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Overtraining: Quando o Treino se Torna um Risco

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Overtraining
É uma enfermidade do atleta, ocorrida quando há um desgaste, uma extenuação e um consumo excessivo de energia a ponto de não haver mais nenhum tipo de reserva razoável em qualquer sistema e, o atleta encontra-se em uma situação de desgaste e perda de rendimento total e risco de vida.
Pode ser definido como um distúrbio neuroendócrino (hipotálamo-hipofisário) com repercussão musculoesquelético expressivo que resulta do desequilíbrio entre a demanda do exercício e a capacidade funcional, levando a uma diminuição do desempenho desportivo.
É um estado crônico de diminuição da performance acompanhado de sinais e/ou sintomas clínicos mais graves e com um tempo de recuperação mais longo.
Fadiga/stress pós-treinamento: normal e secundário a dias de treinamento intenso associado a aumento da carga de trabalho.
Supercompensação: aumento da capacidade de trabalho após administração de cargas que provocam adaptações estando o indivíduo. Após um tempo de recuperação adequado, pronto para receber um estímulo mais forte que o anterior.
“Overreaching”: curto período de overtraining.
“Staleness”: longo período de overtraining, por semanas, onde tem uma condição crônica, onde o atleta pode desenvolver uma condição grave que vai exigir um tratamento e afastamento prolongado.
O período de “treinamento ótimo” varia de semanas até um ano as vezes, dependendo do desempenho esportivo que ele alcança. Passando um pouco do volume e intensidade, entra em “overtraining”.
Para alcançar uma supercompensação, a partir desse treinamento ótimo, é preciso de um treinamento balanceado, um respeito de um repouso e sono reparador, boa alimentação e motivação.
Quando o atleta desenvolve o overtraining, juntamente a um distúrbio endócrino, ele também pode desenvolver fraturas por estresse, distúrbios térmicos, ruptura de fibras musculares (rabdomiólise), incapacidades permanentes e até morte.
Diagnóstico
Antes, deve-se afastar condições que causam a perda de performance também: doenças prévias, anemias, lesões traumáticas, nutrição inadequada...
Susceptibilidade
Acontece quando o atleta possui uma recuperação inadequada, quando ele é altamente motivado (nível de sensibilidade à dor fica alterado), em atletas de alto rendimento, em treino sem orientação, treinamentos monótonos, aumento do volume de treinamento, retorno precoce à competição e doping.
Etiopatogenia
Mecanismos prováveis para o desenvolvimento da condição envolvem sempre um desequilíbrio.
· Estresse excessivo x recuperação inadequada;
· Alterações no sistema imunológico;
· Depleção de aminoácidos e carboidratos;
· Neuroendócrino: hipotálamo e suprarrenal;
· Simpático x parassimpático;
· Anabolismo x catabolismo.
Glutamina: é um peptídeo importante que, em situações normais, é lançado novamente na circulação, entrando na síntese de alguns agentes de defesa como anticorpos, formando algumas imunoglobulinas no intestino e rins. No fígado ela é desmembrada em glicose, que volta para a circulação que pode ser consumida ali ou se não dentro do músculo. Quando há um consumo excessivo, toda a glutamina sintetizada, ao invés de ir para o sistema de defesa, como temos uma situação de carência, ela é desviada para o fígado, rompida em alanina e glicose, para tentar usar como fonte de energia. Então, o sistema de defesa é sacrificado, ficando vulnerável e em risco.
Além disso, por não ter a recuperação dos traumas musculares, varias enzimas musculares e agentes que normalmente não estão na circulação, por causa da ruptura massiva do músculo, vão ser lançadas na circulação, atravessar a barreira hematoencefálica e induzir a fabricação de citocinas inflamatórias, estimulando o hipotálamo e hipófise, havendo fabricação de hormônio adrenocorticotrófico, o cortisol, que, se prolongado sua ação, causa no indivíduo uma hiporexia (perda ou diminuição do apetite), imunodepressão, catabolismo e fadiga central.
Aspectos clínicos
· Queda da performance
· Fadiga
· Desmotivação
· Depressão e ansiedade
· Distúrbios de sono
· Apatia
· Irritabilidade
· Tríade da mulher atleta
Classificação
Podemos classificar o overtraining em dois grandes grupos, dependendo da via neurológica que atua.
· Via simpática: de preferência, comum em atletas de potência (atividades de anaerobiose intensa e súbita) e menos frequente.
· Via parassimpática: atletas de endurance, acontece na maioria dos casos.
Na simpática, a FC e PA no repouso aumentam, a recuperação da pressão e da FC é lenta, há uma hipersensibilidade, insônia, anorexia e perda de peso. Na parassimpática, esses itens acontecem ao contrário. Em ambas há uma maior incidência de infecções, perda da performance, fadiga fácil, perda do desejo de competir e hipotensão postural.
Quadro laboratorial
Estão aumentados:
· PCR
· Eosinófilos
· Cortisol
· Ácido úrico
· CPK
Estão diminuídas:
· Contagem total de leucócitos;
· Atividade funcional de neutrófilos
· Conteúdo mineral corporal
· Hb, Fe, ferritina
· Testosterona livre
· Catecolaminas noturnas
· Concentração de lactato
· Relação testosterona/cortisol
· Glutamina.
Tratamento
Devemos dar ao atleta um período de repouso adequado, repor o mineral, vitamina, proteínas, aminoácidos... (sem usar esteróides anabolizantes e betabloqueadores). Os bloqueadores da 5HT (fluoxetina, etc), ajudam no tratamento apenas se tiver o repouso e a reposição.
Prevenção
É preciso ter controle na progressão do treinamento, no qual é preciso de um tempo bem estreito para não ter folga e conseguir voltar no menor tempo possível para a atividade. Utiliza-se de cargas de no máximo 10% por semana, de forma geral; evitar treinamentos monótonos e ter controle de quantidade de treinamentos.
É preciso também ter uma nutrição balanceada, com ênfase em vitamina C e antioxidantes, além de um sono reparador e a atuação do fisioterapeuta.
Um estudo inclui como medidas profiláticas:
· Periodização dos treinamentos;
· Afinação das competições;
· Ajustar intensidade e volume de treinamento baseados na performance e humor;
· Garantir quantidade correta de calorias para o trabalho;
· Garantir hidratação adequada;
· Garantir ingestão adequada de carboidratos durante o exercício;
· Garantir sono adequado;
· Promover resistência e resiliência mental como amortizador;
· Período de repouso maior de 6h entre exercícios;
· Abstinência de treinamento após infecção e várias formas de estresse excessivos;
· Evitar condições ambientais extremas;
· Aplicar perfil de estado de humor e carga de estresse sobre a carga de treinamento.

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