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DINÂMICAS DO ENSINO DA HISTÓRIA As novas necessidades do ensino histórico

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DINÂMICAS DO ENSINO DA HISTÓRIA
As novas necessidades do ensino histórico 
Maria Samara da Silva
Prof. Joaquim Renato Sales
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Curso (HID33) – Trabalho de Graduação 
05/06/20
RESUMO
Tornou-se clássica, tanto no ambiente escolar como para a sociedade em geral, a visão de que o estudo da História é algo enfadonho e sem finalidade prática. Ademais, este preconceito, mais que uma dificuldade para o estudo dessa disciplina especificamente, retrata uma adversidade para com todo o sistema escolar, uma vez que tem sido comum observar as baixas remunerações recebidas pelos profissionais da educação, preparo docente insuficiente, superlotação das salas de aula, desinteresse e/ou más condutas por parte dos alunos, etc. Para corrigir tamanhas problemáticas, diversas literaturas tem sugerido uma reformulação completa das dinâmicas do ensino da História nas escolas, buscando, com isso, reconstruir toda a metodologia de ensino desde a sua base, o que, embora pareça ser revolucionariamente bom, pode causar uma série de problemas para o próprio processo de ensino-aprendizagem da História. O propósito deste trabalho é, portanto, estudar toda essa série de fatores que influenciam a discussão sobre as dinâmicas do ensino da História, com o intuito de melhor compreender a diversidade de facetas a ser consideradas para que se alcance um ensino de excelência e se possa construir um país mais justo e igualitário.
Palavras-chave: Dinâmicas. Ensino. História.
1 INTRODUÇÃO
O presente artigo pretende refletir acerca da dinâmica do ensino da História no ambiente escolar a partir da análise comparativa entre o método clássico que tem sido utilizado para a docência dessa disciplina nas últimas décadas e as metodologias alternativas que vêm sendo desenvolvidas com o objetivo de superar os problemas estruturais decorrentes das práticas tradicionais de instrução. A partir disso, cria-se a problemática que permeia todo este estudo: como é possível desenvolver um novo método para o ensino-aprendizagem da história no contexto escolar, tendo em vista a diversidade de facetas que devem ser consideradas para tal e, sobretudo, como inovar nos métodos de ensino sem que a disciplina não desfigure de suas propostas gerais e universais?
Infelizmente, tem sido comum observar de grande parcela dos alunos uma série de queixas a respeito do estudo da História, em decorrência de diversas características que seja devido às propriedades inerentes a essa disciplina ou por deficiências da metodologia adotada pelo professor ou pela administração pedagógica do grupo escolar, transmite ao aluno uma má experiência em sua aprendizagem. Por outro lado, tem-se observado, com mesma incidência, reclamações de docentes acerca de suas dificuldades em sala de aula, como o desinteresse de seus alunos pela disciplina e a indisciplina observada e muitos deles. Tal cenário é extremamente preocupante, pois dificulta, de forma bilateral, que a História seja lecionada com excelência nos cursos escolares, comprometendo parte da formação cultural e cidadã dos discentes que lá se encontram.
Dessa forma, fica evidente a necessidade de se discutir o tema, em busca de soluções que resolvam tais impasses e que permitam o aperfeiçoamento do processo de ensino-aprendizagem para que os alunos tenham melhor aproveitamento da disciplina. Para tanto, foram fixados os seguintes objetivos, que serviram como guia para a organização deste trabalho: discutir sobre a metodologia clássica de ensino da História, bem como suas imperfeições para o ensino-aprendizagem; avaliar a formação acadêmica dos professores e a discrepância que muitas vezes se observa entre alguns cursos universitários e a realidade escolar; investigar os motivos pelos quais muitos alunos antipatizam com o estudo da História e, por vezes, até expressam sua insatisfação com comportamentos rebeldes; definir os limites entre as áreas passíveis de remodelação no ensino da História e aquelas que devem ser preservadas para o melhor desempenho escolar.
