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Direito Tributário – 1º Estágio Receitas Públicas Quanto à fonte, as receitas se classificam em: Originárias: São receitas que o Estado obtém a partir da exploração do próprio patrimônio público. Transferidas Derivadas: São as receitas recolhidas através do Poder de Império do Estado, que exige das pessoas o pagamento do valor econômico. Tem como característica o uso da coerção. Elas podem ser tributárias ou não tributárias. A multa de trânsito, por exemplo, é um tipo de receita pública derivada não tributária. Os tributos são receitas públicas derivadas, portanto, a criação deles exige lei ou ato normativo que possua a mesma eficácia (medida provisória). Espécies de tributos ● Impostos; ● Taxas; ● Contribuições de melhoria; ● Empréstimos compulsórios; ● Contribuições especiais. Conceito Legal de Tributo O Art. 3° do CTN define tributo como toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não consista em sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade plenamente vinculada. Desta conceituação legal pode se extrair os seguintes aspectos: a) Prestação pecuniária compulsória; O tributo consiste em uma prestação em dinheiro obrigatória, que independe da vontade do sujeito passivo. O dever de pagar o tributo nasce independentemente da vontade, é uma imposição legitima pela legislação. b) Em moeda cujo valor nela se possa exprimir (cheque); O tributo deve ser pago em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, podendo ser pago ainda através de títulos de créditos, etc. OBS.: o art. 156, XI do CTN prevê a excepcional possibilidade de pagamento de tributo através da dação de bem imóvel, desde que exista previsão em lei autorizando-o. c) Que não constitua sanção de ato ilícito; Paga-se tributo por incorrer em uma situação estabelecida em lei como hipótese de incidência tributária. Ninguém paga tributo por desrespeitar uma lei, pois ele não é sanção, nem castigo. OBS.: Embora a hipótese de incidência tributária não se refira a ações ilícitas, os frutos de uma atividade ilícita podem ser objeto de tributação. O STF tem o entendimento majoritário de que uma vez praticado o fato gerador/hipótese de incidência previsto em lei, o imposto deve ser pago, independentemente de ser lícita ou ilícita. Ex.: o fato gerador/hipótese de incidência do IR consiste em “auferir renda”. Assim, se o indivíduo obtiver renda, passará a incidir a obrigação de pagar IR, independentemente da forma de obtenção de renda, seja ela lícita ou ilícita. A multa de trânsito, apesar de ser uma receita pública derivada, não é tributária, pois constitui sanção. d) Instituída em lei (art. 62. § 2° da CF) O tributo só pode ser instituído mediante lei e instrumento normativo com força de lei (medida provisória). e) Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada. O tributo não pode ser cobrado consoante critérios de conveniência e oportunidade, mas apenas estritamente legais. O Poder Público não pode usar da discricionariedade para cobrar tributos, ele está restrito à legalidade. Em suma, a atividade administrativa de cobrança de tributo não é discricionária. * Em regra, a cobrança do tributo se dá pela via administrativa, somente se recorre ao judiciário se o indivíduo não pagar. Espécies de Tributos ● Impostos: podem ser federais, estaduais ou municipais. - União: Os impostos de competência da União se dividem em Instituídos e não instituídos. Os impostos instituídos são: Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Imposto sobre Exportação (IE); Imposto sobre Renda e Proventos de qualquer natureza (IR); Imposto sobre Importação (II); Imposto Territorial Rural (ITR); e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). E os não instituídos são: Imposto sobre grandes fortunas (IGF); Imposto Extraordinário de Guerra (IEG); e Impostos Residuais. - Estados e Distrito Federal Imposto sobre transmissão causa mortis ou doação (ITCMD): incide na transmissão gratuita de qualquer bem (móvel ou imóvel). Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS): Incide sobre a transmissão onerosa de bens móveis e serviços. O ICMS incide apenas nos serviços de comunicação e de transporte interestadual ou intermunicipal. Imposto sobre a propriedade de veículos automotores (IPVA): Incide apenas sobre veículos automotores terrestres, não incidindo sobre aeronaves ou embarcações. - Municípios e Distrito Federal Imposto sobre a transmissão de bens imóveis (ITBI): Incide sobre a transmissão onerosa de bens imóveis. Imposto sobre propriedade Territorial Urbana (IPTU) Imposto sobre Serviços (ISS) ● Taxas: existem dois tipos de taxas: Taxa de Polícia e Taxa de Serviço Público. - Taxa de Policia O seu fato gerador é o exercício regular do poder de polícia. Incide em toda atividade administrativa tendente a realizar controle sobre atividade privadas. Tudo o que requer autorização do Poder Público é exercido por meio do Poder de Polícia Administrativa. Exemplos: taxa para obtenção de alvará e taxa para emissão de passaporte. - Taxa de Serviço Público (especifico e divisível). O fato gerador da taxa de serviço público é a prestação de serviço público divisível e especifico. Se o Estado prestar um serviço público diretamente, ele pode cobrar taxa, desde que o serviço público seja especifico e divisível. Não é possível cobrança de taxa pela coleta de lixo urbano, apenas pela coleta de lixo domiciliar. ● Contribuições de Melhoria Não existem espécies de contribuição de melhoria, elas podem ser cobradas sempre que o Estado realiza uma obra Pública e, em razão desta, ocorre a valorização de bens imóveis. O fato gerador deste tributo é, portanto, a valorização imobiliária. A valorização do imóvel gera um enriquecimento sem causa para o proprietário, o que fundamenta a validade deste tributo. O valor a ser pago como como contribuição de melhoria será o valor gasto pelo Estado ou o valor que o imóvel valorizou, a depender de qual seja o menor. Por exemplo: em uma obra que custou R$ 1.000.000,00 aos cofres públicos, 10 imóveis valorizaram em R$ 200.000,00 cada, resultando assim em uma valorização imobiliária de 2.000.000,00. O Estado deverá receber R$ 1.000.000,00 de contribuição de melhoria (100.000,00 de cada imóvel valorizado), por ser este o menor valor. Supondo-se que, neste caso, houvesse uma valorização de R$50.000,00 para cada imóvel, totalizando uma valorização imobiliária de R$ 500.000,00, o Estado receberia R$ 500.000,00 de contribuição de melhoria (R$ 50.000,00 de cada imóvel valorizado), pois este é o menor valor. Desde a CF/88, que autorizou a cobrança deste tributo, até o presente momento, ele não foi cobrado. ● Empréstimos Compulsórios Fatos geradores: a) Calamidade pública; b) Guerra ou sua iminência; c) Investimento público de caráter nacional, urgente e