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Teoria da Burocracia (Resumo)

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Abordagem Estruturalista da Administração
Teoria da Burocracia
Origens da Burocracia
Embora tivesse escrito sobre a burocracia décadas antes, foi somente com a tradução
do alemão para o inglês em 1947 que Max Weber – considerado o fundador do movimento que
se iniciou na sociologia – passou a ser conhecido e discutido nos meios acadêmicos e
empresariais. A abordagem estruturalista é um movimento que provocou o surgimento da
sociologia das organizações e que iria criticar e reorientar os caminhos da teoria administrativa.
A Teoria da Burocracia surgiu quando a Teoria Clássica e a Teoria das Relações
Humanas disputavam entre si o espaço na teoria administrativa e apresentavam sinais de
obsolescência e exaustão para sua época. A burocracia foi uma invenção social aperfeiçoada
no decorrer da Revolução Industrial, embora tenha raízes na Antiguidade histórica, com a
finalidade de organizar detalhadamente e de dirigir rigidamente as atividades das
empresas com a maior eficiência possível.
Rapidamente, a forma burocrática de Administração alastrou-se por todos os tipos de
organizações humanas, como indústrias, empresas de prestação de serviços, repartições
públicas e órgãos governamentais, organizações educacionais, militares, religiosas,
filantrópicas, etc. em uma crescente burocratização da sociedade. 
Com o aparecimento, crescimento e proliferação das burocracias, a teoria
administrativa – até então introspectiva e voltada apenas para os fenômenos internos da
organização – ganhou uma nova dimensão por meio da abordagem estruturalista: além do
enfoque infra-organizacional, surgiu o enfoque interorganizacional. A visão estreita e limitada
aos aspectos internos da organização passou a ser ampliada e substituída por uma visão mais
ampla, envolvendo a organização e suas relações com outras organizações dentro de uma
sociedade maior. A partir daqui, a abordagem estruturalista se impõe definitivamente sobre a
Abordagem Clássica e a Abordagem das Relações Humanas. Embora predomine a ênfase na
estrutura, a visão teórica ganha novas dimensões e novas variáveis.
Os aspectos que levaram a Teoria da Burocracia a se desenvolver na Administração
foram os seguintes:
a) Fragilidade e parcialidade da Teoria Clássica e da Teoria das Relações Humanas;
b) A necessidade de um modelo organizacional racional capaz de caracterizar todas
as variáveis envolvidas, aplicável a todas as formas de administração;
c) O crescente tamanho e complexidade das empresas passaram a exigir modelos
organizacionais mais bem-definidos. Milhares de homens e mulheres colocados em diferentes
setores de produção e em diferentes níveis hierárquicos: os engenheiros e administradores no
alto da pirâmide e os operários na base, devem executar tarefas específicas e ser dirigidos. As
teorias precedentes mostraram-se insuficientes para responder à nova situação.
d) A Sociologia da Burocracia propõe um modelo de organização e as organizações
não tardaram em tentar aplicá-lo na prática.
1
Abordagem
Estruturalista
Teoria da
Burocracia
Teoria
Estruturalista
Ênfase na forma, na 
estrutura.
Ênfase na estrutura,
nas pessoas e no ambiente.
A Burocracia como Forma de Organização
A burocracia teve origem nas mudanças religiosas ocorridas após o Renascimento.
Weber salienta que o sistema moderno de produção se originou de um novo conjunto de
normas sociais e morais, às quais denominou “ética protestante”: o trabalho duro e árduo é
como dádiva de Deus, a poupança e o ascetismo que proporcionaram a reaplicação das
rendas excedentes, em vez do seu dispêndio e consumo em símbolos materiais e improdutivos
de vaidade e prestígio.
Verificou-se que o capitalismo, a burocracia (como forma de organização) e a ciência
moderna constituem três formas de racionalidade que surgiram a partir dessas mudanças
religiosas ocorridas nos países protestantes e não em países católicos.