Para executar tais objetivos, propôs-se a elaboração deste trabalho, o qual se utilizou como modalidade qualitativa de estudo a pesquisa bibliográfica, a partir da qual se fez uso da vasta bibliografia publicada anteriormente à elaboração deste artigo, como livros, artigos científicos, monografias, periódicos, teses e dissertações para que, por meio da comparação entre as posições e argumentações de diversos autores, construir uma ampla análise sobre o tema proposto, cumprir com as metas que foram definidas para tal.
2 CORPO DO TRABALHO
Sabe-se da existência de diversos problemas dentro das salas de aula capazes de prejudicar o processo de ensino-aprendizagem, muitos dos quais têm sua origem nas próprias condições do sistema educacional. Isso significa que até mesmo impasses com a logística de transporte escolar ou a escassez de material didático suficiente para a realização das atividades propostas para todos pode influenciar na satisfatória transmissão pedagógica de conhecimentos e na absorção desses por parte dos alunos. 
Dessa forma, é notável que a História se encontre envolvida, tal como outras disciplinas escolares, por uma série de impasses que dificultam o seu máximo aproveitamento no ambiente escolar. No entanto, a coibição ao estudo da História é especialmente prejudicial ao alunado, pois, tendo em vista que essa é, de certo modo, a disciplina que inaugura ao aluno o universo das Ciências Humanas, as dificuldades que impedem seu efetivo ensino prejudicam a compreensão que o aluno irá desenvolver da realidade e o desenvolvimento da visão crítica que permeará toda a sua vida de estudo.
O ensino de História vive atualmente uma conjuntura de crise, que é seguramente, uma “crise da história historicista”, resultante de descompassos existentes entre as múltiplas e diferenciadas demandas sociais e a incapacidade da instituição escolar em atendê-las ou em responder afirmativamente, de maneira coerente, a elas. (NADAI, 1992, p. 144).
	
Com “história historicista”, a autora entende o ensino puramente acadêmico dessa disciplina, de forma completamente alheia às questões da realidade social e escolar, mas tendo em vista, apenas, o cumprimento do conteúdo programático proposto pelos livros didáticos. Tal crise se dá devido a um problema epistemológico da compreensão que o aluno constrói acerca da finalidade do estudo da História, uma vez que, conforme a concepção de muitos alunos, essa disciplina se resume à memorização de acontecimentos históricos notáveis, representados sob a forma de datas e sequências de eventos cujo fim é, em si mesmo, a própria fixação dessas ocorrências desconexas com a realidade. 
Considerando-se que esse historicismo, pode de fato, provocar tais impressões na compreensão dos alunos, é possível encontrar aqui um dos motivos pelos quais muitos deles não encontram nenhum atrativo no estudo da História e o entendam como entediante, pois, para o estudante, tudo aquilo que está sendo apresentado em sala de aula é longínquo daquilo que é o seu microcosmo e os conhecimentos advindos dessa experiência não lhe parecem ter alguma serventia em seu cotidiano. Portanto, na maioria dos casos, o que parece existir não é uma repulsa pela disciplina em si, mas um desinteresse causado pela deficiente assimilação da mesma.
Contudo, é necessário discutir a atuação docente de História, visto que, para que se possa refletir acerca da disseminação da mensagem contida no ensinamento histórico e da forma com que o interlocutor a recebe e a interpreta, pois é no emissor que se encontra o princípio de toda a metodologia a ser utilizada na linguagem metodológica do processo escolar de ensino-aprendizagem. Assim, a função profissional do professor é estendida, pois já não é mais necessário somente que o mesmo saiba como lecionar, mas também é preciso que esse compreenda o mecanismo psíquico-educacional que envolve a sua prática, a fim de que seja capaz de coordenar todo esse complexo processo didático.