relevante. ● Contribuições especiais Esta espécie tributária não será cobrada em prova, haverá um trabalho sobre ela, valendo 2 pontos. FUNÇÕES DOS TRIBUTOS Os tributos possuem duas funções: recolher receitas para custear as necessidades e dívidas públicas ou estimular/desestimular uma determinada atividade. a) Fiscal. É a função que visa a obtenção de receitas para a realização das despesas públicas.b) Extrafiscal. Visa exercer um controle sobre uma determinada atividade, tendo a finalidade de regular a economia. Constitui um instrumento para estimular ou desestimular condutas. Ou seja, ele é cobrado quando se deseja que o particular adote ou se abstenha de adotar uma conduta. A extrafiscalidade decorre da supremacia do interesse público, não possuindo apenas a finalidade eminente arrecadatória. Não existe nenhuma espécie tributária pura, no sentido de que é dotada apenas da função fiscal ou extrafiscal. Todos os tributos comportam ambas as funções, apenas ora prevalecerá uma função em detrimento da outra, conforme o tributo. SÃO TRIBUTOS QUE POSSUEM FUNÇÃO PREDOMINANTEMENTE EXTRAFISCAL:: II, IE, IPI, IOF e CIDE. Apesar da predominância da função extrafiscal nestes tributos, eles também possuem função fiscal. Imposto sobre Importação (II): é um tributo com função predominantemente extrafiscal, uma vez que o Estado só pode cobra-lo quando houver intenção de inibir a entrada de produto estrangeiro, a fim de proteger a economia nacional. Ele não pode ser cobrado sem a existência dessa finalidade especifica. Imposto sobre Exportação (IE): é cobrado para dificultar/impedir a saída de produtos brasileiros para o exterior. Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI): a tributação do IPI se dá de acordo com a essencialidade do produto. Quanto mais essencial o produto, menor a alíquota do IPI e quanto mais supérfluo/nocivo o produto, maior a tributação. Imposto sobre Operações Financeiras (IOF): é considerado extrafiscal em razão da sua importante finalidade de controle inflacionário. Inexistindo este motivo, o Estado não pode cobrar o IOF. Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE): a CIDE é cobrada sobre o petróleo e seus derivados, para controlar a produção e o consumo desses produtos. Uma característica básica de todos os tributos dotados de função predominantemente extrafiscal é que o Estado pode aumentar a alíquota deles, sem limitações. Os demais tributos possuem função predominantemente fiscal. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA A competência tributária é a autorização constitucional para que cada Ente Político institua/crie/majore tributos determinados. A competência tributária não se confunde com a competência para legislar em Direito Tributário. A competência para legislar sobre Direito Tributário consiste na outorga constitucional de poder para editar leis que versem sobre tributos e relações deles decorrentes aos entes federativos. O art. 24 da CF estabelece a competência concorrente da União, Estados e Distrito Federal para legislar sobre Direito Tributário. Inicialmente, a competência para legislar sobre Direito Tributário é concorrente da União, Estados e Distrito Federal, podendo os municípios legislarem sobre Direito Tributário para suplementar as legislações estaduais e federais no que couber, bem como para atender às suas necessidades locais, na forma do art. 30 da CF. ● Características da competência tributária. a) Indelegabilidade A competência tributária é outorgada pela CF a um determinado Ente, não podendo ser transferida para outro. O Ente Federativo não pode transferir a sua competência tributária, nem invadir a de outro. Ou seja, a competência tributária é ABSOLUTA, nenhum ente pode transferir a outro o que lhe compete. Obs.: a indelegabilidade é uma característica que abrange a competência tributária e não a Capacidade Tributária Ativa. Assim, enquanto a competência tributária (criação e majoração de tributo) é indelegável, a Capacidade Tributária Ativa (funções administrativas de arrecadar e fiscalizar) não o é. Por exemplo, no caso do ITR, cuja competência para criar e majorar é da União, há uma delegação das funções de arrecadar e fiscalizar (Capacidade Ativa Tributária) aos Municípios. * A Capacidade Tributária Ativa só pode ser delegada a pessoas jurídicas de Direito Público. b) Facultatividade A constituição Federal não impõe que os Entes instituam os tributos de sua competência tributária, mas autoriza. Esta característica é retirada da terminologia adotada pelo constituinte, que estabeleceu que os Entes políticos PODERÃO (e não “deverão”) instituir tributos. Apesar disso, a Lei de Responsabilidade Fiscal traz a possibilidade de punição ao Ente que não fiscalize/arrecade os tributos de sua competência constitucional. c) Incaducabilidade A competência tributária pode ser exercida pelo Ente a qualquer tempo. Este direito não caduca, não é alcançado pela decadência. Assim, mesmo que não tenha ocorrido o exercício da competência tributária, o direito de instituir não se perde no tempo. Por exemplo, o fato de a União não ter instituído o IGF em 1988 não lhe retira o direito de instituí-lo hoje. d) Inalterabilidade Considerando que a competência tributária está prevista na CF, o legislador infraconstitucional não pode modificá-la. Apenas o Texto Maior possui a prerrogativa de alterar a competência tributária. A competência tributária não pode ser alterada por legislação infraconstitucional, mas a Emenda Constitucional pode alterá-la. e) Irrenunciabilidade A competência tributária é irrenunciável. O ente federativo não pode abrir mão de sua competência tributária o que pode é deixar de exercê-la, com fundamento na característica da facultatividade da competência tributária. ● Classificação da competência tributária a) Competência comum É a competência dos tributos que podem ser instituídos por todos os Entes. São tributos que podem ser instituídos pela União, Estados, DF e municípios: as taxas e as contribuições de melhoria (que são instituídas pelo ente que realiza a obra). b) Competência privativa É a competência que a CF atribui com individualidade/exclusividade a um determinado Ente Político. b.1) União São tributos que só podem ser instituídos pela união: impostos federais (IR, IPI, IE, II, ITR e IOF), Empréstimos Compulsórios, contribuições que custeiam RGPS, Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE), Contribuição de Interesse das Categorias Profissionais e Econômicas (CICPE) e contribuições para custeio do RPPS da União. b.2) Estados São tributos de competência privativa dos Estados: impostos estaduais (ICMS, IPVA e ITCMD) e as contribuições que custeiam o RPPS do Estado. b.3) Municípios São de competência privativa dos municípios: impostos municipais (IPTU, ITBI e ISS), as contribuições que custeiam o RPPS dos