As semelhanças entre o protestante e o comportamento capitalista são
impressionantes. Essas três formas de racionalidade se apoiaram mutuamente nas mudanças
religiosas.
Weber avança a tese de que a ética e as idéias puritanas influenciaram o
desenvolvimento do capitalismo. Tradicionalmente, na Igreja Católica Romana, a devoção
religiosa estava normalmente acompanhada da rejeição dos assuntos mundanos, incluindo a
ocupação econômica. Não foi o caso com o Protestantismo.
Ele define o espírito do capitalismo como as idéias e hábitos que favorecem, de forma
ética, a procura racional de ganho econômico. Devido a isso, Weber argumenta que há vários
motivos para procurar as origens do capitalismo – bem como da burocracia – nas idéias
religiosas da Reforma Protestante.
Tipos de Sociedade e de Autoridade
Weber distingue três tipos de sociedade: a tradicional (com características patriarcais
e patrimonialistas, como famílias, clãs, sociedades medievais, etc.), a carismática (com
características místicas, arbitrárias e personalísticas, como em grupos revolucionários, partidos
políticos, nas nações em revolução, etc.), burocrática (também chamada de racional ou legal,
as características predominantes são as normais impessoais e racionalidade na escolha dos
meios e dos fins, como em grandes empresas, estados modernos, exércitos, etc.)
Cada tipo de sociedade está relacionada a um tipo de autoridade correspondente.
A autoridade significa a probabilidade de uma ordem específica ser obedecida,
representando o poder oficializado em uma organização. Poder é a possibilidade de imposição
de arbítrio por parte de uma pessoa sobre outras pessoas. A autoridade depende da
legitimidade, que é a capacidade de justificar o exercício da autoridade, isto é, o motivo que
explica por que um grupo de pessoas obedece às ordens de alguém, conferindo-lhe poder.
A dominação decorrente do exercício da autoridade requer um aparato administrativo,
isto é, o pessoal administrativo para executar as ordens e servir como ponto de ligação entre
governo e governados. 
Weber estabelece uma tipologia de autoridade baseando-se nas fontes e tipos de
legitimidade aplicados, a saber:
Autoridade tradicional: quando os subordinados aceitam as ordens dos superiores
como justificadas porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas. O poder
tradicional não é racional, pode ser transmitido por herança e é extremamente conservador. A
legitimação provém da justiça e da maneira tradicional de agir. O aparato administrativo pode
assumir duas formas:
� Forma patrimonial: os membros que preservam a dominação são servidores pessoais
do senhor (parentes, favoritos, empregados, etc.), geralmente dependentes
economicamente.
� Forma feudal: os funcionários são aliados e lhe prestam um juramento de fidelidade.
Em virtude disso, exercem uma jurisdição independente, dispondo de seus próprios
domínios administrativos e não dependendo do senhor no que se refere à subsistência.
2
Autoridade carismática: os membros aceitam as ordens do superior como
justificadas por causa da influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se
identificam. Carisma é uma qualidade extraordinária ou indefinível de uma pessoa, e o poder
de influência decorrente do carisma é sem base racional, instável e facilmente adquire
características revolucionárias, não podendo ser delegado ou herdado.
O aparato administrativo envolve seguidores, discípulos e subordinados leais e
devotados, para desempenharem o papel intermediário entre o líder carismático e a massa. A
seleção de tais seguidores se baseia na devoção e na confiabilidade no subordinado.
Autoridade burocrática: os membros aceitam as ordens dos superiores por
concordar com certos preceitos ou normas que consideram legítimas. A idéia básica
fundamenta-se no fato de que leis podem ser promulgadas e regulamentadas através de
procedimentos formais ecorretos. Tais procedimentos são definidos racionalmente.