No entanto, a formaçãocrítica do aluno não deve ter relação alguma com o uso da posição docente para promover a doutrinação dos discentes ou os coagir para a adoção de uma ideologia em detrimento de outras, mas, ao contrário, deve ter como um de seus propósitos o uso dos abundantes relatos e contextos históricos para estimular os alunos a analisarem as mais diversas posições e linhas de interpretação acerca dos acontecimentos, de forma a fazer com que o método dialético promova a elucidação das preferências políticas, culturais, econômicas e sociais de cada indivíduo.
Dessa forma, deve-se respeitar, mais do que objetivos pessoais de atração dos alunos para com a História, a metodologia historiográfica clássica, a qual procura partir não somente de um grupo de bibliografias com viés semelhante, mas o de buscar fontes com, até mesmo, informações conflitantes, a fim de elucidar os pontos em que cada explanação aproxima-se ou distancia-se da realidade, buscando, por meio da técnica de pesquisa, o entendimento da matéria de forma mais submissa aos fatos quanto for possível. Ou seja, o objeto central do estudo da História deve ser o conhecimento dos fatos, de forma que jamais se deve manipulá-los em nome de qualquer objetivo e, portanto, a busca por novos métodos de ensino não deve coibir as práticas sobre as quais se sustenta todo o conhecimento histórico.
Portanto, desenvolver um método, sobre o ensino da História, principalmente, é algo muito mais complexo do que simplesmente arquitetar um modelo idealizado e aplicá-lo de imediato em sala de aula, pois, tal como visto, existem diversas diretrizes praticamente pétreas na estrutura da docência dessa disciplina e é expressivamente tênue a linha que separa aquilo que está disposto à mudança e o que deve ser preservado pela própria natureza que alguns elementos representam tanto para o processo historiográfico como para a realidade escolar.
Ademais, tal como cita o sociólogo François Dubet (1997, p. 226), “quando se pede a um professor para mudar o seu método, não se pede apenas que ele mude de técnica, pede-se para que ele próprio mude”. Isto é, a forma com que cada professor aprendeu a lecionar, parte na teoria das universidades, parte na prática do cotidiano, é um traço que marca, sobretudo, a construção de sua personalidade, de forma que é um homicídio, de certo modo, procurar padronizar um mesmo método de ensino para toda uma comunidade escolar, uma vez que cada docente já desenvolveu em si a metodologia que julga ser a mais adequada para o contexto. Dessa forma, a discussão acerca das metodologias de ensino jamais pode perder seu caráter local e com vista à realidade de cada professor.
Percebe-se, também, um crescimento do número de casos de graduação em História, fato que nos mostra uma resposta à enorme demanda por esse conhecimento. Interesse que vai desde a simples vontade de aprender mais sobre História, até a vontade de profissionalização visando o magistério (que apesar dos baixos salários, continua sendo uma alternativa real de emprego) ou a pesquisa. Tais cursos são oferecidos, tanto pelas tradicionais universidades do país, quanto por faculdades integradas. (MARTINS, 2012, 768)
	Conforme o autor observa, a oferta de cursos de graduação em História nas universidades tem crescido notavelmente nos últimos anos, tendo em vista a considerável procura por essa formação, tanto por satisfação pessoal como por interesse profissional nessa área do conhecimento com enorme potencial de se desenvolver e de se reinventar sob a luz das novas tecnologias informacionais. Entretanto, apesar de estar cercado por uma grande gama de possibilidades para o futuro, o ensino da História nos dias atuais é marcada por uma dupla dificuldade no que se refere à relação entre professores e alunos.
	Se, por um lado, muitos professores se queixam sobre um predominante desinteresse por parte dos alunos quanto ao estudo da disciplina, que, frequentemente, sequer é o principal desafio em sala de aula, haja vista que esse desinteresse costuma ser acompanhado por comportamentos rebeldes e indisciplinados; por outro lado, também é recorrente que alguns alunos justifiquem sua indiferença pela História devido ao modo maçante como o seu estudo é realizado e a necessidades de, por exemplo, memorizar os acontecimentos desencadeados, muitas vezes, por pessoas que já faleceram há séculos ou milênios.
