Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Thayná de Alencar- P6 HIPÓFISE FISIOLOGIA Células lactotróficas: compreendem 15 a 25% das células funcionantes da hipófise anterior. Seu número absoluto não varia com idade, porém ocorre hiperplasia, na gestação e lactação TIDA produz dopamina que atua nos receptores D2, diminuindo secreção de PRL (prolactina) Secreção de PRL é pulsátil e predomina, durante o sono. HIPERPROLACTINEMIA ETIOLOGIA Causas fisiológicas: gravidez, amamentação, estresse, exercício, coito, manipulação da mama (sutiã, herpes na mama) e sono; Causas farmacológicas: representa a causa mais frequente de hiperprolactinemia não fisiológica; Os que mais aumentam são os neurolépticos. Tumores e outros distúrbios hipofisários e hipotalâmicos: A principal causa de hiperprolactinemia patológica são os prolactinomas, que representam o adenoma hipofisário funcionante mais comum (40 a 60% dos casos). Adenomas hipofisários mistos produtores de GH, TSH ou ACTH e PRL) Comprometimento da haste hipotálamo- hipofisária (p. ex., adenomas hipofisários clinicamente não funcionantes e craniofaringiomas) – para de chegar dopamina na hipófise, aumentando os níveis de PRL; Lesões infiltrativas, vasculares ou pós- radioterapia e sela vazia - produção hipotalâmica inadequada de dopamina e/ou por comprometimento da haste hipofisária. Doenças sistêmicas: Hipotireoidismo primário (↑TRH), cirrose hepática, insuficiência renal, SOP. Macroprolactinemia (não é patológica, pois não causa os sinais e sintomas): O teste detecta a PRL, mas ela é não funcionante. Monômero (23kDa) 80-90% total - Forma ativa Dímero (50kDa) Big prolactin Polímero (150- 170kDa) Big-big prolactin Hiperprolactinemia sem os sintomas típicos e/ou evidencia de um tumor hipofisario a ressonancia magnetica. MacroPRL - menor biodisponibilidade; Presença de sintomas não exclui o diagnóstico; Cromatografia líquida em colunas de gel filtração – padrão-ouro PEG (precipitação com polietilenoglicol): o Precipita a macroprolactina. Recuperação >65% - predomínio forma monomérica Recuperação <30% - predomínio macroPRL Recuperação 30 – 65% indeterminado QUADRO CLÍNICO Thayná de Alencar- P6 Outras Manifestações PROLACTINOMAS Alterações neuro-oftalmologicas: o Expansão tumoral infrasselar pode causar rinorréia liquórica (risco de provocar uma meningite). Expansão suprasselar resulta em cefaléia (tração dos vasos da dura-mater), diminuição ou perda da visão e hemianopsia bitemporal (por compressão do quiasma óptico), alem de hipertensão intracraniana ou hidrocefalia (por compressão do III ventrículo). o Hemianopsia – compressão do quiasma óptico (ex.: paciente que esbarra a lateral do carro); Pan-hipopituitarismo: deficiência das trofinas hipofisárias pode surgir por compressão da haste por tumor ou como resultado de apoplexia hipofisária. o Esses hormônios controlam a função da adrenal, suprarrenal, tireoide, gônodas... DIAGNÓSTICO 1) Confirmar hiperprolactinemia - dosagem sérica da PRL; 2) Diagnóstico diferencial: a. Investigar uso de drogas associadas, b. Descartar gravidez (β-hCG), c. Investigar presença de insuficiência hepática ou renal, d. Hipotireoidismo primário. e. Ao exame físico: deve-se pesquisar a existência de lesões irritativas ou traumáticas da parede torácica (queimaduras, herpes-zoster, cicatrizes cirúrgicas recentes) ou piercing mamário; 3) Exame de imagem - ressonância magnética de sela túrcica a. Possibilita a visualização de praticamente todos os macroprolactinomas (≥ 10 mm) bem como da maioria dos microprolactinomas (diametro < 10 mm). Se maior que 4cm – prolactinoma gigante. Incidentalomas hipofisários: descobre o tumor no acaso. CORRELAÇÃO PRL X ETIOLOGIA Prolactina < 100ng/ml: diversas causas não tumorais (drogas) Prolactina 100-200ng/ml - microprolactinomas ou compressão de haste Prolactina 200-300ng/ml - faixa cinzenta (dúvida) Prolactina 300ng/ml – macroprolactinomas. Efeito gancho ou efeito Huck – tanto antígeno para se ligar aos anticorpos que mesmo tendo um aumento da prolactina, as dosagens aparecem baixa. A dosagem com