O aparato administrativo é a burocracia. Tem seu fundamento nas leis e na ordem
legal. A posição dos funcionários (burocratas) e suas relações com o governante, os
governados e os colegas burocratas são definidas por regras impessoais e escritas, que
delineiam de forma racional a hierarquia do aparato administrativo, direitos e deveres inerentes
a cada posição, métodos de recrutamento e seleção, etc.
Weber identifica três fatores principais que favorecem o desenvolvimento da moderna
burocracia:
1- O desenvolvimento de uma economia monetária: Na Burocracia, a moeda assume o lugar
da remuneração em espécie para os funcionários, permitindo a centralização da autoridade e o
fortalecimento da administração burocracia.
2- O crescimento quantitativo e qualitativo das tarefas administrativas do Estado Moderno.
3- A superioridade técnica – em termos de eficiência – do tipo burocrático de administração
serviu como uma força autônoma para impor sua prevalência.
Características da Burocracia segundo Weber
Segundo o conceito popular, a burocracia é visualizada geralmente como uma empresa,
repartição ou organização onde o papelório se multiplica e se avoluma, impedindo as soluções
rápidas e eficientes. O termo é empregado também com o sentido de apego dos funcionários
aos regulamentos e rotinas, causando ineficiência à organização. O leigo passou a dar o nome
de burocracia aos defeitos do sistema.
Entretanto para Max Weber a burocracia é exatamente o contrário, é a organização
eficiente por excelência e para conseguir esta eficiência, a burocracia precisa detalhar
antecipadamente e nos mínimos detalhes como as coisas devem acontecer.
Para tanto Weber estabeleceu as principais características da burocracia:
1- Caráter legal das normas e regulamentos: É uma organização ligada por normas e
regulamentos previamente estabelecidos por escrito. É baseada em legislação própria que
define com antecedência como a organização deve funcionar. Tais normas:
• Procuram cobrir todas as áreas da organização.
• Definem uma estrutura social racionalmente organizada.
• Conferem às pessoas investidas da autoridade um poder de coação sobre os 
subordinados e também os meios coercitivos capazes de impor a disciplina.
• Possibilitam a padronização dentro da empresa.
2- Caráter formal das comunicações: A burocracia é uma organização ligada por
comunicação escrita. Todas as ações e procedimentos são feitos por escrito para proporcionar
a comprovação e documentação adequadas.
3- Caráter racional e divisão do trabalho: A Burocracia é uma organização que se
caracteriza por uma sistemática divisão do trabalho. Esta divisão do trabalho atende a uma
racionalidade, é adequada ao objetivo a ser atingido: a eficiência da organização.
• Daí o aspecto funcional da burocracia.
• Há uma divisão sistemática do trabalho, do direito e do poder.
3
• Estabelece as atribuições de cada participante.
• Cada participante passa a ter o seu cargo específico, suas funções específicas e sua área
de competência e de responsabilidade.
• Cada participante sabe qual é a sua capacidade de comando sobre os outros e quais os
limites de sua tarefa.
• As incumbências administrativas são altamente diferenciadas e especializadas.
4- Impessoalidade nas relações: Essa distribuição de atividade é feita impessoalmente, ou
seja, é feita em termos de cargos e funções e não de pessoas envolvidas.
• Considera as pessoas como ocupantes de cargos e de funções.
• O poder de cada pessoa é impessoal e deriva do cargo que ocupa.
• Obedece ao superior não em consideração a pessoal, mas ao cargo que ele ocupa.
• As pessoas vem e vão, mas os cargos permanecem.
• Cada cargo abrange uma área ou setor de competência e de responsabilidade.
5- Hierarquia da autoridade: A burocracia estabelece os cargos segundo o princípio de
hierarquia.
• Cada inferior deve estar sobre a supervisão de um superior.
• Não há cargo sem controle ou supervisão.
• A hierarquia é a ordem e subordinação, a graduação de autoridade correspondente às
diversas categorias de participantes, funcionários e classes.
• Os cargos estão definidos por meio de regras limitadas e específicas.
