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14 Relação Médico Paciente

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1 
 
Relação Médico Paciente: 
 Considerações gerais: Carga emocional no encontro entre paciente e médico. Premissas do 
relacionamento médico-paciente: A relação médico-paciente deve ser foco de atenção e estudo 
desde o primeiro encontro do estudante com o paciente até toda a sua vida profissional; Tripé 
da medicina moderna (Anamnese, exames laboratoriais e equipamentos que produzem valores, 
traçados e imagens); Compreensão dos mecanismos psicodinâmicos; Treinamento prolongado e 
sob supervisão para a aprendizagem da relação médico-paciente interligando com a 
aprendizagem clínica; Aquisição de conhecimentos básicos das Humanidades (filosofia, 
psicologia, antropologia, sociologia e outras). 
 
 Princípios biomédicos: Teoria Principialista proposta por Beauchamp e Chidress. Essa teoria 
forma um conjunto composto por quatro princípios: Beneficência (É a busca por fazer sempre o 
bem para o paciente); Não maleficência (Não fazer nada de mal ao paciente); Justiça (Fazer 
sempre o que é justo para o paciente); Autonomia (Decisão sobre o tratamento é do paciente, 
após o devido esclarecimento; o principal fruto do princípio da autonomia é o chamado 
consentimento informado); Consentimento informado (Processo pelo qual médicos e pacientes 
tomam decisões juntos; mudança estrutural do paternalismo/autoritarismo, devido a vários 
fatores que ratificam a aplicação dos princípios bioéticos; os pacientes podem registrar em 
prontuário a quais procedimentos querem ser submetidos [Resolução 1.995]); A beneficência e 
a não maleficência são compreensíveis na prática clínica, ao contrários da ideia de justiça; Justiça 
(Para a aplicação desse princípio é preciso considerar os princípios de justiça social no acesso à 
saúde; É preciso aplicar a chamada “justiça distributiva”, relacionando com distribuição igual, 
equitativa e apropriada na sociedade; É preciso levar em conta aspectos como gênero, cor, 
questões morais, sociais e até a opção religiosa); Equidade x igualdade (“Tratar de forma desigual 
os desiguais” em busca de oferecer oportunidades semelhantes a toda a sociedade). Além desses 
princípios bioéticos, outros valores se tornam necessários no cotidiano profissional: Respeito a 
alteridade (Respeitar a diferença no outro. Ações afirmativas têm chamado atenção da sociedade 
a respeito da alteridade. Um exemplo no SUS é a Política Nacional da Saúde Integral da População 
Negra, que oferece aos profissionais uma ferramenta para a abordagem ao paciente negro de 
acordo com a sua diversidade.) e Sigilo (Respeitar o segredo sobre as informações do paciente. É 
um valor que deve ser trabalhado nos estudantes de medicina desde o início do curso. Deve-se 
conter os sentimentos narcisistas em relação a um caso bem conduzido. As informações que 
identificam pacientes precisam ser evitadas). A necessidade de prevenção contra demandas 
judiciais envolvendo atos médicos é um aspecto que justifica o ensino/aprendizagem dos 
princípios bioéticos. Uma boa relação médico-paciente é uma atitude preventiva. A ética médica 
é uma condição adquirida ao longo da vida, desde o período de estudante até a vida profissional. 
A ética médica depende da moral e do desenvolvimento biológico, psíquico e social adquirido ao 
longo da vida. A bioética da relação médico-paciente é a parte mais complexa da ética médica. 
Conflito entre o emocional e o racional em relação a bioética médico-paciente. A bioética das 
relações parte da necessidade do indivíduo de perceber os conflitos que podem surgir nas 
relações. Porém esses conflitos são desconhecidos tanto por médicos quanto pela sociedade. 
Confiança, empatia e compaixão: O médico nunca deve se esquecer de que quem o procura é 
uma pessoa e não uma doença, portanto esses sentimentos precisam ser expostos para a 
aplicação de vínculos efetivos. 
 Relatório Flexner (1910) x Atualidade: Flexner, devido a situação caótica no ensino médico 
nos Estado Unidos no início do século XX, publicou um relatório o qual praticamente todas as 
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escolas médicas do mundo seguiam. O relatório continha um novo currículo com ênfase nas 
investigações científicas e no espírito acadêmico, com base nesse relatório os cursos médicos 
tornaram-se tecnicistas e houve pouca ênfase no ensino das humanidades. Porém, isso vem 
se alterando, o processo ensino/aprendizagem da relação médico-paciente e o estudo da 
ética e bioética começam a serem aplicados em várias universidades. O ensino/aprendizagem 
da relação médico-paciente deve ter como base os princípios éticos desde o primeiro dia do 
curso. 
 
