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Antifúngicos 5º Período – 2021 Fungos – considerações gerais → Principais características dos fungos Os fungos são organismos unicelulares ou multicelulares que apresentam células eucariontes, com núcleo delimitado por membrana. Heterotróficos, não apresentam plastos ou qualquer pigmento fotossintetizante A hifa é a unidade estrutural dos fungos e seu conjunto é denominado e micélio, responsável pelo desenvolvimento do fungo e pela absorção de nutrientes Existem milhares de espécies e algumas são benéficas: Manutenção da microbiota humana, fermentação de bebidas, medicamentos, etc. Podem causar infecções graves (Micoses), superficiais, subcutâneas ou sistêmicas Embora negligenciadas as doenças fúngicas acometem mais de 1 bilhão de pessoas por ano... Tipos de micoses mais comuns Micoses superficiais – acometem pele, pelos e unhas Pitiríase versicolor – piedra branca – piedra negra - tinea nigra – Dermatofitoses (Tineas) Leveduras do gênero Candida causam infecções superficiais oportunistas Micoses subcutâneas – geralmente por traumatismos, ocorre a penetração de fungos Esporotricose – Micetomas – Cromomicose – Doença de Jorge Lobo – etc Micoses sistêmicas – adquiridas por propágulos fúngicos, têm início pulmonar com disseminação para outros órgãos com possíveis manifestações dermatológicas Paracoccidioidomicose – Criptococose – Histoplasmose Candida pode provocar fungemia e infecções sistêmicas Piedra Nigra Farmacologia dos antifúngicos - Azóis Compostos sintéticos classificados como imidazois ou triazois conforme o nº de átomos de Nitrogênio no anel azólico: Imidazóis Cetoconazol Miconazol (só tópico) Clotrimazol (só tópico) Triazóis Fluconazol Itraconazol Voriconazol Posaconazol Isavuconazol Imidazóis: dois átomos de Nitrogênio na estrutura pentacíclica central Triazóis: Três átomos de Nitrogênio na estrutura Pentacíclica central Estrutura da Parede celular dos fungos e alvos dos fármacos antifúngicos Farmacologia dos antifúngicos - azóis Mecanismo de ação e efeitos farmacológicos Inibição de enzimas oxidativas ligadas ao CYP450, em particular a enzima Lanosterol 14-α- desmetilase, que contém Ferro na estrutura; Os azóis se ligam ao Ferro e inibem a conversão do Lanosterol a Ergosterol, o principal esterol da membrana fúngica. Farmacocinética Clotrimazol (Canesten®): uso tópico somente – spray – creme – loção Mínima absorção sistêmica Em creme vaginal até 10% atingem a circulação sistêmica em metabólitos ativos Farmacologia dos antifúngicos - azóis Farmacocinética Miconazol (Daktarin®) uso tópico somente – gel – creme Mínima absorção sistêmica Uso vaginal com mínima absorção e excreção pelas fezes e urina Cetoconazol (Nizoral®)- oral – creme – pomada – Shampoo Bem absorvido VO, ampla distribuição tecidual, menos SNC (só altas doses); 99% ligação proteica, metabolização hepática e excreção biliar e renal Fluconazol (Zoltec®) – Oral – EV Bem absorvido VO, 90%, altamente solúvel, atravessa a BHE e tecido ocular; baixa metabolização hepática, excreção renal de 76% do fármaco inalterado Farmacologia dos antifúngicos - azóis Farmacocinética Itraconazol (Sporanox®) – cápsula – solução (melhor absorção 90%) Bem absorvidos VO, 99% de ligação a proteínas, metabolização hepática e excreção pelas fezes e urina; Voriconazol (Vfend®) compr. – suspensão e solução Boa biodisponibilidade VO, maior que 90% (usar dose de ataque nas 24h iniciais) ligação a proteínas de 58%, metabolização hepática e excreção renal Posaconazol (Noxafil®) – compr. – solução oral – EV Boa disponibilidade VO, 98% ligado a proteínas, ampla distribuição tecidual, excreção pelas fezes Farmacologia dos antifúngicos - azóis Farmacocinética Isavuconazol (Cresemba®) – Cápsulas –EV Ligação de 98% a proteínas, distribuição não é clara, mas não alcança níveis terapêuticos no LCR e no olho, metabolização hepática e excreção do fármaco ativo na urina. Usos terapêuticos dos Azóis Miconazol e Clotrimazol Dermatofitoses, Pitiríase, candidíase cutânea e vulvovaginal Cetoconazol VO para Histoplasmose, blastomicose e coccidioidomicose; Tópico: Dermatofitoses, candidíase cutânea e VV, dermatite seborreica, caspa Usos terapêuticos dos Azóis Itraconazol Uso VO em várias micoses: Blastomicose, Coccidioidomicose, Criptococose, Histoplasmose, Esporotricose, Onicomicose e dermatofitoses; Tratamento empírico do paciente neutropênicos com infecção fúngica Segunda escolha para Aspergilose, candidíase esofágica e vaginal Não recomendado para micoses do SNC pela baixa penetração Fluconazol 1ª escolha para candidíase em pacientes com HIV, candidíase VV em não grávidas Criptococose Voriconazol C. Krusei e C. glabrata resistentes ao fluconazol; Candidíase esofágica invasiva Usos terapêuticos dos Azóis Posaconazol Candidíase e profilaxia orofaríngea Isavuconazol Aspergilose e