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Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -1 18.05.21 HISTÓRIA • 1976: acidente em Nebraska • 1978: 1º ATLS • 1979: ACS (American College of Surgeons) • 1980: curso em nível nacional nos EUA • 1986: América Latina • 2007: 1 milhão de médicos/ano, 60 mil cursos, 47 países Esse curso baseou-se na premissa de que o atendimento inicial, dado de forma adequada e em tempo hábil, poderia melhorar significativamente o prognóstico de traumatizados graves. Há necessidade de que uma equipe que presta atendimento tenha flexibilidade para agir e reagir de acordo com a gravidade e complexidade de cada caso O trauma atinge especialmente indivíduos jovens e potencialmente mais produtivos DISTRIBUIÇÃO GLOBAL DA MORTALIDADE POR TRAUMA Distribuição trimodal de óbitos, primeira vez descrita em 1982: • 1º pico: segundos a minutos do trauma → lacerações (ex: lesão de aorta, coração, grandes vasos) – morte no local do acidente. Paciente não chega até o pronto-socorro. • 2º pico: minutos a várias horas do trauma (ex: hematomas intracranianos, pneumotórax, lesões abdominais, ruptura de baço, fígado, fraturas pélvicas). Paciente consegue chegar até o pronto-socorro. Nesse pico, tentamos mudar o índice de óbito. HORA OURO. • 3º pico: dias a semanas do trauma. Dependendo da conduta que tiver com o paciente, vai repercutir lá na frente. Quanto melhor a conduta, menos chance depois de duas semanas ir à óbito por pneumonia, sepse. Nesse pico, tentamos minimizar o número de paciente. Um estudo na Califórnia demonstra que cerca de 50% dos doentes morrem no local do acidente ou na primeira hora, justificando, desta forma, a necessidade de programas de prevenção ESTRATÉGIA DE ATENDIMENTO Resultado e impacto na sobrevida: tempo dependente • Otimização dos tempos pré-clínicos de transporte • Implementação de protocolos de transporte • Transporte para o local mais apropriado de atendimento Regra dos 3 “R” • RIGHT paciente to the RIGHT hospital in the RIGHT time Exemplo: acidente na BR-101, morte no local e outros acidentados graves. Quando tem morte no local, provavelmente os outros politraumatizados também serão graves. Digamos que no Ruth Cardoso a TC está quebrada e o paciente tem trauma cranioencefálico, nesse caso, não adianta o paciente ir para o Ruth que é o hospital mais perto, necessitando ir então para o Marieta. Ou então, quando não tem um neurocirurgião apto para atender o paciente. OBJETIVOS • Avaliar condição do doente de forma rápida e precisa • Reanimar e estabilizar o doente em obediência a prioridades definidas • Garantir que seja sempre prestado o melhor atendimento possível dentro da estrutura e recursos presentes no momento • Iniciar a avaliação primária e secundaria necessária dentro da “hora de ouro”, para o cuidado de emergência das lesões agudas que implicam risco de vida. Hora ouro é a primeira hora que o paciente chega. Nesse período onde tudo pode acontecer, ou acarretar em circunstâncias do 3º pico. O trauma não discrimina idade, raça, sexo e nível econômico 1º pico Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -2 2º pico 3º pico. Muito tempo internado A própria ventilação favorece pneumonia (indo a óbito por complicações tardias) CONCEITO A abordagem ao doente traumatizado que estava sendo ensinado nas escolas médicas incluía história extensa com antecedentes médicos, exame físico iniciando na cabeça e progredindo... – essa abordagem não satisfazia as necessidades do doente traumatizado, precisava ser mudada. Então, fazer uma anamnese rápida, objetiva e muitas vezes usando um princípio de não ter diagnóstico, mas fazer uma conduta que deixe o paciente vivo. 1. Tratar primeiro a ameaça maior a vida, o que