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PEÇA I - RECLAMAÇÃO TRABALHISTA

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M.M JUÍZO DA _º VARA DO TRABALHO DA COMARCA DE 
SÃO PAULO/SP
PEDRO CASTILHO, brasileiro, solteiro, pedreiro, nasceu no dia (x) de (x) de (x), inscrito sob o CPF nº (x), portador da cédula de Identidade RG nº (x), endereço eletrônico (x), residente e domiciliado na Rua Fontoura Xavier, nº 20, Bairro Itaquera, Cep 00.120-50, na cidade de São Paulo/SP, vem respeitosamente, neste ato representada por seu procurador infra-assinado, conforme procuração em anexo, propor à Vossa Excelência a presente: 
AÇÃO DE RECLAMAÇÃO TRABALHISTA,
Em face da CONSTRUTORA VIVER BEM LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita sob o CNPJ nº (x), endereço eletrônico (x), com sede na Avenida Paulista, nº 500, Bairro Bela Vista, cep 00.010-30, na cidade de São Paulo/SP, pelas razões de fato e de direito a seguir expostas:
I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA: 
Conforme está previsto no artigo 4º da Lei 11.060/50, redação conferida pela Lei 7.510/86, vem o reclamante informar que não possui condições financeiras para arcar com as custas processuais e os honorários advocatícios sem acarretar prejuízo do próprio sustento e de sua família, solicitando assim que lhe seja conferido o benefício da Justiça Gratuita.
II – DOS FATOS: 
O reclamante encontrava-se desempregado quando resolveu aceitar a proposta de trabalho da reclamada, no entanto, a construtora propôs que a contratação fosse feita por meio de uma pessoa jurídica (instrumento conhecido como pejotização) com fundamento de que não havia qualquer impedimento para a realização desse tipo de terceirização. Nesse caso, foi sugerido que ele criasse uma Microempresa individual (MEI), assim o fez, e foi firmado contrato na data de 07 (sete) de janeiro de 2019, data em que também começou a trabalhar como pedreiro, conforme os documentos anexos aos autos. 
A carga horária de trabalho do reclamante era fixa em 8 (oito) horas diárias, de segunda à sexta, das 09h às 18h, sendo o intervalo de 1h e recebendo como remuneração mensal a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais), a qual deve ser tomada como base do cálculo. 
Entretanto durante todo o período em que passou laborando para a construtora, o autor não teve sua carteira assinada, não tendo direitos trabalhistas a si assegurados, não recebia qualquer valor a título de horas extras e não recebia vale-transporte, embora, precisasse se deslocar de ônibus de sua casa para o trabalho no qual custava R$ 4,50 (quatro reais e cinquenta centavos) cada passagem de ida e volta, ou seja trabalhando somente sob o manto de terceirização. Ele laborou ininterruptamente até a data de 20 (vinte) de dezembro de 2019, quando foi notificado pela construtora acerca da rescisão contratual, havendo então somente o pagamento de todos os serviços prestados no mês de dezembro de 2019.
É importante frisar, que mesmo sendo pago sob o manto de pessoa jurídica (MEI) no qual foi criada por solicitação da reclamada, se submetia em uma relação empregatícia; de acordo com a legislação estão presentes os institutos de Pessoalidade, da Onerosidade, da Não-eventualidade e da Subordinação. 
O artigo 3º da CLT mostra os requisitos constantes que determinam tais circunstâncias ocorram concomitantemente durante a relação empregatícia para que seja então consolidada a relação necessária para se fazer suportar ao empregador as obrigações trabalhistas deste contrato decorrente, consolidado nos direitos sociais e remuneratórios pela Lei aos trabalhadores conferidos. 
Diante disso, é evidente que o contrato social da empresa MEI, constituída pelo reclamante, foi criada exclusivamente para prestar serviços à reclamada, tendo o intuito de dissimular uma contratação trabalhista. Nesse sentido, o artigo 9º da CLT, informa que: 
Art. 9º - Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Sendo assim, resta demonstrado que houve uma fraude materializada pela reclamada, com a criação da Microempresa individual tendo como intuito a prestação de serviço de forma exclusiva, contendo em sua concretude todas as premissas legais que constituam uma relação de emprego, afastando eventual legalidade que poderia ser conferida à esta fraudulenta terceirização. 
Contudo, tendo em vista as informações acima suscitadas, propõe-se a presente Reclamação Trabalhista no intuito de serem satisfeitos todos os direitos do Reclamante. 
III – DO DIREITO:
1. DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO:
Com o intuito de ocultar uma relação de emprego, foi logrado um contrato entre Pessoas Jurídicas para que a relação fosse consolidada, evitando assim que a reclamada assumisse o ônus com os encargos sociais e trabalhistas do funcionário. 
