citrulinado cíclico (CCP) 
O CCP é um auto anticorpo presente em 80 a 90 % dos 
casos de artrite reumatóide, diferindo deste por ser 
muito mais específico, além de poder anteceder a 
eclosão clínica da doença. Pode estar presente na 
artrite reumatóide com fator reumatóide negativo. 
Fator antinuclear (FAN) 
Designa uma família de auto-anticorpos contra 
constituintes celulares nucleares. A pesquisa do FAN é 
realizada por um teste de triagem pela técnica da 
imunoflorescência indireta, utilizando como substrato 
células de fígado de camundongo (FAN clássico) e células 
Hep 2. Quando positivo, realiza-se a tipagem de 
anticorpos específicos como ant-DNA, anti-Sm, anti-
Ro, etc. Estão presentes em 99% dos casos de lúpus e 
em frequência variável nas doenças difusas. 
O FAN não é específico do lúpus ou de doenças auto-
imunes. Pode ocorrer em indivíduos saudáveis e em 
outras doenças não reumáticas e não auto-imunes. Na 
interpretação do FAN positivo, deve-se levar em conta 
o título, o tipo (alguns são específicos e outros pouco 
ou inespecíficos) e o contexto clínico. 
 
10 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
Anti-estreptolisina (ASLO) 
São os anticorpos decorrentes de uma estreptococcia, 
ou seja, são uma evidência de uma infecção pregressa 
ou atual, e não uma confirmação de febre reumática 
ou outra doença reumatológica. A ASLO eleva-se em 
85% das infecções estreptocóccicas, e permanece 
desta forma durante aproximadamente 2 meses, 
decaindo lentamente em 6 meses. 
Ácido úrico 
O ácido úrico tende a aumentar após os 40 anos e os 
maiores níveis ocorrem nos homens. O limite é de 7 
mg/100 ml, que representa o ponto de saturação máxima 
nos fluídos fisiológicos. A prevalência de hiperuricemia 
na gota chega a 97% e nos indivíduos normais é de 
5%. Numa amostra populacional aleatória, a 
hiperuricemia não estará relacionada à gota em 90% 
dos indivíduos. A dosagem do ácido úrico presta-se para 
o diagnóstico e seguimento terapêutico da gota. Na 
gota, utiliza-se também a dosagem do ácido úrico na 
urina de 24 horas para se determinar o melhor tipo de 
tratamento. 
Complemento 
O sistema complemento engloba várias proteínas, que 
podem ser ativadas numa sequência, através de uma via 
clássica que se inicia por C1 e por uma via alternativa, 
através do C3. A avaliação do complemento objetiva a 
detecção do consumo que ocorre em doenças onde 
haja formação de imunocomplexos (principalmente o 
lupus e a glomerulonefrite). Habitualmente verifica-se 
o nível do complemento total (CH50), C3 e C4. É útil 
para a detecção de atividade do lúpus e para 
monitorizar a resposta ao tratamento. Pode estar 
também diminuído eventualmente em outras doenças 
autoimunes nas quais haja formação de 
imunocomplexos. Pode estar diminuído também devido a 
uma deficiência constitucional de algum dos seus 
componentes como o C2 e o C4. 
Exames de imagem 
RADIOGRAFIA: Muitas vezes é capaz de acertar o 
diagnóstico. Pacientes com história de trauma 
significativo ou dor óssea focal devem fazer 
radiografias para descartar fratura, tumor ou 
osteonecrose. Identifica-se 3 tipos básicos de 
artropatias no raio-X: 
1. Inflamatórias: estreitamento uniforme do espaço 
articular e erosões tipo ¨mordida de rato¨ nos 
ossos da articulação. 
2. Degenerativas: estreitamento não uniforme do 
espaço articular, osteófitos e eburnizaçao do osso 
subcondral (ossificação). 
3. Metabólicas: espaço articular normal, erosões nas 
margens ósseas e massas de tecido mole. 
RESSONÂNCIA: Usada para diagnóstico de alterações 
osteoarticulares profundas, como quadris e ombros, 
que podem ser difíceis de detectar no exame físico. A 
ressonância magnética também pode ser usada para 
distinguir a sinovite de lesões ligamentares ou de 
outros tecidos moles ou anormalidades. 
USG: Mais para alterações de partes moles; Fornece 
uma técnica simples para a detecção de derrames 
articulares, e é mais sensível que o exame físico na 
detecção de sinovite. Também pode ser usado para 
orientar as aspirações e injeções articulares. 
Distingue com clareza inflamação, ruptura parcial ou 
total dos tendões, presença de líquido (derrame), 
erosões, corpos estranhos. 
Tomografia Computadorizada: Reservada para 
avaliação e colocação adequada da agulha para 
aspiração articular de áreas de difícil acesso, como 
quadril, articulações sacroilíacas ou 
esternoclaviculares. 
Artrite 
• Processo inflamatório da articulação, tendo como 
base anatomopatológica a sinovite (inflamação da 
membrana sinovial). 
• Podem ser de causas traumáticas, imunológicas, 
infecciosas, metabólicas, neoplásicas e 
paraneoplásicas. 
Caracteriza-se por: 
❖ Aumento do volume articular (edema); 
❖ Aumento da temperatura local; 
❖ Dor; 
❖ Rubor local; 
 