vai matar mais rápido 2. A falta de um diagnóstico definitivo nunca deveria impedir a aplicação do tratamento indicado - manter o paciente vivo 3. Uma história detalhada não era essencial para iniciar a avaliação de um traumatizado Tirar paciente do risco de vida, e depois buscar história detalhada O resultado foi o desenvolvimento da abordagem dos “ABCDE” para avaliação e o tratamento das vítimas de trauma – o trauma mata de acordo com uma cronologia previsível. • Avaliação rápida • Definir prioridades • Evitar danos adicionais o Exemplo: paciente veio com falta de ar, não preciso causar um dano maior como uma laceração e contaminar o paciente, ou seja, um dano maior que não venha ao caso. • Medidas terapêuticas de suporte a vida INTRODUÇÃO 1. Preparação 2. Triagem: avaliar a gravidade 3. Exame primário (ABCDE) → dura em torno de 5 minutos, ou até menos. 4. Reanimação: o que precisamos fazer para manter bem o paciente? 5. Medidas auxiliares ao exame primário e à reanimação 6. Exame secundário (da cabeça ao pé) 7. Medidas auxiliares ao exame secundário 8. Reavaliação e monitorização contínua 9. Cuidados definitivos Toda vez que eu já tiver feito o ABCDE e já estiver pensando em medidas auxiliares e o paciente descompensar, é necessário fazer todo o ABCDE de novo. As avaliações primária e secundária devem ser repetidas com frequência – com intuito de detectar qualquer deterioração no estado do doente e de identificar as medidas terapêuticas a serem adotadas tão logo se descubra a mudança ocorrida ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR Ao chegar no local a equipe: • Segurança do local, da equipe e dos espectadores (afastar curiosos). Estacionar a ambulância em um local seguro, fazer sinalização do local. • Mecanismo do trauma/gravidade • Número de vítimas Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -3 Planejamento antecipado da equipe Pré hospitalar: comunicação, resgate • Manutenção das vias aéreas • Controle dos sangramentos externos e do choque • Imobilização do doente • Transporte imediato ao PS Todo esforço deve ser realizado para abreviar a permanência no local do acidente Obtenção e documentação de informações necessárias à triagem ao chegar no hospital: hora do trauma, eventos relacionados e história do doente) Vítimas múltiplas X situações de desastres Múltiplas vítimas Vítimas em massa Número e gravidade de doentes não excedem a capacidade de atendimento do hospital Número e gravidade de doentes excedem a capacidade de atendimento das instituições de referência Prioridade aos doentes com risco de vida iminente Prioridade aos doentes com maior possibilidade de sobrevivência Se tenho uma catástrofe (mais de mil pessoas), eu oferto o atendimento para os pacientes mais graves que serão deslocados para o atendimento primeiro. Se há múltiplas pessoas atingidas, dou prioridade para o paciente que tem mais chance de sobreviver, porque se levar os mais graves, os pacientes que têm moderado risco já se tornaram graves ou até mesmo faleceram. Pré-hospitalar Comunicação Eesgate Hospitalar (Centro de Trauma) Reanimação Atendimento definido Cuidados intensivos Reabilitação Tática Regionalização Hierarquização ATENDIMENTO INTRA-HOSPITALAR • Planejamento antecipado da equipe médica: touca, máscara, luva, avental descartável, propé. Usamos esses EPIs para nos proteger, e não proteger os pacientes. • Equipamentos organizados e testados – sala de trauma. Verificar se a sala tem todo o necessário, tubos, seringas, abocath, se laringo está com pilha... • Cristalóides aquecidos (RL) • Laboratório e radiologia • Equipe médica protegida – equipamentos necessários “O tratamento começa paralelamente ao exame primário rápido e consiste na reanimação das funções