 Aspectos psicodinâmicos: A elaboração da sistemática de anamnese feita atualmente foi 
contribuição de Hipócrates para a medicina. AVANÇO (Prática médica se afasta do misticismo 
para aprimorar conhecimentos da física e química), AFASTAMENTO (relação médico-paciente) e 
ATENDIMENTO VOLTADO PARA A CURA (“enfermidade mais do que paciente, afastando a 
compreensão do ser humano como ser que pensa e sente, que vive e se relaciona”). Final século 
19 e 20 – Freud desvendou mecanismos psicodinâmicos possibilitou pensar na relação medico 
paciente sob outra perspectiva. Sempre que alguém procura um médico é devido a questão 
relacionada a sua SAÚDE, entram em jogo fenômenos psicodinâmicos próprios do 
relacionamento entre médico e paciente, com diferentes graus (característica de enfermidade e 
duração de relação entre ambos). Relação médico-paciente é ASSIMÉTRICA. MUDANÇAS - meios 
de informação, pode gerar atritos. Características do encontro MÉDICO-PACIENTE leva em conta 
fatores psicológicos, modificações que a enfermidade proporciona, sentimentos e condições do 
tratamento. 
 
 Relacionamento médico-paciente: 
 
 
 Atualidade: Paciente com mais autonomia e conhecimento que a geração anterior. Cada um 
destes relacionamentos será adequado de acordo com as circunstâncias. Saber discerni-los e 
reconhecer o mecanismos de defesa implicados em cada um caracterizam um bom profissional 
e contribuem para boa pratica médica. Embora a escolha do tipo de relacionamento pareça ser 
consciente, ela atende as necessidades inconscientes e afetivas do médico e paciente. Apropriar-
se dos sentimentos inconsciente que deixam de sê-los para tornar o mundo mais consciente é a 
melhor maneira de valorizar emoções que perpassam as relações humanas. ex: primeiro tipo de 
relação, desejo de proteção do paciente, harmoniza com a ação decidida, pronta e energética do 
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médico. Esse conhecimento contribuição de Freud, que instrumentaliza o profissional para uma 
postura de cuidado do seu paciente. Médico cuidador x médico curador (capacidade humana de 
atender o paciente de modo global e holístico, ampliando o conceito de medico curador que 
somente se envolve com a cura da doença e se frustra). 
 
 Transferência: Carga afetiva muito intensa em casos de grande sofrimento físico ou emocional; 
Transferência positiva: relacionamento agradável; Afeto já sentido por outra pessoa; 
Transferência negativa: relacionamento desagradável. 
 
 Contratransferência: Passagem de aspectos afetivos do médico para o paciente; Médico deve 
reconhecer suas fraquezas e sentimentos, sabendo controlá-los; Responsabilidade profissional e 
ética; Contratransferência positiva; Contratransferência negativa. 
 
 Resistência: Mecanismo psicológico inconsciente que comprometa a relação médico-paciente; 
Pode consistir em ocultar ou deturpar sintomas ou fatos relacionados com a doença; Pode surgir 
no momento da 1º consulta ou ao longo da convivência. 
 
 Grupos Balint: Anos 50 do século XX, em Londres; Grupos de médicos que discutiam os aspectos 
referentes aos relacionamentos vividos por cada um deles com seus pacientes; Treinava os 
médicos a terem uma boa relação com seus pacientes; O agir do médico influência no resultado 
do tratamento. 
 
