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aula 3 didatica

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Disciplina: Didática
Aula 3: Correntes pedagógicas liberais
Apresentação
Nesta aula, apresentaremos as tendências pedagógicas liberais que se dividem em tradicional,
escola nova e tecnicismo, sendo importante compreender porque esses três modelos foram
agrupados dentro da perspectiva liberal de ensino.
Além disso, destacaremos para cada uma dessas tendências, a função da escola, como a ela se
organiza, o papel do professor e do aluno, a relação aluno-professor, os pressupostos da
aprendizagem, os objetivos educacionais, a metodologia e a avaliação escolar.
Objetivos
Diferenciar as tendências pedagógicas liberais de ensino;
Identificar os pontos comuns entre as tendências liberais de ensino;
Avaliar o sentido da didática nos diversos contextos sócio-históricos, se apropriando
criticamente acerca dos modelos teóricos;
Reconhecer porque as tendências liberais de ensino contribuem para a reprodução da
sociedade;
Reconhecer que a docência é um ato político e está articulada ao modelo de sociedade que
se deseja contribuir para construir.
Correntes pedagógicas liberais:
tradicional, escola nova e tecnicismo
Para início de conversa, é importante mencionar o porquê do termo liberal e, aí, nos
reportamos a Dermeval Saviani que oferece a seguinte explicação:

O termo liberal veio para justificar a nossa sociedade capitalista
que é caracterizada pelo individualismo, pelo imediatismo,
competitividade e o consumo. E é sob essas bases que as
tendências pedagógicas em questão se alicerçam.
Saviani, 2008.
Sobre as tendências pedagógicas que poderão respaldar a nossa prática, vale dizer que
elas não se excluem, se complementam e se nos perguntarem em que ou quem
fundamentamos a nossa prática, talvez tenhamos dificuldades para responder, pois, ora
podemos respaldar a prática em uma teoria, ora, em outra.

Atenção
Talvez possamos constatar o que está predominando nas ações dos profissionais da
educação. Em outras palavras, queremos dizer que, ao observarmos uma aula de
um determinado professor, podemos constatar como ele está trabalhando o
conhecimento, assim como podemos verificar como esse professor se relaciona com
seus alunos e os avalia; a propósito, como ele constrói suas questões de prova, por
exemplo, e, a partir daí, ensaiar algumas considerações a respeito de sua prática
docente.
Para facilitarmos a aprendizagem sobre as tendências pedagógicas, optamos por
sistematizá-las, apontando suas características, discutindo sobre os reflexos no espaço de
sala de aula, lembrando, mais uma vez, que são apenas referências da prática e nunca
solução definitiva sobre como ser professor.
 Sala de aula. (Fonte: Maroke / shutterstock)
Você já imaginou se deparando com um “problema” no cotidiano
escolar tal como a apatia dos alunos na sala de aula e, aí, procura
no manual, na letra A de apatia, para saber como lidar com essa
situação?
 Professora em sala de aula. (Fonte: ESB Professional /
shutterstock)
Pois é, as teorias oferecem um norte, iluminam a nossa prática, porém, não são
redentoras, cabendo ao professor comparar dialeticamente a sua realidade, a sua prática
às teorias estudadas e apresentar sua própria prática que não será uma prática qualquer,
mas fundamentada porque estudada, consciente e refletida.
Vamos, então, às tendências pedagógicas liberais que poderão respaldar as nossas
ações?
Modelo Tradicional
Esse modelo tem como representantes principais Comenius (Pai da Didática Magna) e
Herbart (Pai da Pedagogia Tradicional) e, conforme já deve ter sido mencionado em aulas
anteriores, nesse caso, o professor é o centro do processo de aprendizagem; ele detém o
poder do conhecimento. Antes de aprofundarmos nossos estudos nesse modelo de
abordagem, vejamos o vídeoclipe da música Another Brick in the Wall (Parte II), do grupo
Pink Floyd:

Pink Floyd -The Wall (legendado).
https://www.youtube.com/embed/2Fafmrv_kMA
De acordo com o que acabamos de ver no vídeo da sessão anterior, no modelo
tradicional, o aluno é considerado “sem luz”. O conhecimento é transmitido vertical e
hierarquicamente do professor para o aluno que recebe, passivamente, uma massa de
informações para arquivar em sua mente.