	Mas é evidente que as aulas ministradas por professores que não conseguem deixá-las suficientemente atraentes para os seus alunos não são dessa forma por desdém por parte dos docentes, mas, frequentemente, pela dificuldade encontrada em se agir de outra forma. Percebe-se que os graduandos da área da educação, aprendem muito mais, em seu curso, as bases teóricas de sua disciplina do que os métodos práticos de se lecionar e a aplicação pragmática dos mesmos. Essa condição, infelizmente, faz com que muitos professores, tenham más experiências já nos primeiros anos em sala de aula, ocasionando, com isso, a sua própria frustração e a de seus alunos.
	São diversas essas más experiências que podem ser encontradas pelo professor em sala de aula e que atentam, de certo modo, à facilidade em se lecionar aos alunos que ali estão. Uma delas é a deficiência na alfabetização funcional apresentada por muitos alunos, que os torna incapazes compreender o conteúdo que ouvem do professor ou leem no material didático. Com isso, mesmo que o professor busque desenvolver uma nova metodologia para o ensino da História, essa dificilmente conquistará os resultados esperados, uma vez que a falha não se encontra no aprendizado dessa disciplina específica, mas no aprendizado como um todo.
Este problema constitui-se como um dos principais sintomas do mal-estar na educação contemporânea. Pensadas através desse enfoque, as consequências do analfabetismo funcional para a vida desses adolescentes podem ser muito negativas. Investigações [...] indicam que o pensamento de adultos pouco escolarizados parece ser mais atrelado à experiência concreta. As tarefas cognitivas como classificação, raciocínio e solução de problemas seriam de difícil realização para eles. Tal situação traz limites consideráveis em sua participação social, o que lhes coloca em situação de desamparo e exclusão (TOLEDO, 2015, p. 50).
	Por outro lado, não tem sido rara a observação de que muitos professores utilizam das dificuldades de seus alunos em diversos aspectos para justificar sua inércia no processo escolar e até mesmo certo desdém para com o ensino, seja pelo desânimo ocasionado pelo baixo desempenho discente em determinadas circunstâncias ou até mesmo pela rejeição a novas técnicas de ensino e a recusa em se adaptar a quaisquer alterações na sala de aula clássica. Dessa forma, é perceptível certa atitude de alguns docentes em abster-se de sua culpa nas problemáticas educacionais e transferi-la, integralmente, a seus alunos.
	Segundo Martins (2012, p. 767), tornou-se comum, ainda que de maneira velada, que os professores acusem os alunos como os maiores culpados pela ineficácia que, muitas vezes, permeia o processo de ensino-aprendizagem, mas se esqueçam de olhar para as suas próprias falhas. Assim, o processo escolar não é marcado unicamente, como se acreditava até pouco tempo, pela dificuldade do aluno em aprender, mas também pela dificuldade do professor em ensinar, e essas acusações seriam apenas tentativas, ainda que irracionais, de ocultar tal negligência docente.
	Assim sendo, é preciso que o professor assuma que a docência não compreende somente a maestria no ensino de sua disciplina, seja a História ou qualquer outra área do conhecimento, mas também a condução de seu alunado por toda a experiência do aprendizado. Ou seja, o docente deve ter domínio de técnicas tanto das práticas de ensino da disciplina como do processo de formação do aluno como um todo, a fim de que, ao final de seu período letivo, o mesmo tenha não apenas desenvolvido sua capacidade intelectual e cognitiva, mas, além disso, suas habilidades sociais, expressivas, comunicativas e afetivas,de forma a compreender como todas essas competências interagem entre si na formação completa do espírito crítico na constituição da cidadania.