 
11 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
Artrite infecciosa 
• Resulta da invasão direta das articulações 
(infecção na membrana sinovial e dos componentes 
do espaço articular) pelo agente microbiano, 
causando diferentes graus de atividade 
inflamatória e destrutiva que pode ser aguda, 
subaguda ou crônica; 
• A intensidade da agressão e a extensão do 
acometimento dependem muito do tipo de 
microrganismo invasor. 
• Microorganismos: bactérias, vírus ou fungos; 
• DIFERENCIAR DE ARTRITE REATIVA (Sínd. 
Reitter): Resulta de uma infecção, mas sem que 
haja invasão do espaço articular. São estéreis 
(patógeno não está dentro da articulação) e 
surgem frequentemente no período de 
convalescença de determinadas infecções, sendo 
originadas mais provavelmente por ação de 
complexos imunes circulantes. Geralmente está 
relacionada a uma infecção, do TGI ou TGU. 
Erupções cutâneas e olhos avermelhados também 
são comuns. Existem duas formas: uma causada pela 
clamídia (IST) e a outra que ocorre após infecção 
intestinal (Shigella, etc); 
 
• Mecanismos sobre os quais os patógenos podem 
atingir a articulação: 
➢ Hematogênica - mais comum; 
➢ Inoculação direta - traumas, artrocentese, 
artroscopia; 
➢ Por contiguidade - osteomielite, celulite. 
Fatores de risco para artrite infecciosa: 
❖ Lesão articular prévias (osteoartrose, artrite 
reumatoide); 
❖ Câncer; 
❖ Diabetes Mellitus; DRC; IR; cirrose hepática; 
❖ Menstruação e gravidez (gonocócica); 
❖ Idade > 60 anos; 
❖ Infecções cutâneas; 
❖ Uso de drogas ilícitas intravenosas; 
❖ Cateter venoso profundo (ex.: hemodiálise); 
❖ Imunossupressão (ex.: SIDA; glicocorticóides); 
❖ Prótese articular; 
❖ Hemoglobinopatias, hemofílicos; 
❖ Doenças autoimunes (LES, AR); 
❖ Alcoolismo; 
❖ Uso de infliximab, etanercepte adalimumab – drogas 
inibidoras do TNF-alfa, utilizadas no tratamento da 
artrite reumatoide e doença de Crohn. 
 
