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Fisio no desmame dif+¡cil

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Procedimento Operacional Padrão 
Unidade de Reabilitação/26/2016 
 
Fisioterapia no Desmame 
Ventilatório Difícil 
Versão 2.0 
 
 
2018 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Procedimento Operacional Padrão 
Unidade de Reabilitação/26/2016 
 
 
Fisioterapia no Desmame Ventilatório 
Difícil 
 
 
 
 
 
 
Versão 2.0 
 
 
 
 
 
® 2018, Ebserh. Todos os direitos reservados 
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – Ebserh 
www.ebserh.gov.br 
 
 
Material produzido pela Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade 
Federal do Triângulo Mineiro (UFTM). 
Permitida a reprodução parcial ou total, desde que indicada a fonte e sem fins comerciais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), administrado pela Eb-
serh – Ministério da Educação 
 
POP: Fisioterapia no Desmame Ventilatório Difícil -Unidade de Reabilitação, Uberaba, 2018 – Versão 
2.0. 21p. 
Palavras-chaves: 1 – POP; 2 – Fisioterapia; 3 – Ventilação Mecânica 
 
 
 
 
 
HOSPITAL DE CLÍNICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO 
ADMINISTRADO PELA EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES 
(EBSERH) 
Avenida Getúlio Guaritá, nº 130 
Bairro Abadia | CEP: 38025-440 | Uberaba-MG 
Telefone: (034) 3318-5200 | Sítio: www.uftm.edu.br 
 
 
 
ROSSIELI SOARES DA SILVA 
Ministro de Estado da Educação 
 
 
KLEBER DE MELO MORAIS 
Presidente da Ebserh 
 
 
LUIZ ANTÔNIO PERTILI RODRIGUES DE RESENDE 
Superintendente do HC-UFTM 
 
 
MARIA CRISTINA STRAMA 
Gerente Administrativo do HC-UFTM 
 
 
DALMO CORREIA FILHO 
Gerente de Ensino e Pesquisa do HC-UFTM 
 
 
GEISA PEREZ MEDINA GOMIDE 
Gerente de Atenção à Saúde do HC-UFTM 
 
 
RITA DE CÁSSIA RODRIGUES REIS 
Chefe da Divisão de Apoio Diagnóstico e Terapêutico do HC-UFTM 
 
 
RENATA DE MELO BATISTA 
Chefe da Unidade de Reabilitação do HC-UFTM 
 
 
EXPEDIENTE 
 
Unidade de Reabilitação do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo 
Mineiro 
 
Produção 
 
 
 
 
 
HISTÓRICO DE REVISÕES 
 
Data Versão Descrição Gestor do POP 
Autor/responsável por 
alterações 
02/10/2016 1.0 
Trata da padronização dos pro-
cedimentos da fisioterapia no 
desmame difícil 
Renata de Melo Batista 
Bruna Gomes Prates 
Luana Ribeiro Ferreira 
09/05/2018 2.0 
Trata da padronização dos 
procedimentos da fisioterapia 
no desmame difícil 
Renata de Melo Batista 
Bruna Gomes Prates 
Camila Marques Dias 
Validação: Unidade de 
Planejamento 
Aprovação: Colegiado 
Executivo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
OBJETIVO ............................................................................................................................................ 7 
GLOSSÁRIO ......................................................................................................................................... 7 
APLICAÇÃO ......................................................................................................................................... 8 
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 8 
2. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS ....................................................................................................... 10 
2. 1 Desmame ....................................................................................................................................... 10 
2.2 Desmame ventilatório x extubação ................................................................................................ 11 
2.3 Técnicas da fisioterapia no desmame difícil .................................................................................. 13 
2.4 Indicações e contra indicações dos procedimentos da fisioterapia no desmame difícil ................ 18 
ANEXO ...............................................................................................................................................19 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 20 
 
 
 
 
 
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OBJETIVO 
 
Delimitar estratégias clínicas suplementares para auxiliar o desmame difícil e/ou prolongado do pa-
ciente em suporte ventilatório internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Adul-
ta/Coronariana e enfermarias nas quais ficam internados pacientes adultos no Hospital de Clínicas da 
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM). 
 