municípios e a Contribuição para Custeio da Iluminação Pública (COSIP). O que difere da União, Estados, DF e Municípios, é que além de ter seu RPPS, também tem o RGPS. Obs. RPPS – Ocupantes de cargo efetivo. RGPS – Demais trabalhadores ocupantes de cargo não efetivo. c) Competência residual/remanescente Somente a União tem essa competência. Ela está prevista no art. 154, I da CF, que possibilita apenas à União instituir novos tributos não previstos na CF, por meio de Lei Complementar. * A União ainda pode criar uma nova contribuição para custeio da Seguridade Social. d) Competência cumulativa Está previsto no art. 147 da CF. O DF não pode ser divido em municípios, por isso compete a ele instituir os impostos de competência do Municípiose dos Estados. Assim, o DF tem essa competência cumulativa. Além do DF, a União também possui competência cumulativa. Compete à União, nos Territórios Federais, criar os impostos Estaduais e Municipais (estes se o Território não for dividido em municípios). Se forem criados Municípios no Território Federal a União cobrará apenas os impostos estaduais e os municípios os municipais. e) Competência extraordinária O art. 154, II da CF confere apenas à União a competência para instituir o IEG. ● Exercício da Competência Tributária Em regra, a competência tributária é exercida por meio de Lei Ordinária, porém quatro tributos podem e devem ser instituídos por meio de Lei Complementar. Tributos que somente podem ser instituídos por Lei Complementar: Impostos Residuais; Contribuições sociais residuais; Empréstimos Compulsórios; e Imposto sobre grandes fortunas (IGF); O procedimento legislativo para instituição destes tributos é mais complexo. Lei Delegada também pode ser usada para exercício da competência tributária, aConstituição não veda a instituição de tributos através desta espécie legislativa. Com uma ressalva: apesar de poder criar tributo, a Lei Delegada não pode tratar de matéria reservada à Lei Complementar, por expressa vedação constitucional. Assim, não pode instituir os quatro tributos mencionados anteriormente. A Medida Provisória é uma espécie normativa que também pode ser utilizada para criar tributos, desde que preencha os requisitos de relevância e urgência, com a ressalva de que, assim como a Lei Ordinária, a Medida Provisória não pode tratar de matéria reservada à Lei Complementar. A Medida Provisória, por se tratar de um instrumento normativo com força de lei, pode ser adotada para tratar de matéria tributária, desde que sejam observados, além da relevância e urgência, os seguintes requisitos: a) o tributo deve estar entre os tributos cuja instituição se dá por meio de Lei Ordinária, pois é constitucionalmente vedada à Medida Provisória tratar sobre matéria reservada à Lei Complementar; b) em se tratando de Medida Provisória que crie ou majore impostos (IMPOSTOS, e não tributos), é necessário que ela seja convertida em lei no mesmo ano de sua edição, para produzir efeitos no exercício financeiro seguinte, com exceção dos impostos extrafiscais (II, IE, IOF e IPI) e do Imposto Extraordinário de Guerra. Exemplo: se uma Medida Provisória majorar a alíquota do IR no exercício financeiro de 2019, ela só produzirá efeitos e a nova alíquota desse imposto somente poderá ser exigida no exercício financeiro seguinte (2020) se ela for convertida em lei até o último dia de 2019. Se ela não for convertida, perde a sua eficácia. Um Decreto do Executivo poderá dar-lhe eficácia, mas ela não pode mais ser convertida em lei. OBS.: esta regra NÃO se aplica aos impostos extrafiscais e ao IEG! c) em Direito Tributário impera o princípio da noventena/não surpresa/anterioridade, de acordo com o qual o contribuinte não pode ser surpreendido com a exigência tributária, impondo a obediência a um prazo de 90 dias entre a instituição do tributo e sua cobrança. Neste sentido, se uma Medida Provisória criar/majorar uma contribuição social, ela só produzirá efeitos 90 dias após a sua publicação. Mas supondo-se que a Medida Provisória seja convertida em lei, o prazo de 90 dias conta-se da data da publicação da MP ou da data da sua conversão em lei? O STF se posicionou no sentido de que deve ser considerada como termo inicial a data de publicação da Medida Provisória. No entanto, se no ato da conversão da MP em lei o Legislativo promover alterações substanciais no texto da MP, os 90 dias devem ser contados da publicação da lei. TRIBUTOS EM ESPÉCIE TAXAS É uma espécie tributária instituída para custear o exercício regular do Poder de Polícia Administrativa e a prestação de serviço público específico e divisível. São tributos intimamente ligados à atividade do Estado. A hipótese de sua incidência está atrelada a uma contraprestação do Estado, paga pelo contribuinte que usufrui da atividade estatal. Toda vez que uma atividade exige autorização/licenciamento, o Estado pode cobrar taxa. Ex.: taxa de alvará de funcionamento. São tributos cujos fatos geradores são vinculados (tributos vinculados) a uma atuação estatal específica em favor do contribuinte, que pode consistir no exercício regular do poder de polícia ou na prestação ao contribuinte, ou colocação à disposição deste, de serviço público específico e divisível. ESPÉCIES DE TAXAS a) taxa de polícia (art. 78 do CTN) Objetiva custear a atividade de Polícia Administrativa, que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade individual, a fim de atender o interesse público (coletivo). As taxas são cobradas em razão do exercício do Poder de Polícia, podendo ser entendido como a atividade da Administração Pública que visa a atender ao interesse público. Ex.: taxa de alvará de funcionamento, taxa de vigilância sanitária, taxa de renovação de cadastro de arma de fogo, taxa de controle e fiscalização ambiental, etc. b) taxa de serviço público específico e divisível. A taxa de serviço se exige em razão da utilização efetiva ou potencial de serviço público específico e divisível. O fato gerador é a prestação de serviço público divisível e específico. Para estar sujeito à cobrança de taxa, o serviço público deverá ser, necessariamente, específico e divisível. O “serviço específico” consiste em um trabalho possível de ser identificado pela sua natureza contraprestacional, de acordo com o CTN, é aquele que pode ser destacado em unidades autônomas de intervenção, de unidade ou de necessidades públicas. Consiste em atividade estatal fruível individualmente por cada um de seus usuários. Ou seja, é aquele no qual é possível identificar o usuário. “Serviço divisível”, por sua vez, é aquele que deve possibilitar a individualização de maneira a quantificar o serviço utilizado possibilitando a mensuração da fruição individual. Em suma, é o serviço cujo valor econômico pode ser quantificado de forma estimada. OBS.: 1) Não é possível instituir taxa para custear serviço de limpeza pública, pois ele não é específico e divisível. Porém, a taxa cobrada exclusivamente em razão dos serviços públicos de coleta, remoção e tratamento ou destinação de lixo ou resíduos domiciliares é constitucional (vide Súmula Vinculante nº 19). 