Artrite infecciosa bacteriana 
• Também denominada como artrite séptica ou 
artrite infecciosa aguda. As bactérias são 
responsáveis pela grande maioria dos casos de 
artrite infecciosa. 
• Mais de 90% das vezes é monoarticular, sendo o 
local mais acometido o joelho, seguido do quadril, 
tornozelo, punho, ombro e articulação 
esternoclavicular. 
• Resulta de uma disseminação infecciosa 
hematogênica (processo infeccioso à distância 
causando bacteremia) e, menos comumente, de 
penetração direta (trauma, artrocentese, 
artroscopia) ou osteomielite contígua. 
• A passagem das bactérias do sangue para o espaço 
articular é facilitada pelo fato dos capilares 
sinoviais não possuírem membrana basal. 
• A penetração de bactérias no espaço articular 
gera uma resposta inflamatória mediada, 
principalmente, por neutrófilos. Horas depois, as 
bactérias já estão aderidas à cartilagem articular. 
Ocorre, então, liberação de proteases e citocinas 
pelos condrócitos e invasão da cartilagem pelas 
bactérias e células inflamatórias. 
• Isso aumenta a pressão intra-articular, levando a 
um derrame articular purulento, o qual predispõe à 
isquemia local, intensificando o processo destrutivo. 
As consequências desse processo são: 
• Perda da matriz extracelular da cartilagem; 
• Abcessos na cartilagem (pode levar a osteomielite 
- extensão para tecido ósseo); 
• Necrose da cartilagem sinovial e de osso 
subjacente. 
 
12 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
MANIFESTAÇÕES CL ÍNICAS E DIAGNÓSTICO 
• Em mais de 90% das vezes é monoarticular; 
• Ordem de acometimento: joelho (+ acometido), 
seguido do quadril, tornozelo, punho, ombro e 
articulação esternoclavicular; 
• Pequenas articulações das mãos: são raramente 
acometidas por artrite bacteriana, à exceção da 
infecção por gonococo, indivíduos com artrite 
reumatoide e osteoartrose da mão, bem como nos 
casos de mordedura humana ou animal (inoculação 
direta). 
• Artrite séptica aguda poliarticular: mais comum nos 
portadores de artrite reumatoide e LES, e 
acarreta um pior prognóstico (maior chance de 
incapacidade permanente). 
• Quadro clínico: Febre alta (39-40ºC); calafrios; 
flogose articular (dor, edema, rubor, calor e 
limitação funcional); impotência (perda do arco de 
movimento – dado fortemente sugestivo!!!); 
• Pacientes muito debilitados e imunodeprimidos 
(ex.: usuários de drogas citotóxicas, insuficiência 
renal ou hepática podem NÃO desenvolver um 
quadro de flogose tão exuberante, portanto, à menor 
suspeita clínica, uma artrocentese deve sempre ser 
realizada com o intuito de confirmar ou afastar o 
diagnóstico de artrite séptica). 
Artrite não gonocócica 
• É a forma mais perigosa e destrutiva de 
monoartrite aguda. 
• Staphylococcus aureus é responsável pela imensa 
maioria dos casos, seguido por outros cocos Gram-
positivos (S. pyogenes, S. pneumoniae) e bacilos 
Gram-negativos (E. coli, Salmonella, Pseudomonas). 
H. influenzae só é comum em crianças entre um 
mês e cinco anos de idade não vacinadas. 
• Predomina em crianças, idosos, pacientes 
imunocomprometidos ou usuários de drogas 
endovenosas. 
• Durante a bacteremia, o principal fator de risco 
para o desenvolvimento da artrite bacteriana é a 
existência de lesão articular prévia (AR, 
osteoartrose). 
• Quadro clínico: geralmente monoartrite 
francamente inflamatória, súbita, associada a sinais 
sistêmicos de toxemia que acompanham qualquer 
infecção grave. Pacientes referem dor acentuada 
na articulação acometida. 
• Essas infecções geralmente afetam grandes 
articulações, como quadril e joelho, embora os 
pulsos e tornozelos também sejam comumente 
envolvidos. 
• EM QUALQUER MONOARTRITE PENSAR EM 
ARTRITE SÉPTICA NÃO GONOCÓCICA. 
Principalmente se for associada à febre alta, de 
início agudo e acentuada flogose articular. 
 