 Médico: Tecnicismo; Exame clínico – encontro com outro ser humano; Dimensão terapêutica; 
Medicina humanista; Encontro médico – paciente: decisões relacionadas à vida; Relação de 
confiança;Valorizar os aspectos psicológicos; Compreender e respeitar aspectos culturais; 
Valorizar e respeitar as queixas do paciente; Efeito secundário da ação do médico: efeito 
iatrogênico; Guardar preconceitos; Não deixar aspectos pessoais interferirem no julgamento 
clínico; Medicina configura-se como sacerdócio; Assumir o papel de médico cuidador; Comportar-
se de modo a exaltar sua condição profissional; Saber lidar com a sua própria humanidade; 
Respeitar o direito do paciente em participar de decisões que lhe dizem respeito; Conflitos 
psíquicos; Valorização da formação técnica do médico; Formação humanística x Mecânico do 
corpo; Medicina baseada em evidências; Aspectos éticos e morais. 
 Relação Médico-paciente: unidade na qual as características pessoais de ambos são muito 
importantes. 
 Profissional médico: se comporta, na relação com o atendido, de acordo com a sua 
disponibilidade interna (questões inconscientes e transferenciais, mecanismos de defesa, 
teorização e movimentos conscientes característicos da personalidade e aquilo que se 
convencionou chamar de vocação). 
 
 Vocação: Conjunto de características pessoais, que compreendem traços de personalidade e 
interesse ligados ao próprio indivíduo ou ao seu ambiente familiar, constituindo as bases 
socioculturais e individuais sobre as quais se apoiam a escolha e o exercício da profissão médica. 
 
 Características de um bom médico: Interesse e respeito pela pessoa humana, capacidade de 
dedicar-se a tarefas desgastantes e de estudar por longos períodos, senso de responsabilidade 
bem desenvolvido, nível de inteligência razoável e retidão de caráter seriam traços de 
personalidade indispensáveis para o exercício da medicina, assim como o espírito de 
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solidariedade, capacidade de compreender o sofrimento alheio (empatia) e vontade de ajudar 
(compaixão). 
 Resiliência: capacidade de suportar uma carga de estresse sem adoecer. 
 Capacidade de “engagement”: capacidade inerente à pessoa de se engajar no trabalho 
sentindo satisfação pelo que desenvolve. 
 
 As três dimensões da personalidade resistente: 
 Compromisso ou implicação: caracteriza-se pela tendência em envolver-se em todas as 
atividades propostas da vida do indivíduo e identificar-se com o significado dos próprios 
trabalhos. 
 Controle: indica que o profissional tem disposição para pensar e atuar com a convicção de 
que pode intervir nos acontecimentos. Ele pode perceber também as consequências positivas 
que precedem muitos dos acontecimentos estressantes, tornando possível o controle dos 
estímulos em seu próprio benefício. 
 Desafio: torna possível que o profissional perceba o campo como uma oportunidade para 
aumentar suas próprias competências e não como uma situação de ameaça. Proporciona 
ainda maior flexibilidade cognitiva e tolerância à ambiguidade que induz a considerar o campo 
como característica habitual da história e da vida. 
 