2) Taxa Judiciária é uma taxa de serviço público. As custas processuais têm natureza jurídica de taxa, pois é possível identificar o usuário e valorar economicamente o serviço prestado. Contudo, deve haver um teto, a taxa judiciária não deve ser calculada sem limite sobre o valor da coisa, pois seria uma violação ao princípio do acesso à jurisdição. 3) O serviço de iluminação pública não é específico e divisível, pois não se identifica o contribuinte, nem se quantifica o quanto ele usa. Por ser inconstitucional a cobrança de taxa pela prestação de serviço público que não seja específico e divisível, o serviço de iluminação pública não pode ser remunerado mediante taxa (Súmula Vinculante nº 41 e Súmula nº 670 do STF) Porém, a ConstituiçãoFederal autoriza a cobrança de contribuição para o custeio de serviço de iluminação pública. Por isso, a cobrança da COSIP é constitucional (art. 149-A da CF). Segurança Pública e Saúde Pública podem ser remuneradas mediante taxa? Não, não é possível cobrar taxa pela prestação dos serviços de saúde e segurança pública. BASE DE CÁLCULO DAS TAXAS O valor do serviço público permite a cobrança com base de cálculo da taxa. A base de cálculo das taxas é o custo total decorrente da atividade administrativa vinculada à taxa. Súmula 595 do STF: é inconstitucional a taxa municipal de conservação de estradas de rodagem cuja base de cálculo seja idêntica à do ITR; Súmula Vinculante nº 29 do STF: é constitucional a adoção, no cálculo do valor de taxa, de um ou mais elementos da base de cálculo própria de determinado imposto, desde que não haja integral identidade entre uma base e outra. CONTRIBUIÇÕES DE MELHORIA A contribuição de melhoria está prevista, em nosso ordenamento jurídico, na Constituição Federal (art. 145, inciso III) e no Código Tributário Nacional (arts. 81 e 82), manifestando-se no poder impositivo de exigir o tributo dos proprietários de bens imóveis valorizados com a realização de uma obra pública. É um tributo instituído em virtude da realização de obra pública que, de maneira geral, valoriza os imóveis da região abrangida pela obra. Toda vez que o Estado realiza alguma obra pública e, em razão dela, um imóvel é valorizado, ele pode cobrar contribuição de melhoria. O Brasil ainda não cobrou este tributo. COMPETÊNCIA A contribuição de melhoria é um tributo de competência comum. Todo e qualquer Ente Federativo poderá instituí-lo. O Ente Federativo que fizer a obra poderá cobrá-lo. Deve ser instituído por meio de Lei Ordinária. JUSTIFICATIVA Esta espécie tributária encontra sua razãp de ser na vedação ao enriquecimento sem causa. Uma vez que a realização da obra resulta em “mais-valia” imobiliária para pessoas que não concorreram para o resultado, o Estado pode reaver para si o valor recebido pelo contribuinte sem justa causa. SUJEITO ATIVO Ente Político que realiza a obra pública, seja ele a União, os Estados, o DF ou os Municípios. SUJEITO PASSIVO O proprietário do imóvel ao tempo do seu lançamento (momento em que há a constituição do crédito tributário), e os adquirentes e sucessores, a qualquer título, do domínio do imóvel. Porém, o legislador permitiu que o locador ajustasse o valor do aluguel do locatário que esteja usufruindo da valorização do imóvel, sendo lícito ao locador exigir aumento de aluguel correspondente a 10% ao ano da Contribuição de Melhoria paga. É nula a cláusula no contrato de locação que atribua ao locatário o pagamento, no todo ou em parte, da Contribuição de Melhoria lançada sobre o imóvel. FATO GERADOR (REQUISITOS) a) realização da obra; b) valorização em imóvel determinado; c) nexo de causalidade entre a valorização imobiliária e a realização da obra pública. Se não foi a obra pública que deu causa à valorização, não se pode cobrar contribuição de melhoria. BASE DE CÁLCULO A base de cálculo da Contribuição de Melhoria é calculada de acordo com duas dimensões. a) limite individual. Valor da valorização individual de cada imóvel. b) limite geral (total). Custo total da obra. A despesa total gasta com a obra pública. O Estado cobrará sempre o menor valor. Se ele tiver gastado com a obra mais do que os imóvei valorizaram, ele receberá apenas o que os imóveis valorizaram. Se os imóveis valorizarem mais do que o Estado gastar com a obra, o Estado somente poderá cobrar, no máximo, o que ele gastou com a obra. Divide-se o valor da obra proporcionalmente ao valor da valorização de cada imóvel. - Realização de pavimentação nova e recapeamento em via pública já asfaltada. O asfaltamento de via pública se considera obra que gera valorização imobiliária, por isso motiva a instituição de Contribuição de Melhoria. O simples recapeamento de via pública, por sua vez, não implica em valorização imobiliária. EMPRÉSTIMOS COMPULSÓRIOS CONTRATO OU TRIBUTO? Para uma corrente, o empréstimo compulsório seria um contrato, porque é um empréstimo, que é uma modalidade contratual que exige devolução. Para outra, é um tributo, pois é obrigatório, característica incompatível com a facultatividade inerente aos contratos. A Súmula 418 do STF, de 1964, diz que o empréstimo compulsório não é tributo e que sua arrecadação está sujeita à exigência constitucional da prévia autorização orçamentária. A Constituição Federal de 1967 entendia o empréstimo compulsório como um contrato, conforme evidencia o art. 21 da mesma. A EC 1/69 alterou a CF/67. Em 1988, antes da CF/88, ainda na vigência da CF/67, o STF, no julgamento do RE 111.954/PR, já se posicionava pela perda da validade da Súmula 418. Até o presente momento, a Súmula 418 do STF não foi cancelada, mas ela encontra-se superada pelo texto da CF/88. De forma que predomina o entendimento de que o empréstimo compulsório é um tributo. A Constituição Federal de 1988 deu aos empréstimos compulsórios o mesmo tratamento que deu aos impostos, taxas e demais espécies tributárias. Art. 148 da CF. O STF, no julgamento do RE nº 146.733-9/SP, proferiu entendimento no sentido de que, além das três modalidades tributárias previstas no art. 145 da CF, de competência de todos os Entes Políticos, a CF, nos arts. 148 e 149 alude a outras duas modalidades tributárias, para cuja instituição só a União é competente: os empréstimos compulsórios e as contribuições sociais. ESPÉCIES São três as situações que ensejam a instituição dos empréstimos compulsórios. a) calamidade pública: os empréstimos compulsórios podem ser instituídos para atender despesas com calamidade pública, que refere-se a situações limítrofes indicadoras de catástrofes da natureza; b) guerra