vitais comprometidas, pois o tempo é fator fundamental no resultado final, em que as decisões exigem rapidez e precisão” ABCDE EXAME PRIMÁRIO (ABCDE) Objetivo: diagnosticar e tratar as lesões comrisco de vida iminente • As condições que implicam em risco de vida devem ser identificadas e seu tratamento deve ser instituído simultaneamente • As prioridades de atendimento de um doente pediátrico são as mesmas do adulto • As prioridades na assistência à mulher grávida são semelhantes – peculiaridades (cuidar da mãe, depois do filho) vias aéreas com proteção da coluna cervical respiração e ventilação circulação com controle de hemorragia : incapacidade, estado neurológico exposição/controle do ambiente Vai à óbito mais rápido se o ar não chegar nas vias respiratórias, então qualquer coisa que impeça, não há chance de troca gasosa. Se tiver uma fratura de C1 ou C2, mata o paciente na hora e não há massagem que reanime esse paciente. Então, precisamos proteger a coluna cervical porque todo paciente politraumatizado até que se prove o contrário, ele tem lesão de coluna cervical. Se o paciente chega falando, está com a via aérea pérvia. Verificar murmúrio vesicular, frequência cardíaca, pressão arterial, quadro neurológico e por último vemos cada ferimento. Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -4 As prioridades de atendimento de um doente pediátrico são as mesmas do adulto, muda dose de medicações por exemplo. As prioridades na assistência à mulher grávida são semelhantes – peculiaridades. Precisamos pensar em uma hipervolemia natural, anemia própria da gravidez... se tem uma hipervolemia habitual que gera anemia, preciso pensar que o volume de sangue que ela vai perder não vai chegar a fazer uma alteração hemodinâmica tão relevante. A – VIAS AÉREAS • Imobilização da coluna cervical • Posicionar o colar • Liberação da VAS (Jaw trust e chin lift) • Aspiração da VAS (aspirador rígido SN) “Chin Lift”: elevação do queixo “Jaw Thrust”: anteriorização da mandíbula – subluxações de até 5mm, mesmo com o colar cervical Faz com que a epiglote se abra. • Considerar inicialmente lesão de coluna cervical em todo politrauma; • Retirar o colar: levando em consideração o estado Nexus e o protocolo canadense de avaliação da coluna cervical NEXUS E PROTOCOLO CANADENSE DE CC: Sensibilidade de 99,6% em lesões cervicais clinicamente significativas. 5 variáveis de avaliação são empregas, indicam lesão: • Nível de consciência agudamente alterado (por exemplo, GCS < 15, evidencia intoxicação) • Dor e/ou sensibilidade na linha média cervical ou dorso • Sinais neurológicos focais (sintomas sensitivos e motores) • Deformidade anatômica da coluna • Circunstâncias ou lesões que causem distração (fraturas de ossos longos, por exemplo) ou que reduzam a capacidade do paciente colaborar para um exame confiável. Barreira linguística também é uma indicação para RMC. Assegurar a patência das vias aéreas e manter a oxigenação ocupam o lugar de destaque na abordagem inicial; Verbalizando = via aérea pérvia; Os seguintes fatores estão relacionados a maior risco de problemas nas vias aéreas: • Inconsciência • Relaxamento da língua – falta de ventilação por obstrução pela língua • Corpos estranhos – dentadura, chiclete, fragmento do local como vidro o Secreções – risco de aspiração (vômitos, saliva, sangue) • Trauma de face – desvio ósseo pode dificultar passagem aérea • Ferimentos penetrantes no pescoço • Fratura de laringe/traqueia • Queimaduras de vias aéreas o Quando inalamos (dentro do incêndio), fazemos um edema de mucosa, então o trajeto fica fechado. Pacientes que ficam confusos e rebaixam o nível de consciência, geralmente se estão deitados em decúbito dorsal a língua vai caindo para cima da via aérea e tenho uma obstrução, por isso é feito o movimento de Chin Lift e Jaw-thrust. • Aspirar secreções e remover corpos estranhos • Elevação do queixo e tração da mandíbula • Cânula oro/nasofaríngea Cânula de Guedel Guedel: remove a língua, permite que o ar entre, permitindo a ventilação – paciente inconsciente/rebaixado em nível de ventilação rebaixado. Medimos o tamanho certo para cada paciente (precisa ir do ângulo da boca, até o lobo da orelha). Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -5 Introduzimos a cânula de guedel com a ponta para cima em direção ao palato, e quando chega lá atrás viramos para baixo para que retire a língua que está obstruindo a via aérea. Como é fenestrada, o ar entra e joga na via aérea. VIA AÉREA DEFINITIVA Tubo colocado na traqueia com balão insuflado abaixo das cordas vocais, conectado a uma fonte de oxigênio, sob ventilação assistida e com tubo fletido Indicação de via aérea definitiva (cânula, intubação, cricotireoidostomia, traqueostomia...) • Apnéia: paralisia muscular, inconsciência • Impossibilidade de manter uma via adequada por outros métodos • Proteção das vias aéreas contra aspirações • Comprometimento iminente ou potencial das vias aéreas • TCE necessitando de hiperventilação • Trauma raquimedular • Necessidade de via aérea adequada antes de afastar lesão cervical • Glasgow < 8 Às vezes é necessário entubar o paciente para proteger as vias aéreas. Como por exemplo, paciente vítima de politrauma, bateu a cabeça, tinha acabado de sair da churrascaria e não para de vomitar. É questão de tempo até broncoaspirar. É indicação intubar, para diminuir a chance de a comida chegar ao pulmão. • Método mais rápido • Estabilização cervical • Não exacerba lesões cervicais quando bem realizada Pode ser feito também intubação nasotraqueal, mas é mais usada em criança. Indicações • Impossibilidade na intubação orotraqueal ou outra forma de manutenção da permeabilidade da VAS o Edema de glote o Fratura de laringe o Hemorragia copiosa o Lesões faciais extensas Podemos fazer inicialmente uma punção (cricostomia com punção) e na sequência uma crico cirúrgica. Tipos: • Cricotireoidosmia por punção • Cricotiroidostomia cirúrgica • Traqueostomia Cricotireoidostomia por punção: Técnica: primeiro palpamos um triangulo que fica entre a cartilagem tireoide, introduzimos a seringa aspirando com a agulha no abocath, deixamos o cateter de plástico e retiramos a agulha interna. Conecta ao adaptador em T com oxigênio. Colocamos o dedo e tiramos nesse adaptador para simular uma respiração. É usado esse procedimento quando não conseguimos intubar. Deixa o paciente oxigenado de 30-45 minutos. • Cânula plástica calibrosa • Conector em Y – ¼ segundos • 30 a 45 minutos • 15L/min O2 • É uma via temporária/transitória Cricotireoidostomia cirúrgica: • Técnica: abertura da membrana cricotireoidea + cânula traqueostomia (5-7mm) • Acima de 12 anos/cartilagem cricoide Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -6 Mesmo local que fizemos a punção, vamos incisar e colocar o tubo e insuflar o balonete. No ATLS preconizamos a crico por punção. Traqueostomia: • Trauma laríngeo • Laceração traqueal extensa • Percutânea B - RESPIRAÇÃO E VENTILAÇÃO • Todo paciente politraumatizado deve receber oxigênio em máscara de O2 10-12 L/min • Oxímetro de pulso + capnografia. Capnografia não é a realidade, mas se tiver é melhor. • Avaliação de tórax Inspeção: vejo se o pulmão sobe igualmente dos dois lados, verifico hematomas, ferimento penetrante que chame atenção. Palpação: identificar enfisema subcutâneo Ausculta: ver se MV é idêntico e simétrico Percussão: não é obrigatória, mas pode ver para verificar presença de timpanismo ou macicez. • Via aérea pérvia