 Professora ensina; alunos anotam. (Fonte: Olga1818 / shutterstock)
Para Libâneo (2013), na Pedagogia tradicional, prepondera a ação de agentes externos na
formação do aluno. A transmissão do saber é constituída na tradição e nas grandes
verdades acumuladas pela humanidade. O ensino é compreendido como um repasse de
ideias do professor para a cabeça do aluno; os alunos devem compreender o que o
professor transmite, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matéria transmitida.
Com isso, a aprendizagem se torna mecânica, automática, não mobilizando a atividade
mental, a reflexão e o pensamento independente e criativo dos alunos.

Comentário
Talvez, aqui, possamos identificar um dos porquês dessa abordagem ser incluída nas
pedagogias liberais de ensino, pois, como o aluno não pode questionar seu professor,
ele não exercita a cidadania crítica; a ciência não é desvelada, desmistificada e o
aluno, por sua vez, tem que aceitar o que está posto e se adaptar ao sistema, se
desenvolvendo intelectual e moralmente.
Diante disso, quando o conhecimento é determinado como verdade absoluta, não se abre
espaço para a discussão, para o debate, para a participação dos alunos. Como então
formar esse aluno participativo na sociedade? Vejamos a charge a seguir:
 Charge sobre educação tradicional. Fonte: © 2012
— Curso Múltiplos Saberes
<https://cursomultiplossaberes.wordpress.com/2012/07/15/atividade-
sobre-a-charge/charge-2-2/> .
Diante da charge, podemos perceber que a escola tradicional está contribuindo, apenas,
para reproduzir o sistema, a estrutura social vigente, pois esse aluno cidadão é
condicionado a acreditar que os fatos são inexoráveis, imutáveis.
Paulo Freire criticou a Pedagogia tradicional, denominou de educação bancária,
enciclopedista, conteudista. Ao aluno não é possível despertá-lo sobre o sentido do
aprendizado. Quando há questionamento sobre o porquê de aprender tal conteúdo,
muitas vezes, o professor tradicional responde que é porque cairá na prova ou porque
está no programa, mas, o porquê mesmo, o sentido da matéria, esse professor, talvez,
nem saiba responder, pois, igualmente, foi educado pelo método reprodutor, assumindo a
condição de mero repassador de informações.
Normalmente, se prendem aos livros didáticos, repassando o conteúdo, o conhecimento
como se fosse seu e com essa prática, não estimula a dúvida, a busca de novas
respostas. O professor, nesse caso, sabe o que é certo e errado e impõe que os alunos
copiem, memorizem e apresentem mais tarde, nas provas, as respostas determinadas
por ele.
 Pedagogia tradicional. (Fonte: ESB Professional /
shutterstock)
Quem nunca sentou nas primeiras fileiras para não perder o que o
professor fala, escrevendo em seu caderno o conteúdo?
 
Quem nunca desejou gravar a aula do professor para reproduzi-la
posteriormente?
 
A propósito, seu professor permite que grave sua aula? Sim, Não?
Qual o motivo? Que tal investigar?
Na verdade, são muitos questionamentos, muitas respostas que podemos buscar e
identificar se o professor respalda a prática predominantemente na Pedagogia tradicional.
Quer ver?
Como o professor trabalha o conhecimento?
Ele escreve no quadro?
Como é o quadro do professor?
“Ele constrói o quadro ou traz o quadro pronto?”
Ele permite que você faça perguntas?
Como ele reage quando o aluno faz uma pergunta sobre um determinado assunto
que, aparentemente, não está relacionado ao conteúdo pensado pelo professor para
trabalhar na aula naquele dia?
Ele dá atenção ao aluno ou responde que o assunto não está previsto em seu
roteiro?
Exemplo de prática respaldada na
Pedagogia tradicional
A professoraCarolina ensina a seus alunos do sexto ano sobre o continente europeu, os
países e suas capitais.