	Desse modo, a História se mostra como uma disciplina com um papel singular na formação humana de cada aluno, honrando, com isso, o espaço que lhe é concedido na vida escolar do aluno, desde as séries primárias até o Ensino Médio e, se de interesse do aluno, por mais toda uma vida acadêmica que irá contribuir imensamente na perpetuação deste ciclo professor-aluno. Tal como foi discutido, a procura pela formação acadêmica em História tem crescido ao longo dos anos, o que demonstra um progressivo interesse pelas temáticas dessa disciplina, mas tamanha é a sua relevância que os benefícios de seu estudo podem ser descritos até em indivíduos que se graduaram em outras áreas do conhecimento.
Com isso, compreende-se que a História tem o potencial de trazer ao aluno, a partir de reflexões sobre os fatos passados, a análise dos diversos fatores que compõe o cenário presente, fazendo com que, desta forma, cada aluno se desenvolva como um cidadão capaz de olhar para a sua realidade e a realidade do coletivo e buscar soluções para as diversas problemáticas que a envolvem. Com isso, é possível edificar uma sociedade dotada de maior justiça social e capaz de respeitar a harmonia e inviolabilidade dos direitos fundamentais de cada indivíduo.
3 MATERIAL E MÉTODOS
 
Com o propósito de cumprir a proposta que justifica a execução deste trabalho e orientar a sua organização e os métodos adequados para realizá-lo, elegeu-se, para a sua construção, o emprego de uma pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa. A pesquisa bibliográfica, de acordo com Köche (2002, p. 122), é a que se detém a tentar explicar uma problemática a partir do conhecimento disponibilizado sob a forma de livros ou obras equivalentes, de forma que o pesquisador deve investigar toda essa literatura, identificar as teorias que corroboram com o estudo da temática escolhida e, em seguida, analisá-las e confrontá-las, a fim de que, com isso, se compreenda e se explique a questão em discussão.
	Dessa forma, resumidamente, a pesquisa bibliográfica se propõe a encontrar as principais obras teóricas acerca do tema em estudo, com o objetivo de melhor compreendê-lo por meio da ampliação da gama de conhecimentos nessa determinada área, da sua aplicação como referencial teórico para novas discussões e da descrição e sistematização dos resultados obtidos. Em completude a isso, faz-se ainda referência à abordagem qualitativa, que na concepção de Minayo (2002, p. 21), é aquela que:
[...] se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com um universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
	Com isso, a autora ressalta que essa abordagem, principalmente quando empregada no estudo das Humanidades, expressa o estudo de realidades que não podem ser codificadas em números e operações lógicas, mas que só podem ser discutidas a partir da análise das várias especificidades e perspectivas que envolvem a temática. A partir dessas definições, se entende que o presente estudo busca, por meio da análise de livros, artigos científicos, monografias, periódicos, teses e dissertações, disponíveis em meio físico ou virtual, bem como os relatórios de estágio deste curso, para alcançar os objetivos propostos e, a partir disso, cumprir a demanda de conhecimento e métodos para a dinâmica do ensino da História.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Este trabalho tem como objetivo principal discutir as dinâmicas do ensino da História a partir da comparação entre os métodos os quais podem ser denominados clássicos nessa modalidade, pelo seu extenso uso ao longo de décadas sem sofrer grandes modificações e que, de certa forma, esteve presente na formação educacional de várias gerações; e as técnicas que vêm sendo desenvolvidas desde pouco tempo, tanto por pensadores e pesquisadores deste tema no meio acadêmico como por professores que, a partir de sua vivência em sala de aula e da troca de experiências com outros docentes, pretendem contornar problemas recorrentes nas abordagens tradicionais de ensino dessa disciplina.
Ademais, além dessas problemáticas com relação aos métodos utilizados pelos professores para aperfeiçoar o ensino da História, tornando-a mais atraente e mais produtiva para a formação dos alunos, há de se considerar também outros impasses, como a ainda deficiente formação docente nas universidades brasileiras, as condições socioeducativas que permeiam o contexto de cada sala de aula, a proficiência dos conhecimentos do alunado, etc. Assim, a partir desse estudo, pretende-se melhor compreender o complexo de questões pedagógicas que envolvem a docência em História, a fim de que, com isso, seja possível aprimorar o ensino da História nas escolas e, consequentemente, fornecer a devida formação de cidadãos dedicados à edificação de uma sociedade mais justa e igualitária.
