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Davi Cassiano, 119B Caderno de Transcrições Parasitologia Davi Cassiano Costa Turma 119, 2021 1 Davi Cassiano, 119B Sumário Diagnóstico laboratorial das infecções parasitárias: ....................................................................4 Mecanismo de ação e defesa das parasitoses..............................................................................8 Artrópodes: Miíases...................................................................................................................15 Pulgas.........................................................................................................................................20 Sarna Sarcóptica (Escabiose)......................................................................................................24 Carrapatos..................................................................................................................................29 Piolhos........................................................................................................................................31 Oncocercose...............................................................................................................................34 Leishmaniose Tegumentar American.........................................................................................38 Parasitoses do intestino delgado ...............................................................................................55 Parasitoses gastrintestinais........................................................................................................56 Ascaris lumbricoides...................................................................................................................60 Ancilostomídeos.........................................................................................................................66 Stronglyoides stercoralis............................................................................................................71 Teníase e cisticercose.................................................................................................................78 Hymenolepis nana......................................................................................................................86 Giardia duodenalis .....................................................................................................................89 Cryptosporium sp.......................................................................................................................94 Parasitoses do intestino grosso..................................................................................................98 Enchinococcus granulosus........................................................................................................100 Faciolose ou Fasciólíase............................................................................................................104 Trichuris trichiura e Tricuríase..................................................................................................107 Amebídeos intestinais ..............................................................................................................109 Espécies não patogênicas.....................................................................................................109 Entamoeba...........................................................................................................................109 Balantidium coli .......................................................................................................................116 Enterobius vermicularis............................................................................................................119 Diagnóstico, Epidemiologia e Profilaxia de parasitoses intestinais ..........................................122 Parasitoses do Trato Respiratório ............................................................................................128 Introdução................................................................................................................................129 Agentes causadores de lesões multifocais...............................................................................131 Síndrome da Lava Migrans Visceral ou Toxocaríase.............................................................131 Filariose bancroftiana/Eosinofilia pulmonar tropical ...........................................................132 Síndrome de Loeffler, pneumonia parasitária ou pneumonia eosinofílica...........................133 2 Davi Cassiano, 119B Agentes causadores de lesões focais .......................................................................................135 Hidatidose Pulmonar............................................................................................................135 Paragonimíase......................................................................................................................135 Amebíase pulmonar.............................................................................................................137 Dirofilariose pulmonar .........................................................................................................138 Larva Migrans Visceral .............................................................................................................139 Schitosoma mansoni - Esquitossomose mansônica .................................................................144 Toxoplasmose – Toxoplasma gondii.........................................................................................154 Malária.....................................................................................................................................166 Leishmaniose visceral...............................................................................................................177 Doença de chagas ....................................................................................................................186 Filariose linfática ......................................................................................................................195 Trichomonas vaginalis..............................................................................................................202 Parasitoses do SN.....................................................................................................................205 3 Davi Cassiano, 119B Diagnóstico laboratorial das infecções parasitárias: - métodos morfológicos: morfologia do patógeno. Presença clínica do patógeno na amostra O sangue fica disperso de forma a não haver sobreposição de células. - É preciso que o indivíduo tenha alta carga parasitária. - Um bom esfregaço tem três regiões: - Métodos imunológicos: evidencia indireta do parasito. Presença de antígeno ou anticorpos. - Métodos moleculares; procuram DNA do parasito Métodos morfológicos - Pesquisam o agente dentro do hospedeiro - Abaixo estão listados os métodos de pesquisa de hemoparasitos: 1- Cabeça: pode haver sobreposição celular. 2- Corpo: melhor local para se observar as estuturas. 3- Cauda: maior espassamento entre as células. - Distensão delgada. - Gota espessa. - Métodos de concentração: concentram o sangue. Utilizado com carga parasitária muito baixa. Variam de acordo com a espécie. - Pesquisa de estruturas parasitárias em outras amostras (tecidos, líquor, saliva, secreções respiratórias etc): - Pode-se pesquisar também: . Outros hospedeiros humanos. . Outros hospedeiros animais. . Amostras ambientais ou de alimentos. - Exame parasitológico de fezes (EPF). . Distensão delgada: - Esfregaço sanguíneo. - Uma única gota de sangue em um lâmina extensora. - Espalhasse-se o sangue com auxílio de uma outra lâmina. + Observam-se hemoparasitos intra e extracelulares. + O que não fazer no esfregaço:. Gota espessa: - Distensão espessa. - 4 a 5 gotas de sangue - São feitos movimentos circulares de modo a formar uma grande gota. - Deixa secar para fazer hemólise em água destilada. . Como utiliza-se mais sangue e ele é concentrado em uma porção da lâmina, a hemólise é feita para diminuir a sobreposição de células 4 Davi Cassiano, 119B de modo a não atrapalhar a visualização das células. - A lâmina depois é corada: - Vantagem em relação a distensão delgada: maior quantidade de sangue observado na lâmina. Melhor para indivíduos com baixa parasitemia. .Exame parasitológico de Fezes (EPF) - A coleta não pode ser feita no vaso sanitário para evitar a contaminação cruzada. . É preciso evacuar em penico higienizado, kit coleta, envolver o sanitário em vaso sanitário. - Bebes ou idosos que usam fraldas, e não conseguem evacuar em penico, a coleta pode ser feita diretamente da fralda, porém, não se deve raspar o material fecal da fralda, coletando o material que não está em contato com o gel da fralda. - Não precisa ser coletado em pote estéril. - Não é preciso lotar o pote de fezes. Quanto mais amostra melhor mas não precisa lotar o pote a ponto de não fechar. - Se há líquido conservante no pote, a quantidade de fezes deve estar completamente submersa nele. - Pode ser coletada em qualquer momento do dia, depende de quando a pessoa evacuou. - É importante coletar amostra de porções diferentes pois os parasitas não se distribuem de maneira igual pelas fezes. - Importante a coleta de qualquer substancias fora do normal nas amostras (sangue, pedaços de parasitas, consistências diferentes). - Para se ter uma amostra representativa é importante que se colete pelo menos 3 amostras em dias não consecutivas. . As amostras de dias