6- Rotinas e procedimentos padronizados: A burocracia fixa as regras e normas técnicas
para o desempenho de cada cargo.
• O ocupante do cargo não pode fazer o que quiser, mas o que a burocracia impõe que ele
faça.
• A disciplina no trabalho e o desempenho no cargo são assegurados por um conjunto de
regras e normas, que tentam ajustar o funcionário às exigências do cargo e das organizações.
• Todas as atividades de cada cargo são desempenhadas segundo padrões claramente
definidos.
7- Competência técnica e meritocracia: Na burocracia a escolha das pessoas é baseada no
mérito e na competência técnica.
• Admissão, transferência e a promoção dos funcionários são baseadas em critérios, válidos
para toda a organização.
• Daí a necessidade de exames, concursos, testes e títulos para a admissão e promoção dos
funcionários.
8- Profissionalização dos participantes: A burocracia é uma organização que se caracteriza
pela profissionalização dos seus participantes. Cada funcionário é um profissional pelas
seguintes razões:
• É um especialista: Cada funcionário é especializado nas atividades do seu cargo.
• É assalariado: Os funcionários da burocracia participam da organização e recebem salários
correspondente ao cargo que ocupam.
• É nomeado por superior hierárquico.
• Seu mandato é por tempo indeterminado (não existe norma que determine previamente o
tempo de permanência de um funcionário no cargo ou na organização).
• Segue carreira dentro da organização.
• É fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa. O funcionário passa a defender
os interesses do seu cargo e da sua organização.
9- Especialização da administração: Na burocracia, existe uma clara separação entre
propriedade e administração, isto é, os administradores da burocracia não são
necessariamente seus donos, acionistas ou proprietários, e sim um profissional especializado
na sua administração.
4
A estrita separação entre os rendimentos e bens privados e públicos é a característica
específica da burocracia e que mais a distingue dos tipos patrimonial e feudal da
administração.
10- Completa previsibilidade do funcionamento: O modelo burocrático de Weber parte da
pressuposição de que o comportamento dos membros da organização é perfeitamente
previsível.
• Os funcionários devem comportar-se de acordo com as normas e regulamentos da
organização.
• Tudo na burocracia é estabelecido no sentido de prever antecipadamente todas as
ocorrências e rotinizar sua execução.
Em essência, as características da burocracia segundo Weber podem ser sistematizadas tendo
em vista:
Para descontrair... 
Fonte: Pau para Toda Obra - Gilmar - Editora Devir
Vantagens da Burocracia
Weber viu inúmeras razões para explicar o avanço da burocracia sobre as outras
formas de associação.
1- Racionalidade em relação ao alcance dos objetivos da organização.
2- Precisão na definição do cargo e na operação, pelo conhecimento exato dos deveres.
3- Rapidez nas decisões, pois, cada um conhece o que deve ser feito, por quem e as ordens
e papéis tramitam através de canais preestabelecidos.
4- Univocidade de interpretação garantida pela regulamentação específica e escrita. A
informação é discreta, pois é fornecida apenas a quem deve recebê-la.
5- Uniformidade de rotinas e procedimentos que favorece a padronização, redução de
custos e de erros, pois os procedimentos são definidos por escrito.
6- Continuidade da organização através da substituição do pessoal que é afastado.
7- Redução do atrito entre as pessoas, pois cada funcionário conhece aquilo que é exigido
dele e quais os limites entre suas responsabilidade e as do outro.
5
8- Constância, poisos mesmos tipos de decisão devem ser tomados nas mesmas
circunstâncias.
9- Confiabilidade, pois o negócio é conduzido de acordo com regras conhecidas. As decisões
são previsíveis e o processo decisório elimina a discriminação pessoal.
10- Benefícios para as pessoas na organização, pois a hierarquia é formalizada, o trabalho é
dividido entre as pessoas de maneira ordenada, as pessoas são treinadas para se tornarem
especialistas em seus campos. As pessoas podem fazer carreira na organização em função de
seu mérito pessoal e competência técnica.