 Professora Carolina apresenta conteúdo no quadro.
(Fonte: DarkBird / Shutterstock)
 Cartão postal de Paris. (Fonte: LiliGraphie / Shutterstock)
Mariana, aluna da professora Carolina, tinha recebido um cartão-postal enviado de Paris por sua
madrinha. Como estava estudando sobre aquela e outras cidades da Europa, Mariana leva o
cartão para mostrá-lo à professora e a seus colegas.
Logo no início da aula, Mariana tenta mostrar o cartão, mas a professora não permite a
interrupção.
 Mariana em sala de aula. (Fonte: Syda Productions /
Shutterstock)
 A professora não permite interrupções. (Fonte: DarkBird /
Shutterstock)
A professora Carolina avisa: “Nosso assunto hoje não é sobre pontos turísticos, Mariana. Por
favor, guarde e pegue seu material para copiar o conteúdo da aula.”
Mariana fica muito constrangida, guarda seu cartão dentro de um livro, e não consegue prestar
atenção à aula.
 Mariana fica frustrada. (Fonte: Syda Productions /
Shutterstock)
 A aula foi planejada antecipadamente, sem aberturas.
(Fonte: Aaron Amat / Shutterstock)
A professora tinha um roteiro previamente planejado que dizia: “no dia X fale sobre as capitais
dos países da Europa”. Carolina estava refém do planejamento, não admitindo novas
possibilidades, tornando sua prática inflexível. Certamente, esse foi o modo que aprendeu --
reproduzir o modelo alheio.
No livro didático usado pela turma, um dos capítulos era sobre a Europa, com o seguinte
objetivo: “levar os alunos a identificar as capitais dos países da Europa”. Carolina seguiu o
planejamento sem permitir interrupções.
 Professora segue o conteúdo do livro didático. (Fonte:
Slobodan Djajic / Shutterstock)

Leitura
Veja, agora, o que conta Rachel de Queiroz: Memórias de menina
<galeria/aula3/anexo/doc01.pdf> .
Escola Nova: denominada de ativa,
progressiva ou progressivista, renovada
Esse modelo pedagógico tem como um dos representantes brasileiros Anísio Teixeira que foi
aluno de J. Dewey e, por conta disso, Anísio teve uma formação respaldada na cultura
americana, do aprender fazendo, do educar para a ação, do empreendedorismo, diríamos hoje.
De fato, foi uma evolução em relação ao modelo tradicional, pois o aluno passaria a estudar, a
aprender “colocando a mão na massa”, vendo no plano concreto o conceito abstrato,
generalizado. Por esse motivo, também podemos dizer que J. Piaget representa esse modelo,
uma vez que trata dos estágios cognitivos que vão desde o plano concreto – quando a criança
precisa ter o objeto “ao vivo e a cores” em suas mãos – até que desenvolva a representação
mental do mesmo.
 Crianças pesquisam localidades em um globo terrestre.
(Fonte: wavebreakmedia / Shutterstock)
 Um modelo bastante interessante para se trabalhar
disciplinas de ciências naturais, fazendo experimentos. (Fonte:
wavebreakmedia / Shutterstock)
Na Escola Nova o professor passará a estreitar os vínculos com o aluno, se relacionando de
forma mais amigável, centralizando o ensino no educando, permitindo, ao mesmo, mais
espontaneidade e comportamento ativo.
O aluno pode participar de aulas práticas, em laboratórios, experimentação, soluções de
problemas, aulas passeio, na horta, aulas lúdicas, aprender fazendo, ou seja, constatando, na
prática, o conceito estudado teoricamente. Em outras palavras, se debruçando sobre o objeto de
estudos, em uma relação indivíduo-organismo/meio.
Vejamos a charge a seguir:
 Charge sobre processo de avaliação. Fonte:
https://bit.ly/2FBXyZh
<http://escolaabertaceteb.blogspot.com.br/2015/04/voce-
conhece-o-real-significado-da.html>
Você percebeu a ironia da charge ao afirmar que o processo de avaliação seria justo?
