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CURRÍCULOS E PROGRAMAS CURRÍCULOS E PROGRAMAS Apresentação Prezado(a) aluno(a), atualmente não é possível pensar em educação sem considerar a importância do currículo para a efetivação do processo educativo. Uma definição bastante simplista de currículo é que ele consiste na organização do conhecimento escolar. Essa definição não se resume, porém, aos conteúdos programáticos. De acordo com Veiga (2005. p. 7): Currículo é uma construção social do conhecimento, pressupondo a sistematização dos meios para que esta construção se efetive; a transmissão dos conhecimentos historicamente produzidos e as formas de assimilá-los, portanto, produção, transmissão e assimilação são processos que compõem uma metodologia de construção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currículo propriamente dito. Assim, podemos dizer que o currículo é uma parte importante da organização escolar e faz parte do Projeto Político-Pedagógico de cada escola, devendo ser construído coletivamente, com base na necessidade de cada grupo. No entanto, nem sempre foi assim. Ao longo da história, principalmente a partir do início da escolarização em massa, o currículo foi moldado e modificado de acordo com as diversas visões políticas e sociais. Ainda hoje, o currículo se encontra em constante construção. Diante disso, convido você a conhecer um pouco mais sobre o contexto histórico que envolve o currículo, bem como suas principais teorias, os principais teóricos, suas dimensões e seus contextos. Para tornar sua nova trajetória mais proveitosa, não se esqueça de realizar as atividades propostas paralelamente a este material. Preparado(a)? Então, bons estudos! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Introdução O currículo Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) à primeira unidade. Nela, você aprenderá sobre o conceito de currículo e entenderá quais são seus objetivos educacionais. Conhecerá, ainda, quais são seus fundamentos históricos e epistemológicos, a fim de que possa perceber a importância deles no desenvolvimento e avanço da educação. É difícil escolher entre as múltiplas definições possíveis para o currículo. Dessa forma, apresentaremos, ao longo do texto, alguns conceitos relacionados ao currículo e que o influenciam fortemente para que, ao longo da aprendizagem, possamos juntos conceituar algo tão abrangente e mutável como o currículo escolar. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Conceito e objetivos Curriculum, do latim currere, significa curso, caminho. Dessa forma, não há como definir currículo sem considerar seu caminho, ou seja, seu contexto histórico, uma vez que este está interligado ao processo de ensino-aprendizagem de um espaço-tempo, considerando (ou não) os sujeitos desse processo. Tais questões serão apresentadas de forma mais aprofundada ao longo das unidades que compõem este material, mas, a princípio, podemos dizer que o currículo passou por momentos em que consistia somente em uma lista de disciplinas e conteúdos a ser aplicada aos educandos, sendo, aos poucos, moldado para ajudar no desenvolvimento de um cidadão crítico e capaz de transformações sociais. Para isso, o currículo foi englobando, gradativamente, questões de classe, raça, gênero e religião. Ao longo desse processo, os sujeitos também foram ampliados – o que era inicialmente construído e imposto por um pequeno grupo de especialistas tomou uma dimensão tão abrangente que, atualmente, todos os envolvidos no processo educativo são agentes de transformação. As possibilidades existentes para a definição de um currículo escolar são inúmeras. Segundo Apple (1989), currículo é poder, ideologia e cultura. Essa definição pode ser facilmente visualizada se considerarmos que o currículo atual não só expressa características de um grupo culturalmente definido como também é influenciado por objetivos políticos. Nesse sentido, o poder está no equilíbrio dessas influências, para que todas as vertentes sejam analisadas e aplicadas no processo de experiência docente-discente, de forma que não sejam manifestados os interesses de um só grupo de forma impositiva – sobrepondo apenas uma cultura e uma ideologia não condizentes com os anseios dos educandos. PODER CULTURA IDEOLOGIA CURRÍCULOS E PROGRAMAS Para Moreira e Silva (2005, p. 8), currículo é: [...] um artefato social e cultural. Isso significa que ele é colocado na moldura mais ampla de suas determinações sociais, de sua história, de sua produção contextual. O currículo não é um elemento inocente e neutro de transmissão desinteressada do conhecimento social. O currículo está implicado em relações de poder, o currículo transmite visões sociais particulares e interessadas, o currículo produz identidades individuais e sociais particulares. O currículo não é um elemento transcendente e atemporal – ele tem uma história, vinculada a formas específicas e contingentes de organização da sociedade e da educação. Muitas outras definições poderiam ser apresentadas. No momento, vamos nos ater à tradução literal do termo currículo, citado no início desta unidade: caminho. As experiências vivenciadas no espaço escolar e a gestão de conhecimentos podem estar organizadas no currículo escolar ao se preocupar com “o que” e “como” ensinar. Ao pensar tanto nos conteúdos quanto nas formas de trabalho, a instituição de ensino personaliza e organiza o currículo à própria identidade, objetivando atender às expectativas e às demandas do meio sociocultural em que está inserida. Com esses passos bem definidos, o caminho está traçado e, assim, o “quando” e o “por que” avaliar passam a ser um meio que permite repensar os processos educacionais e reorganizá-los se necessário, uma vez que o currículo há de ser flexível. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Intimamente ligado ao Plano Político-Pedagógico (PPP) da instituição, o currículo viabiliza sua operacionalização apontando o curso a ser traçado no ambiente escolar de forma significativa e respeitando a individualidade dos educandos. Ao escolher o que será contemplado pelo currículo no ambiente educacional, deve-se considerar a formação de cidadãos que vivem no mundo globalizado, mas que também trazem em sua bagagem de vida os valores regionais. Caro(a) estudante, você chegou ao fim desta aula. Parabéns! Nela, você conheceu um pouco sobre a abrangência do currículo e entendeu quais são os elementos que devem ser considerados em sua construção. Talvez você ainda esteja se perguntando: o que é currículo afinal? Vamos explorar juntos esse percurso para compreender todos os fatores que impactam a definição desse conceito. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Introdução Currículo e suas dimensões Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade. Nela, você aprenderá sobre as diversas dimensões que envolvem a construção do currículo escolar, uma vez que este objetiva atender às necessidades de um grupo social inserido na instituição escolar e, portanto, não pode ser moldado fora dessa realidade. Muito além da definição de conhecimentos a serem apresentados, o currículo deve considerar contextos socioeconômicos, políticos e culturais, uma vez que o educando não vive na escola, mas, sim, em um mundo dinâmico, em constante transformação. Por isso, é preciso muito mais do que se adaptar a ele – é necessário que o aluno esteja preparado para exercer sua cidadania, com o intuito de melhorar seu entorno. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Demandas sociais, dimensões culturais e parâmetros para definições de conhecimentos Conforme ressaltado na unidade anterior, o currículo norteia o caminho a ser seguido para a consolidação do trabalho no ambiente escolar. Por isso, devemos considerar o contexto social em que a comunidade escolar está inserida. Mais do que isso: é preciso fazer uma leitura do modo de vida e dos aspectos que influenciam essa comunidade, sejam eles econômicos, sociais, políticos ouculturais. Atualmente, vivemos em um mundo globalizado e altamente tecnológico, que impacta diretamente o modo de vida da sociedade. As relações pessoais e de trabalho giram em torno dessa nova realidade e não há como pensar em um ensino que não prepare o aluno para essa dinâmica social. Embora ainda haja o engessamento de algumas práticas pedagógicas – que tentam moldar os educandos às velhas formas da educação tradicional e voltadas para o trabalho –, cabe a nós apontar que estas já não preparam mais o aluno para desenvolver seu papel de cidadão. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Novas descobertas e tecnologias e um novo olhar para os indivíduos, com suas particularidades e anseios, trazem à tona a necessidade de um currículo que acolha e contemple essas novas demandas. Assim, o pensamento pedagógico contemporâneo não pode se esquivar de uma reflexão sobre a questão da cultura e dos elementos culturais dos diferentes tipos de escolhas educativas, sob pena de cair na superficialidade (FORQUIN, 1993, p. 10). Diante disso, o aluno não precisa ser moldado, mas preparado para se adaptar às novas variáveis de forma crítica, como agente representante do mundo contemporâneo e capaz de transformá-lo de acordo com suas necessidades. Nesse contexto, é preciso considerar as dimensões que abrangem o currículo, para que seja ofertado um ensino significativo. Uma das dimensões curriculares refere-se ao que chamamos de currículo formal. Nele, estão inseridas as propostas curriculares sugeridas pelos governos federais, estaduais e municipais; ou seja, é o currículo estabelecido pelos sistemas de ensino e expresso em diretrizes curriculares, nos objetivos e nos conteúdos das áreas ou disciplinas de estudo. Pensado fora das especificidades de uma sala de aula, constitui-se de um conjunto de conhecimentos que a escola e o sistema de ensino julgam imprescindíveis para os educandos em determinada disciplina ou determinado ano escolar. Porém, para que o currículo não se resuma a listas de conteúdo, é preciso refletir sobre essas propostas educacionais, a fim de que ele não sirva como forma de imposição de ideologias representando uma minoria. O essencial é “saber quem escolhe os conteúdos, a favor de quem e de que estará o seu ensino, contra quem, a favor de que, contra que” (FREIRE, 1992, p. 110). As transposições feitas no decorrer da prática docente-discente, ou seja, a materialização do currículo por meio das práticas pedagógicas formam uma segunda dimensão curricular: o currículo real. Nesse contexto, é necessário um compromisso docente com a prática, que envolve a busca e o desejo de acertar, vislumbrando novas práticas, de forma a transformar aquilo que consta nos documentos em realidade contextualizada, para que o educando perceba sua importância no processo de construção do conhecimento, assim como sua aplicabilidade cotidiana. Diante disso, para a consolidação do currículo real, a função do professor torna-se tanto essencial quanto desafiadora, visto que “[...] formar é muito mais que puramente treinar o educando no desempenho de destrezas” (FREIRE, 1996, p. 15). CURRÍCULOS E PROGRAMAS Segundo Sacristán (1998 p. 138): […] o conjunto de tarefas de aprendizagem que os alunos/as realizam, das quais extraem a experiência educativa real, que podem ser analisadas nos cadernos e na interação da aula e que são, em parte, reguladas pelos planos ou programações dos professores (-as) – é o chamado currículo em ação. Este nível de avaliado, é o conteúdo real da prática educativa, porque é onde o saber e a cultura adquirem sentido na interação e no trabalho cotidianos. Existe, ainda, uma terceira dimensão a ser considerada, que chamamos de currículo oculto. Este, por sua vez, refere-se às influências que afetam a aprendizagem dos alunos e o trabalho dos professores, provenientes das experiências culturais, dos valores e dos significados trazidos de seu meio social de origem e vivenciados no ambiente escolar. A troca de experiências e de saberes é, por si só, rica em conhecimentos, embora estes não sejam formais. Esses saberes que não estão prescritos nas diretrizes curriculares acabam por afetar, positiva ou negativamente, o processo de aprendizagem escolar. Com isso, podemos dizer que o currículo é um guia flexível que deve ser construído levando-se em consideração uma ampla gama de fatores, para garantir que o educando tenha sua identidade respeitada ao longo do processo e possibilitar a ele analisar e inferir sobre o mundo em que vive, e não apenas reproduzir conceitos referentes às diversas disciplinas. O aluno foca em desenvolver competências e habilidades que vão gerar atitudes expressivas diante da dinâmica contemporânea. CURRÍCULOS E PROGRAMAS CURRÍCULO FORMAL CURRÍCULO OCULTO CURRÍCULO REAL Caro(a) estudante, você chegou ao fim desta aula. Parabéns! Nela, você conheceu um pouco sobre as dimensões e as demandas que devem ser consideradas para a construção de um currículo escolar, para que resulte em uma prática significativa. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Introdução CHA – Competências, Habilidades e Atitudes Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade. Nela, você aprenderá como se dá a construção de competências, habilidades e atitudes no ensino, que são importantes para que os educandos se preparem para lidar de forma assertiva e significativa na sociedade em que vivem. Nesse sentido, o papel da escola é, essencialmente, ser formadora de indivíduos críticos. Vamos conhecer um pouco sobre os pilares da educação e ver como eles podem mudar o foco do ensino: daquele baseado em conhecimento para um ensino em que há protagonismo por parte dos alunos, ou seja, que os prepare para a realidade fora do ambiente escolar. Perceberemos, assim, como o desenvolvimento de competências e habilidades pode levar a atitudes de transformação social. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Construção de competências, habilidades e atitudes Por muito tempo, o currículo a ser trabalhado pelas escolas vinha de fora e era bastante voltado para o conteúdo. Dessa forma, as práticas educativas não preparavam o educando para o mundo em que estava inserido, uma vez que não considerava o contexto a que a comunidade escolar pertencia. O mundo é dinâmico e muda constantemente. Atualmente, vivemos em um contexto globalizado e bastante tecnológico, em que o acesso à informação é mais fácil e não se encontra somente no espaço educativo. Diante disso, percebemos que o papel da escola precisa ir além do nível informativo: é preciso ser formativo! Ou seja, formar cidadãos críticos, preparados para lidar com as situações de seu cotidiano e capazes de resolver problemas reais. Dessa forma, é preciso que a escola quebre paradigmas e se relacione com as necessidades de uma modernidade globalizada. O caminho sugerido é a educação baseada em alguns pilares. Na Conferência Mundial de Educação para Todos, realizada na Tailândia em 1990, foram definidos quatro desses pilares, que deveriam ser a meta para o desenvolvimento educacional em todos os países signatários de seus documentos. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Os quatro pilares da educação – aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos – visam à preparação do educando para a educação ao longo de toda sua vida, uma vez que serão desenvolvidas competências e habilidades que os permitam atuar de forma significativa em sua realidade. Quando falamos de educação escolar, devemos considerar que o saber “não se entende apenas, é claro, um conjunto de enunciados donativos; a ele misturam-se as ideias de saber-fazer, de saber-viver, de saber-escutar etc.” (LYOTARD, 1986, p. 36). Um ensino baseado nesses quatro pilares – desenvolvendo competências, habilidades e atitudes – acaba por colocar os estudantes como protagonistas do processo de aprendizagem. Deforma bastante suscinta, podemos caracterizar cada um dos pilares da seguinte forma: 1. Aprender a conhecer: Delors (2001, p. 90) apresenta o aprender a conhecer “como um meio e como uma finalidade da vida humana”. O autor relaciona o desenvolvimento humano às necessidades básicas de aprendizagem, para que haja “uma participação ativa na sociedade” (DELORS, 2001, p. 90) e para continuar aprendendo. Relaciona-se diretamente com a busca pelo saber. 2. Aprender a fazer: podemos dizer que “aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis” (DELORS, 2001, p. 93). Esse pilar fundamenta-se na prática, ou seja, é como transpor o conhecido a algo realizável. Aprender a fazer faz com que o ser humano passe a saber lidar com as diversas situações em seu cotidiano. 3. Aprender a ser: esse pilar é pautado no dever da escola de promover o desenvolvimento total da pessoa e segue, da mesma forma, a reflexão desenvolvida com os outros pilares até aqui (SILVA, 2008). Deve-se investir no indivíduo de forma que “todos, sem exceção, façam frutificar os seus talentos e potencialidades criativas, o que implica, por parte de cada um, a capacidade de se responsabilizar pela realização do seu projeto pessoal” (DELORS, 2001, p. 16). 4. Aprender a viver juntos: deve-se preparar os educandos para “viver juntos desenvolvendo a compreensão do outro e a percepção das interdependências – realizar projetos comuns e preparar-se para gerir conflitos – no respeito pelos valores do pluralismo, da compreensão mútua e da paz” (DELORS, 2001, p. 102). CURRÍCULOS E PROGRAMAS EDUCAÇÃO APRENDER A CONHECER APRENDER A FAZER APRENDER A VIVER JUNTOS APRENDER A SER A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o mais recente referencial para a construção do currículo escolar, determina as aprendizagens essenciais para a formação dos alunos por meio de competências e habilidades. Ao adotar esse enfoque, a BNCC indica que as decisões pedagógicas devem estar orientadas para o desenvolvimento de competências por meio da indicação clara do que os alunos devem “saber” (considerando a constituição de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) (BRASIL, 2016, p. 13). Segundo o texto desse documento, competência é definida como a mobilização de conhecimentos (conceitos e procedimentos), habilidades (práticas, cognitivas e socioemocionais), atitudes e valores para resolver demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do mundo do trabalho. (BRASIL, 2016, p. 8). Por sua vez, as “habilidades expressam as aprendizagens essenciais que devem ser asseguradas aos alunos nos diferentes contextos escolares” (BRASIL, 2016, p. 29). Seria uma forma de garantir o desenvolvimento de competências específicas. Ao direcionar o foco do processo de ensino e aprendizagem para o desenvolvimento de habilidades e competências, devemos ressaltar que essas necessitam ser vistas, em si, como objetivos de ensino. Ou seja, é preciso que a escola inclua entre as suas responsabilidades a de ensinar a comparar, classificar, analisar, discutir, descrever, opinar, julgar, fazer generalizações, analogias, diagnósticos... Independentemente do que se esteja comparando, classificando ou assim por diante. (GARCIA, [20--], p. 3). CURRÍCULOS E PROGRAMAS O resultado do ensino nessa configuração são atitudes que resultam na integração dessas aprendizagens. As atitudes levam à autonomia e à emancipação do indivíduo, tornando-o capaz de inferir e transformar seu meio. Caro(a) estudante, você chegou ao fim desta aula, parabéns! Nela, você conheceu um pouco sobre competências, habilidades e atitudes que podem ser desenvolvidas quando o ensino é focado no desenvolvimento do aluno, e não apenas em conteúdos. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Introdução Conceitos e teorias I Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade. Nela, você aprenderá sobre as teorias tradicionais do currículo, seus pressupostos e suas características – teorias também conhecidas como teorias técnicas. Dentro do contexto histórico, como veremos a seguir, o currículo era uma atividade burocrática e baseava-se na concepção de que o aluno é exatamente o que essa palavra de origem latina significa: sem luz. Sendo assim, toda a fundamentação do currículo partia do pressuposto de que o ensino estava centrado no professor – detentor de todo o conhecimento – e que os estudantes deveriam memorizar e reproduzir o saber que lhes era passado. CURRÍCULOS E PROGRAMAS O currículo e as teorias tradicionais No início do século XX, o engenheiro mecânico Frederick Taylor, visando modificar os modelos de produtividade industriais existentes em sua época nos Estados Unidos, lançou, em 1911, o livro “Os princípios da Administração Científica”. Em sua obra, utilizou o método científico para administrar melhor as fábricas. Suas ideias ficaram conhecidas como taylorismo. Jonh Franklin Bobbitt, por sua vez, inspirou-se nas ideias propostas por Taylor para padronizar e regulamentar o trabalho desenvolvido no ambiente escolar. Assim, em 1918, Bobbitt propôs que a organização e o funcionamento do ambiente escolar seguissem os mesmos parâmetros utilizados em comércios e indústrias. Esse atrelamento entre os sistemas levou à mecanização do currículo, baseando-se em conceitos que buscavam, além da padronização, a imposição de regras para a dinâmica de trabalho no ambiente escolar, a divisão de tarefas e, consequentemente, a formalização de um ensino em massa e bastante repetitivo, a fim de que fosse apreendido de forma tecnicamente semelhante por todos os educandos. Sua vertente dominou o sistema de ensino estadunidense na época e é, portanto, considerada uma das maiores vertentes teóricas tradicionais sobre o currículo. Com o lançamento de seu livro “Basic Principles of Curriculum and Teaching”, em 1949, suas ideias se consolidaram e a concepção de currículo remetia à mecanização e à eficiência. Sendo assim, o currículo visava à organização do sistema educacional, o que se dava de forma mecânica e burocrática. Nesse contexto, profissionais de educação, principalmente aqueles que exerciam alguma função de comando, dedicaram-se a racionalizar a construção curricular de acordo com o que foi proposto por Bobbitt. O currículo tradicional era bastante teórico. Analisando melhor, podemos dizer que ele era simplesmente isso: teoria. Teorias neutras, científicas, desinteressadas e desinteressantes. Teorias que não consideravam as experiências e os interesses daqueles que iriam aprendê-las. Consistia na criação de listagens precisas e detalhadas de conteúdos a serem trabalhados, com o objetivo de desenvolver no educando as habilidades necessárias para o desenvolvimento profissional, uma vez que a industrialização aumentava exponencialmente. Isso se dava por meio da proposição de procedimentos e métodos que deviam ser rigorosamente seguidos pelos professores e devidamente mensurados, uma vez que disso dependia o posterior sucesso e a eficiência do educando no mecado de trabalho. CURRÍCULOS E PROGRAMAS De forma simplificada, nas teorias tradicionais do currículo, eram valorizados os itens indicados na ilustração a seguir: TEORIAS TRADICIONAIS Ensino Aprendizagem Avaliação Metodologia Didática Organização Planejamento Eficiência Objetivos Diante disso, o professor se apropriava dos conceitos a serem transmitidos, provenientes do patrimônio científico, histórico e cultural da humanidade e, detentor de todo esse conhecimento, transmitia-os a seus alunos, os quais, por sua vez, deveriam memorizá-los e repeti-los sempre que socilitado. CURRÍCULOS E PROGRAMAS A qualidade do que era aprendido era mensurada de acordo com a proximidade do que era exposto – quanto mais dados eram guardados e reproduzidos, maior era a nota e, consequentemente, a qualidade e o preparodo aluno. Concomitantemente, nesse período, ocorreu o processo de massificação da escolarização. O acesso ao ensino passou a atingir um número maior de pessoas e, portanto, acreditava-se que sua padronização levava à real avaliação dos educandos, que, assim, eram contemplados com as mesmas informações e avaliados pelos mesmos métodos. Dessa forma, o sucesso era decorrência do merecimento daqueles que se dedicavam, sem considerar os demais fatores que envolvem a aprendizagem. Ralph Tyler, assim como Bobbitt, estudava o currículo e o considerava uma atividade técnica, burocrática e administrativa, dando, então, sequência a essa visão de currículo, o que contribuiu para que o currículo tradicional fosse a principal influência educacional nos EUA até os anos 1980 e em muitos países, inclusive no Brasil, embora sua obra só tenha sido lançada em nosso país em 1974. De acordo com Silva (2007, p. 25), Ralph Tyler consolidou a teoria de Bobbit quando propõe que o desenvolvimento do currículo deve responder a quatro principais questões: que objetivos educacionais deve a escola procurar atingir; que experiências educacionais podem ser oferecidas que tenham probabilidade de alcançar esses propósitos; como organizar eficientemente essas experiências educacionais e como podemos ter certeza de que esses objetivos estão sendo alcançados. CURRÍCULOS E PROGRAMAS No entanto, diferentemente de seu “mentor”, Tyler sugeriu estudos com os educandos com especialistas e sobre a vida fora do contexto escolar para responder a tais questionamentos. Segundo Moreira (1990, p. 61), “a preocupação de Tyler com as necessidades e os interesses dos alunos, uma de suas fontes de seleção de objetivos, sugere uma identificação com ideias progressivistas e, consequentemente, um interesse em compreensão”. É importante ressaltar que os especialistas citados por Tyler eram aqueles que dominavam o processo educacional tendendo a controlar e maximizar o rendimento. Assim, esse ensino pode ser considerado tecnicista, ou seja, que leva a uma prática pedagógica não criativa e sem criticidade, reforçando, ainda, a mecanização da educação e supervalorizando o fazer em detrimento ao pensar. Caro(a) estudante, você chegou ao fim desta unidade. Parabéns! Nela, você conseguiu perceber quais foram as influências acerca da construção do currículo tradicional e como este se deu de forma linear, sendo que o aluno ficou por último nessa sequência, ou seja, o receptor de tudo que foi definido pelo processo. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Introdução Conceitos e teorias II Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade. Nela, você conhecerá algumas teorias sobre o currículo, incluindo as perspectivas do currículo tradicional, além de conhecer alguns conceitos a ele relacionados. Se relembrarmos o que aprendemos na Unidade 4, perceberemos que as principais ideias das teorias curriculares tradicionais podem ser resumidas em conteúdos, objetivos e ensino eficaz e mensurável. A aprendizagem se baseava em algumas palavras-chave, as quais conceituaremos posteriormente, a fim de definir a intencionalidade e a ótica particular do currículo. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Teóricos e perspectivas do currículo As ideias de Bobbitt refletiam o taylorismo, ou a administração científica, no campo educacional, propondo que a escola funcionasse estrategicamente, como uma empresa, tanto em organização quanto em eficiência. Nesse modelo, dava-se grande ênfase ao conteúdo e à preparação do sujeito para se adaptar à sociedade em que vive e ingressar no mercado de trabalho. Segundo Silva (2003, p. 23), [...] de acordo com Bobbit, o sistema educacional deveria começar por estabelecer de forma precisa quais são seus objetivos. Esses objetivos, por sua vez deveriam se basear num exame daquelas habilidades necessárias para exercer com eficiência as ocupações profissionais da vida adulta. Tratava-se de um modelo linear, que dava base aos especialistas para definir o que e como deveria ser aprendido. Ou seja, o professor transmitia os conhecimentos e o aluno, por sua vez, recebia-os e reproduzia-os o mais fielmente possível, a fim de obter êxito em suas avaliações. Ralph Tyler, com seu modelo baseado em quatro etapas (vide ilustração a seguir), reforçou o vínculo entre currículo e avaliação e deu força às ideias de Bobbitt. Apesar de considerar o aluno, a vida fora da escola, a sociedade e a filosofia como pontos relevantes para a construção do currículo, ainda assim centrou sua teoria em questões como organização e desenvolvimento, mantendo a ideia de que o currículo se resume a uma questão técnica. Organização dessas experiências, de modo a garantir maior eficiência do processo de ensino Avaliação do currículo Seleção e criação de experiências de aprendizabem apropriadas Definição do objetivo O modelo tecnocrático de Bobbitt e Tyler se sobrepôs fortemente às ideias de Jonh Dewey, enunciadas em 1902, as quais apresentavam uma vertente mais progressista para o currículo. Dewey desviava o foco do ensino para o trabalho e o apontava para algo mais democrático. Suas ideias sugeriam levar em conta o interesse e as experiências trazidas pelos educandos, visando ao desenvolvimento de ações e vivências democráticas no ambiente escolar. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Tanto a linha tecnicista quanto a progressista de currículo tradicional, datadas do início de século XX, vieram em contrapartida ao currículo clássico humanista, que havia dominado a educação secundária desde sua institucionalização e que se baseava, resumidamente, em inserir o estudante no mundo das grandes obras acadêmicas, apresentando-lhes esse repertório para que incorporassem as ideias e os saberes, o que não correspondia com a ideia de massificação da educação, mas com a formação de “homens-enciclopédias”. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Conceitos Sem a preocupação em discutir, questionar ou problematizar as organizações educacionais, econômicas e sociais, as teorias que embasavam os modelos tradicionais estruturavam-se tendo como fundamento os conceitos de ensino, aprendizagem, avaliação, metodologia, didática, organização, planejamento, eficiência e objetivos. Silva (2003), em sua obra “Documentos de Identidade: uma introdução às teorias do currículo”, propôs a categorização das teorias curriculares de acordo com os conceitos enfatizados por cada uma delas. Muito além de buscar verbetes em dicionários, a definição de cada um desses conceitos, diante de tantos estudos realizados até o momento, renderia um dossiê de cada um. Assim, de forma resumida, eles serão apresentados a seguir, porém dentro do contexto em que eram vislumbrados, voltado para o currículo tradicional. O primeiro conceito que permeia a construção do currículo tradicional refere-se a ensino. Nesse caso, ensino equivale ao processo de condicionamento e reforço da resposta por meio da mecanização do processo, uma vez que a educação era centrada no professor e o ato de ensinar significava o repasse de conhecimentos. A aprendizagem, por sua vez, pode ser considerada como a capacidade de assimilação daquilo que era ensinado. Sem preocupação com os processos, a aprendizagem era receptiva e mecânica, vindo ao encontro do conceito de ensino como transmissão de saberes. Esses saberes, repassados, recebidos e repetidos eram mensurados, a fim de comprovar se o processo de ensino e aprendizagem estava sendo efetivo. Dessa forma, a avaliação acontecia para verificar aspectos quantitativos de memorização e produtividade. O aluno era avaliado pela quantidade de temas que conseguia decorar e repetir. Quanto maior a memorização, mais o aluno era considerado apto e produtivo dentro do contexto escolar. Todos eram vistos como iguais, e o resultado da avaliação, de certa forma, induzia à competitividade e ao desrespeito às individualidadesdos alunos. Como já é sabido, a ideia central do currículo tradicional objetivava a organização e a eficiência no ambiente escolar, e cabia aos especialistas essa missão, que se dava por meio do levantamento das habilidades necessárias a serem desenvolvidas pelos alunos. Com esse levantamento, o currículo era organizado em forma de listas de conteúdos a serem trabalhados em sala e de metodologias, ou seja, caminhos a serem percorridos pelo professor no processo de ensino. “O que” ser ensinado e “como” ensinar era a receita dada para que se atingissem os objetivos propostos pelo modelo, enquanto “por que” ensinar CURRÍCULOS E PROGRAMAS não era relevante para ambos – professor e aluno –, pois os especialistas determinariam isso por eles. Diante de um modelo educacional tão centralizador e hierárquico didaticamente falando, o que se oferecia era bastante raso: as aulas eram expositivas, nas quais o aluno, para receber melhor o que lhe era ofertado, deveria se manter em ordem e em silêncio, preocupando-se apenas em absorver o que o professor, a autoridade local, transmitia, a fim de que fosse repetido depois. O planejamento, por sua vez, não estava focado em estratégias e confundia-se com a organização disciplinar, na qual verificava-se o que deveria ser ensinado a cada faixa etária. Não havia preocupação em criar situações para desenvolver habilidades e competências nos alunos, ou contextualizar o que seria ensinado. Em vez disso, organizava-se a grade curricular com foco no que seria ensinado no decorrer do ano letivo. “Como” ensinar era simples: era só seguir o que havia sido determinado pelos especialistas. Caro(a) estudante, você chegou ao fim desta aula. Parabéns! Nela, você conheceu um pouco mais sobre as teorias do currículo tradicionais e dos conceitos que embasam esse modelo educacional. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Introdução Nesta unidade, você aprenderá sobre as teorias críticas do currículo escolar, suas características e seus pressupostos. Além disso, conhecerá os principais teóricos dessa vertente e a relação entre ideologia, poder e emancipação. Por fim, estudará um pouco mais sobre o currículo oculto, já citado nesta disciplina. Essas teorias vieram para confrontar o currículo tradicional, uma vez que este se baseia apenas na reprodução de conteúdos transmitidos, não estimula a criatividade e a criticidade, não abre espaços para discussões e opiniões e não considera as experiências vivenciadas pelos alunos fora do ambiente escolar. Preparado(a)? Vamos lá! CURRÍCULOS E PROGRAMAS O currículo e as teorias críticas As teorias críticas surgiram no campo da sociologia, ligadas às ideias de autores da Escola de Frankfurt, principalmente Max Horkheimer e Theodor Adorno. A Escola de Frankfurt, uma vertente sócio-filosófica do Instituto de Pesquisa Social da Alemanha, reuniu filósofos e cientistas sociais de mentalidade marxista, no fim da década de 1920, que estavam preocupados com as mudanças que ocorriam na modernidade e em como oferecer condições para a emancipação social e crítica ao capitalismo. A reflexão abrangia aspectos críticos presentes na abordagem da realidade: o filosófico, o cultural, o político, o psicológico e o econômico, mas sempre com foco na ação do sujeito. A teoria crítica da sociedade tem como objeto os homens como produtores de todas as suas formas históricas de vida. As situações efetivas, nas quais a ciência se baseia, não são para ela uma coisa dada, cujo único problema estaria na mera constatação e previsão segundo as leis da probabilidade. O que é dado não depende apenas da natureza, mas também do poder do homem sobre ele. Os objetos e a espécie de percepção, a formulação de questões e o sentido da resposta dão provas da atividade humana e do grau de seu poder. (HORKHEIMER, 1991, p. 163) CURRÍCULOS E PROGRAMAS A partir desses estudos advindos da sociologia, buscou-se discutir a relação entre a educação e as desigualdades sociais, e o currículo foi destacado como um meio de manutenção do poder político e econômico na sociedade. Sendo assim, baseando-se na abordagem neomarxista, buscou-se demonstrar como as escolas produzem e reproduzem a desigualdade. Diante disso, percebeu-se que o currículo não poderia continuar sendo compreendido apenas como algo burocrático e mecânico, sem relação com as teorias sociais da época. Fazia-se necessário um novo olhar para esse elemento educacional que embasa o processo pedagógico. Tendo caráter histórico, ético e político das ações humanas e sociais e do conhecimento, a não reestruturação curricular continuaria reproduzindo a injustiça social. É através de um processo pedagógico que permita às pessoas se tornarem conscientes do papel de controle e poder exercido pelas instituições e pelas estruturas sociais que elas podem se tornar emancipadas ou libertadas de seu poder e controle. (SILVA, 2003, p. 54) Segundo Silva (2007), no espaço escolar, as crianças devem exercer práticas democráticas. No processo educacional, elas deverão participar, discutir e colocar em questão as práticas sociais, políticas e econômicas, analisando seu contexto e percebendo seu caráter de controle. Assim, poderão ter atitudes de emancipação e libertação. Os professores possuem responsabilidade no sentido de serem pessoas atuantes neste processo, permitindo e instigando o aluno a participar e questionar, bem como propondo questões para que reflitam. Os estudantes devem ter seu espaço para serem ouvidos e suas ideias serem consideradas. (HORNBURG E SILVA, 2007, p. 63) CURRÍCULOS E PROGRAMAS Ideologia, reprodução cultural e social O currículo tradicional, como visto anteriormente, consiste em um elenco de disciplinas a serem ministradas para os educandos. Assim constituído, pode considerar-se que ele é claramente voltado para a distinção entre as diferentes classes sociais, apontando para questões ideológicas que, com base nele, são despejadas na massa popular por meio da reprodução cultural. Segundo Hornburg e Silva (2007, p. 32), as teorias críticas preocuparam-se em desenvolver conceitos que permitissem compreender, com base em uma análise marxista, o que o currículo faz. No desenvolvimento desses conceitos, existiu uma ligação entre educação, poder e ideologia. Ressaltando essa relação, pode-se dizer que A escola contribui para esse processo não propriamente através do conteúdo explícito de seu currículo, mas ao espalhar, no seu funcionamento, as relações sociais do local de trabalho. As escolas dirigidas aos trabalhadores subordinados tendem a privilegiar relações sociais nas quais, ao praticar papéis subordinados, os estudantes aprendem a subordinação. Em contraste, as escolas dirigidas aos trabalhadores dos escalões superiores da escala ocupacional tendem a favorecer relações sociais nas quais os estudantes têm a oportunidade de praticar atitudes de comando e autonomia. (SILVA, 2003, p. 33) CURRÍCULOS E PROGRAMAS Na visão marxista que embasa a teoria crítica, a ideologia relaciona-se ao conceito de consciência falsa e de alienação. Sob a ótica da classe dominante, representações, ideias e normas de conduta determinam o que o indivíduo deve pensar, sentir e agir, mantendo a relação de poder mesmo que de forma inconsciente, pois nem todos os indivíduos percebem as imposições ideológicas que reforçam as desigualdades. Servindo como aparelhos ideológicos do Estado, as escolas podem ser vistas como um dos principais meios de controle da sociedade de forma não violenta, mas por meio da reprodução de ideais daqueles que detêm o poder e da alienação das massas, mantendo, assim, o status quo. De acordo com os estudos críticos do currículo, a seleção do que deve ser ensinado reflete as características políticas, econômicas, sociais e culturais da classe que o produz. Diante disso, a escolha do conteúdo curricular nãoé um ato neutro e desinteressado, mas um resultado de lutas, conflitos e negociações. Dessa forma, entende-se que o currículo é historicamente representado, culturalmente determinado e não pode ser desvinculado do contexto social. O currículo tradicional, no entanto, apresenta-se ideologicamente atrelado aos interesses daqueles que detêm o poder, ou seja, das classes dominantes, sem refletir os anseios e as necessidades dos grupos sociais subordinados. Por sua vez, a proposta curricular baseada na teoria crítica sociológica sugere a quebra desses paradigmas, visando a minimizar as desigualdades sociais decorrentes do capitalismo. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Sob esse olhar, o currículo escolar deve ir além de uma lista de conteúdos e procedimentos, devendo instigar o pensamento crítico como forma de libertação das classes populares. Muito mais do que conceitos, o ambiente escolar deve servir como um espaço de preparo de cidadãos conscientes para lutar por sua emancipação cultural e social. Moreira e Silva (2000, p. 27) defendem que: Na concepção crítica, não existe uma cultura da sociedade, unitária, homogênea e universalmente aceita e praticada e, por isso, digna de ser transmitida às futuras gerações através do currículo. Em vez disso, a cultura é vista menos como uma coisa e mais como um campo e terreno de luta. Nessa visão, a cultura é o terreno em que se enfrentam diferentes e conflitantes concepções de vida social, é aquilo pelo qual se luta e não aquilo que recebemos. Para Moreira e Silva (2000, p. 42), “[...] nas escolas não se aprendem apenas conteúdos sobre o mundo natural e social, adquire-se também consciência, [...] que comanda relações e comportamentos sociais”. Partindo desse pressuposto, podemos perceber que a cultura emerge durante o processo educacional, resultante da ação de seus sujeitos, e não pode ser meramente transmitida, pois, assim, o conhecimento não seria contextualizado. O papel do professor, diante desse novo quadro, é extrapolar a transmissão de conteúdos e oferecer aos educandos experiências que permitem refletir e construir conhecimentos, bem como desenvolver a criatividade e a criticidade do educando. Numa pedagogia oposta à pedagogia do colonizador (que na falta de melhor expressão chamamos de pedagogia do conflito), o educador reassume a sua educação e seu papel eminentemente crítico: à contradição (opressor-oprimido, por exemplo), ele acrescenta a consciência da contradição, forma gente insubmissa, desobediente, capaz de assumir a sua autonomia e participar na construção de uma sociedade mais livre. (GADOTTI, 1989, p. 53) Aliado à necessidade de um novo olhar do professor para seus educandos, surge, então, uma nova estrutura de currículo formal capaz de refletir no currículo real e frutificar no currículo oculto. Na medida em que aspectos inconscientes, porém legítimos, são considerados como parte inerente ao processo de aprendizagem, mais compreensíveis ficam as relações de poder que esse instrumento chamado currículo é capaz de estabelecer (MELO, 2016). CURRÍCULOS E PROGRAMAS Currículo oculto Tudo aquilo que perpassa a aquisição de conhecimentos dentro do espaço escolar, mas não está planejado diretamente no currículo, aponta para o que chamamos de currículo oculto. Sua influência pode ser positiva ou negativa, dependendo da ação desenvolvida por todos os sujeitos envolvidos, durante o processo de ensino. Para Silva (2007, p. 21): Currículo oculto são [...] todos os efeitos de aprendizagem não intencionais que se dão como resultado de certos elementos presentes no ambiente escolar. A relevância desse conceito está na explicação que ele oferece para a compreensão de muitos aspectos que ocorrem no universo escolar. Silva (2007, p. 27) também cita currículo oculto como “conjunto de atitudes, valores e comportamentos que não fazem parte explícita do currículo, mas que são implicitamente ‘ensinados’ por meio das relações sociais, dos rituais, das práticas e da configuração espacial e temporal da escola” e fala que “o currículo oculto é constituído por aqueles aspectos do ambiente escolar que, sem fazerem parte do currículo oficial, explícito, contribuem, de forma implícita, para aprendizagens sociais relevantes” (SILVA, 2007, p. 78). As experiências na educação escolarizada e seus efeitos são, algumas vezes, desejadas e outras, incontroladas; obedecem a objetivos explícitos ou são expressões de proposição ou objetivos implícitos; são planejados em alguma medida ou são fruto de simples fluir da ação. Algumas são positivas em relação a uma determinada filosofia e projeto educativo e outras nem tanto ou completamente contrárias. (SACRISTÁN, 2000, p. 43) CURRÍCULOS E PROGRAMAS Giroux (1986, p. 71), ao tratar do conceito de currículo oculto, afirma que “as normas, valores e crenças imbricadas e transmitidas aos alunos através de regras subjacentes estruturam as rotinas e relações sociais na escola e na vida da sala de aula”. Assim como o currículo oculto pode servir como forma de transmissão de ideologias, também serve como forma de resistência se decorrer de uma aprendizagem emancipadora, crítica e criativa. Para Torres Santomé (1994), a discussão a respeito do currículo oculto nos faz perceber o significado de práticas e rotinas que, até pouco tempo, passavam despercebidas. Por meio delas, os alunos aprendem e interiorizam formas acríticas e irreflexivas de viver no atual modelo de sociedade. Esse autor acrescenta, ainda, que esse currículo é responsável pela reprodução das principais dimensões e peculiaridades da esfera econômica da sociedade. Diversas vozes circulam o currículo oculto; vozes que norteiam, mesmo que de forma velada, o trabalho dos professores e que, muitas vezes, não são percebidas por eles. Para Melo (2016), a atuação profissional deles está condicionada pelo papel que lhes é atribuído no desenvolvimento do currículo. Nesse contexto, seria correto afirmar que planejar o currículo “implica tomar decisões educacionais, implica compreender as concepções curriculares existentes que envolvem uma visão de sociedade, de educação e do homem que se pretende formar” (VEIGA; CARDOSO, 1991, p. 83). Caso contrário, em vez de uma educação libertadora, teremos a continuidade da reprodução cultural e ideológica decorrente das relações de poder que sustentam as desigualdades sociais, uma vez que o currículo oculto modela práticas, comportamentos e percepções de todos os envolvidos no processo de aprendizagem. É possível perceber, então, que a realidade cultural de uma escola está diretamente relacionada ao tratamento dado aos conteúdos explícitos, e não em seu currículo, e cabe ao professor mediar tudo isso em sua prática pedagógica. Nesta aula, você conheceu um pouco sobre a teoria crítica do currículo, bem como as interfaces entre essa teoria e o currículo escolar, sugerindo um novo tipo de ensino, com foco no aluno e com o objetivo de preparar cidadãos críticos e conscientes do meio em que vivem, capazes de realizar transformações sociais por meio de suas ações, uma vez que conhecem as relações de poder fortalecidas pelo modelo curricular tradicional. Além disso, você estudou as relações de poder que podem ser sustentadas por meio da ideologia e da reprodução cultural e conheceu como o currículo oculto pode servir para verificar e promover atitudes baseadas no que foi trabalhado no processo educativo e, ainda, como instrumento de uma prática libertadora ou de reforço ideológico. Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta aula. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Introdução Nesta unidade, você aprenderá sobre as contribuições de Paulo Freire para a consolidação das teorias críticas do currículo, bem como sua crítica à “educação bancária”, proporcionada pelas escolas tradicionais. Veremos, também, a importância da educação para a transformação social. Vimos anteriormente que a teoria crítica do currículoé uma abordagem teórica que, contrapondo-se à teoria tradicional, busca unir teoria e prática, ou seja, incorporar ao pensamento tradicional uma relação com o presente e a realidade do aluno, partindo de suas experiências e conhecimentos prévios, a fim de proporcionar uma aprendizagem mais significativa. Paulo Freire, por sua vez, baseou sua teoria crítica no conhecimento, vendo-o como um processo capaz de libertar o homem dos fatores determinantes da economia, da política e da sociedade, ou seja: a educação para a libertação. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Currículo: teorias críticas e contribuições de Paulo Freire Com grande prestígio nacional e internacionalmente, as ideias de Paulo Freire (1921-1997) baseavam-se na concepção de que a escola, para ser libertadora, deveria ensinar o aluno a ler o mundo em que vive, tornando-o capaz de agir como agente transformador de sua realidade. Esse educador sugere uma abordagem política e analítica para o ensino escolar de forma a desenvolver, por meio da prática educativa, a criticidade do educando. De forma mais humana e menos impositiva do que a proposta pelo currículo tradicional, a educação proposta por Paulo Freire visa libertar a massa de conceitos impostos pelos “especialistas” e pelos que se consideram detentores do saber e, assim, quebrar a ideia de utilização da escola como aparelho ideológico do Estado para a dominação das classes sociais com menor poder aquisitivo. Esse foco emancipatório e libertador, proposto por Freire, é uma forma de combater o currículo tradicional, o qual ele julgava alienante, uma vez que não havia nenhuma preocupação com o desenvolvimento da curiosidade, do espírito investigador e da criatividade dos estudantes. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Em contraposição à nova concepção curricular em expansão – a teoria crítica do currículo –, as ideias desse educador eram uma crítica ao papel da escola e do professor como mero transmissor de conhecimentos. Para ele, a missão do professor era possibilitar a produção de conhecimentos por parte dos alunos, não apenas de forma a facilitar a autoaprendizagem. Cabia ao professor propiciar-lhes o conhecimento de conteúdos e também incentivá-los a não os aceitar como verdades absolutas e imutáveis. Uma vez que o aluno leva para o ambiente escolar suas experiências e saberes decorrentes de sua existência social, ambos – professor e aluno – devem agir em conjunto, como aprendizes, para a consolidação do conhecimento e a criação cultural, que, segundo ele, deveria ser coletiva. Segundo a proposta educacional de Paulo Freire, a valorização da cultura do aluno seria a chave para o processo de conscientização e, para tanto, o professor deveria estar em constante formação, uma vez que seria necessário que este partisse da vivência de seus alunos para a construção conjunta do conhecimento relevante e significativo. Não há que se ater a modelos fechados: assim como o mundo, a educação está em permanente transformação e interação. Portanto, a busca pela coerência, pelo significado e pelo questionamento deveriam estar atrelados fortemente às práticas docentes. A educação crítica busca realizar conexões entre as práticas educacionais e culturais e a luta pela justiça social e econômica, por direitos humanos e por uma sociedade democrática, a fim de ampliar as compreensões críticas e as práticas libertadoras, com o objetivo de buscar transformações sociais e pessoais progressistas (TEITELBAUM, 2011). Sendo assim, as ideias de Freire visavam à capacitação de discentes e docentes para desenvolverem uma compreensão crítica consciente de sua relação com o mundo e de sua capacidade de inferir e transformar a realidade em que vivem. De acordo com Au (2011, p. 251), [...] a pedagogia libertadora de Freire [...] gira em torno de uma ideia central de “práxis” (ação consciente) em que os estudantes e professores tornam-se sujeitos que sabem ver a realidade, refletir criticamente sobre a realidade e assumir uma ação transformadora para mudar essa realidade. Assim, a problematização e o diálogo são indispensáveis para a consolidação de uma educação libertadora, o que vem totalmente em oposição à “educação bancária”, típica do ensino tradicional. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Crítica à escola tradicional: “educação bancária” Paulo Freire definia o ensino tradicional como “educação bancária”. Longe de ter relação com aprender algo sobre uma instituição financeira, esse conceito baseava-se no depósito de informações feitos nas cabeças dos estudantes, da mesma forma como os depósitos bancários. A educação proposta pelo currículo tradicional era linear e hierárquica; autoritária, inclusive. O professor, detentor de todo o saber, era o responsável por preencher o vazio dos alunos (relembrando que esse termo refere-se a “sem luz”) com seus conhecimentos. Diante disso, podemos considerar que o professor era o depositário e os alunos, assim como os bancos, eram o objeto de depósito dos conteúdos preestabelecidos pelos especialistas, cabendo a eles simplesmente se submeter à estrutura do poder vigente e não questionar. Além disso, como nos bancos, o que era ensinado devia estar ali, prontamente para ser “sacado” pelo professor, da forma como foi “depositado”, porém sem nenhum tipo de “juro” por parte do aluno. Era mensurada a capacidade de memorização e de reprodução fiel do que era transmitido, sem margem para a expressão de uma opinião. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Nesse contexto, os dominadores utilizam a escola e os educadores bancários para atingir seu objetivo: impedir a formação de uma educação que seja libertadora, autônoma e emancipatória. A transferência de conhecimentos de forma acrítica e não criativa leva à formação de indivíduos acomodados, que aceitam o que lhes é imposto, os quais dificilmente terão a real consciência da situação a que estão submetidos. As ideias de Paulo Freire sobre uma educação libertadora para romper as amarras causadas pela educação tradicional e bancária foram coibidas em 1964, com o início da ditadura. Nesse período histórico, não havia o menor interesse na formação de indivíduos com senso crítico, tanto que eles, ao exporem suas opiniões divergentes, eram perseguidos e exilados. Dessa forma, esse educador foi um dos primeiros a ser considerado criminoso e a ser banido. Seu crime era “ensinar a pensar”. Suas ideologias poderiam ser extremamente prejudiciais para o contexto político da época: se repressão era a forma de dominância vigente, desenvolver consciência crítica na população poderia ser uma forma de enfrentamento. Para todos aqueles que se beneficiavam do status quo, uma sociedade crítica e consciente seria incômoda. Portanto, ao se sentirem ameaçados, negaram à população o direito de pensar e continuaram com a imposição de suas ideias de forma tradicional, com o objetivo de manter a ordem das coisas a seu favor. Quanto menos se questiona, menos se luta para libertar-se das amarras, sejam elas quais forem. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Freire (1987, p. 85) destaca que, [...] o domínio escolar das palavras só quer que os alunos descrevam as coisas, não que as compreendam. Assim, quanto mais se distingue descrição de compreensão, mais se controla a consciência dos alunos. [...]. Esse tipo de consciência crítica dos alunos seria um desafio ideológico à classe dominante. Quanto mais essa dicotomia entre ler palavras e ler realidade se exerce na escola, mais nos convencemos de que nossa tarefa, na escola ou na faculdade, é apenas trabalhar com conceitos, apenas trabalhar com textos que falam sobre conceitos. Porém, na medida em que estamos sendo treinados numa vigorosa dicotomia entre o mundo das palavras e o mundo real, trabalhar com conceitos escritos num texto significa obrigatoriamente dicotomizar o texto do contexto. De acordo com Freire, ao se quebrar a educação bancária e desenvolver “alunos pensantes”, as formas de dominação e opressão de classes não seriam facilmente aceitas,e opiniões contraditórias poderiam levar grupos sociais à organização e à luta. Sobre essa questão, Giroux (1997, p. 146) expõe que, para Freire, [...] a lógica da dominação representa uma combinação das práticas materiais e ideológicas, históricas e contemporâneas que nunca tem sucesso total, sempre incorporam contradições, e estão sempre sendo disputadas dentro das relações assimétricas de poder. Logo, para Paulo Freire, a transformação pessoal e social só pode ocorrer com o embate entre a “educação bancária” e a “educação libertadora”. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Educação para a transformação social Se considerarmos que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 47), podemos claramente relacionar a importância do ensino emancipatório como princípio básico para a transformação social, uma vez que, ao refletir sobre o mundo ao seu redor, embasado em concepções teóricas e críticas, o indivíduo passa a atuar como cidadão consciente do espaço e tempo ao qual pertence e, também, como agente atuante de sua organização e modificação. Opondo-se à “educação bancária” e objetivando religar os conteúdos à situação do aluno, de forma que o ensino não fosse impositivo e unilateral, Paulo Freire propôs uma prática docente em que o aluno aprende a construir seu conhecimento com base em pesquisas e investigações. Esse modelo, chamado de “educação libertadora”, tiraria do professor o papel de depositário do conhecimento e o colocaria no mesmo patamar do educando na construção do conhecimento significativo, aposentando a forma linear de ensino e focando em uma construção conjunta. Nesse contexto, a educação passaria a abrir espaços para a comunicação, o diálogo, o levantamento de problemas, o questionamento e a reflexão sobre o meio em que ambos – educando e educador – estão inseridos, promovendo práticas capazes de transformações. Para esse educador, ao encarar criticamente a realidade em que vive, o indivíduo consciente pode vir a ser o transformador social e deixar de lado posturas apáticas, mecanizadas e alienadas e passar a dar sua contribuição para o processo de transformação social. Para que essa ação transformadora se transforme em fruto de uma “educação libertadora”, o educador, que antes professava e transmitia conceitos, deve passar a ter comprometimento com a ação emancipatória. Sua importante busca por crescimento e formação profissional deve ser parte de sua função laboral. Não se pode problematizar por problematizar. É preciso que o educador tenha um olhar humano e incentivador e, ainda assim, seja capaz de perceber o que o educando traz em sua bagagem para desenvolver o processo pensante no aluno. CURRÍCULOS E PROGRAMAS A construção do conhecimento conjunto entre as partes do processo de ensino- aprendizagem, de acordo com Paulo Freire, deve ser bidirecional, quebrando paradigmas autoritários e de viés hierárquico. Em vez disso, os educadores libertários devem ser radicalmente democráticos em sua pedagogia, o que se traduz em ser ao mesmo tempo responsável e diretivo em sala de aula, respeitando os direitos e as capacidades dos estudantes a chegarem às próprias conclusões (AU, 2011). Diante dessa postura do educador, Moreira (2010, p. 98) afirma que os educandos [...] devem ser capazes de realizar uma leitura de mundo que lhes permita compreender e denunciar a realidade opressora e anunciar a sua superação, com a construção de um novo projeto de sociedade e mundo a ser efetivado pela ação política. O educador precisa quebrar o conceito de engessamento da educação por meio da transmissão e repetição de conteúdos. A formação escolar precisa oferecer subsídios para que o educando possa refletir e atuar também fora do contexto escolar. Enquanto busca formas de propiciar isso, ele também aprende. Assim, capacitam-se professores e estudantes a desenvolver uma compreensão consciente sobre sua relação com o mundo e sua condição enquanto ser humano. Em sua obra “Pedagogia do Oprimido”, Paulo Freire defende uma