GLOSSÁRIO 
 
cmH2O – centímetros de água 
DBVM – Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica 
FC – Frequência cardíaca 
FiO2 – Fração inspirada de oxigênio 
FR – Frequência respiratória 
HC-UFTM – Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro 
IRpA - Insuficiência respiratória aguda 
Irpm – Incurções respiratórias por minuto 
IVSR – Índice de Ventilação Superficial e Rápida 
IWI - Índice de desmame integrado (Integrative Weaning Index) 
mmHg – milímetros de mercúrio 
PaO2 – Pressão arterial de oxigênio 
PAS – Pressão arterial sistólica 
PEEP – Pressão Expiratória Final Positiva 
PImáx – Pressão inspiratória máxima 
PSV – Ventilação por pressão suporte 
SIMV- Ventilação mandatória intermitente sincronizada 
SpO2 – Saturação periférica de oxigênio 
 
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TMI – Treinamento de Musculatura Inspiratória 
TOT- Tubo Orotraqueal 
TQT – Traqueostomia 
TRE – Teste de Respiração Espontânea 
UTI – Unidade de Terapia Intensiva 
VC – Volume corrente 
VMI - Ventilação Mecânica Invasiva 
VNI – Ventilação não invasiva 
 
APLICAÇÃO 
 
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Adulto e Coronariana 
Enfermarias da Clínica Médica, Clínica Cirúrgica, Ginecologia e Obstetrícia, Ortopedia e Neurolo-
gia, Pronto Socorro Adulto, Unidade de Doenças Infecciosas e parasitárias. 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A ventilação mecânica invasiva (VMI) é a modalidade mais utilizada de suporte de vida na insu-
ficiência respiratória aguda (IRpA) - (ANDRADE, MESQUITA, CORREIA, 2016). Uma vez que a 
condição determinante da IRpA tenha-se resolvido, a VMI pode ser interrompida (CAVALHEIRO, 
2010). 
Vários fatores preditivos têm sido utilizados para avaliar a capacidade da musculatura respirató-
ria em manter a ventilação espontânea, indicando maior ou menor taxa de sucesso do desmame. Ao 
se avaliar a possibilidade de sucesso do desmame deve-se levar em consideração a existência de um 
equilíbrio entre a carga imposta à bomba muscular respiratória, sua capacidade de sustentar essa car-
ga e os mecanismos envolvidos no controle da ventilação. Atualmente, usam-se medidas que tradu-
zem justamente esses fatores. A apreciação conjunta dessas medidas ou índices pode oferecer uma 
noção acerca do sucesso dessa intervenção (HEUNKS, HOEVEN, 2010; SILVA, OLIVEIRA, LU-
QUE, 2013). 
 