Conforme apontou Nadai (1992, p. 144), existe uma crise que envolve o que a autora denomina “história historicista”, ou seja, a forma clássica de se lecionar história, em que vigora um discurso monólogo do professor por praticamente a totalidade do tempo de aula, em que é exposta para a memorização uma série de datas e eventos históricos. Tal método tem demonstrado não somente fazer com que muitos alunos sintam repulsa pelas aulas, passando a detestar quaisquer menções à História a partir de então, mas também tornando tal conhecimento uma memorização de curto prazo, com limite de esquecimento parcial ou total após suas avaliações.
	Martins (2012, p. 768), por sua vez, ressalta que a busca pela formação em História tem se evidenciado pelo constante crescimento da oferta de cursos dessa área do conhecimento em universidades de todo o país. No entanto, embora seja claramente otimista observar o crescimento do interesse pelo estudo histórico, é necessário que o discente se desprenda, de certo modo, da visão idealizada da profissão pedagoga para que, dessa forma, seja capaz de observar a realidade da sala de aula, permeada por contextos e necessidades específicas.
	Uma das principais necessidades que se deve considerar é, por exemplo, a de lecionar a História para alunos que, frequentemente, não sentem interesse nesta disciplina ou, tal como destaca Toledo (2015, p. 50), não possuem um domínio da alfabetização suficiente para absorver todo o conhecimento que lhe é fornecido. Para tanto, torna-se necessários métodos de ensino semelhantes aos empregados pelos professores Juliano Santos Pereira, docente na Escola Estadual Rubem Nunes de Oliveira, no município de Inhapi – AL; e Ruth Gomes da Silva, docente na Escola Municipal de Educação Básica Monsenhor Aluysio Viana Martins, em Mata Grande – AL, ambos entrevistados no Projeto de Estágio adjunto a este curso. 
Os professores mencionados buscam fazer uso de tecnologias como o uso de projetores, videoaulas complementares e uso de laboratórios de informática, bem como uma abordagem individualizada e aproximativa na instrução dos alunos, buscando, com isso, desenvolver o interesse de cada aluno para com a disciplina e corrigindo as dificuldades de cada um de forma analítica. Isso não significa, de modo algum, que seja necessário que todo professor assuma esse mesmo método e ferramentas, mas que, tal como os entrevistados, desenvolva a capacidade de observar as ferramentas as quais tem acesso e as necessidades específicas de seus alunos para que, com isso, encontre a melhor forma de transmitir o conteúdo programático e as discussões agregadas de forma mais satisfatória quanto possível.
5 CONCLUSÃO
A reflexão acerca do ensino da História é envolto por diversas dificuldades. A primeira delas é justamente esperar que ainda sejam bem aceitas discussões sobre uma disciplina que tem sidovista com tamanho desdém, no contexto escolar, tanto pelo próprio alunado como pelas estâncias superiores, responsáveis pela sua manutenção. Uma prova desse desinteresse pelo estudo dessa disciplina pode ser demonstrada pelas recentes propostas em torna-la opcional ao aluno ou, ainda, ser completamente excluída dos currículos em detrimento de outras, tidas como mais relevantes. Dessa forma, lamentavelmente, tem-se visto que os grandes eventos históricos tem ocupado cada vez menos espaço na memória de longo prazo das últimas gerações.
Entretanto, tal como foi demonstrado na extensa literatura que se tem sobre esse tema e brevemente sintetizado neste trabalho, a História possui um potencial imensurável em fazer do ambiente escolar um lugar de descobertas e significações para os alunos, de forma a remediar o enorme desinteresse advindo desses para com os estudos e, com isso, solucionar, tanto quanto possível, a forte crise que tem se apropriado da área da Educação. Isso porque, tal como se tem ciência, o modo com que o conhecimento é compreendido e organizado pelo aluno está fortemente relacionado com a qualidade e diversidade dos elementos que compõe a metodologia de ensino utilizada pelo docente em sala de aula.