Diante dessa necessidade de mudança no processo de avaliação, na Escola Nova, o professor, por
sua vez, acompanha o ritmo cognitivo do aluno, volta-se para as potencialidades e as lacunas
cognitivas. Observe que a ênfase ainda recai sobre o indivíduo e seu ritmo, mesmo que
trabalhem em grupo e, quanto a isso, não houve alteração em relação ao modelo tradicional.
No modelo escolanovista, a ênfase recaía, então, sobre o indivíduo, mesmo que o professor
incentivasse o trabalho em grupo em sala de aula. Os alunos que conseguissem se enquadrar
nesse sistema por apresentar domínio do conhecimento científico seriam aprovados. Os demais
seriam alvo de reprovação.
Exemplo de prática respaldada no modelo
pedagógico escolanovista
Ao estudar o conceito de fotossíntese, as partes de um vegetal, o professor Maurício orienta os
alunos para que plantem um feijão no algodão. Quem de nós nunca plantou um feijãozinho no
algodão para constatar o fenômeno da fotossíntese ou identificar as partes do vegetal?
 Projeto Fenômeno da fotossíntese. (Fonte: Levent Konuk /
Shutterstock)
Veiga (2007) se pronuncia, quanto a organização geral da Escola Nova, assinalando que é um
laboratório de Pedagogia prática. Procura desempenhar o papel de explorador ou iniciador das
escolas oficiais.
A Escola Nova está situada no campo, porque este constitui o meio natural das crianças que
oferece possibilidades para empreendimentos simples. A Escola Nova organiza trabalhos
manuais, rurais, de jardinagem, trabalhos livres; que tenham uma finalidade educativa e sejam
de utilidade individual ou coletiva, que assegurem o espírito inventivo.
01
Em matéria de educação intelectual, a Escola Nova procura abrir o espírito por uma cultura geral
da capacidade de julgar, mais que por acumulação de conhecimentos memorizados. O processo
de aprendizagem se dá por meio da aplicação do método científico, da observação, hipótese,
comprovação, lei.
02
O ensino será baseado na experiência. A aquisição dos conhecimentos resulta de observações
pessoais, visitas a fábricas, prática de trabalho manual. A teoria vem sempre depois da prática,
nunca a precede.
03
A Escola Nova está baseada na atividade pessoal da criança. A Escola Nova deve ser um
ambiente belo, como desejava Ellen Key . A ordem e a higiene são as primeiras condições, o
ponto de partida.
Esse é um modelo de ensino que mobiliza a motivação pessoal, desperta o interesse do aluno,
pois ele não ficaria mais parado, sentado para aprender através da memorização; mas, por sua
vez, é importante ressaltar, à luz de educadores progressistas, que essa prática da constatação
de fenômenos não garante visão crítica de mundo, sobre o que se está estudando, não garante
formação emancipada socialmente e transformadora.
O aluno apenas constata, entretanto, não é instigado a relacionar o que aprende aos fatos, à
realidade. Ele estuda as partes do vegetal, mas, não discute sobre a fome, a miséria, a
desigualdade social e, por vezes, se não for despertado por alguém, professores ou outras
pessoas de seu convívio, acreditará que os fatos são inexoráveis.
Quer ver outro exemplo? Aulas de culinária, aprender a ser prendado para corresponder às
necessidades da sociedade: o papel de filha, de mãe. A discussão sobre o papel da mulher na
sociedade fica para os professores críticos e progressistas.
 Meninas aprendem a cozinhar em sala de aula. (Fonte:
Arina P Habich / Shutterstock)

Saiba mais
A educação, nessa perspectiva escolanovista, pragmatista, da prática pela prática,
imediatista, com um fim em si mesmo, não é desvelada, não funciona como instrumento de
libertação da condição de opressão. Por mais que as intenções de Anísio Teixeira e
companheiros tenham sido de democratizar a escola pública, oferecendo um ensino de
qualidade aos pobres para que tivessem melhores condições de vida; há notícias de que
seus projetos de educação foram engavetados enquanto assumia cargos públicos.