 
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A duração da VMI está diretamente associada a uma série de complicações, incluindo pneumo-
nia associada à VMI, lesões de via aérea e fraqueza muscular, levando ao aumento da morbidade, 
mortalidade e dos custos hospitalares de pacientes com insuficiência respiratória (SILVA e SILVA, 
2015; VOLPE, 2015). Por outrolado, a extubação precoce com necessidade de reintubação também 
está relacionada com aumento na incidência de pneumonia nosocomial e mortalidade, devendo ser 
evitada sempre que possível (COOK, WALTER, COOK, 1998; ELY, BAKER, EVANS, 2000). 
Até recentemente era dada ênfase a uma redução gradual do suporte ventilatório, porém os estu-
dos atuais mostraram que esta abordagem pode levar a um atraso desnecessário na extubação de pa-
cientes que tenham se recuperado, mesmo que parcialmente, de um episódio de insuficiência respira-
tória aguda. Esses dados favorecem o conceito de que o reconhecimento do momento em que o paci-
ente está recuperado da insuficiência respiratória é mais importante do que o modo ventilatório utili-
zado durante o desmame. Além disso, existem evidências mostrando que a implementação de condu-
tas padronizadas para o desmame da ventilação mecânica, rotinas para sedação e analgesia, assim 
como protocolos guiados por fisioterapeutas, são medidas efetivas para abreviar o tempo de ventila-
ção mecânica (EPSTEIN, CIUBOTARU, WONG, 1998). 
Segundo Karen et al (2009), para diminuir os efeitos de complicações associadas à VMI prolon-
gada, têm-se explorado o uso da ventilação não-invasiva (VNI) com o objetivo de reduzir o tempo de 
VMI e, consequentemente, suas possíveis complicações. Esse estudo mostrou o benefício significa-
tivo da VNI, e a redução do tempo de internação e da mortalidade. 
O desmame é um processo cujo início jamais deve ser adiado, tendo em vista as complicações 
associadas à VMI e aos custos relacionados com esse processo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2. DESCRIÇÃO DAS TAREFAS 
 
2.1 Desmame 
 
Segundo as Diretrizes Brasileiras de Ventilação Mecânica (DBVM, 2013), o sucesso de des-
mame é quando o paciente, ainda estando em VMI, tolera o Teste de Respiração Espontânea (TRE). 
Sucesso de extubação é quando o paciente tem a prótese endolaríngea retirada após passar no TRE e 
não é reintubado nas próximas 48 horas. 
Segundo as DBVM (2013), deve-se avaliar o paciente diariamente, realizar a suspensão da se-
dação diária e verificar a capacidade de ventilação espontânea visando à possibilidade da retirada da 
VMI, a fim de diminuir o tempo de ventilação mecânica do paciente e consequentemente o seu tem-
po de internação e os custos relacionados a ele. Nas UTIs do HC-UFTM é utilizado um checklist pa-
ra avaliação do desmame da VMI. (ANEXO). 
 
2.1.1 Critérios de aptidão para o desmame: 
- Causa da falência respiratória resolvida ou controlada; 
- Pressão arterial de oxigênio (PaO2) maior ou igual a 60 mmHg, com fração inspirada de oxigênio 
(FiO2) menor ou igual a 0,4 e pressão expiratória final positiva (PEEP) menor ou igual a 5- 8 
cmH2O; 
- Hemodinâmica estável, com boa perfusão tecidual, sem ou com doses baixas de vasopressores, au-
sência de insuficiência coronariana descompensada ou arritmias com repercussão hemodinâmica; 
- Paciente capaz de iniciar esforços inspiratórios; 
- Balanço hídrico zerado ou negativo nas últimas 24 horas; 
- Equilíbrio ácido-básico e eletrolítico normais; 
Caso haja programação de transporte para exames ou cirurgia com anestesia geral nas próximas 24 
horas deve-se adiar a extubação. 
 
 
 
 
 
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2.1.2 Índices preditivos 
Os índices preditivos de sucesso no desmame deverão ser calculados e não podem ser usados isola-
damente para se realizar um TRE. Diferentes índices são utilizados rotineiramente para auxiliar na 
decisão da interrupção do suporte ventilatório. Segundo as DBVM (2013), os índices mais efetivos 
são a taxa da frequência respiratória (FR) dividida pelo volume corrente (VC) ou Índice de Ventila-
ção Superficial e Rápida (IVSR), e o índice de desmame integrado (Integrative Weaning Index – 
IWI). 
 
2.1.3 Teste de respiração espontânea (TRE) 
No TRE o paciente deve ser colocado em modo pressão suporte ventilatória (PSV) de 5 a 7 cmH20 
ou em Tubo T durante 30-120 minutos. É considerado sucesso no TRE pacientes que mantiverem 
padrão respiratório, troca gasosa, estabilidade hemodinâmica e conforto adequados. Após um teste de 
respiração espontânea bem sucedido, deve-se avaliar se as vias aéreas estão pérvias e se o paciente é 
capaz de protegê-las. O uso do modo ventilatório Ventilação Mecânica Intermitente Sincronizada 
(SIMV) como técnica de desmame gradual deve ser evitado segundo as DBVM (2013), pois pode 
prolongar o tempo de retirada da VMI. 
 