 Líquido sinovial: 
❖ Aspecto turvo ou purulento; 
❖ Contagem leucocitária elevada (entre 25.000-
250.000/mm3); 
❖ Em geral se observa > 80% de neutrófilos; 
❖ Glicose baixa; 
❖ Proteína total e LDH altos (não são tão úteis na 
avaliação diagnóstica, uma vez que outras formas de 
artrite aguda - por cristais, artrite reumatoide - se 
acompanham de alterações idênticas nestes 
marcadores bioquímicos). 
 
 Diagnóstico: 
Fazer o mais cedo possível uma artrocentese (punção 
articular - PADRÃO OURO). Apesar da contagem 
leucocitária sugestiva (geralmente MUITO alta), só 
podemos confirmar o diagnóstico pelo estudo 
bacteriológico. Descartar possíveis focos à distância 
(via hematogênica): endocardite, pneumonia e 
furúnculos (através da anamnese, exame físico e 
métodos complementares). 
 Artrocentese: 
• Solicitar: Análise do líquido sinovial - celularidade, 
pesquisa de cristais, cultura e bacterioscopia, PCR 
para TB (casos selecionados). 
• Indicações: Deve ser tentada em todos os pacientes 
com dor articular de causa desconhecida que 
apresentam derrame ou sinais sugestivos de 
inflamação na articulação. Na suspeita da artrite 
séptica ou microcristalina (gota), artrite de 
etiologia a esclarecer. 
• Contraindicações: RNI>3 pelo risco de 
sangramento ou lesão de pele ou celulite. 
 
13 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
OBS. Artrite estafilocócica: bacterioscopia pelo 
GRAM, cultura do líquido sinovial e hemocultura 
POSITIVOS para GRAM-POSITIVOS; ↑ VHS P ↑ P 
persistência da infecção articular (reavaliar o 
paciente). 
 Tratamento: 
• Oxacilina 2 a 4 semanas. Drenagem cirúrgica. 
Artrite gonocócica 
• Gonococcemia: causada pela Neisseria gonorrhoeae, 
um diplococo gram-negativo, sexualmente 
transmissível, implicado em casos de cervicite, 
salpingite, uretrite e proctite na mulher, e de 
uretrite e proctite no homem, e faringite 
gonocócica. 
• Predomínio em adultos (20-30 anos), sexualmente 
ativos. 
• Acomete mais as mulheres: sobretudo durante o 
período menstrual, a gestação ou no pós-parto. 
Apresenta 2 fases diferentes: Síndrome Artrite-
Dermatite (fase poliarticular) e Artrite Supurativa 
(fase monoarticular). 
 Síndrome Artrite-Dermatite (Fase Poliarticular): 
▪ 2/3 dos casos o paciente começa assim. 
▪ Fase gonococcemia; 
▪ Quadro clínico: fase bacterêmica (48-72h), febre 
alta, calafrios e lesões de pele (pústulas ou 
vesículas indolores, com base eritematosa, 
frequentemente com centros necróticos ou 
hemorrágicos que preferem as extremidades, 
principalmente as mãos) + envolvimento 
poliarticular (artralgias/artrite). É comum 
tenossinovite, geralmente acometendo múltiplos 
tendões, principalmente nos punhos, tornozelos, 
mãos (dactilite), pés e tendão de Aquiles “Tendinite 
dos amantes ” 
▪ Hemoculturas positivas e culturas do líquido 
sinovial, negativas. 
▪ Neisseria pode ser encontrada em culturas de 
orofaringe, reto, cérvice e uretra. O gonococco 
raramente é isolado das lesões de pele. 
▪ Tríade clássica: Poliartrite, tenossinovite e lesões 
cutâneas. 
 