diferentes precisam ser colocadas em potes diferentes, caso o pote não possua líquido conservante. . Amostras sem líquido conservante devem ser entregues individualmente em um prazo de 24 horas. - Não é indicado o uso de substâncias purgativas como laxantes pois alteram a morfologia do parasitante. - Tipos de amostras: . Fezes frescas: colocadas em recipiente se líquido conservante. Podem ou não ser enviadas imediatamente ao laboratório. Podem permanecer refrigeradas por até 24 horas na geladeira. . Fezes recentes: fezes frescas enviadas imediatamente (até 30 minutos após coleta). São utilizadas para a pesquisa de microrganismos pouco resistentes a condições ambientais (trofozoítas de protozoários de cultrura de bactérias). . Fezes fixadas: misturadas com líquidos conservantes que fixam e preservam a morfologia das estruturas parasitárias. Ex: formal a 5/10%. - Tipos de coleta: 5 Davi Cassiano, 119B . Amostra única: fezes frescas ou fixadas. . Coleta seriada: geralmente 3 amostras coletadas em dias diferentes (intercalados). Pode ser em 3 frascos de fezes frescas ou misturados em um único frasco contendo líquido conservante. - A amostra de fezes diarréicas é excelente para análise. Como coletar? . Bacia, pote, penico, comadre ... desde que limpos . . Fezes de criança em fralda: saco coletor de urina na região anal. - Escolha das técnicas a serem empregadas: - Exame macroscópico: relatado pelo paciente no momento da entrega ou no laudo do examinador. - Exame microscópico: Exame coproparasitológico - Exame direto: essencial para fezes diarreicas. - Métodos de concentração: importante em indivíduos assintomáticos pois neles a carga parasitária é geralmente baixa. Varia de acordo com: . Tipo de amostra. . Quantidade de amostras. . Técnica apropriada para cada parasito. - O resultado veio negativo, é importante saber: . Quantas amostras o paciente levou ao laboratório. . O paciente recebeu orientações corretas sobre a coleta? . As técnicas utilizadas pelo laboratório são adequadas? . É possível aguardar a realização de novos exames. - Falha nos testes: . Baixa carga parasitária. . Intermitência de eliminação de larvas nas fezes. . Espécies morfologicamente idênticas/muito semelhantes. . Falhas inerentes ao método de obtenção/ concentração dos parasitos. . Parasitoses ectópicas: hospedeiro correto mas em habitat diferente do usual. - Para evitar falhas: . Repetir os exames. . Combinar com técnicas imunológicas. Técnicas imunológicas: Pesquisam antígenos ou anticorpos. - Podem ser quantitativos ou qualitativos. 6 Davi Cassiano, 119B - ELIZA. - Imunofluorescência (direta ou indireta). Aplicações dos testes imunológicos - Diagnóstico. - Acompanhamento terapêutico. - Epidemiologia. - Limitações: . Variações nos testes devido ao tipo de antígeno utilizado. . Reação cruzada levando a falsos positivos. . Inabilidade em diferenciar infecções passadas e atuais. . Não podem ser utilizados em infecções que não desenvolvem uma resposta de anticorpos significativa. Métodos moleculares - Pesquisam o genoma (em geral DNA). - PCR: é a base para a maior parte dos exames moleculares. . Multiplex PCR por exemplo. - Aplicações: - Descobertas de novas espécies de parasitos. - Identificação de microrganismos em diversos tipos de amostras clínicas (diagnóstico). - Confirmação de resultados obtidos nos exames morfológicos. - Determinação precisa da espécie. - Estudos epidemiológicos (epidemiologia molecular). - Estudos de filogenia. - Resistência ou susceptibilidade a antiparasitários. - Vantagens: . Sensibilidade mais apurada quando comparado á técnicas morfológicas ou de cultura in vitro. . Detecção de parasitos em amostras complexas. . Detecção simultânea de múltiplos patógenos. - Desvantagens: . Preço. . Demanda mão de obra muito especializada. 7 Davi Cassiano, 119B Mecanismo de ação e defesa das parasitoses Principais endemias tropicais brasileiras: - Medicina de viagem: o indivíduo se contamina em uma área endêmica de doença (um continente por exemplo) e vem a apresentar os sintomas em outra localidade. . Provoca surtos inesperados. Características gerais - Helmintos e protozoários: usualmente são agrupados como parasitas, são agentes extremamente diferentes entre si em termos de estrutura, composição antigênica, localização no hospedeiro e mecanismos patogênicos. - Os parasitas apresentam um ciclo biológico com formas completamente distintas entre si no mesmo ciclo. - A composição antigênica varia sensivelmente de forma a forma (ex.: de tripomastigota a amastigota, de larva a adulto). - Resposta imune variável dependendo do tipo de parasita e de sua localização: . Localização extracelular: superfícies epiteliais e espaços intersticiais; acessíveis as moléculas solúveis do sistema imune (anticorpos e complemento). . Localização intracelular: citoplasmáticos ou vesículas; são atacados por células T citotóxicas ou ativam os mecanismos antimicrobianos da célula fagocítica. -Em algumas infecções a resposta imune é a causa da lesão tecidual e da doença. . Em vários casos o quadro clínico é desencadeado pela ativação do sistema imune. Reposta imune nas infecções - A interação entre os fatores de virulência de um microrganismo e a resposta do hospedeiro é o que leva ao desenvolvimento de uma doença ou a morte do microrganismo. - Três situações são possíveis: 1- Fatores de virulência se sobrepõe a resposta imune. 2- Resposta imune se sobrepões aos fatores de virulência matando o microrganismo. 3- Resposta imune e fatores de virulência permanecem equilíbrio. Neste caso: . Indivíduo assintomático. . Hospeda e transmite o parasito de forma mais intensa. - Características gerais da imunidade nas infecções: . Mecanismos de imunidade inata e adaptativa: humoral e celular. . Depende do microrganismo. . Pode variar de acordo com a localização do agente. 8 Davi Cassiano, 119B . Alguns agentes possuem mecanismo de evasão da resposta imune. Mecanismo de agressão dos protozoários - Adesão e invasão: . Reconhecimento e adesão . Reorientação. . Formação de junção irreversível. . Invaginação da membrana do eritrócito. - Ligantes do parasita:para cada parasita existem moléculas de adesão que facilitarão a sua entrada e fixação na membrana onde se localizam. - Resposta inata: . Protozoários extracelulares: fagocitose e ativação do complemento. . Reconhecimentos de PAMP’s pelos TLR’s. . Os TLR’s induzem a transcrição dos genes para citocinas e quimiocinas (atual conjuntamente para recrutar mais fagócitos aos locais de infecção) e moléculas co-estimuladoras necessárias para a ativação da resposta imune adaptativa. - Forte interação dos PAMP’s com células apresentadoras de antígeno: glicoconjugados de membrana que se ligam aos receptores Toll (4 e 2), ácidos nucleicos que se ligam a Toll 9 (CpG não metilados), algumas protepinas ligantes a Toll11 (flagelina). . As moléculas Toll ativadas desencadeiam vias nucleares de produção de citocina. . As citocinas controlam o processo inflamatório. - A ativação do complemento promove a destruição dos microrganismos, a fagocitose, opsonização (ligação covalente a C3b) e estimulam a inflamação (C3a e C5a). Imunidade adaptativa - Resposta celular. - Protozoários intracelulares: Citocinas e Th1 que ativam macrófagos. - Linfócitos T citotóxicos agem em células infectadas. 9 Davi Cassiano, 119B - Revisar a resposta do linfócitos T (imunologia 2º período): . Ativação de linfócitos por MHC. . Tipos de MHC. . Moléculas co-estimuladoras. - A ativação da resposta imune envolve a participação de múltiplos receptores, assim, caso haja falha na expressão de algum deles vai haver um problema na ativação da resposta imune e consequente prejuízo na eliminação do agente agressor. - Resposta humoral: . Protozoários extracelulares: opsonização, ativação do complemente e citotoxicidade celular dependente de anticorpo (ADCC), células NK. . Neutralização: Ex.: impedimento da entrada de esporozoítos de malária em hepatócitos. 10 Davi Cassiano, 119B Evasão imune dos protozoários - Reclusão anatômica no hospedeiro: . Se escondem em células do hospedeiro sem desencadear uma resposta imune. . Muitas vezes parasitam células de defesa do sistema imune. . Ex.: Plasmodium dentro dos enterócitos: quando infectados os enterócitos não são reconhecidos por células NK e linfócitos T citotóxicos. Também a forma intracelular hepática apresenta essa opção. . Ex.: Leishmania spp e Trypanosoma cruzi dentro de macrófagos – escape para citoplasma evita a sua digestão. - Variação antigénica: . Os protozoários e parasitas tem muitos antígenos em suas membranas pois eles habitam diferentes sítios durante as fases da sua vida. Assim, evoluíram para se adaptar aos diferentes lugares que infectam. . Ex.: Em Plasmodium diferentes estágios do ciclo de vida do parasito expressam diferentes antígenos. . A variação antigénica dificulta a produção de vacinas pelos métodos convencionais. . Ex.: Os tripanossomas africanos são recobertos com glicoproteína variante específica (VSG). . Cada tripanossoma possui cerca de 1000 genes que codificam diferentes VSG’s, embora apenas 1 esteja ativo. . Quando o indivíduo é infectado ele fabrica anticorpos contra o VSG expresso inicialmente pela 11 Davi Cassiano, 119B população de tripanossomas. Porém, conforme avança o processo infeccioso o protozoário pode variar o VSG expresso. - Imunossupressão: . Os parasitos manipulam a resposta imune do hospedeiro de modo a suprimi-lo. . Ex.: Leishmania inibe a produção de IL-12 (indutora de células Th1) e expressão de moléculas MHCII. - Mecanismos anti-imunes: . Inibição do processo fagocítico e da liberação de reativo intermediários de oxigênio. Ex.: Leishmania. Helmintos - São pluricelulares. - Apresentam dimorfismo sexual. - Vários estágios envolvidos: ovos, larvas, etc. - Imunidade a helmintos: baseada principalmente em mecanismo - Transmissão: desencadeados por linfócitos T do tipo Th2 (protetora). - Importantíssima a ação de eosinófilos e de IgE: os anticorpos IgE se ligam á superfície dos helmintos, os eosinófilos aderem por meio de receptores FceRII e secretam grânulos com enzimas que destroem os parasitas. - A subpopulação Th2 de células T auxiliadoras CD4+ secretam IL-4 e IL-5. - A IL-4 estimula a troca de isótipo para IgE em Linfócitos B e a IL-5 estimula o desenvolvimento e ativação de eosinófilos. - Água ou alimentos contaminados. 