2.2 Desmame ventilatório versus extubação 
 
Extubação refere-se à retirada do tubo endotraqueal da via aérea do paciente, sendo este um 
processo complexo e que requer uma equipe multidisciplinar para seu sucesso durante as 48-72h 
subsequentes à extubação (CAVALHEIRO, 2010). Cerca de 10 a 20% dos pacientes que apresentam 
insuficiência respiratória necessitam de 21 dias ou mais assistidos por estratégias ventilatórias, cons-
tituindo o grupo de pacientes em uso de VMI prolongada. Essa dependência da VMI é justificada 
pelo desequilíbrio entre carga respiratória e capacidade neuromuscular, e apresenta mortalidade em 
torno de 25%, decorrentes de complicações relacionadas ao uso da VMI ou da doença de base que 
instituiu a necessidade de ventilação. 
 
 
 
 
 
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Dependendo do grau de dificuldade e duração do processo de desmame ventilatório este pode 
ser classificado, conforme Silva e Silva (2015) em 3 tipos: 
- Desmame simples: é definido como uma interrupção da ventilação mecânica sem necessidade de 
retorno para VMI em até 48h após o primeiro TRE; 
- Desmame difícil: refere-se aos casos em que são necessários até 3 TRE ou tempo de VMI de até 7 
dias após o primeiro TRE; 
- Desmame prolongado: são aqueles nos quais ocorrem falhas em mais de 3 TRE ou paciente perma-
nece em VMI por mais de 7 dias após o primeiro TRE. 
De acordo com Heunks e Hoeven (2010) a fisiopatologia da falência ventilatória é complexa e 
frequentemente multifatorial, determinando diferentes estratégias clínicas para tratamento. Algumas 
causas que dificultam o desmame são: disfunções de vias aéreas e pulmonar, neurológicas, cardíacas, 
diafragmática e endócrina. Além da clínica, alguns dispositivos podem mascarar os resultados dos 
testes preditivos, como: tubo orotraqueal de pequeno diâmetro, traqueostomia mal posicionada, vis-
cosidade e quantidade da secreção, traqueomalácea ou estenose traqueal, aumento de pressão intra-
abdominal, derrame pleural ou ascite, PEEP intrínseca, pneumonia, doença pulmonar prévia, deli-
rium, depressão ou ansiedade, disfunções cardíacas (que podem ser desencadeadas pela retirada do 
suporte pressórico), desnutrição, alterações eletrolíticas e fraqueza muscular global. 
As falhas no desmame e consequente VMI prolongada geram déficit significativo ao paciente, 
sendo um dos mais importantes, a fraqueza de musculatura inspiratória, necessitando então de um 
treinamento de musculatura inspiratória (TMI) associado à mobilização precoce (ANDRADE, 
MESQUITA e CORREIA JR., 2013). A disfunção muscular diafragmática já se inicia após 12 horas 
de VMI e é desencadeada tanto em ventilação controlada quanto assistida (VOLPE, 2015). 
Alguns sinais de fadiga diafragmática são: respiração rápida e superficial, padrão toracoabdo-
minal paradoxal e alterações hemodinâmicas. Estas podem estar associadasà dissociação neuroventi-
latória, sendo esta última um somatório de fraqueza muscular esquelética, deterioração da impedân-
cia do sistema respiratório e aumento das informações sensoriais aferentes ao comando motor cen-
tral. Assim, os músculos enfraquecidos tendem a liberar estímulos elétricos mais intensos pelo nervo 
frênico o que torna a percepção dos centros respiratórios desequilibrada, evoluindo com dispneia 
acompanhada de sinais de angústia respiratória, aumento da frequência cardíaca e pressão arterial 
sistêmica (SILVA, OLIVEIRA e LUQUE, 2013). 
 