não significa uma ventilação adequada. Ar pode chegar, mas não fazer troca. • Não há necessidade de exame complementar para diagnosticar lesões potencialmente fatais • Uma boa ventilação exige funcionamento adequado da caixatorácica, funcionalidade adequada dos pulmões, da parede torácicae do diafragma PNEUMOTÓRAX: quando entra ar dentro das pleuras e faz com que o pulmão fique encolhido. Ou vou ter abolição do MV do lado que tem pneumotórax, ou vai estar diminuído. Dependendo do quadro clínico, se MV estiver abolido de um lado, hipotenso, jugulares turgidas, é chamado de pneumotórax hipertensivo. Nesse caso pode drenar o tórax do paciente de urgência sem nem mesmo fazer o raio-x de tórax. Tentamos descomprimir com um abocath enquanto se abre o material e logo drenamos. Lesões ameaçadoras à vida que devem ser identificas no exame primário: • Obstrução da VA • Pneumotórax hipertensivo: hipotenso, jugular turgida, dispneia, MV diminuído ou abolido, taquicardia, cianose e hipertimpanismo. • Pneumotórax aberto: troca de ar com o ambiente. • Contusão pulmonar com tórax instável: todos os alvéolos com sangue dentro. • Hemotórax maciço: sangue nas pleuras. • Tamponamento cardíaco CUIDADO!!!!!!!!!!! Qual a fonte de dispneia??? • A: obstrução de VAS • B: pneumotórax • C: hipovolemia • D: TCE • E: hipotermia Pneumotórax hipertensivo: empurra o pulmão esquerdo e área cardíaca para o lado contralateral porque o ar entre as pleuras ocupa espaço. Diferente da atelectasia que é um espaço vazio que puxa as estruturas para o mesmo lado do pulmão afetado. É colocado abocath já no lado e fazer toracocentese de alívio até chegar o material. Imagem está com a técnica antiga, hoje em dia é colocado no 5ºEIC Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -7 Normalmente entre o 5º e 6º EIC temos a linha axilar média e anterior. Vou fazer a incisão entre a axilar anterior e média. 5-6ºEIC é considerado a linha do mamilo, cuidar com as mulheres que a posição do mamilo se altera. Tubo será conectado ao selo d’agua: ar entra, mas não volta – sempre que o paciente respirar o dreno deve borbulhar. Em caso de elevação: clampear o selo – senão volta líquido para o pulmão. Passo a passo: 1. Posicione o paciente em decúbito dorsal com o membro superior ipsilateral em abdução e com a mão apoiada sobre a cabeça. 2. Localize o 4º ou 5º EIC, na linha axilar posterior, média ou anterior, na borda superior do arco costal. 3. Realize a medida do comprimento do dreno que será inserido. A medida é realizada do meio da clavícula até o local escolhido para a inserção. 4. Realize anestesia local com lidocaína 1 ou 2%. 5. Faça uma incisão de 1-2 cm paralela ao arco costal e realize a dissecção dos planos, do tecido subcutâneo e da musculatura acima do arco costal, utilizando uma pinça hemostática curva. 6. Posteriormente, utilizando uma pinça com ponta romba do tipo “Kelly curva”, faça uma abertura com cerca de 1,5 cm na pleura e introduza o dedo na cavidade pleural. A introdução do dedo permite o inventário da cavidade torácica, além de confirmar se a cavidade pleural realmente foi atingida. Não usar bisturi ou algo afiado para acessar a cavidade pleural, pois lesões graves com exsanguinação fatal já foram descritas. 7. Faça a clampagem da extremidade do dreno com a pinça hemostática curva e utilize-a para direcionar a inserção do dreno. Introduza o dreno em direção cranial e posterior. Avance o dreno até o local marcado anteriormente. Vale ressaltar que o último orifício do dreno deve estar, pelo menos, 2 cm dentro da caixa torácica. 