 
 Artrite Supurativa (Monoarticular): 
▪ Monoartrite (ou oligoartrite com características 
semelhantes às da artrite séptica não gonocócica). 
▪ 1/3 dos pacientes começam já com o quadro 
monoarticular. 
▪ Há um predomínio das grandes articulações 
periféricas (joelho, tornozelo e punho). 
▪ Hemoculturas negativas, mas as culturas do líquido 
sinovial (punção articular) podem identificar o 
gonococo em 30% dos casos. 
 DIAGNÓSTICO: presuntivo, pois todos os exames 
bacteriológicos podem ser negativos. Sempre 
solicitar: 
▪ Hemoculturas *Obrigatório na fase poliarticular 
▪ Cultura do líquido sinovial *Na fase monoarticular é 
turvo/purulento, com leuco entre 10 e 100mil/m³, 
com predomínio neutrofílico, queda de glicose e 
aumento de LDH, VHS e PCR. 
▪ Culturas de materiais colhidos da uretra, colo 
uterino, reto e orofaringe. Tratamento: Ceftriaxone 7 dias e associa 
azitromicina. 
 
 
Tratamento geral da artrite séptica 
▪ Administração intravenosa de penicilina G 
cristalina, oxacilina e ceftriaxone. Evita-se a via 
 
14 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
oral nos primeiros dias de tratamento, por ser 
menos eficaz. No início, o tratamento deve ser 
empírico, antes de dispormos dos resultados das 
hemoculturas e da cultura do líquido sinovial. 
▪ Injeções de antibiótico diretamente dentro do 
espaço articular não são necessárias, podendo 
piorar a inflamação sinovial (sinovite asséptica, 
principalmente com a penicilina). 
▪ RN: esquema de ATB empírico (oxacilina + 
gentamicina); 
▪ Crianças ENTRE 1 mês - 5 anos: cefalosporina de 
3ª geração (oxacilina + ceftriaxone); 
▪ Crianças > 5 anos ou adultos: se detecta um foco 
cutâneo de infecção estafilocócica, o tratamento 
empírico poderá ser feito apenas com oxacilina. 
Pacientes com risco de artrite séptica por 
pneumococo (ex.: anemia falciforme), oxacilina + 
ceftriaxone. 
▪ No caso de dúvida entre origem estafilocócica ou 
gonocócica: o tratamento empírico poderá ser feito 
com oxacilina + ceftriaxone. 
Artrite fúngica 
• O comprometimento osteoarticular é raro (5-10%) 
nas doenças fúngicas. 
• Em nosso meio, destaca-se a esporotricose como 
causa de monoartrite crônica indolente, 
provavelmente a causa mais comum de artrite 
fúngica. 
Espotricose 
• O fungo acomete indivíduos que trabalham na 
agricultura, expondo-se ao contato com o fungo. 
• A forma extracutânea é mais comum em 
diabéticos, alcoólatras, pneumopatas e 
imunodeprimidos. 
• Acomete preferencialmente o tecido osteoarticular 
e, em segundo lugar, o pulmão. Surge uma 
monoartrite, de evolução insidiosa, na ausência de 
qualquer outro sintoma, afetando uma das grandes 
articulações periféricas (joelho, tornozelo, punho 
ou cotovelo). 
• Diversas espécies de Candida podem causar 
monoartrite, relacionada à inoculação direta em 
procedimentos cirúrgicos ou de punção articular, ou 
à disseminação hematogênica. 
 