externa ou sua iminência: a guerra deve ser externa e não provocada pelo Brasil, não se inclui nas hipóteses de instituição de empréstimos compulsórios a guerra iniciada pelo Brasil. GUERRA INICIADA PELO BRASIL NÃO AUTORIZA A INSTITUIÇÃO DE EMPRÉSTIMO COMPULSÓRIO! c) investimento público de caráter urgente e de relevante interesse nacional: a determinação do que seria uma situação de “urgência e relevância” compete ao legislador, por meio de Lei Complementar. O interesse tem que ser nacional, visando o bem comum da nação, e não apenas de determinadas regiões. COMPETÊNCIA TRIBUTÁRIA A competência tributária do empréstimo compulsório é privativa da União, via Lei Complementar. Somente a União pode instituir o empréstimo compulsório. Esta competência, em verdade, é exclusiva, pois, apesar de a CF dizer que é privativa, ela NÃO PODE SER DELEGADA. SUJEITO ATIVO Apenas a União. SUJEITO PASSIVO A ser determinado pela Lei Complementar que instituí-lo. Até o presente momento, esta espécie tributária não foi instituída por Lei. IMPOSTOS CONCEITO É o tributo cuja obrigação tenha por hipótese de incidência uma situação que não implica contraprestação direta por parte do Estado e é cobrado em face da ocorrência de fato de caráter econômico revelador da capacidade contributiva do indivíduo. Os impostos diferem das demais espécies tributárias por serem tributos de receitas não vinculadas,ou seja, não se sabe qual a destinação das receitas obtidas com impostos. Todos os demais tributos possuem receita vinculada, o que significa que já é conhecida a destinação de suas receitas. Ex.: não é possível usar a receita arrecadada com a COSIP para outra finalidade que não seja o custeio da iluminação pública, pois sua receita é vinculada. ESPÉCIES a) Federais; São impostos federais instituídos: II, IE, IPI, IOF, IR e ITR. São impostos federais não instituídos: IGF, IEG e impostos residuais. b) Estaduais; Os impostos estaduais são: IPVA, ICMS e ITCMD. c) Municipais. Os impostos municipais são: IPTU, ITBI e ISS. IMPOSTO SOBRE IMPORTAÇÕES (II) HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA OU FATO GERADOR A hipótese de incidência do Imposto sobre Importação consiste em importar produtos do estrangeiro. O termo “produto” é empregado no sentido de “qualquer coisa móvel corpórea”, independentemente de ser o bem destinado ao comércio (mercadoria) ou a outros fins. MOMENTO DO FATO GERADOR O momento do fato gerador é o momento exato em que se passa a existir a obrigação de pagar o tributo. No caso do II, o momento do fato gerador é a data do registro da declaração de importação da mercadoria submetida a despacho para consumo. OBS.: 1) o II é um imposto extrafiscal, só podendo ser instituído quando presente a finalidade de inibir a importação. 2) Também é considerada estrangeira a mercadoria nacional ou nacionalizada exportada que venha a retornar ao país. SUJEITO ATIVO A União. SUJEITO PASSIVO Serão contribuintes do Imposto sobre Importação: a) o importador, que é qualquer pessoa que promova a entrada de mercadorias estrangeiras no território aduaneiro; b) o destinatário de remessa postal internacional indicado pelo respectivo remetente; e c) o adquirente de mercadoria entrepostada (depositada em recinto alfandegado), ou seja, o indivíduo que arrematar, em leilão, produto apreendido. ALÍQUOTA Art. 20 do CTN A alíquota é a porcentagem que vai incidir sobre uma base de cálculo. A legislação autoriza a instituição de dois tipos de alíquotas: a) específica. Incide a alíquota específica quando a base de cálculo é uma unidade de medida, uma vez que não é possível incidir uma porcentagem sobre unidades de medidas. Neste caso, a alíquota é um valor definido em moeda nacional, que incide sobre uma unidade de medida (container, m³, tonelada). b) ad valorem. Um percentual incide sobre um valor econômico. Indica um percentual a ser aplicado sobre a base de cálculo. Ela varia de acordo com o valor do bem. Ex: o II de 1% sobre o valor do produto. OBS.: é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do II. Por ser um tributo extrafiscal, uma das características do II é que o Poder Executivo pode alterar a sua alíquota. As alíquotas dos tributos extrafiscais são alteradas por meio de Decreto do Poder Executivo, pois não é possível aguardar o processo legislativo. Embora inexista limite para o aumento da alíquota de tributos extrafiscais, ele só é possível com um motivo, qual seja, inibir a importação. A alíquota do II varia conforme o produto, razão pela qual é impossível estudar o valor/percentual de cada alíquota. BASE DE CÁLCULO Art. 20 do CTN. a) se a alíquota for específica: a base de cálculo será a unidade de medida adotada pela lei tributária; b) se a alíquota for ad valorem: o preço normal que o produto, ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em condições de livre concorrência; c) se o produto for apreendido/abandonado, levado à leilão: o preço da arrematação. CARACTERÍSTICAS a) tributo extrafiscal. Visa influenciar o comportamento do contribuinte O intuito maior não é arrecadar, mas intervir na economia, protegendo a indústria nacional. b) lançamento por homologação. Existem três espécies de lançamento de tributos: - lançamento de ofício/direto: quando o próprio Poder Público, por já possuir todas as informações necessárias, toma todas as providências para cobrar o tributo, lançando-o de ofício. São tributos de lançamento de ofício, apenas, IPTU e IPVA. - lançamento por declaração: é misto. Só há a constituição do crédito tributário com a contribuição do Poder Público e do contribuinte. Os únicos impostos de lançamento por declaração são o ITBI e o ITCMD. Os demais tributos têm lançamento por homologação. - lançamento por homologação: é o contribuinte quem está obrigado a constituir o crédito tributário. O Poder Público fiscaliza, fica encarregado apenas de aprovar ou não, mas a iniciativa para constituir todo o crédito tributário é do contribuinte. O II é um imposto cujo lançamento se dá por homologação, o próprio contribuinte verifica a ocorrência do fato gerador, calcula, recolhe o tributo e aguarda a homologação pela autoridade. Com exceção da hipótese de importação de bens que se enquadrem no conceito de bagagem, cujo lançamento será por declaração. IMPOSTO SOBRE EXPORTAÇÃO É o imposto cobrado em razão de exportação. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA/FATO GERADOR É a exportação para o estrangeiro de produtos nacionais ou nacionalizados. O produto nacional é o produzido dentro do território nacional brasileiro. O produto nacionalizado, por sua vez, é o produto estrangeiro importado à título definitivo. É o produto que, uma vez ingressando no território nacional, vem a sair do território brasileiro. Ou seja, trata-se do que inicialmente foi importado, com o intuito de ser consumido no território nacional, mas que é exportado posteriormente. MOMENTO DO FATO GERADOR É a data do registro da declaração de exportação do produto no Sistema Integrado de Comércio Exterior. OBS.: tanto na exportação quanto na importação, existem 3 momentos importantes: a chegada da mercadoria ao porto, o registro da declaração e o desembaraço aduaneiro. Em primeiro lugar, a mercadoria chega ao porto, em seguida, o dono dela declara o que está importando/exportando e registra a declaração. A partir do registro da declaração nasce o dever de pagar o imposto de exportação. No terceiro momento, o desembaraço aduaneiro, há uma verificação da possibilidade de comercialização do produto no Brasil. Porém, o momento do fato gerador do IE ocorre no registro da declaração, anterior ao desembaraço aduaneiro e, ainda que neste momento (desembaraço) se verifique que o produto não pode ser comercializado no Brasil, o IE será cobrado. SUJEITO ATIVO A União. SUJEITO PASSIVO O exportador ou quem a ele a lei equiparar. ALÍQUOTAS Assim como no II, a alíquota do IE poderá ser específica, quando se tratar de unidade de medida, ou ad valorem, que varia de acordo com o valor do bem. Exemplo de alíquota específica: R$ 100,00 (alíquota) por tonelada (base de cálcula); Exemplo de alíquota ad valorem: 5% (alíquota) sobre o valor do produto (base de cálculo). OBS.: é facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidoss em lei, alterar as alíquotas do IE. As alíquotas do IE têm seus limites definidos por Decreto do Poder Executivo. O Decreto-Lei 1.578/77 estabelecia uma alíquota de 30% para o IE, preceituando que era facultado ao Executivo alterá-la para atender objetivos da política cambial e do comércio exterior, desde que, em caso de elevação,a alíquota não fosse superior a 5 vezes o percentual de 30%. Apesar de ainda estar em vigor, o DL 1.578/77 não produz efeitos. O STF o declarou inconstitucional. De modo que, a alíquota do IE não é fixa, variando conforme o produto. BASE DE CÁLCULO Art. 214 do Decreto 6.759/09. É o preço normal que a mercadoria, ou sua similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em condições de livre concorrência no mercado internacional. CARACTERÍSTICAS a) tributo extrafiscal. O intuito maior não é arrecadar, mas intervir na economia, protegendo o mercado consumidor interno. Por ser extrafiscal, não está sujeito à Anterioridade do Exercício, nem à Anterioridade Nonagesimal. Se majorado, pode ser cobrado imediatamente. b) lançamento por homologação. A legislação impõe ao sujeito passivo o dever de constituir o crédito tributário, o fisco apenas aprova/autoriza/libera. IMPOSTO SOBRE PRODUTOS INDUSTRIALIZADOS HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA/FATO GERADOR É a realização de operações de importação, alienação ou arrematação de produtos industrializados. Art. 3º da Lei nº 4.502/64. Art. 46 do CTN. Decreto 7.212/10, arts. 4º e 5º. É industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer operação que lhe modifique a finalidade ou o aperfeiçoe para consumo. A mera embalagem torna o produto industrializado. MOMENTO DO FATO GERADOR a) se o produto for importado: quando ocorre o desembaraço aduaneiro. É o desembaraço aduaneiro o momento no qual se libera a mercadoria para o comércio interno. Se a mercadoria não puder ser comercializada no Brasil, não se paga IPI. Se o IPI for cobrado no momento do registro da declaração (anterior ao desembaraço aduaneiro), pode se interpor ação anulatória ou embargos à execução, estes se o fisco já estiver cobrando o contribuinte. OBS.: 1) o desembaraço aduaneiro é a liberação de uma mercadoria pela alfândega para a entrada no país (em caso de importação) ou sua saída (em caso de exportação) depois de a sua documentação ser verificada. Define-se como sendo o ato final ao despacho aduaneiro, ou seja, é o procedimento pelo qual o órgão federal considera a operação de importação terminada. Então, a partir deste momento as mercadorias podem ser liberadas ao importador 2) o valor do II faz parte da base de cálculo do IPI. Exemplo: um produto chega ao porto e seu valor é de R$ 100,00,com o registro da declaração, incide II sob uma alíquota de 10%. No momento do desembaraço aduaneiro, a base de cálculo do IPI será R$ 110,00. b) se o produto for produzido em território nacional: no momento de sua saída do estabelecimento comercial. c) se o produto for arrematado em leilão: momento da arrematação. SUJEITO ATIVO A União. SUJEITO PASSIVO a) se o produto for de procedência estrangeira: o importador; b) se o produto for produzido no território nacional: o industrial e o estabelecimento equiparado a industrial; c) os que consumirem ou usarem em outra finalidade, ou remeterem a pessoas que não sejam empresas jornalísticas ou editoriais, o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos, quando alcançado pela imunidade do tributo. OBS.: não deve incidir IPI sobre o papel se ele for destinado à confecção de livros, jornais e periódicos. Se ele for destinado a outras finalidades, incide IPI; d) se o produto for arrematado em leilão: o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a leilão; e) o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça ao industrial. BASE DE CÁLCULO Art. 47 do CTN. a) se o produto for importado: o preço normal do produto, acrescido do II, taxas e demais encargos decorrentes de importação; b) em caso de saída de estabelecimento industrial ou comercial no Brasil: valor da operação ou, na falta deste, o preço da mercadoria ou de seu similar no mercado atacadista da praça do remetente; c) se o produto for apreendido ou abandonado e levado a leilão: o valor da arrematação. ALÍQUOTA Pode ser específica ou ad valorem. Sua alíquota varia conforme a essencialidade do produto. É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do IPI. CARACTERÍSTICAS a) tributo indireto. É aquele em que se consegue diferenciar/separar o sujeito passivo de fato (quem efetivamente paga) do sujeito passivo de direito (o que recolhe o tributo). O contribuinte de direito é um e o de fato é outro. O IPI é um tributo indireto pois quem o paga efetivamente é o consumidor, mas ele não é o sujeito passivo previsto na lei. b) obrigatoriamente seletivo. A alíquota deve variar de produto para produto, levando em consideração a sua essencialidade. Quanto mais essencial, menor a alíquota. Ex.: a alíquota para cigarros e bebidas alcoólicas é mais alta do que a de alimentos. c) não cumulativo. Compensa-se o que for devido em cada operação com o montante cobrado nas operações anteriores. Não é possível cobrar o valor cheio do IPI a cada vez que ocorre uma operação. Sempre é descontado o montante cobrado na operação anterior. d) imunidade específica. O IPI não incide sobre produtos industrializados destinados ao exterior. e) lançamento por