11- Com a burocracia, o trabalho é profissionalizado, o nepotismo é evitado e as condições
de trabalho favorecem a moralidade econômica e dificultam a corrupção.
12- Há eqüidade das normas burocráticas, sempre baseadas em padrões universais de justiça
e tratamento igualitário;
13- A burocracia tem a virtude de assegurar cooperação entre grande número de pessoas,
sem que elas se sintam necessariamente cooperadoras;
14- As pessoas cumprem regras porque os fins visados pela organização são valorizados e
cada qual deve fazer sua parte para que o objetivo global seja alcançado.
Racionalidade Burocrática
Para Weber, racionalidade implica na adequação dos meios aos fins. Nesse
contexto, isso significa eficiência.
Uma organização é racional se os meios mais eficientes são escolhidos para a
implementação das metas. No entanto, são as metas coletivas da organização e não as de
seus membros individuais que são levadas em consideração. Desse modo, o fato de uma
organização ser racional não implica necessariamente que seus membros ajam racionalmente
no que concerne às suas próprias metas e aspirações. Muito pelo contrário, quanto mais
racional e burocrática torna-se a organização, tanto mais as pessoas tornam-se engrenagens
de uma máquina, ignorando o propósito e significado do seu comportamento. Esse é o tipo de
racionalidade que Mannheim denomina racionalidade funcional.
Para Weber, a racionalidade funcional é alcançada pela elaboração – baseada no
conhecimento científico – de regras que servem tanto para dirigir, partindo de cima, todo
comportamento de encontro à eficiência. É nessa concepção de racionalidade que a
Administração Científica se baseia na busca da melhor maneira de desempenho e trabalho
industrial.
Dilemas da Burocracia
Weber notou a fragilidade da estrutura burocrática que enfrenta um dilema típico: de
um lado, existem pressões e forças externas para encorajar o burocrata a seguir outras normas
diferentes da organização e, do outro lado, o compromisso dos subordinados com as regras
burocráticas tende a se enfraquecer gradativamente. A organização para ser eficiente, exige
um tipo especial de legitimidade, racionalidade, disciplina e limitação de alcance.
A capacidade de aceitar ordens e regras como legítimas exige um nível de renúncia
que é difícil de se manter. As organizações burocráticas apresentam uma tendência a se
desfazerem, seja na direção carismática, seja na tradicional, onde as relações disciplinares são
mais “naturais” e “afetuosas”. Assim, a racionalidade da estrutura racional é frágil e precisa ser
protegida contra pressões externas, a fim de poder ser dirigida para os seus objetivos e não
para outros.
Os burocratas são pessoas que formam o corpo administrativo da estrutura da
organização, devidamente indicadas, que seguem as regras impostas e servem aos objetivos
da organização. No entanto, Weber salienta também a existência de chefes não-
burocráticos, que indicam e nomeiam os subordinados, estabelecem regras, resolvem os
objetivos que deverão ser atingidos e são eleitos ou herdam sua posição, como, por exemplo,
os presidentes, diretores e reis. Esses chefes (não-burocráticos) da organização
6
desempenham o papel de estimular a ligação emocional e mesmo irracional dos participantes
com a racionalidade, pois a identificação com uma pessoa ou líder da organização influi
psicologicamente, reforçando o compromisso abstrato com as regras da organização.
Na organização burocrática, as identificações referem-se à posição e não ao
ocupante. Se os indivíduos se ausentam, morrem ou se aposentam, são substituídos por
outros pelo critério de qualificação técnica e a eficiência da organização não é prejudicada.
Porém, a ausência ou morte de um chefe não-burocrático da organização – o único indivíduo
perante o qual as identificações são pessoais e não-burocráticas – provoca uma crise na
sucessão, que é acompanhada de um período de instabilidade. Alega Weber que a crise de
sucessão é mais evidente nos estados totalitários, embora exista também nas empresas,
igrejas, exércitos ou outras organizações. As burocracias estabelecem normas e precisam
impô-las. Têm regulamentos e regras, dão ordens que devem ser obedecidas afim de que a
organização funcione com eficiência.