1
Era um idealista, mas a história não aconteceu, conforme Anísio sonhava: uma escola
pública, de qualidade em que o aluno pudesse ter acessoà alimentação saudável,
orientação para os estudos, acesso a recursos didáticos, professores capacitados.
Contudo, não podemos afirmar que os professores de escolas públicas não estejam aptos a
exercer a profissão. Bons e maus profissionais existem em qualquer domínio. É preciso
lembrar que são professores concursados e as razões do comprometimento ou não deles
com a formação das novas gerações são diversas, difícil de julgá-las.
O objetivo das escolas pautadas nessa perspectiva “renovadora” ainda era fazer com que o aluno
se desenvolvesse intelectualmente, apresentasse domínios cognitivo, afetivo e psicomotor e se
ajustasse, se adaptasse socialmente. Importante reforçar que esse modelo pedagógico foi
influenciado pela Psicologia que, por sua vez, recebeu influência das Ciências Naturais, o que
ficou evidente, a partir dos nossos estudos sobre os pensadores de 1700 a 1900, na medida em
que enfatizavam os aspectos biológicos.
Nesse sentido, recebeu críticas de educadores contemporâneos, a partir da década de 1960,
considerados progressistas, pois, a Escola Nova continuou a reproduzir a estrutura social vigente,
a acentuar a desigualdade social.
Sabe por quê?
Porque o aluno, o indivíduo, era o único responsável por seu sucesso ou fracasso escolar e na
vida, por não possuir dons naturais, aptidão, capacidade intelectual que lhe permitisse dominar
os conteúdos e obter a aprovação no final do período letivo.
Vale destacar, aqui, para reforçar a presença da Psicologia na Pedagogia, as influências de
Francis Galton, primo de Darwin, bem como de Binet, ambos da área médica, no sistema
educacional brasileiro.
 O aluno era o único responsável por seu sucesso ou
fracasso. (Fonte: shapovalphoto / Shutterstock)
Enquanto Galton, foi pioneiro na Psicometria — área da Psicologia que se vale da Estatística, da
quantificação para identificar um modo de existência do sujeito, assim como o QI (Coeficiente
Intelectual) e as aptidões (habilidades inatas) através de testes psicológicos; Binet foi criador da
I Escala de Inteligência para Crianças. Seu objetivo era fazer uma previsão, a partir da aplicação
de testes de raciocínio em uma amostra significativa de sujeitos, sobre o rendimento escolar.
Uma faixa de normalidade seria traçada mediante a média apresentada pelos indivíduos
testados. Aqueles que apresentassem resultados, abaixo da faixa de normalidade, a previsão era
de que fracassaria na escola. Essa prática da testagem, no campo da Psicologia, veio a se refletir
no sistema de ensino com a ampla disseminação de provas e testes, aproximadamente, após a
década de 1940.
Os alunos que não apresentassem resultados na média ou acima ficariam reprovados, sendo
excluídos do sistema. Com esse discurso, não estamos afirmando que não se deve aplicar testes
e provas, mas, que, talvez, possamos lançar mão de outros instrumentos e ter como expectativa
que o aluno mobilize competências, saberes que ultrapassem a questão dominar conhecimentos.
 Alunos fazem prova escrita em sala de aula. (Fonte: AimPix / Shutterstock)

Atenção
Veja você quando participa dos fóruns. Eis, aí, um espaço para avaliação: se o aluno
participa dos fóruns, se a participação é superficial, se o aluno mostra autonomia nas
respostas, se ele faz cópia de sites, se escreve qualquer coisa no último dia do prazo.
Avaliar é muito complexo, mas, estamos convidando você, professor em construção, para
que pense na formação integral, ou seja, um aluno que apresente domínio cognitivo, afetivo
e psicomotor, e, acima de tudo, atitude diante da vida, da sociedade, que seja um cidadão
consciente e com desejo de contribuir para a construção de uma sociedade mais digna e
feliz de se viver.
Isso não significa que tenhamos que aprovar todos os alunos, que essa atitude é esperada
do professor, mas, que, talvez, prestássemos atenção em outros saberes, igualmente,
formativos, relevantes na formação do sujeito, que vão além do domínio cognitivo (domínio
das ciências).