pedagogia para homens e mulheres se emanciparem mediante uma luta pela libertação, que só faz sentido se os oprimidos buscarem a reconstrução de uma nova sociedade realizando uma tarefa humanística e histórica, libertando a si mesmos e aos opressores (MOREIRA, 2010). É fundamental perceber que a educação escolar não é onipotente como forma de libertação e transformação social. A exclusão social e econômica dentro do contexto capitalista muito interfere para a relação entre opressor e oprimido. Mesmo assim, não podemos minimizar a importância da “educação libertadora”. Nesse sentido, ela “deve exercitar processos de emancipação individual e coletiva, estimulando e possibilitando a intervenção no mundo a partir de um sonho ético-político da superação da realidade injusta” (MOREIRA, 2010, p. 146). CURRÍCULOS E PROGRAMAS Tais ideais são contemplados até hoje em nossas escolas. Embora questionadas por muitos, as concepções acerca da teoria crítica e sua influência tornaram, em 2012, Paulo Freire patrono da educação brasileira. Nesta aula, você conheceu um pouco mais sobre como as formas tradicionais de educação podem funcionar como instrumento ideológico para a dominação de grupos sociais oprimidos e, também, perceber como as ideias de pedagogia crítica, elaboradas por Freire, são apontadas como uma alternativa para superar esse modelo tradicional de ensino, auxiliando no combate às formas opressoras da cultura dominante, sem reproduzi-las. Além disso, você percebeu como a educação pode ser emancipatória e que esse processo infere diretamente em mudanças do tempo e espaço em que vivemos. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Conceitos e teorias V Introdução Nesta unidade, você conhecerá as contribuições do educador Dermeval Saviani para as teorias críticas e as diferenças entre suas ideais e as do educador Paulo Freire. Além disso, estudará os pressupostos históricos, epistemológicos e os eixos da pedagogia histórico-crítica. Idealizador da teoria histórico-crítica, também conhecida como crítico-social dos conteúdos, Dermeval Saviani defende que uma das funções da escola é possibilitar o acesso aos conhecimentos previamente produzidos e sistematizados. Sua teoria tem como foco a transmissão de conteúdos científicos por parte da escola, porém sem ser conteudista, tendo como objetivo principal a relação e a transmissão de conhecimentos significativos que contribuam para a inclusão social do educando. Bons estudos! CURRÍCULOS E PROGRAMAS O currículo, as teorias críticas e as contribuições de Dermeval Saviani A escola tradicional é um local no qual, devido ao seu esquema estrutural, costuma ocorrer o reforço das desigualdades sociais por meio da marginalização da massa popular, uma vez que o ensino não é pensado para atender às necessidades dessa parcela da população. A quebra desse paradigma está ligada ao surgimento de uma nova concepção de currículo, que visa promover transformações sociais por meio da formação de cidadãos críticos e atuantes em sua realidade. Por consequência, busca-se modificar a questão da manutenção do status quo por meio de uma educação libertadora, como observado na figura a seguir. Fonte: Deduca (2019) Com base na sociologia, as teorias críticas são sugeridas como norteadoras de um currículo que apresenta forte crítica ao modelo tradicional. Dentre os teóricos brasileiros que propuseram contribuições para a teoria crítica, podemos citar o educador Dermeval Saviani. Com base em suas experiências, ele fundamentou uma nova concepção educacional: a teoria histórico-crítica, também conhecida como teoria crítico-social dos conteúdos. A escolha pelo termo “histórico” advém do fato de a educação interferir sobre a sociedade de forma a contribuir para sua transformação; a palavra “crítica”, por sua vez, foi utilizada pelo autor por ter consciência da determinação exercidapela sociedade sobre a educação. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Esta concepção nasceu das necessidades postas pela prática de muitos educadores, pois as pedagogias tradicionais, nova e tecnicista não apresentavam características historicizadoras; faltava-lhes a consciência dos condicionantes histórico sociais da educação. (SAVIANI, 2007, p. 3) Em suas obras, Saviani (2007) destaca os erros de um sistema de educação corrompido e repleto de falhas e faz um paralelo entre política e educação. Refere-se à escola como um local que deve servir aos interesses da população, oferecendo os saberes básicos para preparar os alunos para a vida adulta. Apresentando visões polêmicas do encaminhamento metodológico, bem como as contribuições e limitações de cada uma delas, esse educador fala sobre as principais teorias pedagógicas existentes até então: a tradicional, a Escola Nova e a tecnicista. Propõe, ainda, uma nova concepção educacional, na qual o papel da escola pauta-se em liberdade e responsabilidade. Conclui que o papel da escola não é mostrar a face visível da lua, isto é, reiterar o cotidiano, mas mostrar a face oculta, ou seja, revelar os aspectos essenciais das relações sociais que se ocultam sob os fenômenos que se mostram à nossa percepção imediata. (SAVIANI, 2011, p. 201) Sempre partindo do pressuposto de que a educação pode levar à discriminação e marginalização, Saviani faz referência à Teoria da Vara, criada por Lênin durante a Revolução Russa quando rotulado como extremista e radical: para consertar uma vara torta, não basta trazê-la para a posição correta, é necessário vergá-la para o lado oposto. O uso dessa analogia refere-se ao escolanovismo, quando o aluno começa a ter suas experiências consideradas. Para Saviani (2006, p. 46), “as pedagogias novas são portadoras de todas as virtudes, enquanto a pedagogia tradicional é portadora de todos os defeitos e de nenhuma virtude”. De acordo com as ideias de Saviani, o papel do professor extrapola o de mero transmissor de conhecimentos, devendo assumir a postura de pesquisador e indagador e se posicionando frente aos problemas sociais, com o objetivo de passar essa visão questionadora aos alunos e transformar, assim, não o mundo, mas cada educando ao aplicar a visão de mundo e a necessidade de atuar como agente transformador da história. Diante do exposto, o educador em questão questiona o papel do professor, afirmando que este deve estar a serviço de seus alunos, não do governo, pois somente assim poderá atuar como transformador do processo educativo e da realidade educacional em determinado tempo-espaço, respeitando, assim, a diversidade existente no contexto escolar, como representado a seguir. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Fonte: Deduca (2019) Segundo ele, ainda, a condução das disciplinas deve se dar com base na constatação, na caracterização e na tentativa de solução. O primeiro nível punha em evidencia o potencial existencial, sendo desenvolvido a partir das experiências dos próprios alunos que procuravam constatar em sua prática a incidência do problema proposto. O segundo nível fazia interferir a exigência teórica, operando-se a caracterização do problema com o auxílio de textos, de modo que se atingisse uma compreensão consistente e fundamentada do problema examinado. O terceiro nível trazia em seu bojo o problema seguinte. Assim, a tentativa de solução do problema nº1 colocava a exigência de se examinar o problema nº2 que era, então, formulado, constatado, caracterizado e assim sucessivamente até o problema nº6, que tinha caráter sintético, completando o programa da disciplina. (SAVIANI, 2011, p. 217-218) Pode-se perceber, claramente, que, de acordo com as ideias desse estudioso, está nas mãos dos educadores a responsabilidade de iniciar pequenas revoluções dentro do espaço escolar, objetivando a expansão dessas ideias e a quebra de paradigmas. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Pressupostos históricos e epistemológicos e eixos da pedagogia histórica e crítica Se considerarmos que as teorias críticas colocam em constante questionamento o papel da escola como aparelho ideológico do Estado, capaz de reproduzir e reforçar a ideologia dominante-dominado, não podemos ignorar a necessidade de um currículo que considere o contexto social, promovendo, por meio da atuação dos dominados (classes sociais mais baixas), uma transformação social. Dentre os educadores brasileiros que se preocuparam em analisar o currículo sob esse enfoque, podemos destacar Paulo Freire e Dermeval Saviani. Embora ambos os pensadores partam do “homem” para a formulação de suas concepções, eles têm pressupostos filosóficos diferentes e apresentam visões também diferentes acerca da educação, como ilustrado a seguir. Fonte: Deduca (2019) Paulo Freire, conforme estudado no capítulo anterior, partia da concepção de que a escola, para ser libertadora, deveria ensinar o aluno a ler o mundo em que vive para ser capaz de agir como agente transformador de sua realidade. Assim, com base em uma abordagem política e analítica, a prática educativa deveria estimular a criticidade do educando. Para ele, por meio da interação entre os agentes do processo educacional, o conhecimento é produzido de forma dialógica e interativa, sendo mais problematizador do que transmissor de conteúdos, uma vez que, nesse processo comunicativo, o ensino e CURRÍCULOS E PROGRAMAS a aprendizagem ocorrem de forma concomitante entre os interlocutores e consolidam o conhecimento. Sobre as ideias freireanas de educação popular, podemos dizer que: [...] antes de ser apenas um projeto pedagógico, é um verdadeiro método de ensino, pautado na leitura do mundo e na análise aprofundada das relações e dos diferentes níveis de opressão, que possibilita a politização de todos os participantes do processo e, consequentemente, sua emancipação. (TERTO et al., 2007) Paulo Freire (1987) cita, ainda, que: [...] para o educador-educando, dialógico, problematizador, o conteúdo programático da educação