 Diagnóstico e tratamento 
▪ As artrites fúngicas entram no diagnóstico 
diferencial de qualquer monoartrite de curso 
tardio. 
▪ O diagnóstico deve ser confirmado pelo exame 
micológico do líquido sinovial, 10.000-40.000 
leucócitos, com cerca de 70% de neutrófilos. 
▪ Algumas vezes, são necessárias várias punções 
articulares repetidas ou uma biópsia sinovial para 
se chegar ao diagnóstico. 
▪ O tratamento normalmente é feito com 
anfotericina B, que deve ser feita pela via 
parenteral (sistêmica) e intra-articular (instilação 
local). Se preciso, pode realizar desbridamento 
cirúrgico. 
▪ Nas infecções fúngicas de próteses articulares, a 
remoção é mandatória. 
Artrite viral 
• São causas importantes de poliartralgia/poliartrite 
aguda, diferenciando-se da artrite reumatoide 
apenas por terem um curso autolimitado, 
geralmente não ultrapassando seis semanas. 
• Acomete mais crianças e adultos jovens, com um 
nítido predomínio no sexo feminino. 
• Principais vírus: rubéola, o vírus atenuado da vacina 
da rubéola, o parvovírus B19, os vírus das hepatites 
A, B e C e o HIV. 
• Rubéola: A artrite é descrita em 30% das mulheres. 
Manifesta-se entre uma semana antes e uma 
semana depois do aparecimento do rash cutâneo. 
É uma poliartrite que acomete preferencialmente 
as articulações da mão, punhos e joelhos, 
constituindo uma síndrome reumatoide 
autolimitada. A duração média é de duas semanas. A 
poliartralgia é ainda mais comum do que a artrite 
(50%). O vírus vacinal da rubéola (atenuado) também 
é capaz de causar artrite, geralmente duas semanas 
após a vacinação. 
• Parvovírus B19: no adulto, esse vírus manifesta-se 
apenas com síndrome febril e um quadro 
poliarticular semelhante à artrite reumatoide. A 
duração varia entre 2-4 semanas. Não se conhece 
a patogênese da artrite por esse vírus. 
• Vírus da Hepatite B: um quadro de poliartralgia ou 
poliartrite semelhante à artrite reumatoide pode 
ocorrer na fase pré-ictérica da hepatite B aguda, 
 