12 Davi Cassiano, 119B - Agressão: . Penetração nos tecidos. . Lesões. - Verme adulto: . Ação espoliativa: competição por nutrientes. . Ação tóxica: mediada por AG/AC– alergia ou edema. . Ação mecânica: obstrução intestinal e ou irritação do TGI. . Localização ectópica: nariz, boca, ouvidos, etc. Resposta imune: 13 Davi Cassiano, 119B Teoria da higiene - Alergias e doenças auto-imunes estão aumentando em prevalência, em paralelo ao aumento do desenvolvimento econômico. - Alergias são menos prevalentes em populações infectadas por helmintos. - Infecções crônicas em andamentos podem ser tão importantes quanto exposições no início da vida na determinação de uma resposta imune. 14 Davi Cassiano, 119B Artrópodes: Miíases - Miíase é uma infestação dos vertebrados por larvas de dípteros. . As larvas se alimentam de tecidos (vivos ou mortos) do hospedeiro, de seus líquidos corpóreos ou de alimentos por eles ingeridos. . Várias espécies de moscas podem promover miíase em humanos, animais domesticados e de importância econômica. - Classificação: há diversos critérios que podem ser utilizados, dentre eles a localização no tecido do hospedeiro e o tipo de tecido parasitado: Tipo de tecido parasitado: - Miíase primária ou obrigatória: o inseto vive um período de parasitismo para completar o seu ciclo de vida. . Produzidas por larvas biontófagas (se alimentam de tecidos vivos). . Principais agentes: . Moscas Calliphoridae. . Moscas Cuterebridae. - Miíase secundária ou facultativa: são larvas de vida livre. . Se alimentam de tecidos mortos, cadáveres ou animais vivos. . Quando se alimentam de animais vivos são parasitas do tipo biontófagas: invasoras de lesões anátomo patológicas pré existentes. . Principais espécies pertencem a família Caliphoridae, Sarcophagidae e Fanniidae. - Pseudomiíases ou miíases acidentais: acidentalmente as larvas são ingeridas podendo causar distúrbios de gravidade variável. . Poucos casos são notificados em humanos. Localização no hospedeiro - Miíases cutâneas. - Miíases cavitarias: . Auriculares. . Nasofaríngeas. . Urogenitais. . Oftálmicas. . Etc. Miíases primárias: - Estão associadas a ambientes rurais mas podem ocorrer em áreas urbanas. - Dermatobia hominis: mosca berneira. . Morfologia: moscas de tamanho médio e pernas alaranjadas com abdômen azul metálico (moscas adultas). . Larvas: berne; possuem fileiras de espinhos curvos. . Ciclo de vida: as mocas capturam insetos sugadores de sangue (mosquitos por ex.) e colocam ovos em seus corpos. . As larvas se desenvolvem nos ovos e permanecem no inseto até que ele se alimente de sangue de um hospedeiro. . As larvas de primeiro estágio (L1) emergem do ovo e escavam a pele ou penetram pela lesão causada pela picada do inseto. Podem ainda entrar pelo folículo piloso. . Se alimentam em um cavidade subdérmica por 5 a 10 semanas e respiram 15 Davi Cassiano, 119B por um orifício na pele do hospedeiro. . A L1 se desenvolve em L2 e L3, as últimas caem no chão e se transformam em pupas. . Após um mês aproximadamente, os adultos emergem das pupas como moscas. OBS: O inseto que transporta os ovos com larvas L1 para o hospedeiro não sofrem nenhum prejuízo, essa relação é conhecida como forese. - No ser humano a larvas causam lesão furuncular chamadas de dermatobioses (nome científico do berne). . São locais mais comum de lesões as áreas descobertas do corpo como os membros, costas e couro cabeludo. . Cada lesão contémuma larva apenas. . Se estabelece uma reação inflamatória, deixando a pele com aspecto avermelhado e esta se eleva como um furúnculo. . Há produção de secreção. As larvas se alimentam do material purulento e necrótico do ferimento. . Se tornam maiores a medida que amadurecem. . A lesão é acompanhada de prurido e dores, há sensação de movimentação e pode acontecer linfadenopatia regional. . A lesão tende a cura com a saída da larva, mas pode constituir um sítio para infecção secundária. . A larva não migra pelo hospedeiro, completando todo o seu ciclo de amadurecimento no local primário da penetração na pele. - Cochliomyia hominivorax: popularmente chamadas de bicheiras. . Morfologia: adultos com tamanho médio, cor verde com reflexo azul metálico em tórax e abdômen. Três faixas longitudinais pretas no tórax e olhos vermelhos. . Larvas: ramos traqueais com pigmentação escura. . Ciclo de vida: é mais direto, as moscas pões seus ovos diretamente nas feridas e proximidades. 16 Davi Cassiano, 119B . As larvas se alimentam por uma semana do hospedeiro e podem migrar para outros tecidos do corpo podendo causar danos extremos. . As fêmeas se atraem pelo odor de feridas recentes ou de orifícios naturais como boca, orelhas, vagina etc. Se atraem até por pequenos ferimentos como picada de carrapato. . Depositam de 200 a 400 ovos no local. . Em menos de 24 horas as larvas eclodem e se nutrem vorazmente. . Formam-se bicheiras extensas que exalam odor atrativo para outras moscas. . Lesão: ferida aberta com mau cheiro, sangramento e presença de larvas no local. . Olhos nariz e gargantas são principalmente acometidas. . Atinge principalmente pessoas debilitadas. . Sintomas e sinais variam de acordo com a área afetada. . Dor e prurido estão presentes no local da lesão. . Podem ocorrer dificuldades respiratórias, cegueira, desconfiguração e pode levar a morte. Miíase secundária - As larvas são menos agressivas pois não se alimentam de tecidos vivos. - As lesões estão restritas as áreas necrosadas dos ferimentos. - Cochliomya macellaria: parecida com a C. hominivorax, se distingue pela existência de pelos claros na fronte e duas manchas claras no último seguimento abdominal. - As fêmeas depositam os ovos em cadáveres ou feridas necrosadas onde as larvas se desenvolvem. - Lucilia sp.: cor verde metálica acrobeada ou com reflexos azuis. - Crysomya sp.: cor verde metálica com reflexos azulados ou amarelados. - Sarcopaga sp.: tamanho médio a grande e cor acinzentada com 3 faixas pretas longitudinais no tórax e abdômen com coloração xadrez. 17 Davi Cassiano, 119B - Terapia larval: larvas de insetos são utilizadas para acelerar a cicatrização de ferimentos. . Utilizam-se principalmente espécies de Lucilia sp. . Auxilia na cicatrização pois se alimenta seletivamente do tecido necrosado. - Entomologia forense: conhecimento sobre biologia e ecologia dos cadáveres. . O conhecimento da sucessão populacional das espécies que participam da decomposição de um cadáver possibilita inferir o tempo decorrido após a morte, deslocamentos do corpo, maneira e causa de morte. Diagnóstico - Se baseia no aspecto da lesão + existência de larvas. - Diagnóstico específico leva em consideração a morfologia do estigma respiratório da larva. - Outra alternativa é recolher as larvas em um frasco com carne e aguardar que se tornem adultos. Tratamento - É fundamental a retirada das larvas que pode ser feita com auxílio de pinça, vaselina ou gaze + éter sulfúdrico. . O berne precisa ser asfixiado para sair do seu sítio. - Lavagem da lesão após a saída da larva, Debridamento quando necessário e aplicação de pomada antibiótica. . Antibióticoterapia sistêmica é necessária em acometimentos mais profundos. - Ivermectina de uso tópico ou oral utilizada principalmente por infecções mais extensas. Profilaxia - Principalmente combate as moscas com uso de inseticidas, telas em janelas e mosquiteiros em camas. - Proteger a pele principalmente no local com muitas moscas: roupas ou repelente. - Os ferimentos devem ser cobertos com curativos regularmente trocados e limpos para não atrair moscas. - Higiene pessoal é fundamental pois as moscas são atraídas pelo cheiro. - Higiene do ambiente. 18 Davi Cassiano, 119B 19 Davi Cassiano, 119B Pulgas - Pequenos, ápteros (sem asas), corpo comprimido lateralmente, patas posteriores adaptadas para grandes saltos. - Apresentam desenvolvimento holometábolo: ovo -> larva -> pupa -> adulto. . Metamorfose completa. - Importância: os machos e fêmeas são hematófagos e podem vincular a transmissão de diferentes doenças: . Bactérias: Yersinia pestis e Rickettsia mooseri. . Cestóides: Dipsylium coninum e Hymenolepsis diminuta. . Nematóide: Dipetalonema reconitum. - Parasitas de vertebrados: Tungíase - Epidemiologia: Tunga penetrans . Bicho de pé ou pulga do porco. . América Latina e África Subsaariana. . Brasil: do norte ao sul. . Prevalência nos meses secos maior em crianças e idosos. . Prevalência entre 16 e 54%. . Afeta principalmente localidades com baixos IDH’s e estão associadas a falta de coleta do lixo e o convívio com animais infestados. . Moradias precárias com piso de terra batida favorecem o desenvolvimento das larvas e pupas. - Tunga penetrans: É a menor espécie conhecida possuindo tamanho de 1mm. . Ambos os sexos são hematófagos mas apenas a fêmea penetra no hospedeiro. . Ao penetrar ela assume uma forma hipertrofiada chamada de neossoma. . Hospedeiros: porcos, homem cães e gatos. 