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A DM é definida quando os níveis de glicose sanguínea ficam em níveis considerados perigosos de forma crônica (ou seja, aumentam o risco cardiovascular e de doenças secundárias a hiperglicemia) Etiopatogenia Na DM2 o que justifica a hiperglicemia é: 1- resistência a insulina 2- déficit secretório das células beta Primeiro teremos a resistência a insulina que fará com que as células beta pancreáticas trabalhem em excesso, até o surgimento de uma exaustão secretória. O resultado desse processo é o hipoinsulinismo. O mecanismo que leva a resistência insulínica ainda não foi completamente elucidado, mas sabemos que os tecidos passam a responder mal a insulina (com uma menor captação da glicose circulante). Há uma menor incorporação dos canais GLUT 4 nos tecidos resultando em menor entrada de glicose. Também parece haver um defeito na síntese do glicogênio. Existem influências genéticas e ambientais que contribuem para o aparecimento da DM2. Indivíduos geneticamente propensos quando expostos a obesidade e inatividade física tem maior chance de desenvolver DM (quanto mais obeso e sedentário for o paciente, mais rapidamente o DM2 se instala e evolui). Quadro Clínico A DM2 pode levar anos para ser descoberta, pois a maioria dos paciente apresentam-se de forma assintomática. Não é raro descobrir a DM após a lesão de algum órgão alvo (Neuropatias, problemas de visão, nefropatia .....) Tipicamente o paciente com DM2 é adulto (acima dos 45 anos), obeso, sedentário e possui outros fatores de risco cardiovascular SINTOMAS: “Polis” :Poliuria. Polidipsia, Polifagia são os sintomas principais e também os sintomas que alertam o paciente de uma crise Um importante sinal clínico é a acantose nigricans Outros sintomas põem incluir: perda de peso, tontura, mal-estar, dornas pernas, impotência... Diagnóstico Glicemia de Jejum TOTG após 2h HbA1c Observações Normoglicemia < 100 < 140 < 5,7 Segundo a OMS emprega o ponto de corte 110 mg/dl da glicose em jejum “Pré DM” ou Risco aumentado Entre 100 e 125 Entre 140 e 200 Entre 5,7 e 6,5 Positividade em QUALQUER um dos parâmetros confirma risco aumentado de DM DM estabelecida > 125 > 200 > 6,5 Positividade em QUALQUER um dos parâmetros confirma o diagnóstico de DM Fatores de risco para DM2 Idade > 45 Estado de “Pré Diabete” Obesidade HAS Sedentarismo HDL < 35 Parente de 1º grau acometido Triglicerídeos > 250 Etnia (negros, latinos, indígenas, ilhas do pacífico) Histórico de doença cardiovascular História de Diabetes Gestacional Acantose nigricans Neonato > 4kg SOP Para chegar ao diagnóstico de diabetes é necessário ao menos 2 glicemias de jejum alteradas OU 1 glicemia de jejum + 1 Hb1Ac alteradas. Ou Glicemia aleatória > 200 mg/dl +sintomas de hiperglicemia ('polis') Caso dois testes diferentes tenham sido solicitados ao mesmo tempo, e ambos sejam concordantes para o diagnóstico de diabetes, nenhum exame adicional é necessário. Por outro lado, se os testes forem discordantes, aquele que estiver alterado deverá ser repelido para confirmação ou não do diagnóstico. Em pacientes jovens é recomendado solicitar: peptídeo C + 1 dos anticorpos (Anti-ICA, anti-ilhota. Anti- IAA ou anti-insulina ) para confirmar/descartar DM tipo 1. Rastreio As atuais indicações de rastreio do DM 2 em pacientes assintomáticos são: (1) Sobrepeso (IMC >25 ) + pelo menos um dos fatores de risco de DM 2. (2) Qualquer adulto com > 45 anos de idade. Todos os exames diagnóstico podem ser utilizados para rastreio. Caso seus valores estejam normais eles podem ser repetidos a cada 3 anos (ou a depender da avaliação do médico) . Casos os valores sejam limítrofes cabe ao médico decidir de quanto em quanto tempo é necessário repetir os exames. Tratamento Um dos maiores riscos para o paciente com DM2 é a aterosclerose, portanto o tratamento se baseia no controle dos fatores de risco para aterosclerose e outras complicações cardiovasculares + controle glicêmico Tratamento não medicamentoso Dieta e Exercício Físico A dieta no tratamento da DM2 tem como objetivo manter o IMC entre 20-25 kg/m2 (pois a melhora da obesidade está relacionada com menor resistência à insulina, bem como à maior capacidade das ilhotas de secretar insulina). A resposta terapêutica à redução de peso depende da glicemia de jejum prévia e da quantidade de peso perdida. Um estudo mostrou que a normalização da glicemia ocorreu com a perda de 1O kg em pacientes com a glicemia prévia entre 110-145 mg/ dl e com a perda de 22 kg quando a glicemia prévia estava entre 216-252 mg/dl. A dieta para perda de peso deve levar em consideração aspectos individuais, para que