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Fundamentos de Logística_ 2

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02/04/2016 Fundamentos de Logística: 2. ORIGEM E EVOLUÇÃO
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Q U A R TA ‐ F E I R A , 2 6 D E M A I O D E 2 0 1 0
2. ORIGEM E EVOLUÇÃO
O automóvel, além de ser considerado a máquina que moveu o mundo,
concentra na história de sua produção um padrão representativo de todo
o gerenciamento das cadeias logísticas mundiais. Desde Henry Ford,
antes da primeira grande guerra mundial, com o seu conhecido Ford
“T”, passando por Alfred Sloan na década de 30 com o surgimento da
GM, avançando com o advento da Toyota a partir da década de 40 até o
surgimento do complexo automobilístico da Ford, em Camaçari­BA,
muitas mudanças ocorreram na forma de gerir o fluxo de materiais e o
atendimento às necessidades dos clientes.
Assim como em outras áreas do conhecimento, os estudos sobre a área
logística foram sendo desenvolvidos de maneira constante e gradual,
mas é possível apontar alguns marcos importantes na história de sua
evolução, que separam momentos históricos diferentes. Ballou (1993) e
Ching (1999) apontam uma classificação evolutiva com marcos claros e
distintos, porém é sempre importante lembrar que estes momentos não
se desdobram igualmente em todas as partes do globo, já que algumas
regiões se desenvolvem antes das outras.
Antes de 1950
A década de 50 foi, de fato, fundamental para o desenvolvimento dos
estudos por um simples fato: a Segunda Guerra Mundial. Apesar das
massivas perdas de vida e de recursos que compõem as guerras, é
inegável o aporte de tecnologia que consequentemente surge dos
grandes confrontos bélicos.
Observando sob o ponto de vista da logística, acrescenta­se o fato de
que a Segunda Guerra foi totalmente desenvolvida no continente
europeu, sendo que grande parte das forças aliadas tiveram que se
locomove de outro continente, em uma época na qual os transportes não
eram tão desenvolvidos: os vôos transoceânicos e as comunicações
ainda não tinham atingido o estado atual de conforto. Por isso, o
sucesso de qualquer operação militar implicava necessariamente uma
boa organização dos seus recursos materiais, movimentação de suas
tropas e armamentos, muitas vezes até em segredo, para garantir o
sucesso da estratégia.
Antes da década de 50 a logística era muito pouco explorada nos meios
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empresariais. É claro que havia gestão das atividades logísticas, mas
isto ocorria de forma totalmente fragmentada, sem uma coordenação
única. Atividades como transporte, produção, estoques, fornecimento,
distribuição, etc. ficavam sob responsabilidades diferentes, sem um
gestor de logística. Assim, interesses diferentes causavam choques de
políticas e de setores. Tenhamos como exemplo o caso de um gestor de
produção, cujo principal interesse está na manutenção de sua eficiência
produtiva e de seus baixos custos de produção, que consequentemente
estará defendendo uma boa quantidade de estoques de matérias primas,
levando em consideração as previsões mais otimistas possíveis. Já o
gestor financeiro estará muito preocupado com o capital imobilizados
nos estoques e as oportunidades que estarão perdendo nas aplicações
financeiras, brigando sempre por uma menor quantidade de ativos nos
estoques.
Este tipo de conflito ocorria com frequência entre os setores: transporte
brigando com produção, compras em atrito com estoques, etc. A tabela
abaixo apresenta uma representação da distribuição de
responsabilidade e objetivos entre os setores:
Fonte: STOLLE, John F. apud Ballou, 1993.
Entretanto, já existiam alguns trabalhos de pioneiros em estudos
logísticos empresariais. Arch Shaw (1912) e Fred Clarck (1922) derivam
estudos de áreas como marketing para falar da importância da
distribuição e transportes na criação de mercado e demanda.
BIBLIOGRAFIA
Q U E M S O U E U
ROGÉRIO FLORES
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Décadas de 50 a 70
O período após uma guerra é normalmente marcado por grandes
transformações e novas oportunidades. É neste ambiente que os estudos
sobre administração e marketing continuam a se desenvolver e temas
como distribuição e logística voltam a ser abordados.
Os avanços obtidos na área de logística começam a ser aplicados nas
empresas potencializados por novos recursos tecnológicos. As
descobertas na área de matemática, computação, pesquisa operacional,
o movimento pela qualidade total, a teoria dos sistemas, entre outros
fatores, começam a gerar resultados crescentes para as empresas.
Lewis, Culliton e Steele publicam em 1956 um trabalho onde
demonstram que o transporte aéreo, com seu alto custo, poderia ser
compensado com menores custos de estoques de segurança de
materiais. Este trabalho e esta compensação acabam criando o conceito
de custo total logístico, que trará mais unidade ao estudo do setor,
buscando uma integração e uma visão mais sistêmica.
Um conhecido professor da área de Marketing, Paul Converse, em 1954
apontou a falta de preocupação com a distribuição física. Peter Drucker,
famoso escritor da área de negócios, afirma que a distribuição está entre
as áreas mais desprezadas e promissoras da América.