15 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
resolvendo-se à medida que o paciente melhora da 
síndrome gripal e entra na fase ictérica da doença. 
O mecanismo é a deposição sinovial de 
imunocomplexos contendo o HBsAg. 
• O diagnóstico das artrites virais é dado de forma 
presuntiva, através da sorologia. Um IgM positivo ou 
um aumento maior que quatro vezes dos títulos de 
IgG em 15-21 dias. 
• O tratamento é meramente sintomático. 
Artrites inflamatórias 
As artrites inflamatórias são aquelas em que há 
formação de tecido inflamatório nas articulações, 
sendo a principal representante a artrite reumatoide. 
Algumas vezes, esse tecido provoca lesão óssea ou 
neoformação óssea, que ficam evidentes nas 
radiografias. 
O aparecimento de sinais gerados pelas artrites 
inflamatórias nos exames de imagem ocorre em fases 
mais tardias da doença. Com isso, a ausência dos sinais 
que identificam essas patologias, não significa 
necessariamente que não existe a doença. Assim, a 
principal forma de diagnóstico é o exame físico bem 
feito e escuta atenta à história do paciente, buscando 
os sinais precoces da patologia. 
Avaliação articular 
 Dor articular aguda: O primeiro exame a ser 
realizado em pacientes com dor articular aguda é o 
raio-X convencional, que irá identificar lesões 
ósseas. O segundo exame é a ultrassonografia, 
importante no diagnóstico de derrame articular e 
lesões nos tendões (tenossinovite) e bursas. A 
ressonância magnética (RM) também pode ser usada 
quando os outros exames não forem suficientes 
para o diagnóstico. 
 Dor articular crônica: Para avaliar pacientes com 
dor articular crônica, o raio-X e a RM são os 
principais exames. A RM permite identificar 
alterações na medula óssea e estruturas 
articulares extraósseas (cartilagem, meniscos, etc). 
Artrite por cristais 
Gota 
• 80% dos ataques iniciais de gota aguda envolvem 
uma única articulação, geralmente na extremidade 
inferior, mais frequentemente na base do dedão 
do pé (primeira articulação metatarsofalangeana, 
conhecida como podagra), no mediopé, em tornozelo 
ou no joelho. 
• Há acúmulo de depósito de cristais de ácido úrico 
nas articulações devido a hiperuricemia, causando 
exacerbações inflamatórias dolorosas nas 
articulações ou ao seu redor. 
• É mais prevalente em homens de meia idade e 
mulheres pós-menopausa. 
• Geralmente ocorre dor intensa repentina em uma 
ou mais articulações, frequentemente durante a 
noite (isso porque o líquido de acumula na 
articulação durante o repouso, aumentando o 
ácido úrico), que piora progressivamente. A 
articulação fica edemaciada, quente e 
eritematosa, enrijecida. Outros sintomas que 
podem estar associados são febre, taquicardia, 
mal-estar e calafrios. 
• Os sinais de inflamação associados à gota aguda 
frequentemente se estendem além dos limites da 
articulação que está principalmente envolvida e, no 
pé ou tornozelos, podem dar a impressão de artrite 
em várias articulações contíguas, de tenossinovite 
ou celulite. 
• Após vários episódios pode resultar em 
deformidade. Há diminuição do arco de movimento. 
• OBS.: 20% das pessoas com gota desenvolvem 
cálculos renais compostos por ácido úrico, que 
podem também causar dores e bloqueio do trato 
urinário. A gota aumenta o risco de osteoartrite. 
• O fator desencadeante primário não foi a ativação 
de metaloproteinases e sim pelo excesso de ácido 
úrico precipitado. Ele é derivado de fatores de 
degradação normais, é o produto final do 
metabolismo das bases púricas. O ácido úrico é uma 
molécula produzida no nosso organismo de maneira 
solubilizada como urato monossódico, que circula e 
será eliminado na urina. Mas o que pode acontecer 
é a queda do pH, aumento da produção de ácido 
úrico e a queda da temperatura, promovendo aprecipitação desse urato monossódico, formando 
cristais indeterminados chamados tofos. 
• Esses cristais malformados (tofos) são 
interpretados pelos macrófagos residentes como 
antígenos. O macrófago fagocita esses cristais, 
gerando uma resposta inflamatória dentro do 
 
16 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
macrófago, que se degranula (liberando 
interleucinas, prostaglandinas, proteases etc) 
recrutando novas células sanguíneas fagocíticas. 
Pseudogota 
• O joelho é a articulação mais comumente envolvida 
em pacientes com cristais de pirofosfato de cálcio 
di-hidratado (CPPD) (pseudogota). O punho, ombro, 
tornozelo e, ocasionalmente, articulações menores 
também podem ser alvos, e o envolvimento bilateral 
do punho é comum em pacientes mais velhos. 
Artrite reumatoide 
A artrite reumatoide (AR) é o principal tipo de artrite 
inflamatória, sendo uma doença generalizada do tecido 
conjuntivo, predominantemente do tecido articular. É 
potencialmente incapacitante, sendo mais comum em 
mulheres, na faixa dos 40-50 anos de idade, mas pode 
se apresentar em qualquer idade. Não possui causa 
definida, podendo ter início abrupto ou se instalar aos 
poucos. 
Os sintomas da AR costumam se iniciar nas 
articulações interfalangianas proximais, 
metacarpofalangianas e metatarsofalangianas, 
normalmente persistindo por pelo menos 6 semanas. 
Pacientes com AR também podem apresentar rigidez 
matinal prolongada (>60 minutos), poliartrite simétrica 
cumulativa, dor, aumento do volume articular, nódulos 
reumatoides e fator reumatoide sérico positivo, além 
de erosões ósseas. Outro importante ponto para o 
diagnóstico é a distribuição das articulações 
acometidas, que na maior parte dos pacientes começa 
nas pequenas articulações das mãos e pés, e depois 
afeta as grandes articulações. 
Na radiografia, aparecem a destruição articular, 
simétrica e bilateral, normalmente nas mãos, 
principalmente o carpo, que pode sofrer fusão 
completa. Há usualmente preservação das articulações 
distais, mas podem ocorrer subluxações (dedos tortos), 
edema periarticular e formação de cistos sinoviais, 
que são gânglios contendo líquido sinovial. Além disso, 
pés e joelhos também podem ser acometidos, e o 
tecido inflamatório que causa fragilidade das 
articulações pode gerar instabilidade na coluna 
também. 
Os principais exames para avaliação e 
acompanhamento de pacientes com artrite reumatoide é 
o raio-X de mãos e pés, principalmente, e a RM, que 
permite identificar alterações sinoviais e sinais 
precoces da doença, como erosões e edema de medula 
óssea. 
Achados do caso 
Alteração do volume articular 
• A dor aguda dos membros inferiores pode ter 
muitas causas; no entanto, deve-se suspeitar de 
artrite séptica, artrite induzida por cristal ou 
fratura quando a dor resultar em incapacidade de 
suportar peso ou está associada a inchaço dos 
tecidos moles e outros sinais de inflamação que se 
estendem muito acima ou abaixo da articulação 
envolvida. 
O aumento de volume de uma articulação pode ser 
devido a vários fatores: 
▪ Edema de partes moles; 
▪ Excesso de líquido sinovial (derrame intra-
articular); 
▪ Espessamento da membrana sinovial e da cápsula 
articular; 
▪ Crescimento ósseo localizado (osteófitos, 
periostite). 
 