Disfunções da Burocracia
O modelo weberiano oferece vantagens, já que o sucesso das burocracias em nossa
sociedade se deve a inúmeras causas. Contudo, os excessos da racionalidade burocrática, a
omissão das pessoas que participam da organização e os próprios dilemas da burocracia,
apontados por Weber, constituem problemas que a burocracia não consegue resolver
adequadamente. As disfunções da burocracia decorrentes desses aspectos são as seguintes:
- Internalização das regras e apego a regulamentos: Elas passam de "meios para os fins",
ou seja, às regras são dadas mais importância do que às metas. O funcionário adquire
“viseiras” e esquece que a flexibilidade é uma das principais características de qualquer
atividade racional. Torna-se com isso um especialista não por possuir conhecimento de suas
tarefas, mas por conhecer perfeitamente as normas e regulamentos que dizem respeito ao seu
cargo ou função.
- Excesso de formalismo e papelório: A necessidade de documentar e formalizar todas as
comunicações dentro da burocracia afim de que tudo possa ser devidamente testemunhado
por escrito pode conduzir ao excesso de formalismo, de documentação e, conseqüentemente,
de papelório. Isso torna os processos mais lentos e constitui uma das mais gritantes disfunções
da burocracia, o que leva o leigo, muitas vezes, a imaginar que toda burocracia tem
necessariamente um volume inusitado de papelório.
- Resistências às mudanças: os funcionários geralmente se acostumam com uma completa
estabilidade e repetição daquilo que faz, o que passa a lhe proporcionar uma completa
segurança e tranqüilidade a respeito de seu futuro na burocracia. Quando surge alguma
possibilidade de mudança dentro da organização, essa mudança tende a ser interpretada como
algo que ele desconhece, e que portanto, pode trazer perigo à sua segurança e estabilidade.
Com isso, a mudança passa a ser indesejável para o funcionário.
- Despersonalização: Os funcionários se conhecem pelos cargos que ocupam. 
- Categorização como base no processo decisorial: O que tem um cargo maior, toma
decisões, independentemente do que conhece sobre o assunto. Além disso, quanto mais se
lança mão da categorização no processo decisório, menor será à procura de alternativas
diferentes de solução.
- Superconformidade às rotinas: O impacto das exigências burocráticas sobre uma pessoa
pode provocar profunda limitação em sua liberdade e espontaneidade pessoal. O indivíduo
tente a perder sua flexibilidade, pois restringe-se ao desempenho mínimo. Perde a iniciativa, a
criatividade e a inovação.
- Exibição de sinais de autoridade: Como a burocracia enfatiza a hierarquia da autoridade,
torna-se necessário um sistema capaz de indicar aos olhos de todos aqueles que detêm o
poder. Em algumas organizações – como o exército, a Igreja, etc. - o uniforme e o tratamento
especial constitui um dos principais sinais de autoridade.
7
- Dificuldade com os clientes: O funcionário está voltado para o interior da organização,o
que torna difícil realizar as necessidades dos clientes tendo que seguir as normas internas.
Essa padronização no atendimento, tende a irritar o público com a pouca atenção e descaso
para com seus problemas particulares e pessoais. 
Para descontrair... 
Fonte: Pau para Toda Obra - Gilmar - Editora Devir
Graus de Burocratização nas Organizações
Para Gouldner existem graus de burocratização nas organizações formais. O modelo
proposto por Weber passou a constituir o modelo ideal de burocracia, e não o único modelo
absoluto.
A hipótese central de Gouldner é de que a supervisão cerrada deteriora as relações
entre superior e subordinado e viola as normas informais do grupo. Por outro lado, a excessiva
formulação de regras burocráticas funciona como um símbolo de desconfiança nas pessoas e
nas suas intenções.
