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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA CURSO: ENGENHARIA AGRONÔMICA DISCIPLINA: CÁLCULO DIFERENCIAL E INTEGRAL PROF.: Dr. JOAQUIM J. CARVALHO Aula – Semana 12 (17-21/5) Tema 2: A reta tangente Para chegar a uma definição adequada de reta tangente ao gráfico de uma função num ponto dele, seguimos considerando como definir a inclinação da reta tangente num ponto. Então a reta tangente é determinada pela sua inclinação e o ponto de tangência. Considere a função f contínua em x1. Queremos definir a inclinação da reta tangente ao gráfico de f em P(x1, f(x1)). Seja I um intervalo aberto que contém x1 e no qual f está definida. Seja Q(x2, f(x2)) um outro ponto do gráfico de f tal que x2 também esteja em I. Trace uma reta através de P e Q. Qualquer reta que passe por dois pontos de uma curva é chamada uma reta secante; assim a reta que passa por P e Q é uma secante. A figura a seguir mostra um tipo particular de reta secante. Nesta figura Q está à direita de P. Contudo, Q pode estar tanto à direita quanto à esquerda de P. Seja Δx a diferença entre as abscissas de Q e P, de modo que ∆𝑥 = 𝑥2 − 𝑥1 Δx pode ser positivo ou negativo. A inclinação da reta secante PQ é, então, dada por 𝑚𝑃𝑄 = 𝑓(𝑥2)−𝑓(𝑥1) ∆𝑥 desde que a reta PQ não seja vertical. Como 𝑥2 = 𝑥1 + ∆𝑥, a equação acima pode ser escrita como 𝑚𝑃𝑄 = 𝑓(𝑥1+∆𝑥)−𝑓(𝑥1) ∆𝑥 Agora considere o ponto P como fixo e movimente o ponto Q ao longo da curva para P; isto é, Q aproxima-se de P. Isto é equivalente a afirmar que Δx se aproxima de zero. Quando isso ocorre, a reta secante gira em torno do ponto P. Se essa reta secante tem uma posição limite, é tal posição que desejamos para a reta tangente ao gráfico em P. Assim, desejamos que a inclinação da reta tangente ao gráfico em P seja o limite de mPQ quando Δx se aproxima de zero, se o limite existe. Caso lim ∆𝑥→0 𝑚𝑃𝑄 = +∞ ou -∞, então enquanto Δx se aproxima de zero, a reta PQ aproxima-se da reta por P paralela ao eixo y. Neste caso, queríamos que a reta tangente ao gráfico em P fosse a reta 𝑥 = 𝑥1. A discussão precedente leva-nos à seguinte definição. Definição de uma reta tangente ao gráfico de uma função num ponto Se nem (i) nem (ii) da definição acima estão satisfeitas, então não há reta tangente ao gráfico de f no ponto P(x1, f(x1)). Exemplos: 1o) Seja dada a parábola 𝑦 = 𝑥². Pede-se: a) a inclinação da reta secante à parábola nos pontos P1(2, 4) e P2(3, 9); Sol.: 𝑚 = 𝑦2−𝑦1 𝑥2−𝑥1 → 𝑚 = 9−4 3−2 → 𝑚 = 5 b) a inclinação da reta tangente à parábola no ponto (2, 4); Sol.: 𝑚(2) = lim ∆𝑥→0 𝑓(2+∆𝑥)−𝑓(2) ∆𝑥 → 𝑚(2) = lim ∆𝑥→0 (2+∆𝑥)²−4 ∆𝑥 → 𝑚(2) = lim ∆𝑥→0 4+4𝛥𝑥+(𝛥𝑥)²−4 ∆𝑥 𝑚(2) = lim ∆𝑥→0 4𝛥𝑥+(𝛥𝑥)² ∆𝑥 → 𝑚(2) = lim ∆𝑥→0 (4 + 𝛥𝑥) → 𝑚(2) = 4 c) a equação da reta tangente à parábola no ponto (2, 4); Sol.: 𝑦 − 𝑦𝑝 = 𝑚(𝑥 − 𝑥𝑝) → 𝑦 − 4 = 4(𝑥 − 2) → 𝑦 = 4𝑥 − 8 + 4 → 𝑦 = 4𝑥 − 4 d) um esboço do gráfico da parábola e uma parte da reta tangente em (2, 4). Sol.: Suponha que a função f seja contínua em x1. A reta tangente ao gráfico de f no ponto P(x1, f(x1)) é: (i) a reta que passa por P tendo inclinação m(x1), dada por 𝑚(𝑥1) = lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥1+∆𝑥)−𝑓(𝑥1) ∆𝑥 se o limite existe; (ii) a reta 𝑥 = 𝑥1 se lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥1+∆𝑥)−𝑓(𝑥1) ∆𝑥 = +∞ 𝑜𝑢 − ∞ 2o) Um produtor de queijo pode produzir determinado tipo de queijo a um custo de R$ 15,00 por peça. Estima-se que se o preço do queijo for x cada, então o número de peças vendidas por semana será 125 - x. Pede-se: a) a expressão matemática do lucro semanal do produtor; Sol.: Vamos representar o lucro semanal por P(x), então Lucro = (quantidade vendida)·((preço de venda)-(custo unitário)) 𝑃(𝑥) = (125 − 𝑥)(𝑥 − 15) → 𝑃(𝑥) = −𝑥2 + 140𝑥 − 1875 b) o lucro máximo semanal do produtor; Sol.: O valor máximo de P(x) ocorre no ponto do gráfico de P onde a reta tangente é horizontal, isto é, onde a inclinação da reta tangente é zero. Inicialmente, obtém-se a inclinação da reta tangente: 𝑚(𝑥1) = lim ∆𝑥→0 𝑃(𝑥1+∆𝑥)−𝑃(𝑥1) ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 [−(𝑥1+∆𝑥) 2+140(𝑥1+∆𝑥)−1875]−(−𝑥1 2+140𝑥1−1875) ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 −𝑥1 2−2𝑥1∆𝑥−(∆𝑥) 2+140𝑥1+140∆𝑥−1875+𝑥1 2−140𝑥1+1875 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 −2𝑥1∆𝑥−(∆𝑥) 2+140∆𝑥 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 (−2𝑥1 − ∆𝑥 + 140) = -2𝑥1 + 140 Para determinar o valor de x1 para o qual a inclinação da reta tangente é zero, equacionamos 𝑚(𝑥1) = 0. Temos −2𝑥1 + 140 = 0 → −2𝑥1 = −140 → 𝑥1 = 70 Concluímos, então, que se há um lucro semanal máximo, este ocorrerá quando o preço de venda da peça de queijo for R$ 70,00. Além disso, como 𝑃(70) = 3.025, o lucro semanal máximo será de R$ 3.025,00. c) um esboço do gráfico de P e uma parte da reta tangente em (70, 3.025). Sol.: Tema 3: A Derivada A derivada de uma função f é aquela função, denotada por 𝑓′, tal que seu valor em todo número x do domínio de f seja dado por 𝑓′(𝑥) = lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥+∆𝑥)−𝑓(𝑥) ∆𝑥 (1) se este limite existe. Outro símbolo usado ao invés de 𝑓′(𝑥) é 𝐷𝑥𝑓(𝑥), que se lê “derivada de f de x em relação a x”. Se 𝑥1 for um número particular no domínio de f, então 𝑓′(𝑥1) = lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥1+∆𝑥)−𝑓(𝑥1) ∆𝑥 (2) Exemplos: 1o) Dada 𝑓(𝑥) = 3𝑥2 + 12, encontre a derivada de f. Sol.: Se x é algum número no domínio de f, então (1). 