mucormicose Efeitos adversos Os imidazois têm menor seletividade que os triazois pela Cyp450 fúngica, gerando mais interações medicamentosas e efeitos adversos Azóis – efeitos adversos Tópicos (Miconazol – Clotrimazol) Irritação local, ardor e prurido Sistêmicos: TGI: Náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, anorexia, cefaleia (Todos) Endócrinos: Redução dos níveis de testosterona, ginecomastia, perda da libido (Cetoconazol) Insuficiência respiratória, cefaleia, fadiga, dor torácica (Isavuconazol) Astenia, perda de peso, sangramento vaginal, dor musculoesquelética, epistaxe, faringite e outros (Posaconazol) Interações medicamentosas Extensa lista com algumas interações de alto risco (sempre verificar antes do uso) Azóis - contraindicações Gestantes – contraindicação absoluta pelo risco de malformações Pacientes em uso de fármacos que prolonga QT, warfarina, Betabloqueadores, diazepínicos Comprometimento hepático severo Associações com álcool hipersensibilidade Farmacologia dos antifúngicos - Polienos Anfotericina B (Anforicin B®) – Nistatina (Micostatin®) – Natamicina (Natamax®) São antifúngicos de amplo espectro, do grupo de antibióticos Macrolídeos Mecanismo de ação Possuem caráter anfifílico, permitindo sua ligação ao Ergosterol da membrana fúngica, criando poros na membrana fúngica e o extravasamento do conteúdo citoplasmático. Farmacocinética Anfotericina B Diversas formulações: convencional (Deoxilato), colesteril sulfato, complexo lipídico e lipossomal, pouco absorvidas VO, ampla distribuição tecidual, metabolização hepática de 20-30% e excretada pelo rim Nistatina e Natamicina (Tópica e colírio, respectivamente): Não absorvíveis. Tóxicas. Farmacologia dos antifúngicos - Polienos Usos terapêuticos Anfotericina B Amplo espectro de ação, útil na terapêutica de quase todas as micoses: Aspergilose, Blastomicose, Candidíase, Criptococose, Coccidiomicose, Esporotricose, Histoplasmose, Mucormicose... Nistatina Candidíase cutânea e oral, vulvovaginal e intestinal. Não absorvível Natamicina Colírios oftalmológicos Farmacologia dos antifúngicos - Polienos Efeitos adversos Anfotericina B Calafrios, cefaleia, febre, náuseas e vômitos, dispneia, hipotensão, taquicardia, arritmias (Imediatos, durante a infusão) Anemia, plaquetopenia, alteração das enzimas hepáticas Toxicidade Nefrotoxicidade em até 65% dos pacientes com perda eventual da função renal; A Nefrotoxicidade pode ser amenizada pelo uso de soluções lípídicas Alterações hematológicas pela supressão da eritropoetina, com anemia, plaquetopenia, neutropenia Farmacologia dos antifúngicos - Alilaminas Terbinafina (Lamisil®) –Butenafina (Tefin®) – Naftifina Antifúngicos sintéticos; Mecanismo de ação: Inibem a enzima Esqualeno epoxidase que converte o esqualeno em esqualeno-epóxido e ergosterol Farmacocinética: Terbinafina Única para uso VO, bem absorvida, por ser lipofílico e queratofílico, distribui-se em altas concentrações no estrato córneo, acumulando-se em unhas, cabelo por várias semanas; Intensa metabolização hepática Farmacologia dos antifúngicos - Alilaminas Usos terapêuticos Largamente utilizadas no tratamentodas Dermatofitoses e onicomicoses Terbinafina é útil na Aspergilose Efeitos adversos Terbinafina VO, diarreia, Vômitos, dor abdominal Em uso tópico, irritação local, pele seca, prurido Toxicidade Em uso sistêmico Terbinafina pode levar à falência hepática Farmacologia dos antifúngicos - Equinocandinas Caspofungina (Cansidas®) – Micafungina (Mycamine®) – Anidulafungina (Ecalta®) Mecanismo de ação Inibidores da enzima 1,3-β-Glicano, impedindo a polimerização de glicanos essenciais à membrana celular fúngica Farmacocinética Uso EV exclusivo, ampla distribuição em pulmão, fígado, baço e rins, e pouca no SNC; ligação proteica de 95%, necessitando de doses de ataque; metabolização hepática pela COMT; eliminação biliar e renal (5%) Farmacologia dos antifúngicos - Equinocandinas Usos terapêuticos As Equinocandinas são o tratamento de escolha para as Candidíases, esofágica, sistêmica, invasivas (Abscessos, peritonite, pleurites) candidemias. Efeitos adversos Em até 20% dos casos, flebite, febre, calafrios, exantema Podem ocorrer náuseas, vômitos, dor nas costas, insônia, hipertensão, etc Toxicidade Cardiotóxicas em altas doses, embriotóxicas Farmacologia dos antifúngicos - Diversos Amorolfina (Loceryl®) Mecanismo de ação Inibição das enzimas Delta-isomerase e Delta-redutase, envolvidas na síntese do Ergosterol Usos terapêuticos Largamente usada no tratamento das onicomicoses Uso tópico exclusivo – esmalte – creme – spray - loção Tavoborole (Keridyn®) Mecanismo de ação Inibição da Enzima Leucil-RNAt-Sintetase que impede a transferência do RNAt para o ribossomo Uso terapêutico: Tópico, para Onicomicose (esmalte) Micoses cutâneas e profundas
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