8. Faça um ponto em “U” circundando o dreno para fechar a incisão e, em seguida, faça um nó em “bailarina” em torno do dreno, usando o mesmo fio. 9. Realize radiografia de tórax, para confirmação do posicionamento do dreno. • Ferida soprante • MV diminuído • Dispneia Transformo esse pneumotórax aberto em um fechado com um curativo de 3 pontas. Quando inspirar o ar não vai conseguir entrar por essa fissura e quando expirar, o ar vai sair porque o curativo é de 3 pontas. Preparo o material e faço a drenagem torácica. Hemotórax maciço: acúmulo de + 1500 ml de sangue. Já tem indicação para toracotomia para achar qual é o vaso que está sangrando. Podendo até ser lesão de musculatura cardíaca ou de grande vaso. Causas: lesão de vasos da base/coração, ferimentos penetrantes, trauma contuso Clínica: sinais de choque hipovolêmico, MV ausente, macicez Tratamento: drenagem de tórax 5º EIC, linha axilar média Área de Ziedler: área cardíaca – onde pode ter trauma cardíaco e chance maior de ter hemotórax Toracotomia: • >1500 ml de sangue após drenagem ou mais • 200 ml/hora durante 4 horas • PCR com ferimento torácico • Ferimento na área de Ziedler - cardíaca box – clavículas (superiormente), margens costais (inferiormente), linhas hemiclaviculares (lateralmente) • Alvo: VD (43%), VE (34%), AD (18%), AE (5%) Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -8 • Fratura de dois ou mais arcos costais consecutivos em dois locais diferentes • Dispneia progressiva, respiração paradoxal, confusão pulmonar • Intubação orotraqueal: saturação O2 < 90% • Ventilação mecânica Quando inspiro as costelas descem, e quando expiro as costelas sobem, e nisso elas podem gerar dor e vir acompanhada de pneumotórax. Nem todo tórax instável precisa de tratamento, mas precisa de uma observação. • Lesão direta do parênquima pulmonar • Resultando em hemorragia e edema na ausência de laceração pulmonar associada • A contusão pulmonar unilateral induz, em 6h, lesão capilar no pulmão contralateral Esperar reabsorção e melhora do paciente Tríade de Beck: • Elevação PVC (estase jugular) • Hipotensão arterial • Abafamento de bulhas cardíacas Causas: ferimentos penetrantes, trauma contuso. Diagnóstico: punção Marfan, janela pericárdica, FAST. Usar USG para avaliar a presença de derrame pericárdico e necessidade de uma punção de alívio. Tratamento: pericardiocentese, janela pericárdica, pericardiotomia via toracotomia. Conduta: Introduzir a agulha no sítio escolhido entre o apêndice xifóide e a margem costal esquerda em um ângulo de 45 ̊ direcionada para o ombro esquerdo aplicando pressão negativa Observar se ocorre aspiração de sangue Monitorizar continuamente o ECG a elevação de ST sugere contato com o epicárdio, caso isto ocorra retroceder a agulha uns poucos milímetros e redirecionar, então, a ponta da agulha C - CIRCULAÇÃO • Compressão de hemorragia • Verificação de pulsos • Monitor cardíaco • Jelco 18 (atos 10 com reanimação RL e reavaliação constante) • Sangue para laboratório (HMG, glicemia de j, B-HCG, amilase, eletrólitos, creatinina, ureia e coagulopatia). o Hematócrito e hemoglobina para ver grau de perda de sangue; o Glicemia para ver se o rebaixamento do nível de consciência é causado por uma hipoglicemia; • Tipagem sanguínea • Gasometria arterial em pacientes bem graves • Profilaxia antitetânica, imunoglobulina se necessário Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -9 Hipotensão em politraumatizado é devido a choque hipovolêmico até que prove o contrário. Hemorragia: principal causa de óbito no trauma • 3 parâmetros rápidos: nível de consciência, cor de pele e pulso • Avaliação: o Nível de consciência (menor perfusão cerebral) o Cor da pele (cianose) o PA cai o Pulso (taquicardia, filiformes, ausentes) o Diurese (50ml/h), PVC ▪ Nem sempre dá para sondar, verificar se o paciente tem uma fratura pélvica ou de uretra que contraindique a sondagem. • Controlar