20 Davi Cassiano, 119B . No homem: penetra principalmente na sola plantar, calcanhar e cantos dos dedos (pés ou mãos). . Importante que somente a fêmea acasalada que tem a capacidade de penetrar nos tecidos do hospedeiro. . Habitat: locais secos, próximos de chiqueiros e montes de estercos e peridomicílios(jardins e hortas). Eventos patológicos - Penetração da fêmea: prurido e dor. De 3 a 7 horas. - Hipertrofia do abdômen: eritema, coceira (1 a 2 dias da penetração). . Ciclo de vida: após a cópula a fêmea penetra na epiderme e mantém a cabeça e corpo mergulhados nos tecidos e a extremidade posterior fica pra fora, é por ela que elas respiram, defecam e expelem ovos. . A fêmea se alimenta e expande o abdômen devido a presença dos ovos armazenados. . Após 15 dias os ovos são eliminados e a fêmea morre. . Os ovos que caem no chão dão origem as larvas (2 estágios) que originam pupas. . Das pupas eclodem os adultos que se alimentam de 2 a 3 vezes por dia do hospedeiro. - Formação de halo branco: constitui uma saliência na pele, de consistência firme. Há uma depressão no ápice dando um aspecto de cratera de vulcão. . Sensação de pulsação do parasito com intensa produção de ovos, fezes e líquidos. . Descamação da camada córnea com dor e prurido intenso(2 a 14 dias da infecção). 21 Davi Cassiano, 119B - Involução: as lesões se tornam necróticas e ressecadas (casca preta), o parasita se degenera e a sua parte posterior se torna mais evidente (4 a 6 semanas da infecção). . Lesão residual em forma de cicatriz com depressões circulares do estrato córneo. Sem presença de parasitos (6 a 7 semanas da infecção). - Infestações simples: geralmente ocorre a cura espontânea de 4 a 6 semanas. - Infecções secundárias: em áreas endêmicos os indivíduos são acometidos por dezenas de parasitos e desenvolvem infecções secundárias por fungos e bactérias: . Paracoccidioides brasiliensis. . Clostridium tetani. - Múltiplas lesões: formação de pústula, supuração e úlcera. . Perdem-se as unhas e amputações. . Dificuldades de deambulação. . Sepse, necrose óssea e dos tendões. - Zoonoses: roedores e mamíferos são os hospedeiros principais. Ocorre lesões que favorecem outras infecções. Acomete principalmente patas, focinhos e escroto). Diagnóstico - História epidemiológica+ exame clínico (visualização do parasito). Tratamento - Retirada da pulga. . Realizada após a desinfecção da pele. . Uso de agulhas estéreis. . Aplicação de tintura de iodo e antibiótico tópico. Profilaxia - Pavimentação (são parasitas que vivem no solo). - Coleta de lixo. - Inseticidas em áreas infestadas. 22 Davi Cassiano, 119B - Uso de calçados e luvas principalmente - Educação e saúde para a população. por trabalhados que lidam com esterco. 23 Davi Cassiano, 119B Sarna Sarcóptica (Escabiose) - Causada por ácaros. . Subordem: Sarcoptiformes. . Gênero: Sarcoptes. . Sarcoptes scabiei var. hominis. - São pequenos, cutâneos, de corpo globoso e patas curtas: - Escavam túneis/galerias na pele do hospedeiro: ácaros escavadores. - Ciclo biológico: ocorre todo na pele do hospedeiro. . As fêmeas são fecundadas na superfície da pele e em seguida iniciam a escavação de túneis na epiderme. . Durante a escavação as fêmeas colacam ovos (entre 2 e 3 por dia). A larva emerge dos ovos entre 48 e 72 horas e começa a migar na pele formando mais túneis. . No processo migratório as larvas amadurecem e se tornam linfas e adultos, que iniciam novo ciclo de reprodução no hospedeiro. . A larva leva cerca de 10 a 12 dias até atingir a fase adulta. . Os ácaros podem sobreviver por 24 a 36 horas no ambiente até infestarem um novo hospedeiro. - A transmissão ocorre por contato direto com pessoas infestadas ou fômites. . As infestações ocorrem mais comumente em axilas, seios, regiões interdigitais, cotovelos e pés. Patogenia e manifestações clínicas - Desencadeadas pelo processo de migração dos ácaros formando os túneis na pele. - Durante a escavação da pele as fêmeas liberam substâncias proteolíticas que causam a lise tecidual (agressão lítica). - O processo de migração em si já causa trauma no tecido (agressão traumática). - Agressão espoliativa se dá quando os ácaros se alimentam do tecido e linfa que jorra no processo migratório. - As lesões são mais comummente localizadas em regiões de dobras de corpo e mais quente e úmidas. Além disso, mãos e pés. - A manifestação clínica mais comum é o prurido intenso e lesões que variam em tipo e quantidade. - As lesões se formam por hipersensibilidade a produtos do metabolismo do ácaro e sua movimentação pelo tecido. - Se apresentam como exantemas e pápulas extremamente pruriginosas. - Podem se formar nódulos e vesículas perláceas (se assemelham a pérolas) repletas de linfa. 24 Davi Cassiano, 119B - Crostas são formadas nas lesões mais antigas. - De 3 a 6 semanas se estabelece o período pré patente em infecções primárias. - Como o quadro é resultado de hipersensibilidade, novas infestações tem períodos pré patentes menores com duração de 1 a 2 dias pela sensibilização prévia do hospedeiro. - Em crianças com menos de dois anos a localização muda. . Mãos e pés ainda são as mais acometidas junto as regiões de dobras. . Porém, é possível o acometimento de todo o corpo nessa faixa etária (cabeça e corpo principalmente). - Regiões de genitália e nádegas também podem ser acometidas menos comummente. - Exemplos: - Em peles mais escuras pode haver despigmentação do local acometido. - Infestação generalizada em menor de 2 anos: acontece pois, além de resposta imune menor na idade, a criança coça frequentemente as lesões dispersando o ácaro. 25 Davi Cassiano, 119B nas peles que favorecem essa infecção). Complicações - Impetigo (S. pyogenes e S. aureus): . Ocorre devido ao rompimento da barreira cutânea por conta das coçaduras. . A quebra da barreira cutânea permite a colonização oportunista de bactérias. - Distúrbios do sono e perda de produtividade: . A sarna tem prurido persistente que é mais intenso a noite, atrapalhando o sono e gerando irritabilidade. - Sarna crostosa (sarna norueguesa): hiperinfestação por ácaros (milhares em um indivíduo, o normal são 10 a 15 por indivíduo). . Associado ao himunocomprometimento (indivíduos HIV, com neoplasias malignas). . Não é exclusiva dos imunocomprometidos. . É extremamente pruriginosa com hiper-queratose na derme. . Envolve tipicamente a palma das mãos e sola dos pés. . Linfadenopatia generalizada e infecções bacterianas secundárias são frequentes (forma-se fendas Diagnóstico - Exame físico + quadro clínico + dermatoscopia. . Dermatoscopia é um exame com aparelho que permite aproximação da imagem da lesão (dermatoscópio). - É importante a dermatoscopia pois o quadro clínico se assemelha ao de outras doenças como as micoses. 26 Davi Cassiano, 119B - Na dermatoscopia pode-se observar os túneis formados nas lesões, por vezes detectando ácaros se movimentando na pele. A observação dessas características confirma o diagnóstico da sarna: - Confirmação parasitológica: feita a partir de um raspado profundo de pele (o profundo é confirmado por ligeiro sangramento na hora da coleta). . Os ácaros são escavadores e não estão na superfície na maioria do tempo. . Deve-se fazer a raspagem em preferencialmente em lesões sem crostas. . O material é colocado em lâmina, clarificado com lactofenol a 10% e observado em microscópio: - A presença do ácaro em raspados profundo confirma o diagnóstico. - Não estão disponíveis testes imunológico ou moleculares para o diagnóstico. Epidemiologia - Ectoparasitose frequente e mundial. - É uma das doenças tropicais negligenciadas de acordo com a OMS. - Fatores que contribuem para a endemicidade: pobreza, aglomerações e falta de acesso aos cuidados médicos. . Em países desenvolvidos, surtos de sarnas estão associados a aglomerações principalmente em presídios, orfanatos e asilos. - NÃO É UMA ZOONOSE: a variedade que infecta animais e humanos é diferente. . O ácaro dos animais, em contato com a pele humana, não se estabelece para continuar uma infecção produtiva. . Em casos de grandes cargas de ácaros de animais em contato com pele humana podem ser formados exantemas transitórios autolimitados que não geram infestação geral. 27 Davi Cassiano, 119B Profilaxia - Diagnóstico e tratamento de infestados. . Tratamento tópico com termitrina ou oral por ivermectina. . A eficácia é semelhante e a tolerância é boa para ambos os tratamentos. . É importante o tratamento de indivíduos que residem com o infectado, mesmo que assintomáticos. Também, os contactantes próximos. . A sarna é muito contagiosa e o período pré patente pode chegar a 2 semanas com indivíduos infestados e assintomáticos. - Medidas de higiene individual e coletiva. - Descontaminação de roupas e fômites (principalmente em sarna crostrosa). - Educação. 28 Davi Cassiano, 119B Carrapatos - Os carrapatos são ácaros. - Seu corpo é dividido em cefalotórax e abdômen. - A forma adulta possui 4 pares de patas. - Na região anterior do corpo apresentam gnatossoma (falsa cabeça) que contêm o aparato bucal picador/sugador por onde ingere sangue do hospedeiro. - Quando se fixam ao hospedeiro, introduz o gnatossoma em sua pele. - No gnatossoma existe o hipostômio com dentes recorrentes que permitem a fixação do carrapato a pele de uma maneira estável/forte. - O processo de fixação do carrapato ao hospedeiro gera uma agressão traumática. - A liberação de saliva no local da lesão configura uma agressão lítica. Quinases na salivam catalisam a bradicinina. Prostaglandinas da saliva inibem a produção deIL-1 emigração demacrófagos. .Em hospedeiros sensíveis (não expostos previamente ao carrapato)aprincipalrespostaépor infiltração de neutrófilos para o local de fixação do carrapato. . O processo inflamatório resultante causa vasodilatação e ruptura de vasos com hemorragia próximo ao local de fixação contribuindo com a hematofagia do carrapato. - Importância médica: . Família: Ixodidae. . Ocorre edema na derme e epiderme. . Gêneros: Ambylomma sp. .Rhipicephalus s. . Anocentor sp. - Ciclo biológico: ovo-> larva(com 3 pares de patas) -> linfa -> adulto. . Todas as fases são hematófagas. . Algumas espécies realizam seu ciclo no ambiente e outras no hospedeiro. . As fêmeas fecundadas precisam realizar hematofagia para a maturação dos ovos. . Em hospedeiros resistentes (previamente expostos a picada) a lesão de fixação é intensa com grande edema na derme e epiderme. . Há infiltrado de eosinófilos e principalmente de basófilos. Necrose do tecido sem ruptura de vasos. . Evolui para pústula rica em basófilos e linfócitos. Dificultando ou impedindo a hematofagia do carrapato. - Apresentam ainda agressão espoliativa. - Alguns hospedeiros apresentam hipersensibilidade a saliva de algumas espécies. . Dependendo do grau de sensibilidade do hospedeiro ele desenvolve paralisia flácida que é ascendente e pode levar a óbito por paralisia da musculatura Patogenia e manifestações clínicas. respiratória. 