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NEOPLASIA PULMONAR SBCMC III - 2021.1 Cirurgia Torácica Dr. Fabio Hasimoto EPIDEMIOLOGIA ● É o 2º câncer mais comum, tanto em homens quanto em mulheres - perde apenas para o CA de próstata e de mama em homens e mulheres, respectivamente. ● É o câncer que mais mata, tanto nos homens quanto nas mulheres. FATORES DE RISCO Tabagismo: ● No cigarro existem mais de 4 mil substâncias, entre as quais 50 são cancerígenas ● 90% dos casos de CA de pulmão têm relação com o tabagismo - é o fator mais importante ● O tabagismo passivo também constitui um fator de risco importante: mulheres casadas com homens fumantes, apresentam um risco de 30% maior para CA de pulmão ● Carga Tabágica⇒ nº de maços por dia X tempo de tabagismo Fatores Genéticos: ● Estão presentes em 10% dos casos. ● Mutação principalmente dos genes EGFR e ALK. ● Geralmente ocorrem em mulheres não fumantes. ● O tipo mais comum associado a essas mutações é o adenocarcinoma. Outros: ● Poluição atmosférica - principalmente poluentes da queima de combustíveis fósseis ● Pneumoconioses - asbestose e silicose ● Doenças pulmonares intersticiais ● DPOC e asma CLASSIFICAÇÃO HISTOLÓGICA A OMS classifica o CA de pulmão em 20 tipos, sendo que os 05 tipos mais comuns são divididos em 02 grandes grupos, que se diferem quanto ao estadiamento e o tratamento. CA de não-pequenas células: ● Adenocarcinomas ● Carcinoma de células escamosas (CEC) ● Carcinoma de grandes células ● Carcinomas neuroendócrinos (típicos e atípicos) CA de pequenas células: ● Carcinoma de pequenas células. CA DE PEQUENAS CÉLULAS Engloba exclusivamente o CA de pequenas células. Estadiamento: ● Doença confinada/localizada ● Doença extensa Tratamento: ● Radioterapia e/ou ● Quimioterapia CARCINOMA DE NÃO PEQUENAS CÉLULAS ! A minoria dos pacientes, no momento do diagnóstico possuem indicação de cirurgia, isso porque já se encontram em um estágio mais avançado da doença. ● Apenas 20% dos pacientes possuem doença localizada com indicação cirúrgica curativa. Adenocarcinoma: ● É o tipo mais comum de CA de pulmão ● Representa em torno de 40-45% dos casos ● Forma mais comum de apresentação: nódulo ou massa periférica (75%) ● Microscopia: formações glandulares com produção de mucina ● É o tipo mais comum associado às mutações dos genes EGFR e ALK Carcinomas Espinocelulares (CEC): ● Representam em torno de 30% dos casos ● Mais relacionados com o tabagismo ● Estão localizados mais ao centro (isso possui relação com a fumaça do cigarro) ● 20% das lesões sofrem cavitação ! Carcinoma de Grandes Células: ● Representa cerca de 10% dos casos ● São tumores bastante agressivos e pouco diferenciados ● Geralmente o diagnóstico é feito por exclusão. ● Apresentação: nódulo periférico + adenomegalia mediastinal ● Em alguns casos podem secretar hormônios (tumores neuroendócrinos), produzindo as síndromes paraneoplásicas. QUADRO CLÍNICO ● O grande problema do CA de pulmão é que os pacientes geralmente são assintomáticos: o parênquima pulmonar não apresenta inervação sensitiva, então o paciente não sente dor - quando começa a apresentar sintomas, é porque o tumor já está bastante aumentado. ● Quando presentes, os sintomas são bastante inespecíficos e se dividem em dois grupos principais: os sintomas relacionados com o crescimento local do tumor e os sintomas relacionados à invasão de estruturas vizinhas Sintomas relacionados com o crescimento local do tumor: ● Tosse (75%) - irritação tanto da mucosa traqueal, quanto da mucosa brônquica ● Hemoptise (57%.) ● Dispnéia - principalmente quando ocorre obstrução brônquica/traqueal. ● Sibilos - obstrução tumoral/compressão extrínseca ○ Deve desconfiar principalmente em pacientes com idade mais avançada, que apresentam sibilos localizados. ○ O paciente não tem histórico de asma e nem de bronquite, mas ao exame físico apresenta sibilos. ● Febre: ocorre devido a um quadro infeccioso secundário (pneumonia obstrutiva) – o tumor pode ocluir o brônquio e o paciente não consegue limpar toda a secreção, consequentemente evolui para uma pneumonia obstrutiva. ● Pode apresentar atelectasia por obstrução total do brônquio. Sintomas relacionados com a invasão de estruturas vizinhas: nervo frênico, nervo laríngeo-recorrente, plexo braquial, gânglio estrelado, grandes vasos, esôfago e traqueia, pericárdio, ducto torácico e parede torácica. ● Invasão da parede torácica → dor torácica ● Invasão do nervo laríngeo-recorrente → rouquidão (+ comum no lobo superior esquerdo) ● Invasão da veia cava superior → sd. da veia cava superior SÍNDROME DA VEIA CAVA SUPERIOR Ocorre devido à compressão ou invasão da veia cava superior pelo tumor. Quadro Clínico: ● Edema de membros superiores e facial, pletora facial e de pescoço. ● Dilatação das veias do pescoço, parede anterior do tórax e membros superiores. Neoplasias mais associadas: ● CA de pequenas células (40%) ● Carcinoma espinocelular TUMOR DE PANCOAST São tumores que acometem o ápice pulmonar, onde passa o plexo braquial e o gânglio estrelado. Compressão do plexo braquial: ● Dor nos ombros ● Dor no membro superior Compressão do gânglio estrelado - Sd. de Horner: ! ● Ptosis = ptose ● Anhydrosis = anidrose (ausência de suor ipsilateral ao tumor) ● Miosis = miose. ● Enophtamos = enoftalmia. ● Loss of ciliospinary reflex = perda de reflexo cilioespinhal LOCAIS MAIS COMUNS DE METÁSTASES HEMATOGÊNICAS ! 1. Cérebro 2. Ossos 3. Fígado 4. Gl. Adrenais DIAGNÓSTICO Quais exames solicitar diante da suspeita? Radiografia de Tórax: ● É o primeiro exame solicitado no paciente com suspeita de CA de pulmão ● Falso-negativo ocorre em 80% dos pacientes, porque o RX não detecta nódulos < 2cm Tomografia de Tórax: ● É o exame padrão-ouro no diagnóstico de CA de pulmão ● Vantagens: além de visualizar as características da lesão primária, nos permite avaliar a invasão de estruturas adjacentes, a presença de linfonodos mediastinais e as metástases à distância. TC por Emissão de Pósitrons (PET-TC): ● É utilizado glicose marcada (chamada PET-FDG), a qual se acumula nas regiões de maior metabolismo - tumores têm alto metabolismo, portanto, o marcador fica bem concentrado, fazendo uma marcação do tumor. ● Desvantagem: não consegue avaliar o cérebro, pois é uma área de muito metabolismo. ● Estadiamento mediastinal: ○ Negativo → exclui a doença ○ Positivo → biópsia CONFIRMAÇÃO DO DIAGNÓSTICO Encontrada uma lesão sugestiva do CA de pulmão nos exames de imagem, a gente precisa biopsiar, mas como??? Broncoscopia: ● É o método mais utilizado para as lesões centrais ● Permite a visualização da lesão quando há acometimento endobrônquico devido às compressões extrínsecas. ● Vantagem: possibilita biópsia endobrônquica, transbronquica, lavado broncoalveolar e escovado. Biópsia Transparietal: ● É utilizado para lesões mais periféricas. ● Tem que ser guiada por TC ou USG. ● Possui sensibilidade de 90% e especificidade de 98% para nódulos > 2 cm. AVALIAÇÃO DOS LINFONODOS MEDIASTINAIS Todo paciente que apresentar um linfonodo mediastinal > 1 cm e/ou 1,5cm subcarinal (tomografia) e/ou captação no PET, deve ser considerado radiologicamente positivo → biópsia. Biópsia de Linfonodos - Métodos: ● Mediastinoscopia: ○ É um procedimento invasivo - é feita