homologação. IMPOSTO SOBRE OPERAÇÕES FINANCEIRAS FATO GERADOR/HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA I - operações de crédito realizadas por instituições financeiras ou entidades equiparadas (empréstimos bancários); II - operações de câmbio (compra de moeda estrangeira); III - operações de seguro realizadas por seguradoras; IV - operações relativas a títulos ou valores mobiliários (ações, cédulas de créditos, etc.) V - operações com ouro, como ativo financeiro ou instrumento cambial (uso de ouro para compra de produto e de moeda estrangeira). O IOF é um tributo extrafiscal, quando o Poder Público o aumenta, o faz para tentar diminuir a conversão de crédito/compra de moeda estrangeira, uma vez que essa prática desenfreada gera desvalorização de moeda nacional. BASE DE CÁLCULO a) quanto às operações de crédito: o montante da obrigação, compreendendo o principal e os juros; b) quanto às operações de câmbio: o respectivo montante em moeda nacional, recebido, entregue ou posto à disposição; c) quanto às operações de seguro: o montante do prêmio. OBS.: o prêmio é o valor pago para contratar o seguro e não o valor que se resgata. d) quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários: - na emissão - o valor nominal + o ágio, se houver. Ou seja, em caso de aquisição de ação a base de cálculo é o valor da ação acrescido do ágio (ganho prometido com a ação); - na transferência da ação - valor da negociação. O preço ou o valor nominal, ou o valor da cotação em Bolsa, como determina a lei; - no pagamento ou resgate (caso haja data certa para resgatar o valor) - o seu preço; e) nas operações com ouro - o valor da operação em moeda nacional. ALÍQUOTA O IOF é um tributo que dispensa lei para alteração de sua alíquota. É facultado ao Executivo, atendidas as condições e os limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas do IOF. OBS.: existem algumas alíquotas previstas em lei, porém elas NÃO estão em vigor. SUJEITO ATIVO União SUJEITO PASSIVO O CTN determina que o sujeito passivo é qualquer das partes, a depender do legislador. Para o Decreto 2.306/07: a) nasoperações de crédito: pessoa física ou jurídica tomadora do crédito; b) nas operações de câmbio: o comprador ou vendedor da moeda estrangeira; c) nas operações de seguro: pessoa física ou jurídica assegurada. CARACTERÍSTICAS a) tributo extrafiscal; b) tributo direto Não há diferença entre o contribuinte de fato ou de direito. Via de regra, não comporta repasse de encargo financeiro; c) lançamento por homologação. IMPOSTO DE RENDA FATO GERADOR/HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA Obtenção de renda. É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda (decorrente do capital, do trabalho ou da conjugação de ambos) e de proventos de qualquer natureza, assim entendidos todos os acréscimos não compreendidos no conceito de renda O fato gerador do IR não é apenas a aquisição de renda com a efetiva disponibilidade econômica, a aquisição meramente jurídica, ou seja, a disponibilidade jurídica de renda, impõe o pagamento de IR. A aquisição de direitos patrimoniais de renda impõe o pagamento de IR. A disponibilidade econômica é a obtenção da faculdade de usar, gozar e dispor de dinheiro ou de coisas conversíveis, ao passo em que a disponibilidade jurídica é a obtenção de direitos de créditos não sujeitos à condição suspensiva, representados por títulos ou documentos de liquidez e certeza (cheque, nota promissória). Não há a necessidade de o rendimento ter sido efetivamente recebido pelo sujeito passivo, sendo suficiente que este tenha adquirido o direito de crédito sobre ele, ou seja, a disponibilidade jurídica. Exemplo: o vencimento bruto de um servidor municipal é de R$ 8.000,00, do seu salário o Município recolhe na fonte R$800,00 à título de IR. Mesmo que o Município atrase o pagamente deste servidor e venha a lhe pagar apenas 3 meses depois, ele já receberá com o desconto. Ou seja, mesmo que o Município não pague o salário de seus servidores, ele recolhe na fonte o IR do salário que deveria ter pago. OBS.: as verbas de natureza indenizatória decorrentes de danos materiais, por se destinarem apenas a recompor um patrimônio que experimentou uma perda, não estão sujeitas ao pagamento de IR. No tocante à compensação por danos morais, também não há cobrança de IR. MOMENTO DO FATO GERADOR Para pessoas físicas, o fato gerador se dá no dia 31 de dezembro do ano-base, que é quando se verifica todo o valor recebido durante o ano (recolhimento anual com adiantamento mensal). Por mais que haja um recolhimento mensal na fonte, este recolhimento é um adiantamento. As pessoas jurídicas podem optar pelo regime de tributação: recolhimento anual com antecipações mensais (fato gerador acontecerá no dia 31 de dezembro do ano-base), ou pelo regime de apuração trimestral (o fato gerador acontecerá ao final de cada de trimestre). BASE DE CÁLCULO É o valor do acréscimo patrimonial auferido no exercício financeiro, em decorrência de rendas ou proventos de qualquer, inclusive, alimentos e pensões percebidos em dinheiro, o lucro obtido com a alienação de bens ou direitos de qualquer natureza, etc. ALÍQUOTAS A alíquota do IR é progressiva e incide sobre intervalos. O intervalo que vai até R$ 1.903,98 é isento de IR. No intervalo entre R$ 1.903,99 a 2.826,65 incide uma alíquota de 7,5%, e a parcela a deduzir do IR é de R$ 142,80. No intervalo de R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05 a alíquota é de 15%, e a parcela a deduzir do IR é de R$ 354,80. De 3.751,06 até 4.664,68 a alíquota é de 22,5%, e a parcela a deduzir do IR é de R$ 636,13. Acima de 4.664,68 a alíquota é de 27,5%, e a parcela a deduzir do IR é de R$ 869,36. Exemplo.: se a renda de uma pessoa é de R$ 10.000,00, sobre o valor de até R$ 1.903,98 não incide IR. Do intervalo entre o valor de R$ 1.903,99 e R$ 2.826,65, ele paga 7,5% de IR. No intervalo de R$ 2.826,66 até R$ 3.751,05, ele paga uma alíquota de 15%. No intervalo entre R$ 3.751,06 e R$ 4.664,68, incide uma alíquota de 15%. E no valor acima de R$ 4.664,68, a alíquota é de 27,5%. SUJEITO ATIVO União. SUJEITO PASSIVO Qualquer pessoa física ou jurídica que obtém renda no Brasil. a) as pessoas físicas domiciliadas ou residentes no Brasil; b) as pessoas físicas residentes no exterior, que recebam rendas ou proventos de qualquer natureza no Brasil; c) e as pessoas jurídicas com sede no Brasil. CARACTERÍSTICAS a) tributo fiscal. A sua finalidade precípua é obter receita para a União. b) tributo direto Via de regra, não há como repassar o encargo para alguém. c) tributo progressivo. Conforme aumenta a base de cálculo, aumenta a alíquota. Quanto maior a renda auferida, maior a alíquota. d) generalidade. No aspecto subjetivo, todas as pessoas, sejam elas pessoas físicas ou jurídicas, podem ser