o paciente perca peso sem trazer riscos para sua saúde. O Exercício físico na DM está relacionado com uma melhora da glicemia, melhora da obesidade, melhora da HAS e redução do risco cardiovascular. Um exercício aeróbico (ex.: caminhada) por 30 min diários pelo menos 5 vezes por semana é o mais apropriado. Tratamento Farmacológico Biguanidas A metformina é a única Biguanida aprovada para uso clínico Sua ação ocorre através de três mecanismos básicos: (1) inibição da gliconeogênese hepática, principal responsável pela hiperglicemia de jejum, o que contribui para 75% de sua ação hipoglicemiante; (2) melhora da sensibilidade dos tecidos periféricos à insulina (contribuindo para queda da insulinemia); e (3) redução do turnover de glicose no leito esplâncnico. Metformina 500 ou 850mg (1 comprimido 1, 2 ou 3x/dia) A metformina deve ser iniciada juntamente com as modificações do estilo de vida (dieta + exercício físico) para todos os pacientes DM 2 que não apresentem contraindicações. A glicemia geralmente se reduz em tomo de 20% com o tratamento isolado. Pelo fato de não aumentar a liberação de insulina quando usada em monoterapia não aumenta os riscos de hipoglicemia Além de seu efeito antidiabético a metformina ainda possui um efeito anorexígeno, reduz os triglicérides, diminui efeitos plasmáticos do inibidor do ativador do plasminogênio (substância com efeito pró-trombótico). Efeitos adversos: no início da terapia pode cursar com sintomas gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia, anorexia) que geralmente desaparecem com a manutenção da droga. reduz a absorção da vitamina B 12 no íleo distal, Deve sempre ser administrada junto com a alimentação que retarda a absorção da droga, reduzindo os eleitos gastrointestinais. Contraindicações: Pacientes com insuficiência renal, hepatopatia com transaminases 3x acima do valor de referência, durante estresse agudo (cirurgias) e deve ser administrada com cuidado em indivíduos acima de 80 anos. Deve ser suspensa 2 dias antes de qualquer exame radiológico com contraste. Sulfonilureias Estimulam diretamente a secreção basal de insulina pelas células beta pancreáticas, pelo bloqueio de canais de K dependentes de ATP. Necessitam de células beta funcionantes para sua ação, uma vez que estimulam apenas a liberação da insulina formada, mas não sua síntese. São as drogas de escolha em pacientes com DM tipo 2 não obesos com glicemia de jejum entre 160-270mg/dl. Todas as Sulfonilureias reduzem geralmente a glicemia em 20%. O aumento da secreção de insulina pode provocar um aumento do peso do paciente, além de aumentar o risco de hipoglicemia. Estudos apontam que esses fármacos reduziram significativamente a incidência das complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia, neuropatia) no DM 2, porém, não houve queda significativa nas complicações macrovasculares (AVE, IAM). Clorpropamida 125-500mg (em 1 tomada) Glicazida 30-120mg (em 1 tomada) Glibenclamida 2,5-20mg (em 1 ou 2 tomadas) Glimeprida 1-8mg (em 1 tomada) A falência primária (ausência de resposta) ocorre em 7% dos casos, já a falência secundária (perda da resposta, após resposta inicial satisfatória) ocorre na taxade 5-7% ao ano. Efeitos adversos: Hipoglicemia (o mais temido- às vezes grave e fatal, especialmente nos idosos, alcoólatras, desnutridos, nefropatas, hepatopatas), A Clorpropamida está relacionada a um efeito hipoglicemiante mais intenso e também a outros efeitos adversos específicos: efeito díssulfiram (intoxicação por acetaldeido após ingestão alcoólica: rubor facial. sudorese, náuseas) e hiponatremia. Além de apresentar um ligeiro aumento na PA. O uso de Sulfonilureias em associação com certas drogas, como sulfonamidas e AINEs, pode aumentar as chances de hipoglicemia. Glitazonas Sensibilizadores periféricos de insulina. Sua ação é análoga a da metformina, isto é, aumentam o efeito periférico da insulina, porém, agem muito mais no estímulo à captação de glicose pelo músculo esquelético. O mecanismo de ação é o aumento da expressão dos receptores periféricos de insulina, secundário ao estímulo de um fator de transcrição presente no núcleo da célula (o PPAR-gama). A Pioglitazona também aumenta a expressão de adiponectina, uma substância produzida pelos adipócitos que teria efeito protetor cardiovascular. Pioglitazona 15-45mg em 1 tomada A Pioglitazona pode ser benéfica no controle glicêmico em monoterapia ou quando associada à metformina, às Sulfonilureias ou à insulinoterapia. Porém, demora algumas semanas para fazer efeito. Embora seja uma droga bem tolerada, ela é mais cara. Ela reduz os níveis de triglicerídeos e aumenta os de