O que adianta um aluno gabaritar uma prova de Biologia e não demonstrar consciência
ecológica, nem o respeito pelos colegas?
Vamos avaliar o conhecimento, mas, ir além, incentivando a formação de valores.
Tecnicismo
A Pedagogia Liberal Tecnicista surgiu nos Estados Unidos na segunda metade do século XX,
chegando ao Brasil entre as décadas de 1960 e 1970. Nessa concepção de ensino, o homem é
considerado produto do meio, sendo resultado das consequências das forças existentes em seu
ambiente.
O Tecnicismo acredita que a consciência do homem é formada pelas relações acidentais
estabelecidas com o meio e devem ser controladas cientificamente através da Educação.
Tendência inspirada na Teoria Behaviorista, comportamental de Skinner, essa abordagem acabou
sendo imposta às escolas pelos organismos oficiais por ser compatível com a orientação
econômica, política e ideológica do regime militar vigente.
De acordo com a Pedagogia Liberal Tecnicista, a Educação deve atuar para o estabelecimento e a
manutenção da ordem social vigente, se articulando diretamente com o sistema capitalista de
produção.
Diante disso, é possível compreender porque a Pedagogia Tecnicista emprega a ciência da
mudança do comportamento, se apoiando então, na concepção comportamentalista
(estímulo/resposta) que privilegia resultados rápidos e sem espaço para reflexões críticas.
 Aluno de escola técnica utiliza ferramentas em sala de aula.
(Fonte: Golubovystock / Shutterstock)

Atenção
Segundo essa perspectiva educacional, o comportamento desejado é fixado pela
recompensa. A instrução programada enfatiza a importância de uma definição precisa do
que o aluno deverá aprender e a importância de estruturar cuidadosamente os materiais a
serem utilizados (apostila) para o aluno aprender exatamente o que se quer que ele
aprenda.
A técnica da instrução programada foi
responsável pela ênfase que o processo
ensino-aprendizagem passou a dar aos
seguintes elementos:
Os princípios da técnica
de instrução
programada são os
seguintes:
Objetivos;
A matéria é desdobrada em
pequenas informações;
Aprendizagem em ritmo próprio;
Cada informação apresentada ao
aluno exige uma resposta dele;
Concentração da atenção do aluno em uma quantidade
limitada de material (módulo);
O acerto ou o erro da resposta do
aluno é reconhecido por ele
imediatamente;
Respostas dos alunos a cada momento (feedback imediato);
Cada informação deve estar
perfeitamente ordenada,
formando conjuntos ou programas
com fins específicos.
Oportunidade para saltar partes do programa que o aluno já
sabe e para repetir partes do programa em que tem mais
dificuldades.
Com isso, ainda hoje, predomina nos cursos de formação docente, o uso de manuais didáticos de
cunho tecnicista, de caráter meramente instrumental. A didática instrumental se caracteriza pela
racionalização do ensino, o uso de meios e técnicas, a otimização do tempo.
O professor é um administrador e executor do planejamento, o meio de previsão das ações a
serem executadas e dos meios necessários para se atingir os objetivos. Boa parte dos livros
didáticos, em uso nas escolas, são elaborados com base na tecnologia da instrução.
O sistema de instrução se compõe das seguintes etapas:
a) especificação de objetivos instrucionais operacionalizados;
b) ensino ou organização das experiências de aprendizagem;
c) avaliação dos alunos relativa ao que se propôs nos objetivos iniciais (LIBÂNEO, 2013).

Comentário
Orientados por uma concepção mecanicista de ensino, os professores brasileiros que
cursaram o Magistério nas décadas de 1960 e 1970, aprenderam que os planejamentos e os
planos de aula deveriam estar centrados nos objetivos operacionalizados, e a metodologia
de ensino deveria utilizar estudos dirigidos, planejamentos bem estruturados e recursos
tecnológicos e audiovisuais, que faziam transparecer a chegada da modernidade noambiente escolar.