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2.3 Técnicas da fisioterapia no desmame difícil 
 
2.3.1 Medida de Força Muscular Inspiratória 
Silva, Oliveira e Luque (2013) descrevem a força muscular do sistema respiratório estimada pela 
pressão ou encurtamento, capaz de modificar volume pulmonar por deslocamento de caixa torácica. 
Para tal medida podem ser usados cateteres esofágicos e gástricos, transdutores de pressão, estimula-
dores do nervo frênico e/ou manovacuômetros, sendo este último comumente utiliza na prática hos-
pitalar, inclusive no HC-UFTM. 
O manovacuômetro permite inferir a Pressão inspiratória máxima (PImáx) por um esforço voluntá-
rio, definido como “máxima pressão inspiratória estática que um indivíduo pode gerar ao nível da 
boca, no tubo orotraqueal (TOT) ou traqueostomia (TQT)” (SILVA, OLIVEIRA e LUQUE, 2013). 
Para permitir a avaliação de PImáx é necessário isolar estímulos inspiratórios adicionais. Uma das 
soluções está no tempo de oclusão de vias aéreas (de 20 a 60 segundos) e número de tentativas para 
obtenção de valores mais acurados de PImáx (recomenda-se 3 tentativas com 1 minuto de repouso 
entre elas). 
Para realização da manovacuometria no paciente em VMI será necessário que o paciente seja posici-
onado em decúbito dorsal com cabeceira elevada a 45º, sem sedação por, no mínimo, 2h, e por meio 
do manovacuômetro e válvula unidirecional. Deve-se realizar 3 mensurações com 1 minuto de re-
pouso entre elas, com tempo de oclusão de 20 a 60 segundos para cada. Para registro deve ser anota-
do o maior valor entre as 3 medidas. Pacientes com valores de PImáx > -30cmH2O predizem mais 
sucesso no desmame. 
 
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Figura 1: Manovacuômetro analógico 
Fonte: http://www.fisiobras.com.br/images/produtos/22894/img/img_A1.jpg 
 
2.3.2 Treinamento de Musculatura Inspiratória (TMI) 
Baseado nos princípios da fisiologia do exercício (ANDRADE, MESQUITA e CORREIA JR., 
2013), para se atingir o objetivo de fortalecimento muscular são necessários os seguintes princípios: 
da sobrecarga, da especificidade e da reversibilidade. 
- princípio da sobrecarga atividades com níveis mais elevados de intensidade, induzindo adapta-
ções musculares e metabólicas buscando uma maior eficiência do organismo. É atingida combinando 
frequência, duração e intensidade. 
- princípio da especificidade a cada forma de sobrecarga imposta existe uma resposta adaptativa 
específica dos sistemas metabólicos e fisiológicos. 
- princípio da reversibilidade a perda do fortalecimento processa-se rapidamente quando o indiví-
duo deixa de realizar tal programa de exercício. 
Na literatura, são descritas diferentes formas de TMI em pacientes sob VMI, elencadas a seguir e ci-
tadas no fluxograma de página 17. 
Na hiperpnéia normocápnica ou isocápnica é solicitado que o paciente realize o aumento voluntário 
do volume minuto por um determinado intervalo de tempo, sendo necessário controle da concentra-
ção de gás carbônico. Pelo grau de complexidade é pouco aplicado na prática clínica. 
 