HDL. Efeitos adversos: O efeito mais comum é o aumento de peso (2-3kg) e edema em 5% dos casos (que pode descompensar a ICC). Portanto deve ser usada com cautela em pacientes com ICC classe I ou II e evitada na classe III e IV . Também pode ocorrer anemia dilucional, cefaleia e infecções do trato respiratório superior. Recomenda-se a dosagem das transaminases hepáticas antes do início do tratamento com glitazona e a intervalos de 2/2 meses durante o primeiro ano e depois, periodicamente; deve-se suspender o tratamento se as transaminases ficarem > 3 vezes o valor normal. A Pioglitazona tem interação medicamentosa com anticoncepcionais orais, digoxina, ranitidina, Nifedipina... pode ser necessário aumentar a dose desses fármacos na vigência do uso de Pioglitazona. Inibidores da Alfaglicosidase Inibem a ação das enzimas digestivas do tipo Alfaglicosidase presentes na borda em escova dos enterócitos, que clivam polissacarídeos complexos (como o amido) em monossacarídeos (como a glicose). Acarbose e voglibose também inibem a alfa- amilase pancreática. Com isso. lentificam a absorção intestinal. de glicose, fazendo reduzir a glicemia pós-prandial. Outro benefício é a melhora da relação LDL/HDL (o que diminui os riscos cardiovasculares). São excelentes drogas para os diabéticos com glicemia de jejum normal, porém com hiperglicemia pós-prandial documentada. São uma alternativa para aqueles com glicemia de jejum entre 110-140 mg/dl. Pode ainda ser usada nos pacientes com síndrome de dumping ou hipoglicemia reativa idiopática presente em individuas submetidos à gastrectomia. Acarbose 150-300 mg em 3 tomadas (após as refeições) Efeitos adversos: Aumento das flatulências em 30% dos casos além de desconforto abdominal, meteorismo e diarreia, eventualmente suficiente para levar à suspensão da terapia. Contraindicações: pacientes com doença inflamatória intestinal No caso de hipoglicemia em indivíduos que usam Acarbose, deve-se administrar glicose oral, que não sofre alteração da absorção intestinal. Glinidas Agem através de mecanismo semelhante ao das Sulfonilureias, porém, em receptores de membrana diferentes. Assim, aumentam a secreção de insulina pancreática. Apresentam uma meia-vida bastante curta, por isso são utilizadas antes das refeições para o controle da glicemia pós-prandial. Repaglinida 1-4 mg em 3 tomadas (após as refeições) Nateglinda 120 mg em 3 tomadas (após as refeições) Inibidores da DPP4 Agem através da inibição seletiva da DPP-4, uma enzima que inativa o GLP-1 (glucagon-like peptide I) e o GIP (glucose- dependeut insulinotropic polypeptide). Vildagliptina 100mg em 1 tomada Sitagliptina 100 mg em 1 tomada Saxagliptina 5mg/dia Efeitos Adversos: nasofaringite, cefaleia, tontura e diarreia. Análogos do GLP1 O GLP- I é um hormônio liberado pelas células enteroendócrinas localizadas no íleo e no cólon, que estimula a secreção de insulina de maneira glicose-dependente, inibe a secreção de glucagon e o débito hepático de glicose, retarda o esvaziamento gástrico, induz saciedade, reduz o apetite e propicia perda ponderai; Exenatide 5 mcg/dia subcutânea (posterior aumento para 10 mcg/dia SC) Liraglutida 1,2-1,8 mg SC 1x/dia Efeitos Adversos: Náusea (30 a 50% dos pacientes), sendo que em 5% dos casos é a causa de interrupção do tratamento. Diarreia e vômitos também podem acontecer. Um efeito adverso temido é a pancreatite aguda. Inibidores do SGLT-2 O SGLT-2 (Co1ransponador de Sódio e Glicose) é um cana l presente na membrana apical das células do túbulo proximal do néfron responsável pela reabsorção de cerca de 90% da glicose. Essas drogas bloqueiam esse canal aumentando a perda urinária de glicose. Exercendo um pequeno efeito hipoglicemiante e é capaz de reduzir peso e a PA. Como a inda não existem dados acerca da segurança dessas drogas em longo prazo, seu uso é considerado de "terceira linha" , isto é, após falência da terapia antidiabética com duas drogas orais associadas. Dapagliflozina 10mg em 1 tomada Canagliflozina 100-300 mg em 1 tomada Empagliflozina 10-25 mg em 1 tomada Efeitos adversos: maior incidência de infecção urinária e candidíase vaginal Insulinoterapia Nestes casos, devemos adicionar uma dose de insulina NPH ou uma insulina de ação prolongada (glargina ou detemir) à terapia oral prévia . No caso da NPH, utiliza-se uma aplicação noturna, antes de dormir, começando com 10 UI SC. No caso da insulina glargina ou detemir, podemos administrar a dose pela manhã. Os pacientes em fase avançada do DM tipo 2 precisam de múltiplas aplicações diárias de insulina, aproximando-se do tratamento do DM tipo I
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