29 Davi Cassiano, 119B - Podem transmitir agentes patogénicos: . Febre maculosa: Rickettsia sp. Doença enxantemática de forma centrípeta. - Uso de repelente na pele e nas roupas (específico para ácaros). - Uso de roupas claras e que recobrem todo o corpo ao entrar em matas. . Carrapatos estão na vegetação em grupos e se aderem ao corpo com o toque. . Roupas claras permitem uma melhor visualização da presença dos carrapatos. . Doença de Lyme: Borrelia sp. Exantema migratório, lesão avermelhada com centro claro se assemelhando a um alvo. . Babesiose: Babesia sp. Cursa com quadro clínico semelhante a malária. Mais frequente na américa do norte. Diagnóstico - Observação das lesões e dos ácaros durante o exame físico. - Remoção do carrapato: não se deve puxar pelo corpo pelo risco de separação do gnatossoma e continuidade da reação inflamatória. . A remoção correta é feita com pinça próxima a pele para puxar de forma leve o carrapato evitando que fiquem partes aderidas a pele. Profilaxia - Inspeção da roupa e corpo no momento do banho. Carrapatos levam de 10 minutos a 2 horas para começar o repaste sanguíneo e a transmissão de patógenos depende do tempo de fixação do carrapato ao hospedeiro. - Inspeção e tratamento com ascaricidas em animais de estimação. - Manter grama cortada e quintal livre de folhas. - Ascaricidas no ambiente em infestações. 30 Davi Cassiano, 119B Piolhos - Corpo dividido em cabeça, tórax e abdômen. - Sem asas e com patas curtas. - Corpo achatado dorso-ventralmente. - Aparelho bucal picador sugador. - Hematófagos. - Os ovos são conhecidos como lêndias, popularmente. - 3 espécies principais causam doenças ao homem: .Pediculus humanus humanus: cabeça, nuca e orelhas. . Ovos aderidos aos pelos. . Pediculus humanus corporis: aderido ao corpo em regiões quentes e úmidas (axilas, coxas e cintura). . Ovos aderidos nas roupas. . Pthirus púbis(piolho chato): infesta a região pubiana. . Ovos aderidos aos pelos da região pubiana. - Ciclo biológico: hemimetabólico. . Ovo -> ninfa -> adulto. . A fêmea deposita ovos na base do pelo que se adere por substância cementante que evita sua dispersão com movimento ou vento. . No piolho do corpo, os ovos se aderem as fibras das roupas. . Levam uma semana para eclodirem e liberarem as ninfas. . A maturação das ninfas dura certa de 7 dias. . Adultos são hematófagos, se alimentam várias vezes ao dia e podem sobreviver por até 30 dias no hospedeiro. . Morrem entre 1 e 2 dias quando estão no ambiente e não se alimentam. - Transmissão se dá por contato direto com o indivíduo infestado ou fômites (pente e chapéu). Piolho da cabeça e corpo. . Piolho da região genital é transmitido durante relação sexual, também. Patogenia e manifestações clínicas - Ingere sangue pelo aparato bucal causando agressão traumática. - Injeta saliva com substâncias anticoagulantes e vasodilatadoras causando agressão lítica. - A hematofagia representa agressão espoliativa. - Infestações com alta carga parasitária, especialmente em crianças, pode levar a ligeira anemia. 31 Davi Cassiano, 119B - A movimentação dos insetos gera estresse. - A pediculose apresenta prurido intenso que pode atrapalhar o sono, concentração e causar irritabilidade. - Infestações na região da cabeça podem levar ao aparecimento de lesões no couro cabeludo e nuca quando em alta intensidade. - Na região genital as lesões se localizam na virilha e são bastante incômodas em grandes infestações. - Infestação dos pelos da face é possível em cílios, sobrancelha, barba e bigode. - Ocorrem lesões por coçadura por conta do prurido produzido sendo portas de entrada para lesões secundárias principalmente em nuca e virilha (regiões quentes e úmidas). - Podem ser vetores de agentes patogénicos: febre recorrente e tifo exantemático. Diagnóstico - Observação das lesões dos insetos ou seus ovos no pelo, couro cabeludo, roupas e/ou região genital. - Lâmpada de Wood pode ser usada para triagem pois a lêndia brilha na luz negra. - A infestação por P. púbis é geralmente transmitida por contato sexual, assim, a presença da infestação na genitália de crianças traz uma necessidade de investigação de abuso sexual. Epidemiologia - Todo os indivíduos são suscetíveis mas em crianças é mais comum pelos hábitos de higiene não desenvolvidos. - Tipo ou cor de cabelo não se associam a maior ou menor suscetibilidade. - Infestações do corpo se associa a situações de pobreza, guerra e desabrigados. - Infestação na região genital é um IST. - Transmissão é por compartilhamento de fômites e contato direto. Profilaxia - Tratamento e remoção das lêndias com pente fino. . Os fármacos matam apenas piolho adulto. - Higiene pessoal. - Não compartilhamento de fômites. - Educação e saúde e vigilância em escolas. 32 Davi Cassiano, 119B 33 Davi Cassiano, 119B Oncocercose - Agente: Onchocerca Volvulus; - Verme adulto está presente no tecido subcutâneo sem causar doença. - O verme morre e libera seus conteúdos/antígenos no tecido o que causa uma reação tecidual e inflamatória. - As manifestações cutâneas são fruto da reação imune do hospedeiro contra os antígenos do patógeno morto. OBS: No intestino do verme existe uma bactéria (Gênero: Wolbachia) que faz endossimbiose com o verme e acredita-se participar da patogênese da doença. Imunomodulação e resposta inflamatória. . A bactéria também é liberada com a morte do patógeno e também causa resposta. - As manifestações cutâneas podem ser agudas ou crônicas (gera sequelas). - Liquenificação: lesões de cossadura crônica: - Atrofia cutânea: dá um aspecto de ruga/envelhecido para a pele do paciente. - Despigmentação + hiperqueratose (aumento da proliferação dos extratos córneos mais superficiais com queratinização excessiva): - Tipicamente se localiza em regiões de protuberâncias ósseas. Cotovelos, ombros, joelhos, sacro, etc. . Ex.: espinhas ilíacas: Manifestações cutâneas - Oncocercoma: nódulo subcutâneo formado pelo enovelado de vermes adultos alocados naquela região do tecido fazendo um tumor benigno. - Exantema, prurido, pápulas e vesículas podem estar presentes. Doença ocular por Onchocerca - As mixrofilárias produzidas no subcutâneo a partir da reprodução sexuada do parasito invadem o sistema linfático. 34 Davi Cassiano, 119B - Ocorre a sua migração pelo corpo e podem acabar parando na região do globo ocular, na Câmara anterior. - Ali, esses parasitos vão causar ceratite (inflamação na córnea): . No início é puntiforme: vários pontos inflamatórios brancos na córnea. . Com a cronificação pode evolui para ceratite esclerosante que gera cegueira. - Ceratite puntiforme: . Microfilárias na câmara anterior. . Lacrimejamento e foto fobia no início. . Evolui para edema palpebral e congestão ciliar. . Posteriormente, déficit visual reversível. - Ceratite esclerosante: . Cronificaçãodo processo descrito anteriormente. . Aumenta a extensão das lesões. . Ocorre a opacificação da córnea que gera um déficit visual. . O déficit é inicialmente noturno e evolui para total podendo chegar a cegueira irreversível. . 2ª maior causa de cegueira infecciosa no mundo. . A presença do verme em camadas mais profundas do globo ocular podem gerar: uveíte, atrofia óptica e coriorretinite. - Evolução da ceratite: Diagnóstico - Clinicamente procura-se pelos focos da lesão primária aguda: pele e subcutâneo. - É realizada a biópsia por prega cutânea no oncocercoma. . Pega-se uma prega cutânea e realiza-se a biópsia dos extratos córneos mais superficiais. - Coloca-se em solução salina e observa-se no microscópico diretamente. - Coragem do tecido com Hematoxilina-eosina. - Doença ocular: exame de lâmpada de fenda. . Possibilita a visualização das oncocercas na câmara anterior do globo ocular. Observa-se a movimentação dos vermes na câmara. . Para um aumento de sensibilidade, pede-se ao paciente para abaixar a cabeça entre os joelhos por 2 minutos, causando a migração dos vermes para 35 Davi Cassiano, 119B a parte mais anterior da câmara. . Observa-se lesões inflamatórias na córnea (ceratite). . O fundo de olho ajuda a avaliar outras manifestações da doença. - Abaixo, ceratite puntiforme: - Teste de Mazzotti: . Administração de dietilcarbamazina para observar erupção papular em pacientes com a doença. . Muitos vermes morrem com a aplicação da dietilcarbamazina sendo possível observar a reação de imunidade desencadeada pela presença dos patógenos. . Porém, a medicação administrada de maneira sistêmica pode culminar em uma reação grave. . A medicação tópica é a mais usada atualmente sob o oncocercoma. OBS: é o mesmo agente anti-parasitário utilizado para a elefantíase. - Testes sanguíneos: . Na prática as microfilárias tem pouca circulação sanguínea, levando a uma menor probabilidade de diagnosticar a o