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INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA- PATOLOGIA Definição: É a incapacidade do coração em adequar sua ejeção às necessidades metabólicas do organismo, ou fazê-la somente através de elevadas pressões de enchimento. Introdução: • O coração bombeia 6 mil litros de sangue diariamente. • Bate 40 milhões de vezes em 1 ano. • Doenças cardíacas são a principal causa de morte no mundo. • Pesa aproximadamente 250 a 350 gramas. • ICC – Aparece como evolução final de várias doenças (HAS, Valvopatias, IAM). – Estresses hemodinâmicos súbitos (fluídos, IAM extenso, oclusões) – Tem evolução progressiva e péssimo prognóstico. FISIOLOGIA PRÉ-CARGA – É a força ou carga exercida no miocárdio no final da diástole (estiramento das fibras). – Refere-se ao máximo de estresse da parede do ventrículo, quando está cheio de sangue (pressão diastólica final). – Aumento: hipervolemia, congestão. • PÓS-CARGA – A pós-carga se refere a resistência, impedância ou pressão que os ventrículos tem que exercer para ejetar seu volume sanguíneo. – É a dificuldade enfrentada pelo ventrículo durante o processo de ejeção. – O fator que mais interfere na pós-carga é a resistência vascular periférica. DÉBITO CARDÍACO (medida absoluta) – É a quantidade de sangue bombeado pelo coração por minuto. – DC = Frequência cardíaca x Volume sistólico. – Em repouso aproximadamente 5 L/min (70 bpm x 70 mL). • FRAÇÃO DE EJEÇÃO (medida relativa) – É a porcentagem de sangue bombeada pelo coração em cada batimento com relação ao volume da cavidade ventricular. – Volume sistólico final (VSF): Volume de sangue que fica nos ventrículos após a sístole. – Volume diastólico final (VDF): Volume de sangue presente nos ventrículos no final da diástole. – Fração de ejeção: (VDF – VSF) / VDF Mecanismos Regulatórios • Ativados quando a função cardíaca é prejudicada ou a carga de trabalho aumenta. – Manter pressão e perfusão. 1. O mecanismo de Frank-Starling. – Aumento dos volumes de enchimento → dilata o coração → estiramento das fibras → aumenta a formação de pontes cruzadas (projeções de miosina) funcionantes nos sarcômeros → aumento da contratilidade. – Garante ejeção de todo o volume do retorno venoso. 2. Adaptações miocárdicas (remodelamento ventricular). – Resposta compensatória do miocárdio devido ao aumento do trabalho mecânico. – Hipertrofia com ou sem dilatação da câmara cardíaca. • Hipetrofia concêntrica (fazer pressão): deposição de sarcômeros em paralelo ao maior eixo das células (hipertensão e estenose aórtica). • Hipertrofia excêntrica (suportar volume): hipertrofia com consequente dilatação. – Resposta compensatória do miocárdio ao aumento do trabalho mecânico. – Hipertrofia com ou sem dilatação da câmara cardíaca. (Aumento da vascularização não acompanha o aumento das necessidades metabólicas dos cardiomiócitos). Hipertrofia fisiológica: – Exercício aeróbico • Hipertrofia de carga volumétrica . • Aumento na densidade capilar. • Diminuição da frequência cardíaca de repouso e da pressão arterial. – Exercício estático • Hipertrofia de pressão • Parece mais provável estar associado a alterações deletérias. 3. Ativação de sistemas neuro-humorais: – Liberação de norepinefrina pelos nervos cardíacos adrenérgicos do sistema nervoso autônomo → aumenta a frequência cardíaca, a contratilidade miocárdica e a resistência vascular. – Ativação do sistema renina-angiotensina-aldosterona (reabsorção de sódio e aumento da volemia) – Liberação do peptídeo natriurético atrial (BNP) – Dilatação atrial. Causas Gerais • Aterosclerose e doença coronariana. • HAS. • Cardiomiopatias (dilatada / hipertrófica). • Cardiomiopatia alcoólica. • Miocardites. • Doença valvar. • Cardiopatias congênitas. • Doenças pericárdicas. • Arritmias. • Drogas. Classificação • Cronologia – Aguda – Crônica • Fração de ejeção – Sistólica – Diastólica • Débito Cardíaco (Dinâmica) – Baixo Débito – Alto Débito • Morfolologia – Esquerda – Direita Insuficiência Cardíaca Aguda • Geralmente são rápidas e de péssimo prognóstico. – Infarto agudo do miocárdio extenso. – Miocardite. – Arritmia grave. – Trauma cardíaco. – Oclusão valvar. Tipos de Insuficiência Cardíaca 1. IC com fração de ejeção reduzida (sistólica) – FE < 45%: – Déficit de bombeamento de sangue por um ventrículo com contração deficiente (B3 – protodiastólico – sobrecarga de volume). – Causas: • Doenças que afetam a capacidade de bomba (IAM). 2. IC com fração de ejeção preservada (diastólica) – FE > 45 a 50% e deficiência de relaxamento ventricular: – Déficit no relaxamento do ventrículo, cursando com altas pressões de enchimento (B4 - sistole atrial- sobrecarga de pressão). – Débito cardíaco é relativamente preservado em repouso. – O coração é incapaz de aumentar a sua produção em resposta a aumentos nas exigências metabólicas dos tecidos periféricos. – Qualquer aumento na pressão de enchimento é imediatamente encaminhado para a circulação pulmonar → Edema pulmonar. – A hipertensão é a etiologia subjacente mais comum. – Causas: • Fibrose miocárdica (tal como ocorre em cardiomiopatias e cardiopatia isquêmica) • Amiloidose cardíaca, Sarcoidose. • Pericardite restritiva. • Senilidade. Tipos de Insuficiência Cardíaca 1. IC de Baixo Débito. – Quadro clássico em que o débito cardíaco está reduzido (falência da bomba ou obstrução). 