diluição (ocorre a diluição do antígeno e evita o efeito gancho). Incidência anual de 6/100000 pessoas. Respondem por menos de 2% das neoplasias intracranianas, mas são os tumores hipofisários mais comuns (40% dos casos); Microprolactinomas (<1cm) são mais prevalentes do que macroprolactinomas (≥ 1 cm); Predomina em mulheres entre 20 e 50 anos Os tumores em homens são maiores e mais agressivos Prolactinomas são raros em crianças e adolescentes, estando mais associado a NEM1 Thayná de Alencar- P6 99% são benignos O correto diagnóstico dos prolactinomas tem importância fundamental para um adequado tratamento: compressão da haste hipofisária (cirurgia) X prolactinomas (agonistas dopaminérgicos); 1º Passo: afastar outras causas de hiperprolactinemia 2º Passo: dosar PRL basal e diluída 3º Passo: solicitar basais de hipófise, RNM sela + campo visual TRATAMENTO Agonistas dopaminérgicos: tratamento de primeira linha o Dopamina atua nos lactotrofos normais e tumorais, reduzindo da síntese e da secreção de PRL. Suspensão dos agonistas dopaminérgicos – após 2 anos de tratamento se após esse período, a PRL normalizar + tumor desaparecer ou reduzir de volume em mais de 50%. Indicações de cirurgia: aumento do tamanho do tumor, apesar do uso de DA, resistência ou intolerância ao DA, apoplexia hipofisária, fistula liquórica durante uso de DA SÍNDROME DE CUSHING E DOENÇA DE CUSHING Compreende sinais e sintomas associados a exposição prolongada a níveis plasmáticos inapropriadamente elevados de glicocorticóides livres; Pode ser fruto da administração terapêutica prolongada de glicocorticóides (SC exógena) ou, bem menos frequentemente, da hiperprodução crônica de cortisol (SC endógena); A SC está associada a elevada morbimortalidade quando não é adequadamente tratada. As causas da SC dividem-se em duas categorias, de acordo com os níveis do ACTH circulante: o ACTH-dependentes o ACTH-independentes. SÍNDROME DE CUSHING ACTH DEPENDENTE Doença de Cushing: Adenoma hipofisário secretor de ACTH (maioria <10 mm). Tem predomínio no sexo feminino (M:H = 8:1), início, em geral, entre 20 e 40 anos e uma progressão lenta (vários anos de sintomas). Síndrome do ACTH ectópico: Mais comum em homens e, geralmente, se apresenta após os 40 anos. A produção ectópica de ACTH pode se originar de diversos tumores: carcinoma pulmonar pequenas células e tumores carcinóides (brônquicos, tímicos, etc). SÍNDROME DE CUSHING ACTH INDEPENDENTE Distúrbios adrenais: Em geral, são causados por um adenoma ou carcinoma produtor de cortisol. SÍNDROME DE CUSHING EXÓGENA OU IATROGÊNICA O uso crônico de glicocorticóides representa a causa mais comum de síndrome de Cushing, devendo ser descartado em qualquer paciente com manifestações cushingoides. Costuma surgir com doses diárias excedendo 7,5 mg de prednisona, 0,75 mg de dexametasona ou 30 mg de hidrocortisona. Ocasionalmente, o quadro pode surgir devido ao uso prolongado de preparações nasais, cremes ou colírios contendo glicocorticoides. ESTADOS DE PSEUDO-CUSHING Thayná de Alencar- P6 Condições que se manifestam com um fenótipo clinico e/ou laboratorial similar ao da síndrome de Cushing, associado a hipercortisolismo leve ou moderado. Depressão, alcoolismo crônico, obesidade (principalmente, a visceral), síndrome de abstinência alcoólica, anorexia nervosa e demais doenças psiquiátricas, tais como síndrome do pânico, ansiedade crônica e psicoses. CLÍNICA Obesidade centrípeta em adultos e generalizada em crianças: giba de búfalo e facies em lua cheia; Intolerância a glicose e DM; Sistema cardiovascular: HAS , ↑ risco cardiovascular; Risco aumentando para infecções; Inibição da pulsatilidade de GnRH: Irregularidade menstrual, perda de libido; Músculo-esquelético: fraqueza muscular proximal, osteoporose, fraturas patológicas, hipercalciúria; Pele: equimoses, aparência pletórica, estrias purpúricas >1cm, hiperpigmentação (SAE) DIAGNÓSTICO Descartar o uso de glicocorticóides (por qualquer via de administração) 1) HÁ HIPERCORTISOLISMO? a. Cortisol livre na urina de 24-h (UFC) b. Ritmo circadiano do cortisol no soro