 
 
http://www.fisiobras.com.br/images/produtos/22894/img/img_A1.jpg
 
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Os aparelhos que impõem carga ao sistema inspiratório podem ser aplicados por dispositivos resisto-
res de carga linear e não lineares. Dispositivos de carga linear, de limiar de pressão, oferecem contro-
le da carga imposta ao sistema respiratório por meio de uma válvula unidirecional que se abre após 
um esforço inspiratório capaz de vencer a carga pressórica ajustada. O resistor linear mais comumen-
te conhecido é o Treshold®. Os não lineares determinam sua carga conforme o fluxo inspiratório do 
paciente, uma vez que a carga imposta varia inversamente de acordo com o diâmetro do orifício do 
aparelho utilizado. Ambos apresentam a desvantagem da desconexão do VMI, perdendo assim a mo-
nitorização de parâmetros respiratórios. 
No ajuste da sensibilidade pressórica do VMI a carga é imposta pelo aumento da sensibilidade (a 
pressão) no VMI. Apresenta a vantagem de permanecer conectado, contudo apresenta a desvantagem 
de a carga ser imposta pela sensibilidade apenas durante o disparo do ciclo respiratório. 
Uma das principais ferramentas para TMI é o resistor de carga linear utilizando válvula springload 
(Treshold®). A PImáx é aferida e a carga inicial de TMI ajustada será de 20 a 40% da PImáx encon-
trada pela manovacuometria, sendo reajustada a cada 24 horas, conforme tolerância do paciente à 
carga e desconexão do VMI, realizando 3 séries de 10 a 12 repetições, com intervalo de descanso 
(voltando o paciente durante 45 a 60 segundos para o ventilador), 2 vezes ao dia (VOLPE, 2015). É 
um equipamento simples com carga de treinamento variando de 9 a 41 cmH2O. 
 
Figura 2: Treshold® 
Fonte: 
http://www.fisiobras.com.br/fisioterapia/prod_info.php?gpId=20&gpDc=RESPIRATORIO&prodId=235&prodDc=EXERCIT 
ADOR+THRESHOLD+IMT++TREINADOR+INSPIRATORIO. 
 
 
http://www.fisiobras.com.br/fisioterapia/prod_info.php?gpId=20&gpDc=RESPIRATORIO&prodId=235&prodDc=EXERCIT
 
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2.3.2.1 Cuidados durante a TMI: 
- É prudente excluir pacientes com risco de pneumotórax ou com fraturas de arcos costais. 
- Monitorar a pressão do cuff para um sistema devidamente ocluído; 
- Oxigenação adequada durante o TMI; 
-Amenizar a resistência de vias aéreas com aspiração de secreção traqueal e solicitar nebulização 
com broncodilatador aos pacientes com hiper-reatividade brônquica; 
- Ajustar a carga do resistor de forma que o paciente seja capaz de vencê-la em todas as incursões; 
- Após o TMI ajustar o VMI de forma a promover o descanso ventilatório ao paciente. 
 
2.3.2.2 O TMI deverá ser interrompido quando: 
- Frequência respiratória > 35 irpm ou 50% do valor inicial; 
- Saturação periférica de oxigênio abaixo de 92%; 
- Pressão arterial sistólica > 180mmHg ou < 80mmHg, ou > 20% do valor inicial; 
- Frequência cardíaca atingir valores superiores a 60% da Frequência Cardíaca (FC)/máx (não iniciar 
o TMI se a FC de repouso estiver > 50% da FC de reserva); 
- Presença de sinais de angústia respiratória (agitação, sudorese e arritmia). 
 
 
 
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2.3.2.3 Fluxograma de TMI 
 
 
Fonte: autoria própria, 2016 
 
Paciente em desmame prolongado 
e/ou difícil 
Hiperpnéia 
 normocapnica ou 
 isocapnica 
Resistor de 
Limiar de pressão e de 
carga alinear 
Ajuste sensibilidade 
VM 
Paciente estável: 
 -vias aéreas pérveas 
-sem sedação 
-Pcuff ajustada 
 
Medida de PImáx 
manovacuômetro 
Treshold® 
Ajustar carga inicial 
20-40% PImáx 
Aumentar a cada 24h 
3 séries de 10-12 repetições 
com intervalo de 45 a 60s. 
 