uma incisão na região do pescoço seguida de dissecação pela região anterior, o que permite a realização da biópsia dos linfonodos ○ É utilizada para diagnóstico e estadiamento mediastinal ● EBUS/EUS: ○ Ultrassom endobrônquico/endoscópico. ○ Faz-se uma punção que atravessa a parede traqueal, brônquica ou esofágica e permite a coleta de material do linfonodo. ESTADIAMENTO TNM !!!!!!! T → Tumor/Tamanho: ● T1 = tumores de até 03 cm ○ T1a: até 02 cm ○ T1b: entre 02 e 03 cm ● T2 = tumores com tamanho entre 03 e 07 cm ○ T2a: entre 03 e 05 cm ○ T2b: entre 05 e 07 cm ○ Também são considerados T2: ■ Invasão da pleura visceral ■ Lesão em vias aéreas com distância > 2cm da carina ■ Atelectasia ou pneumonia obstrutiva que não envolve todo o pulmão ● T3 = tumores com tamanho maior do que 07 cm ○ Tambémsão considerados T3: ■ Tumores que invadem estruturas irresecáveis - pleura mediastinal, parede torácica, pericárdio, seio costofrênico e/ou diafragma ■ Tumores que invadem via aérea < 2cm da carina ■ Tumores que causam atelectasia ou pneumonia obstrutiva que acomete todo pulmão ■ Tumores com nódulo satélite no mesmo lobo. ● T4: tumores que invadem regiões irressecáveis (mediastino, coração, grandes vasos, traqueia, nervo laríngeo-recorrente, esôfago, corpo vertebral, carina) ou com nódulo em lobo ipsilateral. N → Linfonodos Mediastinais: ● N0: nenhuma metástase linfonodal. ● N1: metástase para linfonodo hilar ou pulmonar. ● N2: metástase para linfonodo mediastinal ipsilateral ou subcarinal ● N3: metástase para linfonodo mediastinal contralateral, hilar contralateral, escaleno ou supraclavicular ipsilateral ou contralateral. M → Metástases: ● M0: ausência de metástase à distância. ● M1a: derrame pleural ou pericárdico maligno, ou nódulos pleurais ou pericárdicos malignos, ou nódulos satélites no pulmão contralateral. ● M1b: metástases à distâncias Obs: a partir de N2 e/ou M positivo, não há mais indicação de ressecção cirúrgica !!! TRATAMENTO CIRÚRGICO A ressecção cirúrgico é o único método curativo para o CA de pulmão Indicação: ● Tumores confinados ao pulmão, sem linfonodos mediastinais comprometidos ● Ausência de metástases ○ Então não operamos: N2, N3, M1a e M1b Objetivos: ● Ressecção completa com margens livres (macro e microscópicas) ● Ressecção em bloco de estruturas comprometidas (ex: parede torácica) ● Linfadenectomia mediastinal (sempre) Métodos: podem ser por videotoracoscopia (preferencialmente) ou toracotomia ● Lobectomia + Linfadenectomia: padrão-ouro ● Bilobectomia ● Pneumonectomia TRATAMENTO X ESTADIAMENTO !!! Estádio IA e IB: até 05 cm sem comprometimento linfonodal - T1aN0 ou T1bN0 ou T2aN0 ● Ressecção cirúrgica por lobectomia + linfadenectomia. ● Não realizar QT ou RT. Estádio IIA e IIB: até 07 cm com N1 positivo - T2bN0 ou T1N1 ou T2aN1 ou T2bN1 ou T3N0. ● Ressecção cirúrgica por lobectomia + linfadenectomia. ● Só indica QT (platina) se for N1. Estádio IIIA: ● Não-N2 (N0 ou N1) → cirurgia se possível (não pode invadir estruturas irresecáveis) ● N1: QT com platina. ● N2: QT e RT. Estádio IIIB: pacientes N2 e N3 ● Não é recomendada ressecção cirúrgica ● QT e RT Estádio IV: metástases intratorácicas (pleura ou pericárdio) ou à distância - M1 positivo ● São pacientes com metástase, no geral, não operamos ● Exceção: pacientes com até 3 metástases cerebrais ou 1 metástase adrenal + tumor primário controlado ou controlável → o tratamento cirúrgico pode ser recomendado ● QT com 2 drogas Resuminho: Obs: o principal definidor do tratamento cirúrgico no CA de pulmão (CPNPC) são os linfonodos mediastinais.
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