𝑓′(𝑥) = lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥+∆𝑥)−𝑓(𝑥) ∆𝑥 → 𝑓′(𝑥) = lim ∆𝑥→0 [3(𝑥+∆𝑥)2+12]−(3𝑥2+12) ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 3𝑥2+6𝑥𝛥𝑥+3(𝛥𝑥)2+12−3𝑥2−12 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 6𝑥𝛥𝑥+3(𝛥𝑥)2 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 (6𝑥 + 3𝛥𝑥) =6x Assim a derivada de f é a função 𝑓′ definida por 𝑓′(𝑥) = 6𝑥. O domínio de 𝑓′ é o conjunto de todos os números reais, que é também o domínio de f. 2o) Para a função do exemplo 1, determine a derivada de f em 2 de duas maneiras: (a) Aplicando a fórmula (2); (b) substituindo x por 2 na expressão de 𝑓′(𝑥) encontrada no exemplo 1. Sol.: (a) 𝑓(𝑥) = 3𝑥2 + 12. 𝑓′(2) = lim ∆𝑥→0 𝑓(2+∆𝑥)−𝑓(2) ∆𝑥 → 𝑓′(𝑥) = lim ∆𝑥→0 [3(2+∆𝑥)2+12]−(3(2)²+12) ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 12+12𝛥𝑥+3(𝛥𝑥)2+12−12−12 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 12𝛥𝑥+3(𝛥𝑥)2 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 (12 + 3𝛥𝑥) =12 (b) Do exemplo 1, 𝑓′(𝑥) = 6𝑥, então 𝑓′(2) = 12. 3o) Dada 𝑓(𝑥) = √𝑥 − 3, encontre 𝐷𝑥𝑓(𝑥). Sol.: 𝐷𝑥𝑓(𝑥) = lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥+∆𝑥)−𝑓(𝑥) ∆𝑥 → 𝐷𝑥𝑓(𝑥) = lim ∆𝑥→0 √(𝑥+∆𝑥)−3−√𝑥−3 ∆𝑥 Para obter um fator comum de Δx no numerador e denominador, racionalizamos o numerador, multiplicando numerador e denominador por (√𝑥 + ∆𝑥 − 3 + √𝑥 − 3). Temos 𝐷𝑥𝑓(𝑥) = lim ∆𝑥→0 (√(𝑥+∆𝑥)−3−√𝑥−3)(√𝑥+∆𝑥−3+√𝑥−3) ∆𝑥(√𝑥+∆𝑥−3+√𝑥−3) = lim ∆𝑥→0 𝑥+∆𝑥−3−(𝑥−3) ∆𝑥(√𝑥+∆𝑥−3+√𝑥−3) = lim ∆𝑥→0 ∆𝑥 ∆𝑥(√𝑥+∆𝑥−3+√𝑥−3) = lim ∆𝑥→0 1 (√𝑥+∆𝑥−3+√𝑥−3) = 1 √𝑥−3+√𝑥−3 = 1 2√𝑥−3 Se a função f é dada pela equação 𝑦 = 𝑓(𝑥), podemos estabelecer que ∆𝑦 = 𝑓(𝑥 + ∆𝑥) − 𝑓(𝑥) e escrever 𝑑𝑦 𝑑𝑥 em lugar de 𝑓′(𝑥), de tal modo que da fórmula (1) tenhamos 𝑑𝑦 𝑑𝑥 = lim ∆𝑥→0 ∆𝑦 ∆𝑥 Lembre-se de que ao usar 𝑑𝑦 𝑑𝑥 como notação para uma derivada, dy e dx isolados ainda não têm significado algum. Curiosidade: Foi o matemático alemão Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716) o primeiro a usar a notação 𝑑𝑦 𝑑𝑥 para a derivada de y com relação a x. O conceito de derivada foi introduzido no século XVII quase simultaneamente por Leibniz e Sir Isaac Newton (1642-1727), trabalhando separadamente. 