2. IC de Alto Débito. – Condições em que o débito cardíaco, apesar de normal ou aumentado, não supre as necessidades do organismo, ou por aumento da demanda metabólica ou por fístulas arteriovenosas – Ex: Anemia grave, tireotoxicose, cirrose hepática. Insuficiência Cardíaca Congestiva - Esquerda • Causas: – Doença cardíaca isquêmica. – HAS. – Doenças valvares aórticas e mitrais. – Doenças do miocárdio. • Efeitos: – Congestão da circulação pulmonar. – Estase do sangue nas câmaras do lado direito. – Hipoperfusão dos tecidos, levando à disfunção orgânica. Insuficiência Cardíaca Congestiva - Morfologia • Coração – Anormalidades na estrutura cardíaca (tamanho, dilatação, calcificações, estenoses) – Achados microscópicos não específicos (hipertrofia de miócitos e fibrose). – Distúrbios de ritmo e trombose. • Dilatação ventricular → sobrecarga atrial → dilatação atrial → focos anômalos → fibrilação atrial → estase → trombos • Pulmão – Edema e congestão levam a pulmões “úmidos”. – Edema perivascular e intersticial (septo interlobular – Linhas B de Kerley) – Espansão dos septos alveolares por edema – Acúmulo de líquido (edema) nos espaços alveolares – Extravasamento de eritrócitos nos espaços alveolares → Fagocitose por Macrófagos → Células da ICC Rins – Redução na perfusão renal → ativação do sistema RAA → retenção de sal e água → aumento da volemia. – Aumento da volemia → Bomba ineficiente → Represamento de carga → Congestão → Edema. – Hipoperfusão renal → menor excreção de coponentes nitrogenados (uréia) → Azotemia (pré-renal). Cérebro – Isquemia e hipóxia → Retardo → Demência → Coma Insuficiência Cardíaca Congestiva - Direita • Causa mais comum → ICC Esquerda • ICC direita pura é infrequente. • Cor Pulmonale (mais comum) – Cor pulmonale é o aumento do ventrículo direito secundário à pneumopatia, o qual provoca hipertensão arterial pulmonar, sucedida por insuficiência ventricular direita. – Mais comumente associado a doenças parenquimatosas do pulmão; – Distúrbios que afetam a vasculatura pulmonar (hipertensão pulmonar primária, tromboembolismo pulmonar recorrente); – Distúrbios que produzem hipóxia (apnéia do sono crônica, doença da altitude), com vasoconstrição pulmonar associada. – Em casos extremos, o abaulamento do septo ventricular à direita pode causar disfunção ventricular esquerda. • Clínica → congestão venosa sistêmica e portal – Hepatoesplenomegalia, edema periférico, efusões pleurais e ascite. – Congestão renal (Azotemia importante) – Sintomas cerebrais. Insuficiência Cardíaca Congestiva - Morfologia • Fígado e Sistema Portal – A congestão dos vasos hepáticos e portais pode produzir alterações patológicas no fígado, no baço e no intestino. – Hepatomegalia congestiva • Congestão é mais proeminente em tornodas veias centrolobulares, que mostram descoloração marrom- avermelhada e regiões periféricas mais pálidas, às vezes gordurosas (fígado em noz-moscada) – Quando a insuficiência cardíaca do lado esquerdo também está presente, a hipóxia central grave produz necrose centrolobular. – Insuficiência cardíaca severa do lado direito por tempo prolongado → fibrose → cirrose cardíaca. – A hipertensão portal produz esplenomegalia congestiva – Congestão crônica e edema da parede intestinal (interferência na absorção de nutrientes). • Espaços pleural, pericárdico e peritoneal – Acúmulo de líquido nos espaços pleural, pericárdico ou peritoneal (estertores e crepitação). – Grandes derrames pleurais (mais de 1 litro) podem causar áreas de atelectasia (diminuição de MV). – Transudação de fluido para a cavidade peritoneal pode originar ascite (percussão e sinal do piparote). • Tecidos subcutâneos – Edema em membros inferiores (sinal do Cacifo). – Anasarca. • Laboratorial – BNP >100. • Útil nas emergências para diferenciar dispnéia cardiogênica das demais causas. • Também é marcador prognóstico na IC. – NT-próBNP • Marcador recente. • Forma inativa liberada junto com o BNP. • ECG – Taquicardia sinusal. – Arritmia. – Sobrecarga ventricular. Diagnóstico Diferencial • Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo do Adulto (SDRA) – Início mais agudo. – Estertores difusos nos pulmões, sem B3 e aumento do trabalho respiratório. – Radiografia de tórax com infiltrados alveolares bilaterais. – Causas: • Sepse • Pneumonia • Aspiração de conteúdo gástrico • Hemotransfusão • Overdose • Trauma • Eventos tromboembólicos – D-dímero. Prognóstico • Idade avançada. • Hiponatremia. • Níveis elevados de BNP. • Classe funcional. • Fração de ejeção. • Anemia. • Insuficiência Renal. • Doença coronariana. • B3. • QRS > 120 ms Tratamento • Farmacológico • Controle de comorbidades (DM, HAS). • Dieta hipossódica (2 a 3 gramas/dia) • Restrição hídrica. • Parar tabagismo. • Limitar consumo de álcool. • Exercícios físicos (Classes I a III) • Imunização contra influenza e pneumococo.