ou saliva às 23h – é o horário de ponto mais baixo c. Cortisol pós supressão com 1mg de dexametasona (faz a dose 23h e dosa os níveis as 8h do outro dia) 2) QUAL ETIOLOGIA DO HIPERCORTISOLISMO - Dosagem do ACTH a. ACTH Detectável (normal ou alto): diferenciação entre Doença de Cushing e ACTH ectópico testes adicionais; b. ACTH Indetectável tomografia de adrenal TRATAMENTO O tratamento de escolha para a doença de Cushing é a remoção cirúrgica do tumor hipofisário por via transesfenoidal; Pacientes com doença de cushing persistente ou recorrente necessitam de tratamentos adicionais, a fim de minimizar as consequencias deletérias do hipercortisolismo: nova cirurgia hipofisaria, radioterapia hipofisaria, adrenalectomia bilateral e/ou tratamento medicamentoso (fármacos que inibem uma ou varias enzimas da esteroidogênese adrenal – cetoconazol, p. ex) ACROMEGALIA É uma doença sistêmica crônica e de evolução lenta, decorrente da produção excessiva de hormônio do crescimento (GH) e consequentemente do fator de crescimento semelhante a insulina tipo 1 (IGF-1 – insulin-like growth factor type 1); Em crianças antes da fusão das cartilagens epifisárias se apresenta com alta estatura, sendo denominada gigantismo; Prevalência 38-80 casos/milhão. Incidência 5 casos novos/milhão; H = M 30-50 anos Diagnosticada tardiamente – cerca de 7 a 10 anos após o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas CONTROLE DO EIXO GH-IGF-1 Ações do GH: Dependentes de IGF Thayná de Alencar- P6 Cartilagem de crescimento Crescimento ósseo Síntese proteica Massa muscular Proliferação celular Independentes de IGF Resistência insulínica em tecidos periféricos Hiperinsulinismo Lipólise Cetogênese Hiperglicemia Retenção de Na e K ETIOLOGIA Aproximadamente 98% dos pacientes com acromegalia albergam um adenoma hipofisário secretor de GH (somatotropinoma) que pode ser um adenoma de células puras de GH ou um adenoma misto com células de GH e prolactina (PRL). Cerca de 80% desses adenomas são macroadenomas (>10 mm) por ocasião do diagnóstico. CLÍNICA O início insidioso e progressão geralmente lenta média de intervalo entre o início dos sintomas até o diagnóstico é de cerca de 12 anos. Compressão de estruturas adjacentes pelo tumor: hipopituitarismo, perda de campo visual, cefaléia; Secreção excessiva de GH: fascies acromegálica, aumento de extremidades (perda de sapatos e anéis), hiperidrose, acrocórdons, artralgia, sd túnel do carpo, macroglossia, acentuação das linhas da face, aumento do mento, lábio e nariz e orelhas, prognatismo, fronte proeminente, espessamento da calota craniana e do couro cabeludo. Complicações cardiovaculares: HAS, hipertrofia de VE ou cardiomegalia; Complicações respiratórias: apnéia do sono, dificuldade de intubação Complicações endocrino-metabólicas: intolerância a glicose, hiperprolactinemia, dislipidemia aterogênica, bócio; Neoplasias: risco aumentado de câncer, particularmente de cólon, tem sido sugerido DIAGNÓSTICO GH é secretado de forma pulsátil. Indivíduos normais: 70-80% dos valores de GH dosados são indetectáveis Picos de secreção podem ocorrer (> valores normais) IGF-I não apresenta valores circadianos nem pulsáteis; GTT 75g para GH - padrão-ouro; EXCLUSÃO CONFIRMATÓRIO IGF-I Normal Aumentado GTT - GH Nadir < 1,0 ng/ml Nadir > 1,0 ng/ml Após confirmação clínico e laboratorial deve ser realizado exame de imagem – RNM de sela; Campimetria visual; Triagem de comorbidades: colono, ECO, US tireóide. TRATAMENTO A cirurgia (transesfenoidal) representa o tratamento de escolha para a acromegalia (chance de cura maior se tumores pequenos, intrasselares, cirurgião experiente); Análogos da somatostatina (octreotide e lanreotide): suprime secreção hipofisária de GH e inibe proliferação de somatotrofos. É adjuvante a cirurgia. Cabergolina: agonista dopaminérgico que na acromegalia tem ação suprimindo a liberação do GH. Radioterapia: para tumores não curados com cirurgia e sem controle laboratorial com medicações. Hipopituitarismo é o principal efeito adverso. Referência: aula professor Dyeego – endócrino.
Compartilhar