• Pelo tempo relatado, da topografia lesionada 
(articulação do tornozelo) e os sinais flogísticos 
podemos suspeitar de uma monoartrite inflamatória 
aguda. 
• OBS: monoartrite inflamatória aguda deve ser 
tratada como artrite séptica até que provem o 
contrário. 
• Como dito anteriormente, essa patologia pode ser 
decorrente de diversas etiologias. Relato de Corte 
superficial há 6 meses → suspeitar de uma 
infecção. 
• Exames laboratoriais: hemograma completo (pode 
revelar leucocitose), eletrólitos, creatinina sérica 
e exames de urina. 
• Exames de velocidade de hemossedimentação 
(VHS) e proteína C-reativa (PCR) - normalmente 
estão elevados 
• Na suspeita de artrite séptica, devemos solicitar 
uma hemocultura. 
 
17 
Beatriz Machado de Almeida 
Articulações e Artrites – Caso 4 
• Artrocentese - principal exame para o diagnóstico 
de artrite séptica bacteriana. 
Diabetes x Artrite 
• De acordo com um relatório recentemente publicado 
foi descoberto que a artrite afeta mais da metade 
dos 20,6 milhões de americanos que atualmente 
têm diabetes. 
• A razão para a relação entre diabetes e artrite em 
si não é conhecida momentaneamente, embora este 
é um impedimento para essas pessoas se 
exercitarem, uma opção que ajuda a gerenciar ambas 
as doenças; 
Chá de arueira e banha de porco 
• Um artigo experimentou em ratos uma pomada 
caseira contendo a banha de porco, mas não ficou 
comprovada benefício em comparação com outra 
gordura vegetal utilizada. 
• As plantas medicinais indicadas para cicatrização 
de feridas, com comprovadas ações são Anacardium 
occidentale L.(cajueiro), Caesalpinia ferrea Mart. 
(pau-ferro), Casearia sylvestris Sw. (guaçatonga), 
Schinus terebinthifolia Raddi (aroeira), 
Stryphnodendrom adstrigens (Mart.) Coville 
(barbatimão), Calendula officinalis L. (calêndula), 
Polygonum punctatum Elliott (erva-de-bicho), 
Coronopu didymus (L.) Smith (mastruço), Aloe Vera 
(L.) (babosa), Helianthus annuus (girassol).

Continue navegando