Dessa forma, o professor de História, a partir do uso da perspicácia em analisar quais são as principais necessidades de seus alunos no meio socioeducacional em que estão inseridos e que ferramentas e recursos podem ser utilizados em cada contexto para desenvolver nesses um maior interesse na disciplina e, sobretudo, corrigir suas dificuldades de aprendizado, pode empregar sua habilidade profissional na tarefa de transmitir o sentido de materialidade da História e, com isso, elucidar a cada aluno a sua individualidade como indivíduo histórico e sua capacidade de participar da História. Com isso, torna-se possível que cada estudante compreenda o seu potencial em intervir nas questões que o envolvem em seu cotidiano e, assim, usufruir de sua cidadania na tomada de decisões que contribuam para a superação de problemas que dizem respeito seu ao contexto social.
Portanto, se entende que a característica mais marcante de um professor de História exímio é a capacidade de conquistar resultados satisfatórios mesmo com a existência de diversas adversidades em seu ofício, tais como a insuficiência de recursos didáticos, a superlotação das salas de aula, baixas remunerações, dentre outras. Ou seja, o docente deve sempre compreender, que apesar de tantos problemas que estão presentes em seu cotidiano, o principal meio de transformação para as realidades educacionais brasileiras está em suas mãos. Claramente, uma simples renovação das práticas de ensino, seja para facilitar o acesso a materiais pedagógicos, fortalecer o interesse dos discentes na disciplina ou aumentar o rendimento escolar, não será suficiente para aprimorar toda a realidade escolar do país, mas com gradativos pequenos avanços nos microcosmos educacionais, poderá se desenvolver melhoras significativas em escalas cada vez maiores, de forma que se tornará possível construir uma nação em que a justiça e equidade se conquistaram por meio do aprimoramento das dinâmicas de ensino-aprendizagem.
REFERÊNCIAS
BARCA, Isabel. Educação histórica: uma nova área de investigação. In: ARIAS NETO, José Miguel. Dez anos de pesquisa em ensino de História. Londrina: ATRITOART, 2005.
DUBET, F. Quando o sociólogo quer saber o que é ser professor. Revista Brasileira de Educação, São Paulo, n. 5, p. 222-231, 1997.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005.
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de Metodologia Científica: Teoria da ciência e iniciação à pesquisa. Petrópolis: Vozes, 2011.
MARTINS, Ronaldo Francisco Rodrigo. Os desafios do ensino-aprendizagem de história nos anos finais do ensino fundamental da rede pública: limitações de formação dos professores e deficiências de leitura e escrita dos alunos. Aedos, Revista do Corpo Discente do Programa de Pós Graduação em História da UFRGS, v. 4, p. 766-782, 2012.
MINAYO, Maria Cecília de Souza (org.). Pesquisa Social: Teoria, Método e Criatividade. 21. ed. Petrópolis: Vozes, 2002.
NADAI, Elza. O Ensino de História no Brasil: trajetória e perspectiva. Revista Brasileira de História, São Paulo: ANPUH/Marco Zero, v. 13, n. 25/26, p. 143-162, 1992.
RÜSEN, J. Aprendizagem histórica: fundamentos e paradigmas. Trad. Peter Rautmann et al. Curitiba: W. A. Editores, 2012. 
TOLEDO, Lucineia Silveira. Analfabetismo Funcional entre adolescentes: um mal-estar na educação contemporânea. Revista do Departamento de Fundamentos da Educação da Universidade Federal do Piauí, v. 2, n. 1, p. 45-61, 2015.
XAVIER, Maria Luísa Merino de Freitas. Educação Básica: resgatando espaços de humanização, civilização, aquisição e produção de cultura na escola contemporânea. In: PEREIRA, Nilton M. et al. Ler e escrever: Compromisso no Ensino Médio. Porto Alegre: UFRGS, 2008.

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