8
Excessivamente burocra�zada:
|
Excesso de normas e
regulamentos
Pouco
burocra�zada:
|
Escassez de normas e
regulamentos
As Dimensões da Burocracia
Não há um tipo único de burocracia, mas graus variados de burocratização.
Atualmente, a burocracia está sendo entendida como um continuum e não uma maneira
absoluta de presença ou ausência. O grau variável de burocratização depende das dimensões
da burocracia. As dimensões da burocracia bem como os efeitos de seus diferentes graus
podem ser visualizadas no gráfico que segue:
Essa abordagem é mais adequada do que tratar a organização como totalmente
burocrática ou não-burocrática. Uma organização pode, por exemplo, ser muito burocrática
quanto ao conjunto de regras e regulamentos ao mesmo tempo em que está escassamente
burocratizada quanto à sua divisão do trabalho.
Atualmente, admite-se que a escassez ou ausência (ou mesmo o excesso) de
aspectos referentes a quaisquer dimensões da burocracia não significa necessariamente os
aspectos negativos relacionados na tabela acima. Desse modo, o nível mínimo de Hierarquia
(que corresponde à falta de autoridade) pode também significar um grau de trabalho em equipe
e senso de cooperação muito elevado. Um mínimo de Regras e Regulamentos não significa
somente liberdade excessiva, mas pode também representar equipes de trabalho altamente
auto-organizadas, onde cada indivíduo tem um grau de liberdade muito elevado para inovar e
deixar fluir a criatividade. 
Além disso, uma organização pode apresentar diferentes níveis de uma mesma
dimensão de acordo com a área (ou unidade departamental) que a forma. Por exemplo,
equipes referentes à produção podem precisar trabalhar com metas, disciplina e regras rígidas
e elevado grau de especialização, enquanto equipes referentes à criação de novos produtos
podem trabalhar com maior liberdade e sem tantas regras, tendo em vista que a criatividade
nesse tipo de atividade é fundamental.
“(...) Parece um paradoxo, mas as empresas excelentes utilizam controles
apertados e severos em algumas áreas (para assegurar os valores íntimos da
firma) e controles frouxos e soltos em outras (as pessoas são livres para
experimentar, tentar, errar, inovar e assumir riscos). Mantém seu código de ética
mas permitem que os funcionários possam ajudar a organização a atingir melhor
os seus objetivos.” (Introdução a TGA – Idalberto Chiavenato, 7ªed. p. 579)
9
Apreciação Crítica da Teoria da Burocracia
Uma cuidadosa apreciação crítica da burocracia leva-nos à conclusão de que apesar
de todas as suas limitações e restrições, é talvez uma das melhores alternativas de
organização, superior a várias alternativas tentadas no decorrer do século XX.
Excesso de formalismo da burocracia
Para Katz e Kahn o sistema burocrático consegue sobrevivência e eficiência quando:
� As tarefas individuais são mínimas em requisitos criativos, de modo que basta a
submissão à autoridade legítima e não há necessidade de identificação com metas
organizacionais;
� As exigências do ambiente sobre a organização são óbvias, de modo que a informação
é redundante e pode ser esbanjada, e a organização não precisa utilizar todos os
processadores de informações entre seus membros;
� A rapidez na tomada de decisão é importante e cada pessoa envolvida no processo
significa cursos e riscos organizacionais;
� A organização se aproxima do sistema fechado com requisitos mínimos de mudança do
meio.
Já para Perrow, a burocratização envolve:
� Especialização;
� Necessidades de controlar as influências dos fatores externos sobre os componentes
internos da organização;
� Um ambiente externo imutável e estável.