a hemorragia interrompendo o sangramento • A reanimação volêmica agressiva e continua não substitui o controle definitivo da hemorragia • Controle da hemorragia (compressão externa, alinhar, imobilizar fraturas) - parar sangramento (estabilizar bacia, tamponamento, cirurgia) • As hemorragias externas são coibidas por meio de compressão externa sobre o sítio de sangramento, previamente coberto com uma compressa ou panolimpo • O emprego de pinças hemostáticas às cegas, bem como o de garrotes e torniquetes, agrava lesões isquêmicas e é desaconselhável Primeira imagem: imobilização da pelve. Tratamento: • Reposição volêmica inicial o Hoje em dia quando o paciente chega com trauma, já sabemos que esse paciente vai precisar de sangue (porque tem hemácia e leva oxigênio), o soro usado é ringer lactato ou fisiológico, mas jamais glicosado → porém, são água e não levam oxigênio. o Ringer lactato é a solução isotônica de escolha (sobrecarga hídrica, evita desenvolvimento de acidose hiperclorêmica, fonte potencial de bicarbonato) – outra opção seria solução fisiológica (sempre cristaloide) o Segundo as normas do ATLS, a reposição deve ser iniciada com uma etapa rápida de RL (2l no adulto e 20ml/kg em crianças), com objetivo diagnóstico e terapêutico, aquecido 39ºC. o O padrão de resposta pode ser dividido em três categorias: rápida, transitória, ausente. ATLS 10 – edição 2018 Pegamos acesso periférico no atendimento inicial, acesso central se precisar vai ser para monitorar o paciente, está vinculado a risco de pneumotórax, além de que vou perder muito tempo com uma coisa que meu acesso periférico da conta temporariamente. Usamos abocath 14- 16 ou 18. Alerta!!!! Todo paciente traumatizado com a pele fria e taquicardico está chocando até prova ao contrário. A princípio, no politraumatizado, o choque é de origem hemorrágica. Indicada: perdas sanguíneas superiores a 25 a 30% da volemia ou quando apresentam resposta transitória ou ausente à etapa inicial de reposição volêmica – quando precisar de mais de 1 ou 2 litros de volume: sangue. Preferencialmente, os concentrados de hemácias devem ser submetidos a todas as provas cruzadas antes de sua infusão Este procedimento demanda aproximadamente 1 hora – só pode ser empregado em pacientes estáveis D - INCAPACIDADE, ESTADO NEUROLÓGICO • Glasgow • Pupilas • Sinais de TCE Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -10 Nível de consciência: Glasgow (<8 – intubação) • A (alerta) • V (resposta ao estímulo verbal) • D (só responde a dor) • I (inconsciente) No ATLS não usamos a nova escala de Glasgow, usamos a tradicional. Não existe escala Glasgow 0, 1 e 2!!!!! O mínimo é 3. Glasgow 8 ou menos tem indicação de ser intubado, porque a língua cai sobre a via aérea e o paciente não tem instinto de proteger. Paciente desatura e para. Pupilas: tamanho e reação (normal: isocóricas fotorreagentes) • Lesão de ponte: pupilas bem contraídas • Anisocoria: falta de oxigenação do sangue • Alteração das pupilas pelas medicações podem ocorrer • Miótica: benzodiazepinicos • Midriátrica bilateral • Midriátrica unilateral: hematoma Anisocoria Decorticação x Descerebração Avaliação neurológica Exames complementares: • Rx crânio (pouco utilizada); • TC de crânio: exame de escolha; Deslocamento da linha média, podendo favorecer anisocoria Fraturas de base de crânio: • Otorréia • Rinorréia • Sinal de Battle (equimose da região mastoidea), • Sinal do graxinim (equimose periorbitária) Sinal de Battle Sinal de guaxinim Se eu tenho sinais de base de crânio fraturada, tenho contraindicação formal de passar uma sonda nasoenteral ou nasogástrica (qualquer coisa que passe pelo nariz). Se intubar o paciente, perde quase todo exame neurológico, ficando basicamente