O artigo 3º da CLT, traz o conceito de empregado com seus requisitos: 
Art. 3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário.
No decorrer do período de laboração para a construtora configurou presente todas as características do vínculo empregatício, cumulativamente, tais como, pessoalidade, onerosidade, subordinação e habitualidade. Reportou-se à reclamada (subordinação), não poderia ser substituído (pessoalidade), recebia a quantia de R$ 3.000,00 (três mil reais) – (onerosidade), tendo dias fixos de trabalha e devia cumprir carga horária de um empregado, 8h diárias (não eventualidade).
De acordo com os documentos anexos a está inicial, pode-se observar que o reclamante cumpria toda a jornada de trabalho que lhe era solicitado pelo empregador, além de trabalhar com total exclusividade para a reclamada, não podendo ser substituído e mediante ânimo subjetivo de perceber uma contraprestação mensal, sendo assim está configurado o vínculo empregatício existente entre as partes. 
Portanto, requer então, que seja reconhecido o vínculo empregatício, para que a Reclamada e proceda à anotação da CTPS do Reclamante, e que seja conferido os efeitos legais o qual tem direito, tais como o pagamento de todas as verbas rescisórias e indenizatórias sobre a rescisão sem justa causa do contrato de trabalho, assim como a liberação das guias de seguro desemprego ou pagamento de indenização correspondente e também a compensação de todos os encargos trabalhistas já vencidos. 
1. DO AVISO PRÉVIO INDENIZADO:
O artigo 487, § 1º da CLT informa as consequências sobre a não concessão de aviso prévio:
Art. 487.
(...)
§ 1º - A falta do aviso prévio por parte do empregador dá ao empregado o direito aos salários correspondentes ao prazo do aviso, garantida sempre a integração desse período no seu tempo de serviço.
Nesse sentido, tem-se também a OJ nº 82, SDI-I do TST, a qual prevê que “A data de saída a ser anotada na CTPS deve corresponder à do término do prazo do aviso prévio, ainda que indenizado”.
No entanto, levando-se em consideração que há uma inexistência de justa causa para a rescisão do contrato de trabalho, o Reclamante tem o direito ao Aviso Prévio indenizado, então devendo prorrogar o termino do contrato para o mês de Janeiro de 2020.
Em tal caso, o período de aviso prévio indenizado corresponde a mais 30 (trinta) dias de tempo de serviço para efeitos do cálculo de 13º salário, férias com 30%, a requerer o recebimento de Aviso Prévio Indenizado no valor de R$ ____. 
1. DAS FÉRIAS PROPORCIONAIS + 1/3 CONSTITUCIONAL:
O artigo 7º, XVII da CF/88 assim como o artigo 146, parágrafo único da CLT, monstra em sua redação o direito de receber as férias vencidas do período em que foi trabalhado, com o acréscimo do terço constitucional: 
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo menos, um terço a mais do que o salário normal;
Art. 146. Na cessação do contrato de trabalho qualquer que seja a sua causa, será devida ao empregado a remuneração simples ou em dobro, conforme o caso, correspondente ao período de férias, cujo direito tenha adquirido.
Parágrafo único- Na cessação do contrato de trabalho, após 12 (doze) meses de serviço, o empregado, desde que não haja sido demitido por justa causa, terá direito à remuneração relativa ao período incompleto de férias, de acordo com o art. 130, na proporção de 1/12 (um doze avos) por mês de serviço ou fração superior a 14 (quatorze) dias.
Com isso, é evidente que o reclamante faz jus ao recebimento das férias vencidas, acrescidas em dobro, de acordo com a previsão legal do artigo 137 da CLT: 
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art. 134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração.
Essa expressão traz exatamente o que ocorreu no caso que fora apresentado, pois se faz necessário ingressar à justiça para que esta promova o pagamento dos direitos pela Reclamada. 
O valor do montante devido é de R$ __. 
1. DO 13º SALÁRIO VENCIDO E PROPORCIONAL:
O artigo 7º, VIII da CF/88 informa que:
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social:
(...)
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração integral ou no valor da aposentadoria;
E vale ressaltar que mesmo que não haja trabalhado ininterruptamente durante os doze meses anuais, terá direito de receber o proporcional o valor do 13º salário. No qual o Reclamante manteve o vínculo com a reclamada de janeiro de 2019 até dezembro de 2019, ou seja, tem direito de receber o valor equivalente ao 13º salário.
Nesse sentido, o artigo 1º da Lei 4090/62 também reforça o disposto constitucional:
Art. 1º - No mês de dezembro de cada ano, a todo empregado será paga, pelo empregador, uma gratificação salarial, independentemente da remuneração a que fizer jus. 