Neste momento histórico pós­guerra, além das mudanças
populacionais, com o contínuo crescimento demográfico nas cidades e
o crescimento dos subúrbios dos grandes centros urbanos, o perfil de
consumo da população também passava por grandes ajustes. O
consumidor começa a adotar uma postura de “cliente exigente”,
fomentada pelo aumento da concorrência e novos tipos de produtos são
demandados. Não basta mais aquele produto padrão único de baixo
preço, como o automóvel Ford Modelo “T”. O cliente quer variedade e
poder de escolha, exigindo mais opções de compra, o que significa
maior flexibilidade na produção e controle de estoques diversificados.
O ambiente econômico já não é tão favorável para o crescimento
desordenado e a pressão sobre os lucros tende a ser mais forte. A
recessão pós­guerra traz a necessidade de um maior esforço dos
administradorespara cortar os custos e, já que a eficiência produtiva
tinha sido extenuantemente trabalhada no início do século, a logística
se mostrava um setor de muitas oportunidades para enxugamento dos
custos.
Juntemos agora todo este potencial de melhoria de desempenho com
uma forte demanda empresarial para redução de custos e novas
ferramentas computacionais sendo aplicadas à experiência militar...
pronto: temos o início de grandes pesquisas e descobertas em logística.
É nesta época, por exemplo, que Jay Forrester começa os estudos sobre
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as cadeias de distribuição e revela o mecanismo de funcionamento das
variações de demanda ao longo da cadeia, o famoso “efeito chicote”.
Décadas de 70 a 90
Observando o cenário mundial neste período, alguns fatos merecem
destaque, especialmente para a logística. O primeiro é a guerra do
Vietnã, que pouco a pouco foi ganhando uma proporção inesperada até
mesmo para os mais pessimistas e demandando recursos importantes
daquela que já se tornara a maior economia mundial. Outro fato
interessante foi a criação da OPEP (Organização dos Países
Exportadores de Petróleo) e o embargo comercial de 1973, que foi
seguido de uma conseqüente alta nos preços do petróleo, que influencia
diretamente nos custos de distribuição e transporte.
O ambiente econômico mundial nesta época demonstrava um período
de baixa nas taxas de crescimento econômico e alta nos índices de
inflação. E óbvio que em alguns poucos países, como foi o caso do
Brasil, o crescimento econômico ainda existia (foi o período
denominado “milagre econômico”) e novos empreendimentos eram
lançados. Mas, de uma forma mais geral, o mundo enfrentava o período
que ficou conhecido como “estagflação”. Neste cenário, os custos de
produção e transporte se tornavam muito altos, com altas taxas
inflacionárias e aumento nos juros do mercado. Juros altos significam
maior custo do capital no tempo, o que, para a logística, representa
maior custo dos estoques.
Contudo, algumas práticas de gestão logística já começam a dar
resultado e algumas empresas começam a se destacar, não apenas pela
melhor gestão dos custos totais, mais buscando um melhor nível de
serviço ao cliente. É nesta época que o movimento pela qualidade total
começa a tomar vulto como resposta à forte pressão exercida pela
indústria japonesa sobre o mercado ocidental, especialmente no
segmento automotivo e de eletrônicos.
Esta fase é conhecida como semi­maturidade da logística, com novos
estudo e novas tecnologias. A área de logística nas empresas começa a
se tornar mais integrada, com um grande aliado que tende a se tornar
mais e mais difundido: os computadores pessoais e a proliferação da
tecnologia de informação.
Após a década de 90
A década de 90 é um dos maiores pontos de inflexão no
desenvolvimento do setor. A logística se torna um grande diferencial
para empresas de destaque nos mais diversos setores. O sucesso de
empresas como a Dell Computers, a Wall­Mart, a Amazon.com, a
Federal Express, entre outras é fortemente ligado a melhorias
implantadas em sua logística. O número de empresas que criam
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diretorias para o setor de logística só demonstra a importância que vem
sendo creditada ao seu trabalho. De um mero centro de custos, o setor
passa para um dos principais centros de resultados a ser explorado.
Fortes mudanças continuam acontecendo na estrutura econômica
mundial e no meio empresarial. O começo da década de 90 começa logo
após a queda do muro de Berlim, seguido do fim do império soviético e
término da guerra­fria. Os blocos econômicos continuam se
desenvolvendo, como a Comunidade Européia, a ALCA, etc. Com eles
novas formas e comércio e, por que não dizer de embargos econômicos.
A competição ganha novos rumos, tornando­se global. A Internet e o E­
business transformam organizações inteiras e surgem novos players no
comércio mundial.
Neste cenário a logística integrada ganha muito mais força e novos
conceitos e estudos vão surgindo. Nomes e siglas, como Suplly Chain
Management (SCM), Efficient Consumer Response (ECR), Just In Time
Distribution (JITD), Vendor Managed Inventory (VMI), Quick
Response (QR), Theory Of Constraints (TOC), Milk Run, etc. se
proliferam como formigas no açucareiro. Junto com a tecnologia de
informação, a logística se destaca entre as principais formas de gerar
vantagem na concorrência e, principalmente, como forma de responder
à dinâmica proporcionada pela revolução da informação.
Aos poucos é possível perceber que esta visão histórica do crescimento
do setor pode não ser claramente distinguível em todos os setores e em
todas as regiões. Contudo, já dá para perceber a importância do
contexto econômico e social nos modelos de gestão organizacionais,
permitindo assim a visualização de novas tendências e de cenários
esperados para o futuro.
POSTADO POR ROGÉRIO FLORES ÀS 16:19 
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