Mecanicismo e as limitações da “teoria da máquina”
A Teoria Tradicional – cujos três modelos clássicos são os de Taylor (Administração
Científica), Fayol (Teoria Clássica) e de Weber (Modelo Burocrático) – focalizou estruturas
internas, abordando os problemas organizacionais em termos de sistemas fechados. O termo
“teoria da máquina” (proposto por Worthy em 1950) é aplicável aos três modelos que abordam
a organização, embora constituída por pessoas, como uma máquina construída para cumprir
uma tarefa. As principais características da teoria da máquina são:
� Especialização das tarefas;
� Padronização do desempenho da função;
� Unidade de comando e centralização da tomada de decisão;
� Uniformidade de práticas institucionalizadas, além da padronização das tarefas;
� Não duplicação de função a fim de se garantir a centralização.
A teoria da máquina em decorrência desses aspectos apresenta como fraquezas a pouca
importância e limitado intercâmbio com o ambiente (as entradas são apenas matérias
primas e mão de obra, e as saídas são apenas o produto físico da organização); pouca
atenção aos subsistemas organizacionais; negligência quanto à organização informal e
concepção estática da organização.
Conservantismo da burocracia
Diz respeito ás características da burocracia que levam a um modelo rígido e estático,
onde não se considera o desenvolvimento das pessoas e não se adapta facilmente às
mudanças do ambiente externo.
Para sobreviver, a organização burocrática deve cumprir também tarefas secundárias,
como:
� Integrar o lado humano da empresa (organização informal), buscando a reciprocidade entre
organização e indivíduos;
� Adaptar-se continuamente ao ambiente externo (adaptabilidade).
O caminho moderno consiste em utilizar o modelo burocrático de Weber como ponto
de partida, mas reconhecendo suas limitações. O ponto de vista que prevalece é:
� A forma burocrática é mais apropriada para atividades rotineiras e repetitivas da organização
em que a eficiência e a produtividade constituem o objetivo mais importante;
� A forma burocrática não é adequada às organizações flexíveis que se vêem à frente de
atividades não rotineiras, em que a criatividade e a inovação são mais importantes.
10
Abordagem de sistema fechado
As organizações complexas podem ser classificadas como dois modelos
fundamentais:
� O modelo “racional” de organização: sistema fechado, busca a certeza e a previsão exata;
� O modelo “natural” de organização: sistema aberto, busca lidar da melhor forma possível
com a incerteza, tendo em vista que o sistema contém mais variáveis do que somos capazes
de compreender.
A burocracia, bem como os demais modelos clássicos, consideram a empresa como o
modelo racional.
Abordagem descritiva e explicativa
As teorias existentes até então (Administração Científica, Teoria Clássica e das
Relações Humanas), foram prescritivas e normativas: estavam voltadas para estabelecer
receituários pelos quais o administrador deve lidar com as organizações.
A Teoria da Burocracia não tem essa preocupação: sua preocupação é descrever,
analisar e explicar as organizações, afim de que o administrador escolha a maneira apropriada
de lidar com elas, levando em conta sua natureza, tarefas, participantes, problemas, situação,
etc., aspectos que variam intensamente. A Teoria da Burocracia se caracteriza por uma
abordagem descritivae explicativa, trazendo como vantagens o conhecimento profundo
sobre o objeto de estudo e versatilidade na solução dos problemas.
Posição da Teoria da Burocracia na Teoria das Organizações
O modelo burocrático constitui um terceiro pilar na Teoria Tradicional da Organização.
Comparando a teoria de Weber com a de Taylor e Fayol, conclui-se:
� Taylor procurava meios e métodos científicos para realizar o trabalho rotineiro das
organizações. Sua contribuição foi para a gerência.
� Fayol estudava as funções de direção. Sua contribuição foi para a direção.
� Weber preocupava-se com as características da burocracia. Sua contribuição foi para a
organização, considerada como um todo.
Todos os três se preocuparam com os componentes estruturais da organização.
Fonte: CHIAVENATO, Idalberto. Introdução à Teoria Geral da Administração. 7. ed. RJ : Elsevier, 2003. 
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