patógeno quando presente. . Sorologia é um teste com baixa especificidade por apresentar reação cruzada com outras helmintíase. . É um teste que permanece positivo por anos, sendo outra dificuldade para a diferenciação entre uma doença atual ou pregressa. . PCR tem especificidade e sensibilidade adequada. . Apresenta alto custo e disponibilidade limitada. Tratamento 36 Davi Cassiano, 119B Prevenção e controle 37 Davi Cassiano, 119B Leishmaniose Tegumentar American Parte 1 - Ordem: Kinetoplastida - Família: Trypanosomatidae. - Gênero: Leishmania. . Subgêneros: Leishmania & Viannia. - A espécie de maior relevância no Brasil é a Leishmania (V.) braziliensis. . Inúmeras espécies porém estão descritas em toda a américa. - Hospedeiros: . Vertebrados: mamíferos (roedores, marsupiais, cães, equinos, ser humano). . Habitat(nos hospedeiros): Células do sistema fagocítico mononuclear: macrófagos. . Invertebrados: dípteros, psicodídeos, flebotomíneos. No velho mundo o gênero Phlebotomus e no novo mundo o gênero Lutzomyia. . NÃO SÃO MOSQUITOS. São insetos pequenos que depositam seus ovos em matéria orgânica, e não na água, assim, não possuindo ciclo dependente de água como os mosquitos. . Somente as fêmeas são hematófagas e assim responsáveis pela transmissão do protozoário. . Insetos de hábitos noturnos com picadas ocorrendo no período crepuscular ou locais escuros durante o dia e ainda matas fechadas. . Há espécies domiciliares, peri-domiciliares e silvestres. . Os ovos são postos em matéria orgânica. Morfologia - O protozoário possui duas formas evolutivas diferentes ocorrendo ao longo do ciclo de vida: . HV: amastigota: ocorre no hospedeiro vertebrado. . Intracelular obrigatória. . Se reproduz por fissão binária no interior de células fagocitárias do hospedeiro. . HI: promastigota: ocorre nos invertebrados. . Forma extracelular. . Se reproduz por fissão binária. Ciclo biológico - As fêmeas do Phlebotominio infectadas transmitem para o hospedeiro vertebrado suscetível quando realizam a hematofagia. 38 Davi Cassiano, 119B - As fêmeas possuem em suas glândulas salivares formas promastigotas. Assim, juntamente com a inoculação da saliva no momento da hematofagia, são inoculados os parasitos. - O mecanismo de infecção é passivo cutâneo. - Na pele, antígenos da saliva do flebotomíneo e da superfície da promastigota desencadeiam resposta celular que favorece a fagocitose das promastigotas principalmente por macrófagos. - No interior dos macrófagos as promastigotas se diferenciam em amastigotas que serão capazes de sobrevivem no ambiente intracelular pois modificam o vacúolo de fagocitose. . Impedem a fusão com o lisossomo e escapam da ação enzimática protetora. - O vacúolo modificado é chamado de vacúolo parasitófago. - As amastigotas se reproduzem nos vacúolos e se acumulam na célula até causar o seu rompimento por excesso de parasitas. - Com o rompimento da célula, as amastigotas ganham o meio extracelular e vão ser fagocitadas por novas células de defesas. . Esse ciclo pode ocorrer pra sempre na pele do hospedeiro dependendo de fatores como: resposta imune, tratamento e outros que alterem a velocidade do ciclo. - A fêmea do flebotomíneo se infecta ao fazer hematofagia em hospedeiro humano infectado pois ingere também células fagocitárias infectadas por amastigotas. . Mecanismo: passivo-oral. - No flebotomíneo as amastigotas ganham o trato digestivo e se diferenciam em promastigotas, colonizam o trato digestório até alcançar as glândulas salivares reiniciando o ciclo. Patogenia e manifestações clínicas - No momento da picada do inseto, ocorre lesão tecidual por agressão traumática. - Proteínas da saliva induzem atividade inflamatória. - Esses são os desencadeadores de resposta aguda inespecífica. . Participam várias células facilitando a fagocitose das promastigotas. Se elas não forem fagocitadas, a infecção não consegue êxito e são mortas na pele. . As que são mortas na pele, tem antígenos reconhecidos e apresentados por APC’s que auxiliam na resposta montada pelo hospedeiro. - A ativação do complemento é importante na fase inicial pois induzem quimiotaxia (C3a, C5a) e a formação do C3b será importante. - C3b será inativada por glicoproteína GP63 da superfície da promastigota impedindo a formação do MAC. - O C3bi(inativada) se liga a receptor de macrófago facilitando a fagocitose do parasito. - Assim, a inativação de C3b protege contra lise e favorece a fagocitose. - Os neutrófilos também são importantes pois liberam NET’s (que matam o parasita no meio extracelular) e ainda ativam macrófagos no sítio de infecção. - Porém estudos demonstram que os neutrófilos fazem papel dúbio na resposta 39 Davi Cassiano, 119B inflamatória, funcionam como CAVALOS DE TRÓIA. . Dúbio = é um adjetivo que significa duvidoso, incerto, indefinido. - Os neutrófilos possuem capacidade de fagocitar promastigotas, e quando são infectados são fagocitados por macrófagos carreando o protozoário para o interior dos macrófagos. - A ativação de macrófagos pode ainda ser feita por duas vias: . Clássica: produção de NO e outras ERO’s que são efetivas na morte de microrganismos incluindo a Leishmania;. . Alternativa: ocorre a produção de poliaminas. A ativação dessa via não é capaz de matar o protozoário. - Quando os antígenos do patógeno são apresentados pelas APC’S vai ocorrer liberação de fatores estimuladores da inflamação que levam a diferenciação de linfócitos T: . Th2: no caso da Leishmania é denominado de permissivo: induz respostas não eficientes para a matar o protozoário. . Nesse perfil de células T ativadas, os macrófagos são ativados pela forma alternativa. . Além disso, são produzidas citocinas que não são importantes para desencadear vias de morte para o protozoário. . Th1: maior eficiência na morte de parasitos e maior ativação de macrófagos pela via clássica. . A presença de Th17 e Treg regula a resposta Th1. - Vale ressaltarque em um hospedeiro são despertados os dois perfis de células T mas com uma predominando. .Essa diferença no perfil de resposta varia de acordo com fatores do hospedeiro, da espécie de Leishmania , entre outros fatores. 40 Davi Cassiano, 119B Patogenia e manifestações clínicas - Mediante as diferentes respostas que podem ser apresentadas, a Leishmaniose tem um espectro variado de apresentações clínicas. - Tipicamente ocorre uma úlcera clássica, em geral única, de evolução benigna. - Há ainda dois polos de respostas/espectros diferentes mas igualmente importantes: . Anérgico: hospedeiro não desenvolve uma resposta celular eficiente aos antígenos de Leishmania. . Apresenta um quadro de Leishmaniose cutânea difusa em decorrência da falta de resposta. . No Brasil, se associa com a espécie Leishmania (L.) amazonensis. . Não ocorrem em todos os indivíduos infectados por essa espécie, e sim nos que apresentam resposta anérgica. . Hiperérgico: a reação aos antígenos do parasita é exacerbada com resposta de Th1 anormal, resultando em lesão tecidual com lesões em regiões de mucosa. . Associada a Leishmania (V.) brasiliensis. . É uma espécie relativamente comum mas poucos indivíduos apresentam hiperergia. - Características dos espectros: . Hiperérgico: resposta celular grande. 41 Davi Cassiano, 119B . Resposta Th1 alta, carga parasitária baixa. . Anérgico: resposta celular pequena e grande produção de anticorpos. . Resposta Th1 baixa, carga parasitária alta. . Entre os espectros tem-se os indivíduos de resposta típica que apresentam equilíbrio entre a resposta celular e a produção de anticorpos. - Observar que, mesmo na lesões cicatrizadas o protozoário pode estar presente. . Não existe cura parasitológica, o parasito não é eliminado mesmo com a cura clínica. - A cura clínica do hospedeiro é representada pelo equilíbrio entre parasito e resposta imune, sem haver a eliminação do protozoário. - Fatores que afetam o curso clínico: - Ambos os polos apresentam formas de doenças graves. - Abaixo, perfis de resposta e carga parasitária em hiperergia, lesões cutâneas típicas e lesões cicatrizadas, respectivamente: . Fatores relacionados ao hospedeiro: . Genética; . Idade: crianças e idosos tem curso mais grave por imaturidade imunológica e senescência imunológica, respectivamente. . Número e localização das lesões. . Resposta imune. . Estado nutricional. 42 Davi Cassiano, 119B . Comorbidades: diabetes por ex. . Coinfecções: HIV por ex. . Gestação: ocorre imunomodulação no período gestacional. . Imunossupressão por medicação (transplantados ou com doença autoimune, por ex.). . Fatores relacionados ao parasita: . Espécie infectante: diferença dos isolados dentro da mesma espécie (alguns são mais patogênicos que outros). . Existe um vírus que infecta Leishmania (LRV-1) foi encontrado já em espécies brasileiras. . Está associado ao desenvolvimento de lesões grave e de mucosas. . Carga parasitária. . Seleção de subpopulações mais resistentes ao tratamento. Leishmaniose Tegumentar American Parte 2 Gênese das lesões - As lesões se desenvolvem em partes do corpo mais expostas pois estão associadas ao sítio de inoculação: face, antebraço e parte inferior das pernas por ex. - Se inicia como pequena pápula que é associada a picada do inseto (em geral ocorre no local da inoculação). . Pode se disseminar por via linfohematogênica. . Leva cerca de 2 a 8 meses para surgir. - Em seguir, surgem nódulos em um período de até 6 meses. . Os nódulos podem ulcerar, em geral a partir do seu centro. . Inicialmente, ocorre resposta celular que é o que leva a ulceração. . Forma-se então uma crosta amarronzada que recobre a área da úlcera. - A próxima fase é a da formação da úlcera. . Pode ser úlcera clássica ou Leishmaniótica. . Acontece por necrose tecidual por resposta celular. 