contribuintes do IR. e) universalidade (aspecto objetivo). Todas as rendas são tributáveis e devem sofrer incidência do IR. Todas as rendas, obtidas lícita ou ilicitamente, estão sujeitas ao IR. “Dinheiro não tem cheiro”. IMPOSTO TERRITORIAL RURAL (ITR) FATO GERADOR/HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA De acordo com a CF/88, o fato gerador do ITR seria a propriedade de imóvel rural. Para o Código Tributário Nacional, o fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel rural. Predomina o disposto no CTN, de forma que o fato gerador do ITR é a propriedade, o domínio útil ou a posse com animus domini de bem imóvel rural. Nos imóveis sujeitos a regime de aforamento (enfiteuse), o domínio se desdobra em domínio direto e domínio útil. O fato gerador do ITR é apenas o domínio útil. Como é quantificado o valor do domínio útil e do domínio direto? O domínio útil, por lei, vale 83%, enquanto o domínio direto vale 17%. O ITR incidirá apenas sobre o domínio útil, ou seja, apenas sobre 83% do valor do imóvel. Exemplo: se o imóvel vale R$ 100.000,00, o detentor do domínio útil deverá pagar o ITR sobre o valor de R$ 83.000,00. O ITR incide sobre a posse de imóvel rural, mas não qualquer posse, apenas a posse com animus domini (com intenção de ser dono). Assim, o locatário não deve pagar ITR, pois sua posse não tem animus domini. Imóvel rural é o localizado fora da zona urbana do município. A zona urbana, por sua vez, é definida por lei municipal, devendo atender os requisitos do artigo 32 do Código Tributário Nacional. O Município pode declarar, por meio de lei municipal, o que é a área urbana, desde que preencha alguns requisitos legais. É necessário que existam pelo menos dois dos melhoramentos indicados a seguir, construídos ou mantidos pelo Poder Público: I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais; II - abastecimento de água; III - sistema de esgotos sanitários; IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distribuição domiciliar; V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3 (três) quilômetros do imóvel considerado (CTN, Art. 32). OBS.: O imóvel que não se enquadrar nos requisitos mencionados será, por exclusão, um imóvel rural. MOMENTO DO FATO GERADOR É tributo de natureza continuada, já que o fato gerador perdura no tempo, sendo devido em 1º de janeiro de cada ano. BASE DE CÁLCULO É o valor fundiário do imóvel, ou seja, o valor da terra nua, sem benfeitorias, culturas, pastagense florestas plantadas, excluídas, ainda, as áreas de preservação permanente, de reserva legal, de interesse ecológico e as comprovadamente imprestáveis para qualquer exploração agrícola, pecuária, granjeira, aquícola ou florestal. ALÍQUOTA A Lei no 9.393/96 estabeleceu alíquotas progressivas em função da área do imóvel e do grau de sua utilização. A alíquota do ITR varia de 0,03% a 20% em função da área do imóvel e do grau de sua utilização. SUJEITO ATIVO A União, que pode delegar a Capacidade Tributária Ativa aos Municípios, desde que não haja renúncia fiscal. OBS.: apenas a Capacidade Tributária Ativa é delegável, a Competência Tributária não é. A qualidade de sujeito ativo não é delegável (dúvida). SUJEITO PASSIVO O proprietário, o titular do domínio útil ou o possuidor com animus domini de imóvel rural. Somente o possuidor ad usucapionem, isto é, aquele com possibilidade de aquisição do domínio ou propriedade pela usucapião, é sujeito passivo/contribuinte do ITR). CARACTERÍSTICAS a) tributo fiscal Predomina a função de arrecadar receita, no entanto, exerce também função extrafiscal, funcionando como um importante instrumento no combate aos latifúndios improdutivos. Quanto maior a produtividade do imóvel, menor será a alíquota do ITR (progressividade). b) tributo direto Via de regra não comporta o repasse de encargo financeiro. c) lançamento por homologação A apuração e o pagamento do imposto devem ser feitos pelo contribuinte, independentemente de prévio procedimento da Administração Tributária. d) imunidade específica Não incide ITR sobre pequenas glebas rurais. Este é um caso de imunidade tributária, e não de isenção. Relembrando que a imunidade tributária é a dispensa de pagar tributo prevista na Constituição Federal, enquanto a isenção é uma dispensa prevista em lei. Pequenas glebas rurais são os imóveis com área igual ou inferior a: I - 100 ha, se localizado em município compreendido na Amazônia Ocidental ou no Pantanal mato-grossense e sul-matogrossense; II - 50 ha, se localizado em município compreendido no Polígono das Secas ou na Amazônia Oriental; III - 30 ha, se localizado em qualquer outro município. IMPOSTOS FEDERAIS NÃO INSTITUÍDOS IMPOSTO SOBRE GRANDES FORTUNAS Encontra-se previsto no art. 153, inc. VII, da CF/88. Trata-se de um imposto ainda não criado pela União, mas quando a União resolver criar, deverá criá-lo por meio de Lei complementar. IMPOSTOS RESIDUAIS Art. 154, inciso I da CF. São impostos novos, não previstos na CF, que podem ser criados pela União, desde que observe alguns requisitos: a) instituição por meio de Lei Complementar; b) não ser cumulativo (o mesmo imposto não incidirá na etapa subsequente dos processos produtivos e/ou de comercialização); c) não ter fato gerador (exs.: propriedade, renda) ou base de cálculo (exs.: valor venal, valor fundiário) próprios dos impostos já discriminados na Constituição (todos – Mun. Est. ou Fed.). Ainda não foi criado nenhum imposto diferente dos previstos na CF/88. IMPOSTO EXTRAORDINÁRIO DE GUERRA Art. 154, inciso II da CF. A União poderá instituir, na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação Pode ser instituído no caso de guerra ou de iminência de guerra externa, provocada por outro país. A guerra civil interna e a provocada pelo Brasil não autoriza a instituição de IEG. Quando utiliza a expressão “compreendidos ou não em sua competência tributária” a CF quer dizer que a União pode criar tributos que, inicialmente, seriam de competência de outros Entes, como: IPTU de guerra, IPVA de guerra, *qualquer imposto* de guerra. O fato de a União criar um imposto Extraordinário de Guerra, não compreendido em sua competência, configuraria delegação de competência? Não, não há delegação de competência caso a União crie um imposto de guerra que não é de sua competência. Este não é o caso nem mesmo de delegação da Capacidade Tributária Ativa. O IEG será suprimido, gradativamente, cessadas as causas de sua criação (a guerra ou sua iminência), no prazo máximo de cinco anos, contados da celebração da paz. O IEG não precisa ser suprimido tão logo se encerre a guerra, a União tem um prazo de 5 anos após cessada a guerra para suprimir o pagamento do imposto. Esse prazo é essencial para que a União tenha tempo para recompor-se após cessada a guerra.
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