Na verdade, visavam a escamotear a intenção primeira da escola: servir ao modelo
socioeconômico vigente.
Esse modelo foi considerado um retrocesso educacional, uma vez que, na década de 1960,
já se cogitava a respeito de uma educação libertadora com Paulo Freire. Veio no bojo do
Regime Militar a partir do acordo MEC/USAID — Agência Internacional de Desenvolvimento
— em que o currículo escolar deveria se enquadrar aos princípios americanizados, visando à
preparação do aluno para o mercado de trabalho.
Por outro lado, é preciso pensar nos objetivos, no que pretendemos alcançar. Se queremos
respostas imediatas, talvez, a proposta adequada seja essa. Exemplo: quando desejamos
nos preparar para concursos públicos.
Exemplo de prática respaldada no modelo
pedagógico tecnicista
Cursos de idiomas, Kumon, Senai, Sesc, Senac, escolas técnicas, politécnicos, cursos de curta
duração, modalidade do ensino à distância quando os alunos realizam exercícios de fixação e o
feedback é imediato, ou seja, de forma rápida o aluno sabe que errou ou acertou.
Nesses casos, em geral, o conteúdo é controlado pelo professor que assume o papel de instrutor,
tutor. A relação é de causa e efeito; o ensino é controlado pelo meio, esperando que o aluno
apresente a resposta desejada. São cursos por módulos em que os alunos só passam para o
segundo módulo até que sejam aprovados no primeiro, sendo o conteúdo fragmentado, não
articulado e há a presença do condicionamento, visando exclusivamente à aprovação, à obtenção
do título.
 Aluna estuda sozinha em sala de aula. (Fonte: GaudiLab /
Shutterstock)
 Professor utiliza projeção de telas em sala de aula. (Fonte: VladKol / Shutterstock)
Sérgio, professor de Ensino Médio profissionalizante, visando a “dinamizar” e a “garantir” a
aprendizagem dos alunos, resolveu trabalhar os conhecimentos referentes às doenças
sexualmente transmissíveis, projetando no data show os tipos existentes e a forma de prevenção
e tratamento, mas sem discutir suas implicações sociais.
No planejamento do professor, constavam apenas os objetivos específicos, comportamentais que
os alunos deveriam apresentar, dentre eles:
Identificar as DSTs;
Comparar as formas de prevenção;
Diferenciar os tipos de tratamento.
Em seguida, o professor fez um estudo dirigido, colocando o nome da doença e solicitando que
os alunos apresentassem a forma de prevenção e tratamento, conforme sua instrução
programada, uma técnica de ensino com base na teoria do reforço.
Aqueles que acertaram tudo, ganharam o direito de manusear o computador da escola e aqueles
que não acertaram, ficaram na sala de aula.
Sistematizando informações sobre os
modelos pedagógicos estudados
Tradicional Escolanovista Tecnicista
Papel da escola
Preparação
intelectual e
moral dos
alunos para
assumir seu
papel na
sociedade.
Porém, para
assumir seu
papel na
sociedade
como?
Preparação
intelectual e
desenvolvimento
mental dos alunos,
atendendo-os em
suas necessidades
individuais,
ajustando- os à
sociedade. Escola
proclamada para
“todos”. Adaptação
social.
Modelar o
comportamento humano
através de técnicas
específicas; manter a
ordem social; preparar
para o mercado de
trabalho.
Organização da escola
Funções
claramente
definidas e
hierarquizadas.
Normas
disciplinares
rígidas.
Funções se
confundem
(autoridade
disfarçada);
afrouxamento das
normas
disciplinares.
Modelo empresarial
aplicado à escola;
divisão entre
planejamento e
execução. Currículo
organizado baseado em
modelos americanos.
Professor
É o transmissor
dos conteúdos
aos alunos.
É o facilitador da
aprendizagem, o
auxiliador no
desenvolvimento
“livre” da criança.
É o técnico, tutor que
aplica um conjunto de
meios que garantem a
eficiência do ensino,
controlando o resultado.
Aluno Um ser passivo
que deve
assimilar os
conteúdos
transmitidos
pelo professor.