43 Davi Cassiano, 119B - Úlcera típica: é indolor, alguns pacientes relatam dor quando há co-infecção bactéria ou quando ocorre em articulações. . O formato é variável (arredondado ou ovalado) mas tem uma borda elevada e fundo granuloso grosseiro. . O tecido granuloso do centro da úlcera é passível de sofrer fragmentação (friável), sendo comum sangramento, que é uma porta de entrada para infecções secundárias, especialmente por bactérias. . A lesão tem consistência firme, base eritematosa e fundo avermelhado. - Outras lesões podem ocorrer: . Lesões vegetantes: aspecto papilomatoso, úmido e de consistência mole. . Lesões verrucosas: superfície seca, áspera, com presença de pequenas crostas e de descamação. . Forma esporotricóide: lesões se assemelham a esporotricose. . Linfangite nodular, com ou sem linfoadenopatia regional, que pode estar recoberta por pele íntegra ou eritematosa. . Linfangite nodular: reação inflamatória do cordão linfático. . Pode haver formação de úlceras no trajeto, com supuração e fistulização das lesões(formação de canais que drenam para o meio externo). - A infecção secundária das úlceras e o tratamento inadequado pode causar uma modificação no aspecto da úlcera. . Forma-se um eczema na pele ao redor da lesão. Denominada de forma ectimóide, dificulta o diagnóstico. 44 Davi Cassiano, 119B - Ao evoluir para cura a lesão se transforma em uma cicatriz: . É atrófica, deprimida, com superfície lisa, áreas de hipo o hiperpigmentação e traves fibrosas. . Mesmo nas cicatrizes é possível encontrar o DNA do parasita, não havendo cura parasitológica, apenas clínica. . Podem levar a problemas psicológicos quando muito extensas, e o aspecto psicossocial deve ser levado em conta ao se deparar com um caso desse. - Um desequilíbrio na resposta imune e protozoário pode haver reativação de lesões, mesmo as já cicatrizadas: - O espectro de apresentações clínicas é muito grande mas pode ser didaticamente dividido em: . Leishmaniose cutânea: só acomete a região da pele. . Leishmaniose mucosa: acomete região de mucosa ou mucosa e pele adjacente (mucocutânea). - Formas clínicas – Leishmaniose cutânea localizada - Lesões do tipo úlcera, com tendência a cura espontânea e com boa resposta ao tratamento, podendo ser única ou múltipla (até 20 lesões, em geral próximas umas das outras). Pode ser acompanhada de linfoadenopatia regional e linfangite nodular. Leishmaniose cutânea disseminada - Relativamente rara: cerca de 2% dos casos. - Causada por L. (V.) braziliensis e L (V.) amazonensis. - Caracterizada de múltiplas lesões papulares e de aparência acneiforme, que acometem vários segmentos corporais (com frequência face e tronco) e distantes do local da picada. 45 Davi Cassiano, 119B - Acredita-se que ocorre por disseminação hematogênica ou linfática do parasito. - Alerta para co-infecção pelo HIV. Está relacionada ao imunocomprometimento. . Áreas com grande concentração de indivíduos HIV-positivos não tratados tem uma maior ocorrência dessa forma de Leishmaniose. Leishmaniose cutânea recidiva cútis - Não se conhece o mecanismo exato. - Evolui com cicatrização espontânea ou medicamentosa do centro da úlcera, com manutenção de atividade localizada geralmente na borda da lesão. . É iniciado um processo de cicatrização que não se conclui. - A resposta à terapêutica é pobre ou ausente. Leishmaniose cutânea difusa - Causada por L. (V.) amazonensis. - Forma rara e grave que ocorre em pacientes com anergia e deficiência específica na resposta celular aos antígenos do patógeno. - Evolui de forma lenta, com as formação de placas e múltiplas nodulações ulceradas recobrindo grandes extensões cutâneas. . Muito semelhante à Hanseníase Virchowiana. - Em geral não há a formação de úlceras já que estas dependem de resposta celular. - Resposta à terapêutica pobre ou ausente. Leishmaniose mucosa - Corresponde de 3 a 5 % dos casos. -Lesões destrutivas localizadas nas mucosas das vias aéreas superiores. - A forma clássica é secundária a lesão cutânea. . A lesão mucosa pode ser concomitante a lesão cutânea também. . Pode demorar até 10 anos para aparecer quando é secundária a lesão cutânea. - Ocorre nos hiperérgicos por excesso de resposta Th1. . A resposta é destrutiva e vai causar necrose de grandes áreas de mucosa. - Geralmente a lesão é indolor e se inicia no septo nasal anterior. - Causa em grande parte por L. (V.) braziliensis. - Apresenta difícil resposta terapêutica. - Possui como queixa: obstrução nasal, eliminação de crostas, epistaxe, disfagia, odinofagia, rouquidão, dispneia e tosse. 46 Davi Cassiano, 119B - Apesar de as localizações mais frequentes serem as mucosas oral e nasal, outras regiões podem ser acometidas. Por ex.: mucosa genital. - A forma mucosa também possui espectro de apresentações clínicas diverso, podendo ser: . Mucosa tardia: ocorre após lesão cutânea e o tempo de aparecimento da lesão mucosa varia de meses até anos. . Mucosa concomitante: ocorre quando lesão cutânea e mucosa são concomitantes. . Mucosa contígua: lesão cutânea se estende para a mucosa adjacente. . Mucosa primária: pode estar relacionada com o local da picada e inoculação do agente parasitário na mucosa. . Mucosa indeterminada: não é possível determinar a origem ou causa. 47 Davi Cassiano, 119B Coinfecção com HIV - É uma questão frequente no país. - A sorologia para HIV é recomendada pelo ministério da saúde para todos os pacientes com LTA. - Sugere ainda critérios sugestivos da infecção em portadores de HIV: . Qualquer tipo de lesão de pele e mucosas em pacientes procedentes de áreas de transmissão. - Critérios sugestivos para pacientes com Leishmaniose tegumentar: . Item F: pacientes com espécies dermotrópicas (naturalmente causadoras de Leishmaniose tegumentar) não se observa visceralização. Leishmaniose Tegumentar American Parte 3 Diagnóstico diferencial - As lesões podem ter uma série de apresentações clínicas e em algumas se assemelha bastante com outras doenças (infecciosas ou não). - Nas imagens a seguir temos, respectivamente: . Tuberculose cutânea, Hanseníase virchowiana, úlcera traumática (origem não infecciosa), cromomicose, esporotricose e paracoccidiodomicose. . Todas essas são diagnósticos diferenciais para Leishmaniose. OBS sobre a imagem acima: . Item E: em geral, nessa técnica não se observa positividade por conta da baixa carga parasitária em indivíduos saudáveis. 48 Davi Cassiano, 119B - O material deve ser submetido a imprint, armazenado em solução fisiológica para a posterior realização da cultura. - Imprint: impressão por aposição em lâmina. . Compressão do material em duas lâminas de microscopia ou, encostar o material múltiplas vezes em lâmina de vidro com carimbo. - Assim, para a confirmação do diagnóstico a LTA dever ser considerada no diagnóstico diferencial de pacientes com história de residência em áreas endêmicas ou história de viagem para região endêmica de 1 a 6 meses antes do aparecimento da lesão. - Anamnese e epidemiologia são cruciais para o diagnóstico. - Os casos de LTA confirmados são de notificação compulsória (confirmação laboratorial ou clínico-epidemiológica). - Métodos diretos: busca-se o parasito ou seu material genético. - Métodos indiretos: procura-se por anticorpos contra o parasita ou antígenos do parasita. - O protocolo do ministério da saúde atualmente indica a coleta de material da lesão por meio de biópsia para avaliação parasitológica. . A coleta deve ser feita na borda da lesão (previamente limpa, sem infecção bacteriana associada) pois há maior probabilidade de encontrar-se parasitos. . No centro da lesão usualmente há necrose e menos material parasitário. - As células presentes no tecido ficarão aderidas ao vidro da lâmina e serão posteriormente fixadas com metanol e coradas com Giemsa para observação ao microscópio óptico. - No microscópio óptico é possível a observação de formas amastigotas no interior de macrófagos: 49 Davi Cassiano, 119B - Pode-se ainda observar células amastigotas próximas ou ao redor de núcleos de macrófagos rompidos: - Pela morfologia das amastigotas não é possível confirmar o diagnóstico. - É um método que possui alta sensibilidade para as formas cutânea, disseminada e difusa, variando de 60% até 90%. . Varia de acordo com a espécie de Leishmania e com a imunidade do hospedeiro. . A sensibilidade diminui após dois meses de doença pois a resposta imune se organiza e se torna mais eficiente em controlar os números de parasitas na lesão. - A sensibilidade para a forma mucosa é abaixo de 10% já que a resposta celular é exacerbada. . Há grande destruição tecidual e redução significativa do número de parasitos na lesão. - A alta sensibilidade nas formas difusas e disseminas se dá por conta da deficiência da resposta do hospedeiro o que deixa um grande número de parasitas na lesão. - A cultura deve ser feita em todas as amostras de biópsia para isolamento e caracterização da espécie do agente. . Principalmente a espécie L (V.) brasiliensis deve ser caracterizada devido a escassez parasitária na lesão. - No exame de cultura as formas amastigotas se diferenciam em formas promastigotas: - A sensibilidade da cultura para as diferentes formas é a que segue: - Os métodos parasitológicos alternativos que podem ser realizados são: . Raspagem de lesões ulceradas ou punção da borda inflamada e da lesão nodular. . Preparação de lâmina e fixação com Giemsa. . Histopatologia da biópsia: o fragmento que será utilizado para o imprint e cultura pode ser dividido e uma parte ir para o histopatológico. . Observa-se formas amastigotas e reação imunológica. 