Entretanto, já que o Reclamante não recebeu o valor equivalente a este benefício, o mesmo tem o direito de recebe-lo intempestivamente, devendo ser paga a quantia de R$ __, devendo ser considerado o seu último salário recebido.
1. DO FGTS + MULTA DE 40%:
O artigo 18 da Lei nº 8036/90 preleciona que:
Art. 18. Ocorrendo rescisão do contrato de trabalho, por parte do empregador, ficará este obrigado a depositar na conta vinculada do trabalhador no FGTS os valores relativos aos depósitos referentes ao mês da rescisão (...) 
O empregador deverá depositar ate o dia 07 de cada mês a importância correspondente a 8% de sua remuneração devida no mês anterior. 
Nesse sentido, o Reclamante requer que seja efetuado o depósito correspondente a todo o período da relação empregatícia, contando do seu início até o seu final, dando importância ao seu último salário no valor de R$ 3.000,00 (três mil reais) e observando que a sua CTPS não foi assinada, formando então o montante de R$ __.
Importante ressaltar que, de acordo com o mesmo artigo da Lei, o §1º informa que deverá ser pago também a multa de 40% sobre o valor total a ser depositado a título de FGTS, pelo fato da rescisão ter sido injusta. 
IV – DA MULTA DO § 8º DO ARTIGO 477 DA CLT: 
Art. 477. Na extinção do contrato de trabalho, o empregador deverá proceder à anotação na Carteira de Trabalho e Previdência Social, comunicar a dispensa aos órgãos competentes e realizar o pagamento das verbas rescisórias no prazo e na forma estabelecidos neste artigo. 
(...)
§ 8º - A inobservância do disposto no § 6º deste artigo sujeitará o infrator à multa de 160 BTN, por trabalhador, bem assim ao pagamento da multa a favor do empregado, em valor equivalente ao seu salário, devidamente corrigido pelo índice de variação do BTN, salvo quando, comprovadamente, o trabalhador der causa à mora.
Com base nesse artigo e na Súmula 462 do TST, pode se observar que nada foi pago ao Reclamante, tendo direito, portanto, de receber o pagamento de uma multa equivalente a um mês de salário revertida em favor deste. 
V- DO VALE TRANSPORTE:
Conforme mencionado acima, o Reclamante fazia uso do transporte coletivo urbano para se deslocar de seu domicílio até o local de trabalho, gastando diariamente em torno de R$ 9,00 (nove reais) por dia. 
Sendo que a Lei nº 7418/85, regulamentada pelo Decreto de nº 95.247/87, informa que há obrigatoriedade de o empregador fornecer ao empregado o vale transporte, antecipado para que o empregado possa se deslocar para o posto de trabalho, o que importa na condenação ao pagamento da Reclamada no valor de R$ __. 
VI – DOS PEDIDOS: 
Diante do exposto, requer:
1. Que seja deferido o benefício da Justiça Gratuita;
1. Que a Reclamada seja notificada para comparecer à audiência a ser designada para, querendo, apresentar defesa;
1. Seja julgado ao final a presente Reclamação totalmente procedente, declarando o vínculo empregatício existente, bem como condenando a Reclamada a:
1: Reconhecer que houve vínculo empregatício, anotando a CTPS do Reclamante o período trabalhado na função de pedreiro;
2: Haja o pagamento do Aviso Prévio indenizado de 30 dias no valor de R$ __, do 13º salário vencido no valor de R$ __, das férias vencidas + 1/3 no valor de R$ __, que seja feito os depósitos de FGTS de todo o período, acrescido de multa de 40% a título de indenização no valor de R$ __; 
3: Que faça o pagamento dos honorários advocatícios no patamar estipulado de 20$ sobre a condenação;
4: Que a Reclamada seja condenada ao pagamento de multa prevista no artigo 477, § 8º da CLT e, caso não seja pago as parcelas incontroversas na primeira audiência, que seja aplicada multa de mora conforme o artigo 467 da CLT, com acréscimos de correção monetária e juros moratórios. 
1. Requer que a Reclamada seja condenada ao pagamento das contribuições previdenciárias devido em face das verbas acima requeridas, uma vez que se tivessem sido pagas na época oportuna não acarretariam incidência da contribuição previdenciária. 
Por pretender provar o alegado por todos os meios pelo Direito admitidos, notadamente oitiva de testemunhas e depoimento pessoal. 
Dá-se à causa o valor de R$ __.
Nesses termos,
Pede deferimento.
SÃO PAULO/SP, (x) de (X) de (X)
(Advogado)
OAB nº (x).

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