a TC para avaliação neurológica. Contusão cerebral: cefaleia importante + vomito: ficar em observação ou TC Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -11 E - EXPOSIÇÃO/CONTROLE DO AMBIENTE • Despir totalmente o paciente • Cobrir o paciente: prevenir hipotermia – hipotermia favorece a acidose metabólica e coagulopatia Quanto mais hipotérmico, mais favorece acidose, favorecendo coagulopatia que aumenta ainda mais hipotermia. • Paciente não pode passar frio! • Fluidos aquecidos – soro não pode ser gelado • Ambiente aquecido • Crianças: tudo em tamanho e volume menor • Gravida: salvar mãe para conseguir salvar o filho Adoção de medidas agressivas de reanimação e o tratamento de toda as lesões potencialmente fatais • Vias aéreas pérvias • Respiração/ventilação/oxigenação preservada • Circulação → sangue, se precisar; volume Medidas auxiliares ao exame primário e à reanimação: • Sondas urinárias e gástricas (reduz distensão, riscos de aspiração) o Sonda gástrica deve ser evitada nos casos de suspeita de fratura de base de crânio (fratura da placa crivosa) – serve para descompressão da cavidade gástrica • Monitorização o Oximetria de pulso o PA o Gasometria arterial o Monitorização eletrocardiográfica o Sinais vitais o Capnografia o Cateter vesical de demora o Cateter nasogástrico (evitar em casos de suspeita de fratura de base de crânio - placa crivosa) • Transferência (lesões específicas) Em todo homem fazemos toque retal para avaliar a próstata. A partir do momento que tem fratura de uretra (sinal da tecla/piano), a próstata fica mole como uma tecla de piano → tem fratura → contraindicação de sondar. Se mesmo assim a sondagem for importante, pode ser feito uma punção, mas é feita depois que fechar o diagnóstico do paciente e não no pronto-socorro. Reavaliar todo o paciente, dos pés à cabeça. • FAST positivo: laparotomia (fratura pélvica) • Lavado peritoneal • História clínica, exame físico completo • Exame neurológico completo • Chamamos o acompanhante para ver se o paciente tem comorbidades Paciente está hipotenso, não sei de onde está sangrando, pois a pelve está estável, não tem fratura de fêmur, não tem nada visível. O que sobra sangrar? Abdome. Se o paciente estiver muito instável, não tem condições para ir para a TC e fazemos um ultrassom à beira leito dos locais que acumulam líquido e que em um trauma vou pensar que seja sangue. FAST então, é a busca de líquido na cavidade. Se der FAST positivo, paciente merece ir para a laparotomia de forma rápida. Se FAST negativo, é preciso procurar outros locais que está o sangramento, se não tem ultrassom e ele não pode ir para TC, pode ir para um lavado peritoneal para diagnóstico (é passado uma sonda e infundi 1L de soro para tentar quando refluir pela sonda, avaliar se vem sangue, resto de fezes... que sugira se precisa abrir ou não o paciente). Bruna Altvater Saturnino XLII – 2021.1 -12 História: • A: alergia • M: medicação • P: passado médico • L: líquidos e alimentos ingeridos • A: ambiente e eventos relacionados − Trauma fechado; − Trauma penetrante; − Lesões devido a queimaduras e ao frio; − Ambientes de riscos; • Radiografias adicionais da coluna • Tomografia computadorizada • Urografia excretora • Angiografia • Estudo radiológico das extremidades • Ultrassom • Broncoscopia • Esofagoscopia • Crânio e abdome: TC • Deve haver reavaliação constante do paciente • Monitorização contínua dos sinais vitais, débito urinário, e da resposta do doente ao tratamento. • Paciente evolui estável: alta • Paciente instável: cirurgia • Lesões que excedem a capacidade da instituição: transferência TODAS AS VEZES QUE O PACIENTE DESESTABILIZAR: REALIZAR O ABCDE!!!!!!!!
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