50 Davi Cassiano, 119B . A imuno-histoquímica pode ser associada a histopalogia para a marcação dos parasitos e facilitação da visualização especialmente quando em casos de escassez parasitária. - Pesquisa de DNA do parasito nos fragmentos da biópsia: . Aqui, além de detectar a presença, também é possível caracterizar a espécie. . A determinação de espécie é importante para escolher o tratamento, já que este varia em decorrência da espécie que o paciente apresenta. Métodos indiretos de diagnóstico - Teste Intradérmico de Montenegro (Reação de hipersensibilidade tardia): . Neste teste se inoculam antígenos da forma promastigota no paciente e se espera de 48 até 72 horas para a leitura da reação cutânea tardia. . Quando a enduração da pele for maior ou igual a 5mm, considera-se teste positivo: paciente apresenta resposta celular aos antígenos. - Pacientes anérgicos, com Leishmaniose cutânea difusa não demonstram positividade ao teste. - Imunocomprometidos podem também apresentar o teste falso-negativo. - Atualmente não se realiza o teste pois não há o antígeno sendo produzido e distribuído. - Testes imunológicos NÃO SÃO atualmente recomendados por possuírem baixa sensibilidade e especificidade. - Exames de imagem: podem ser utilizados em Leishmaniose de mucosa para avaliar o comprometimento das mucosas, principalmente em palato, glote, epiglote, faringe e esôfago. . É apenas um exame complementar, não servindo a propósitos de confirmação diagnóstica. Epidemiologia - É endêmica em regiões do velho e novo mundo. 51 Davi Cassiano, 119B - Os hospedeiros invertebrados (HI) são flebotomíneos dos gêneros Phlebotomus (velho mundo) e Lutzomya(novo mundo). - Com o desmatamento e construção de habitações próximas ás matas, a leishmaniose passou a ter um caráter mais urbano. . Algumas espécies de flebotomíneos se tornaram domiciliares e peridomiciliares, infectando assim mulheres, crianças e animas domésticos. . A presença de animais no peridomicílio favorece a alimentação do flebotomíneo, e como esses materiais são hospedeiros, o ciclo de transmissão é perpetuado.. Acúmulo de lixo (matéria orgânica) favorece o ciclo de reprodução do flebotomíneo. - Mundialmente o acometimento não se restringe as américas, afeta áreas na África e principalmente no Oriente Médio: . Os refugiados do Oriente Médio para Europa tem trazido casos para esse região. - Maioria dos casos relatados na América do Sul e encontram-se no Peru e Brasil. - Doze países foram identificados contendo uma alta carga de Leishmaniose Tegumentar segundo a OMS: . Afeganistão, Algéria, Brasilm Colômbia, Irã, Marrocos, Paquistão, Arábia Saudita, Síria, Peru, Tunísia e Turquia. . Alta carga = maior igual a 2500 casos por ano. - O número de casos é maior entre migrantes, viajantes, ecoturistas e militares. - Surtos recentes devem-se ao aumento da migração humana em razão de conflitos violentos, por ex.: Síria. - Lesões desfigurantes causam estigma, exclusão social, impacto psicossocial e problemas psiquiátricos. No Brasil - A Leishmaniose tegumentar afeta cerca de 0,7 até 1,2 milhos de pessoas no mundo. - Está presente em mais de 90 países. - As regiões endêmicas são tropicais e subtropicais. - Maiores incidências estão relacionadas as mudanças de comportamento ambiental, determinadas principalmente por condições climáticas, sociais e econômicas que influenciam a transmissão. 52 Davi Cassiano, 119B - No Rio de Janeiro: Profilaxia Redução da exposição da população aos vetores: . Combater ao hospedeiro invertebrado (inseticidas). . Uso de repelentes. . Roupas compridas ao entrar na mata. . Evitar construções residenciais próximas a florestas e matas. - Medidas para reduzir o papel do vetor e de reservatórios na transmissão do parasito. . Uso de telas de malha fina em habitações e canis. - Educação em saúde da população: - Acesso ao atendimento médico básico. - O tratamento é oferecido pelo SUS de forma gratuita e se baseia no uso de 53 Davi Cassiano, 119B antimoniais pentavalentes pelos indivíduos parasitados. - Monitoramento da dispersão e incidência. 54 Davi Cassiano, 119B Parasitoses do intestino delgado Sumário Parasitoses do intestino delgado ...............................................................................................55 Parasitoses gastrintestinais........................................................................................................56 Ascaris lumbricoides...................................................................................................................60 Ancilostomídeos.........................................................................................................................66 Stronglyoides stercoralis............................................................................................................71 Teníase e cisticercose.................................................................................................................78 Hymenolepis nana......................................................................................................................86 Giardia duodenalis .....................................................................................................................89 Cryptosporium sp.......................................................................................................................94 55 Davi Cassiano, 119B Parasitoses gastrintestinais Parasitos que habitam o intestino delgado - O intestino delgado é recoberto por vilosidades que auxiliam na absorção de moléculas da digestão. - Nessa porção do TGI ocorre importante etapa da digestão, a quebra de carboidratos, proteínas e lipídios em moléculas que os enterócitos conseguem absorver. . Dessa forma, parasitas que infestam esse local podem comprometer digestão e absorção destas e outras moléculas. - Os principais parasitas que habitam o intestino delgado são: . Ascaris lumbricoides; . Ancilostomídeos; . Stronglyoides stercoralis; . Tenia spp; . Hymenolepis nana; . Giardia duodenalis; . Cryptosporidium spp; - Ascaris lumbricoides, Ancilostomídeos e Stronglyoides stercoralis: . São parasitos nematódeos: . Cilíndricos e não segmentados. . Dióicos: possuem sexos separados na fase adulta. . Possuem 5 estágios larvares e, a cada muda (mudança no estágio evolutivo), ocorre troca de cutícula. A cutícula é o revestimento do corpo do helminto. . A troca de cutícula favorece e evasão imune pois a nova cutícula geralmente tem antígenos diferentes da anterior. - Taenia spp e Hymenolepis nana: . São parasitos cestóides: . Seu corpo é achatado e segmentado. . São hermafroditas: órgão sexual feminino e masculino presentes no parasito adulto. . Não possuem tubo digestivo. . Seu corpo é dividido em escólix, colo, e estóbilo. . Escólix: parte anterior que possui estruturas de fixação, no geral, ventosas sozinhas ou acompanhadas de aculis. . Colo: região não segmentada com células germinativas. . Estróbilo: formado por segmentos (proglotes). . Os proglotes podem ser: . Imaturos: no início do corpo do parasita. Não possuem maturidades dos órgão sexuais. . Maduros: estão no meio do corpo do parasita e 56 Davi Cassiano, 119B apresentam maturidade sexual. . Grávidos: terço final do corpo, já estão fecundados e repletos de óvulos. - Apólise: processo por meio do qual os proglotes grávidos se desprendem do corpo do parasita. - Giardia duodenalis e Cryptosporidium spp: . São protpzoários: . Procariotos unicelulares. . Possuem formas de resistência. . Apresentam diferentes estruturas de locomoção. É o que os classifica. . Giardia: flagelados. . Cryptosporidium: se locomove por deslizamento celular. Parasitos que habitam o intestino grosso - O intestino grosso tem funções de absorção de água e restos de nutrientes. - Eliminação das fezes. - Principais parasitos: . Enterobius vermicularis. . Trichuris trichiura. . Entamoeba histolytica. . Balantidium coli. - Enterobius vermicularis e Trichuris trichiura: . São nematódeos (já explicado). - Entamoeba histolytica e Balantidium coli: . São protozoários (já explicado). . Entamoeba: se locomove por meio de pseudópodes. . Balantidium: se locomove por meio de cílios ao redor do corpo. Parasitos de fígado e vias biliares - O fígado regula o metabolismo de vários nutrientes. - Sintetiza proteínas e outras moléculas. - Degrada hormônios. - Armazena substâncias (ex.:glicogênio). - Excreta substâncias tóxicas. - Principais parasitas de fígado e vias biliares: . Fasciola hepática. . Echinococcus granulosus. - Fasciola hepática: . É um platelminto da classe Digenea (trematoda): . Corpo achatado, não segmentado. . Hermafroditas. . Tubo digestivo incompleto. . Se fixam por meio de ventosas (em geral duas). 57 Davi Cassiano, 119B - Echinococcus granulosus: . É um platelminto cestóide (já explicado). Resposta a helmintos - Toda a base de resposta contra esses seres apresenta um perfil Th2 de linfócitos. - Assim, há um perfil de citocinas produzidas que leva a ativação em grande escala de eosinófilos. - Os eosinófilos levam a eosinofilia e essa vai ser uma característica para infestação por helmintos de uma forma geral. - A degranulação de mastócitos e basófilos libera mediadores que atuam em diversas células do organismo. Algumas dessas células tem papel importante na resposta contra helmintos: . Células musculares: maior contratilidade (aumenta a motilidade intestinal, por ex.) com intuito de eliminar o agente agressor. . Células epiteliais: aumenta a permeabilidade permitindo maior infiltrado de células de defesa, aumentando a capacidade da resposta do hospedeiro. . Células caliciformes: aumenta a produção de muco(outra estratégia para o TGI). . Macrófagos e células B: produção de IgE (cél. B) e contenção do parasito por meio da formação de granulomas por ex.(macrófagos). 58 Davi Cassiano, 119B Resposta a protozoários
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