3 tentativas com tempo de 
oclusão de 20 a 60s 
 * melhor valor atingido 
Interromper TMI: 
-FR>35irpm ou 50%inicial 
-SpO2< 92% 
-PAS>180 ou <80 ou >20% inicial 
-FC > 60% FCmáx 
- Sinais de angústia respiratóriaPOP/Unidade de Reabilitação/26/2016 Fisioterapia no Desmame Ventilatório Difícil 
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2.4 Indicações e contra indicações dos procedimentos da fisioterapia no desmame difícil 
 
As técnicas descritas anteriormente são indicadas para pacientes em VMI por mais de 24 horas, po-
rém são contra indicadas para pacientes em ventilação mecânica que apresentem situações de instabi-
lidades clínicas e/ou cirúrgicas, e/ou insuficiência respiratória grave. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ANEXO 
 
CHECK LIST PARA RETIRADA DA VENTILAÇÃO MECÂNICA 
Nome: ________________________________________ Data:____________Prt:__________ 
Data IOT: ____________ Data TQT: Leito:___________________ 
Elegível para o Teste de Respiração Espontânea (TRE)? 
 
Condição de base resolvida? 
 
SIM □ NÃO □ 
 
Independência de vasopressores? 
(doses baixas) 
SIM □ NÃO □ 
PaO2 ≥ 60 mmHg 
(FIO2 ≤ 0,4 e PEEP ≤ 5 a 8) 
SIM □ NÃO □ 
Ausência de insuficiência coronariana des-
compensada e arritmias graves? 
SIM □ NÃO □ 
Inicia os esforços inspiratórios? SIM □ NÃO □ 
FR/VC ≥ 105 ipm/L SIM □ NÃO □ 
PaO2/FiO2 > 200 SIM □ NÃO □ 
Pimáx < - 30cmH2O SIM □ NÃO □ 
Temperatura corpórea = 36-38,5°C SIM □ NÃO □ 
TRE: 
(PSV, PS = 7, PEEP = 5 e após Tubo T por 30 a 120 min) 
Sinais de intolerância: 
FR > 35 SIM □ NÃO □ 
SpO2 < 90% SIM □ NÃO □ 
Vt < 5 ml/Kg 
 
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FC > 140 SIM □ NÃO □ 
PAS > 180 ou < 90 SIM □ NÃO □ 
Agitação, sudorese e alteração do nível de 
consciência 
SIM □ NÃO □ 
Passou? 
(em caso de falha, nova tentativa após 24h) 
SIM □ NÃO □ 
Critérios para extubação 
(além dos avaliados para o TRE) 
Nível de consciência adequado? 
(ECG ≥ 8 ou TQT, RASS = 0 a -2) 
SIM □ NÃO □ 
Tosse eficaz e ausência de hipersecretivida-
de? 
SIM □ NÃO □ 
pH > 7,25 SIM □ NÃO □ 
Hb > 7 g/dL SIM □ NÃO □ 
Balanço hídrico adequado? 
ausência de congestão pulmonar, BH negativo 
SIM □ NÃO □ 
Eletrólitos normais (K, Ca, Mg, P)? 
K > 3mmol/L e Na = 128-150 mmol/L 
 
SIM □ NÃO □ 
RX - Toráx 
Paciente passou em check list? 
SIM □ NÃO □_____________________ 
 
 
 
 
 
 
POP/Unidade de Reabilitação/26/2016 Fisioterapia no Desmame Ventilatório Difícil 
Versão 2.0 Página 21 de 21 
 
 
 
REFERENCIAIS TEÓRICOS 
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DIRETRIZES BRASILEIRAS DE VENTILAÇÃO MECÂNICA, 2013. Organizadores: Carmem 
Silvia Valente Barbas, Alexandre Marini Isola, Augusto Manoel de Carvalho Farias, 2013. 
 
 
 
 
 
 
 
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MINEIRO (HC-UFTM) 
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