4o) Dada 𝑓(𝑥) = 𝑥1 3⁄ . (a) Determine 𝑓′(𝑥). (b) Mostre que 𝑓′(0) não existe, mesmo sendo f contínua em 0. (c) Faça um esboço do gráfico de f. Sol.: (a) 𝑓′(𝑥) = lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥+∆𝑥)−𝑓(𝑥) ∆𝑥 → 𝑓′(𝑥) = lim ∆𝑥→0 (𝑥+∆𝑥)1 3⁄ −𝑥1 3⁄ ∆𝑥 Racionalizamos o numerador a fim de obter um fator comum de Δx no numerador e denominador;resulta então 𝑓′(𝑥) = lim ∆𝑥→0 [(𝑥+∆𝑥)1 3⁄ −𝑥1 3⁄ ][(𝑥+∆𝑥)2 3⁄ +(𝑥+∆𝑥)1 3⁄ 𝑥1 3⁄ +𝑥2 3⁄ ] ∆𝑥[(𝑥+∆𝑥)2 3⁄ +(𝑥+∆𝑥)1 3⁄ 𝑥1 3⁄ +𝑥2 3⁄ ] = lim ∆𝑥→0 (𝑥+∆𝑥)−𝑥 ∆𝑥[(𝑥+∆𝑥)2 3⁄ +(𝑥+∆𝑥)1 3⁄ 𝑥1 3⁄ +𝑥2 3⁄ ] = lim ∆𝑥→0 1 (𝑥+∆𝑥)2 3⁄ +(𝑥+∆𝑥)1 3⁄ 𝑥1 3⁄ +𝑥2 3⁄ = 1 𝑥2 3⁄ +𝑥1 3⁄ 𝑥1 3⁄ +𝑥2 3⁄ = 1 3𝑥2 3⁄ b) 𝑓′(0) não existe, pois 1 3𝑥2 3⁄ não está definida para x = 0. Contudo, a função f é contínua em x = 0, pelo Teorema: Se 𝑓(𝑥) = √𝑥 𝑛 , onde n é um inteiro positivo qualquer, então f é contínua em a se (ii) a for um número negativo ou zero, e n for ímpar. c) Para a função f do exemplo 4, considere lim ∆𝑥→0 𝑓(𝑥1+∆𝑥)−𝑓(𝑥1) ∆𝑥 em 𝑥1 = 0 Temos lim ∆𝑥→0 𝑓(0+∆𝑥)−𝑓(0) ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 (∆𝑥)1 3⁄ −0 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 1 (∆𝑥)2 3⁄ = +∞ Da parte (ii) da definição de reta tangente dada na aula anterior, segue que a reta x = 0 (o eixo y) é a reta tangente ao gráfico de f na origem. Portanto, do exemplo anterior podemos concluir que 𝑓′(𝑥) pode existir para alguns valores de x no domínio de f, mas pode inexistir para outros valores de x no domínio de f. Temos a seguinte definição: Definição de função diferencial em um número No exemplo 1, 𝑓(𝑥) = 3𝑥2 + 12, e o domínio de f é o conjunto de todos os números reais. Como 𝑓′(𝑥) = 6𝑥, e 6x existe para todo número real, segue que f é diferencial em toda parte. Outro exemplo: Seja f a função valor absoluto. Assim 𝑓(𝑥) = |𝑥| Esboço do gráfico desta função 𝑓′(0) = lim ∆𝑥→0 𝑓(0+∆𝑥)−𝑓(0) ∆𝑥 se este limite existe. Como 𝑓(0 + ∆𝑥) = |∆𝑥| e 𝑓(0) = 0, lim ∆𝑥→0 𝑓(0+∆𝑥)−𝑓(0) ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0 |∆𝑥| ∆𝑥 Como |∆𝑥| = ∆𝑥 se ∆𝑥 > 0 e |∆𝑥| = −∆𝑥 se ∆𝑥 < 0, os limites unilaterais devem ser considerados em 0. lim ∆𝑥→0+ |∆𝑥| ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0+ ∆𝑥 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0+ 1 = 1 e lim ∆𝑥→0− |∆𝑥| ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0− −∆𝑥 ∆𝑥 = lim ∆𝑥→0− (−1) = −1 Diz-se que a função f é diferencial em 𝑥1 se 𝑓 ′(𝑥1) existe. Uma vez que lim ∆𝑥→0+ |∆𝑥| ∆𝑥 ≠ lim ∆𝑥→0− |∆𝑥| ∆𝑥 segue que o limite bilateral lim ∆𝑥→0 |∆𝑥| ∆𝑥 não existe. Logo 𝑓′(0) não existe e f não é diferenciável em 0. Dado que 𝑓′(0) não existe e não é nem +∞ nem −∞, não há reta tangente na origem para o gráfico da função valor absoluto. Contudo, a diferenciabilidade implica a continuidade, como descrito no teorema a seguir OBS: Em caso de dúvidas! Entre em contato conosco por: aplicativo Moodle ou E-mail: jjdecarvalho@ifto.edu.br Teorema: Se uma função f é diferenciável em 𝑥1, então f é contínua em 𝑥1.