não é uma doação ou uma imposição [...], mas a revolução organizada, sistematizada e acrescentada ao povo, daqueles elementos que este lhe entregou de forma desestruturada. (FREIRE, 1987, p. 47) Dermeval Saviani, por sua vez, apresenta a educação como algo produzido pelos educadores e que, ao mesmo tempo, é consumido pelos educandos. Para ele, o homem é um ser que produz e reproduz constantemente os frutos de seu trabalho e, dentro dessa concepção de produtividade, a educação, um exemplo de produto não material construído coletivamente ao longo da história, há de ser consumida dentro do ambiente escolar. Segundo ele, “[…] a função básica da educação é a reprodução da sociedade” (SAVIANI, 2006, p. 5); e ela pode ser considerada uma “[…] tentativa de constituição de uma espécie de Escola Nova Popular” (SAVIANI, 2006, p. 67). Ele defende um método de ensino em que a iniciativa do professor é estimulada, favorecendo o diálogo entre os alunos e o diálogo dos alunos com o professor; e levando em conta os interesses, os ritmos de aprendizagem e o desenvolvimento psicológico deles. Para Saviani (2006), deve-se considerar, também, a importância da gradação e da ordenação no trabalho sobre os conteúdos, a fim de que haja a sistematização lógica dos conhecimentos. No estudo teórico dos pressupostos da pedagogia histórico-crítica por ele proposta, percebe-se a importância dos conteúdos trabalhados, observando-se sua função social e indo ao encontro da necessidade pessoal e social dos alunos. Tais conteúdos devem ser trabalhados por meio do movimento dialético prática/teoria/ prática, para que, dessa maneira, os educandos sistematizem esses conhecimentos com suas vivências. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Assim, podemos perceber que, para Freire, parte-se das vivências trazidas pelos alunos para se trabalhar os conteúdos, construindo, assim, uma prática pedagógica significativa e, para Saviani, parte-se dos conteúdos escolares para que os alunos façamconexões com suas vivências, uma vez que eles devem consumir o conhecimento e a cultura produzidos historicamente. A atuação pedagógica e a função do professor no processo de ensino-aprendizagem são o ponto alto da divergência entre os dois renomados educadores. Resumidamente, podemos diferenciar as concepções de ambos destacando os níveis de compreensão sobre alunos e professores, uma vez que Saviani aponta que a “[…] própria condição de alunos implica uma impossibilidade [...] de articulação da experiência pedagógica na prática social de que participam” (SAVIANI, 2006, p. 70-71); e, para Freire, há a ideia de igualdade, para que os educandos não sejam vistos apenas como “objetos pacientes, ouvintes” (FREIRE, 1987, p. 33), conforme se observa na figura a seguir. • Igualdade entre professores e educandos na produção do conhecimento. • Parte das vivências para fazer relações com os conteúdos a serem ensinados. PAULO FREIRE • Professor como agente transformador da concepção dos educandos por meio de conteúdos com função social. • Parte dos conteúdos e faz relações com as vivências. DERMEVAL SAVIANI Outra diferença entre as ideias propostas por Saviani e Freire diz respeito à relação entre a educação e a política. Enquanto a teoria freireana é concebida pela integração dessas vertentes, para a teoria histórico-crítica elas são instâncias totalmente separadas. Ainda assim, esta considera que a aquisição do conhecimento está relacionada ao empoderamento das classes subordinadas. Dentro das teorias críticas, é a única linha que não interconecta saber e poder e, sob essa ótica, para muitos teóricos do currículo, só se distingue a pedagogia de conteúdos (como pode ser chamada as ideias de Saviani) da pedagogia tradicional pela intencionalidade crítica que permeia sua construção. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Eixos da pedagogia A pedagogia histórico-crítica fundamenta-se em pressupostos filosóficos, psicológicos e didáticos, que podem ser considerados os eixos norteadores dessa concepção, conforme se verifica na figura a seguir. EIXO FILOSÓFICO EIXO PSICOLÓGICO EIXO DIDÁTICO Se considerarmos as peças que formam o eixo filosófico embasador das ideias de Saviani, deparamo-nos com o materialismo histórico-dialético, fundamentado por Marx e que parte da: [...] interpretação da realidade; da visão de mundo; da práxis (prática articulada à teoria); da materialidade (organização dos homens em sociedade para a produção da vida); e da concreticidade (caráter histórico sobre a organização que os homens constroem através de sua história). (GASPARIN; PETENUCCI, [s.d.], p. 5) CURRÍCULOS E PROGRAMAS Partindo da experiência para a abstração até chegar ao concreto, o movimento dialético parte da prática para a teoria, retornando à prática. Assim, se o professor quiser desmistificar o senso comum existente no meio escolar, deve fazer uso de uma reflexão teórica para alcançar a consciência filosófica. Duarte (1993) afirma que cada indivíduo deve apropriar-se das objetivações socialmente construídas – tanto as mais acessíveis como a linguagem e as relações entre os homens, até as formas mais elevadas, como a arte, a filosofia e a ciência. A Teoria Histórico-Cultural de Vygotsky embasa o eixo psicológico. Sob essa perspectiva, constrói-se o conhecimento a partir da interação sujeito-objeto, partindo de ações socialmente mediadas. Segundo Martins (2011, p. 43-44), tal teoria objetivava analisar a “[…] apropriação da cultura por meio do ensino sistematizado, a transmissão de conhecimentos clássicos” como núcleo do processo educacional. Segundo Gasparin e Petenucci ([s.d.], p. 7), “[…] suas bases são constituídas sobre o trabalho e o uso de instrumentos, na sociedade e na interação dialética entre o homem e a natureza”. Podemos, pois, dizer que a natureza humana não é dada ao homem, mas é por ele produzida sobre a base da natureza humana biofísica. Consequentemente o trabalho educativo é o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. (SAVIANI, 2006, p. 13) O último eixo refere-se à questão didática. De acordo com Gasparin (2002), o planejamento deve ser pensado com base nas diferenças e buscar fundamentação em uma sólida metodologia, com planejamento, avaliação e etapas a serem alcançadas. Isso permite que os sujeitos com deficiência usufruam dos conhecimentos veiculados em sala de aula. Desenvolver o processo ensino-aprendizagem na visão histórico-crítica oferece ao professor uma nova ação, onde passa a rever conceitos, romper com metodologias ultrapassadas, estabelecer novos rumos e valores, tornando a prática pedagógica significativamente mais comprometida com a aprendizagem dos alunos. Porém trabalhar nessa perspectiva necessita maior disponibilidade docente para o planejamento das aulas (com pesquisas, vídeos, etc.).(GASPARIN; PETENUCCI, [s.d.], p. 15) Nesta aula, você conheceu um pouco sobre as contribuições de Dermeval Saviani para a construção das teorias críticas curriculares, embora o autor venha na contramão de muitas características dessas vertentes curriculares. Conheceu, também, a pedagogia histórico-crítica e as diferenças entre as ideias de Saviani e as de Paulo Freire. CURRÍCULOS E PROGRAMAS Para complementar seu aprendizado, não deixe de realizar as atividades que acompanham esta unidade, pois elas o ajudarão na fixação dos conteúdos estudados e, principalmente, no aprendizado da disciplina. Até a próxima! CURRÍCULOS E PROGRAMAS Conceitos e teorias VI Introdução Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a) a mais uma unidade. Aqui, você aprenderá sobre as teorias curriculares pós-críticas, bem como os pressupostos, as características, os conceitos e as perspectivas acerca dessas ideais educacionais, que têm como foco o indivíduo. Verá, ainda, que essas teorias se diferenciam das teorias críticas em virtude de sua abrangência. Tal qual as teorias críticas, a teoria perspectiva pós-crítica também surgiu como uma crítica ao modelo tradicional, mas não considerava somente a questão opressor-oprimido, referente às classes sociais. Para os teóricos dessa concepção, o foco está no sujeito e, assim, elementos próprios da individualidade, como raça, gênero e orientação sexual, devem ser considerados como base para a libertação. CURRÍCULOS E PROGRAMAS O currículo e as teorias pós-críticas: pressupostos Podemos dizer que as teorias curriculares críticas e pós-críticas têm em comum o fato de considerarem as conexões entre saber, identidade e poder. Segundo Silva (2007, p. 147): [...] a teoria pós-crítica deve se combinar com a teoria crítica para nos ajudar a compreender os processos pelos quais, através de relações de poder e controle, nos tornamos aquilo que somos. Ambas nos ensinaram, de diferentes formas, que o currículo é uma questão de saber, identidade e poder. Saber Poder Identidade As teorias críticas do currículo defendiam uma educação que proporcionasse a emancipação do indivíduo como ser pensante e analítico, ou seja, o modelo curricular crítico tinha como objetivo formar um indivíduo racional, centrado e autônomo socialmente. Nesse contexto, pretendia-se que o indivíduo obtivesse, por meio do ensino, subsídios para combater o status imposto pelas classes dominantes. Objetivava-se a libertação das classes dominadas. Dessa forma, os adeptos da concepção crítica ressaltam questões como poder, economia, classe social e conflito. As teorias pós-críticas, por sua vez, X influenciadas pelo pós-modernismo e pelo pós- estruturalismo, que valorizam a subjetividade, como veremos a seguir. Assim, focam em questões referentes às diferenças culturais, de gênero e étnicas. Além disso, o pós modernismo e o pós estruturalismo enfatizam a afirmação da identidade emancipação. Considerando o prefixo que precede estas vertentes, comumente somos levados a considerar a sucessão entre elas, quanto na
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