Aluno educado
que deverá
dominar o
conteúdo
cultural
universal
Um ser “ativo”,
centro do processo
ensino-
aprendizagem.
Um elemento para quem
o material é preparado,
devendo ser eficiente,
produtivo, técnico.
transmitido pela
escola.
Relação aluno-professor
Predomina a
autoridade do
professor que
exige atitude
receptiva dos
alunos e impede
qualquer
comunicação
entre eles.
Relação
“democrática”,
autoritarismo
diluído na
fisionomia de
camaradagem.
Relação objetiva onde o
professor transmite
informações e o aluno
vai fixá-las, seguir o
comando externo.
Pressupostos de
aprendizagem
Aprendizagem
receptiva e
mecânica, sem
considerar
particularidades,
o contexto.
Aprendizagem
baseada na
motivação e no
esforço pessoal e
no estímulo do
meio.
Aprendizagem baseada
na eficiência, no
desempenho, na
administração, controle
do tempo; aprendizagem
individualizada. O ensino
é um processo de
condicionamento.
Objetivos educacionais
Obedecer a
sequência lógica
dos conteúdos,
baseados em
documentos
legais. Ênfase
nos objetivos
específicos.
Desenvolver a
capacidade mental
do aluno e a
atividade prática.
Específicos,
operacionalizados a
partir de classificações
(verbos precisos).
Conteúdos
escolares/programáticos
Selecionados a
partir da cultura
universal
acumulada.
Organizados em
disciplina,
quantidade de
conhecimentos
repassados
como verdade
absoluta.
Conteúdos
fragmentados e
isolados do
contexto.
Trabalhados a
partir da
experiência
concreta do aluno.
Conteúdo isolado.
Informações, princípios,
leis estabelecidas,
ordenados e
estruturados em uma
sequência lógica e
psicológica por
especialistas
(conteudista/mentor,
tutor da disciplina).
Método Exposição verbal
da matéria,
centrado no
professor,
Solução de
problemas,
desafios
cognitivos,
Instrução programada,
módulos. Ênfase nos
recursos audiovisuais,
TICs, apostilas.
leituras, cópias,
ditados,
exercícios de
fixação; uso
excessivo do
quadro que é
previamente
determinado,
pronto e não
construído
conforme o
andamento da
aula e a
participação dos
alunos.
pesquisa,
experimentos,
experiência, jogos,
trabalhos em
grupo. Estudo do
meio natural e
social. Registro
empírico.
Fundamentado na teoria
comportamental —
recompensa e punição
(estímulo-resposta) – S
– R. Transmissão de
informações precisas,
objetivas, rápidas. Tele-
educação, EAD.
Avaliação
Valorização dos
aspectos
cognitivos com
ênfase na
memorização da
matéria, ênfase
na quantidade
de informações
assimiladas,
ênfase no
produto final, na
classificação.
Valorização dos
domínios
cognitivo, afetivo e
psicomotor.
Visa a resultados, à
produtividade, ao
alcance dos objetivos
específicos, à mudança
de comportamento —
eliminação de
resposta/comportamento
inadequado.
Atividade
Afim de reforçarmos o que estudamos até aqui, vamos fazer uma atividade?
Observe e analise o fenômeno educativo representado pela gravura abaixo, à luz das teorias
estudadas, apontando a pedagogia que está predominando na prática docente.
Referências
LIBÂNEO, J. C. Didática. São Paulo: Cortez, 2013.
QUEIROZ, Cecília; MOITA, Filomena. Fundamentos sócio-filosóficos da educação: as tendências
pedagógicas e seus pressupostos. Campina Grande: UEPB; Natal: UFRN, 2007.
SAVIANI, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados,
2008.
VEIGA, Cynthia Greive. História da educação. São Paulo: Ática, 2007.
Próximos Passos
• As tendências pedagógicas progressistas.
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Leia o texto As tendências pedagógicas e seus pressupostos
<http://www.ead.uepb.edu.br/ava/arquivos/cursos/geografia/fundamentos_socio_fi
losoficos_da_educacao/Fasciculo_09.pdf> .

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