 Padrões mais comuns de comportamento dos médicos: 
 Padrão inseguro: Conhecimentos insuficientes, exame clínico malfeito e dúvidas na maneira 
de conduzir o caso inevitavelmente serão percebidos pelo paciente. 
 Padrão paternalista: Adota atitudes protetoras. Trata o paciente como criança indefesa. 
 Padrão agressivo: A agressividade pode ser sintoma da Síndrome de Burnout ou ter origem 
em problemas pessoais. 
 Padrão "frustrado": Quase sempre pessimista, pode tornar-se agressivo com os pacientes. 
Sua principal característica é a frieza na relação com o paciente. 
 Padrão pessimista: Vê maior gravidade nas doenças que a real, expressa desânimo e 
desesperança mesmo antes de conhecer o diagnóstico e deixa de tomar decisões diagnósticas 
porque não acredita na possibilidade de bons resultados. 
 Padrão "especialista": médico que se dedica a uma especialidade, mas que não tem visão 
adequada do conjunto da medicina, que não consegue ver o paciente como um todo. 
 Padrão "rotulador": Tem sempre pronto um diagnóstico rotulado que agrada o paciente. 
 Padrão otimista: Não vê dificuldades em nada, tudo lhe parece simples e sem gravidade, não 
sabendo reconhecer os casos de prognóstico ruim. 
 Médico sem vocação: Desenvolve mecanismos - inconscientes ou claramente propositais - 
que inibem o paciente, impedindo um relacionamento adequado. 
 Padrão autoritário: Sempre impõe suas decisões. 
 
 Que orientação se pode dar aos estudantes que sempre buscam a imagem do médico ideal? 
Necessidade de adquirir conhecimentos de psicologia médica. Problem based interview (PBI). É 
o trabalho conjunto do professor com o acadêmico no trato direto com os pacientes a fonte 
principal para o desenvolvimento das características que definirão a qualidade ética do futuro 
médico. 
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 “Médico ideal”: aquele que tem uma personalidade amadurecida, conhece e domina os 
mecanismos psicológicos envolvidos na relação médico-paciente, dispõe de conhecimentos 
adequados da ciência médica e sabe aplicá-los dentro de uma visão humanística. 
 
 Pacientes: “A integralidade enquanto princípio do Sistema Único de Saúde busca garantir ao 
indivíduo uma assistência à saúde que transcenda a prática curativa, contemplando o indivíduo 
em todos os níveis de atenção e considerando o sujeito inserido em um contexto social, familiar 
e cultural”. Portanto, para a avaliação do paciente, deve-se prezar por empatia e compaixão! “O 
hábito de empatizar pode criar laços humanos que fazem valer a pena viver”. “Empatia: é saber 
abraçar a alma”. 
 
 
 Padrões de comportamento dos pacientes: Toda enfermidade tem componente afetivo: adoecer 
traz expressão de distúrbios emocionais e traços de personalidade acentuado. 
 
 Paciente ansioso: A ansiedade traz inquietação interna, medo inexplicável e sentimento 
negativo em relação ao futuro; manifestações como mãos suadas e frias, voz embargada, 
cigarro seguido de outro, taquicardia, boca seca, bocejos repetidos, inquietude; o médico 
deve demonstrar tranquilidade e segurança, estar preparado, reconhecer a ansiedade e 
possuir neutralidade. Saber escutar é mais importante do que saber perguntar: promove 
relaxamento da tensão, deve-se conversar por alguns minutos sobre temas não relacionados 
ao motivo da consulta; não se deve negligenciar (ansiedade do médicos/acadêmicos de 
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medicina: insegurança interfere na falta de domínio do método clínico e receio de importunar 
o paciente. 
 Paciente deprimido: características como humor triste, perda de vontade de viver, 
isolamento, quietude, desinteresse por si mesmo e pelos acontecimentos ao redor, 
cabisbaixo, choro fácil e imotivado, face triste, despertar precoce, olhos sem brilho, respostas 
pela metade, apatia, irritação e tédio. O médico deve conquistar a atenção e confiança com 
acolhimento, demonstração de interesse sincero e escuta atenciosa. Depressão: classificada 
de acordo com a cid-10 e o dsm-iv em leve, moderada ou grave; transtorno depressivo maior 
= depressão; reativa a estressores psicossociais = morte de ente querido, divórcio, drogas 
licitas ou ilícitas (álcool, cocaína). Na entrevista: avaliar o tipo de depressão e gravidade, e o 
risco de suicídio. Formas de depressão: depressão atípica, endógena (melancólica), distimia, 
secundária, psicótica, estupor depressivo e ansiosa. A depressão endógena pode-se 
apresentar isolada (unipolar) ou constituir a fase depressiva do transtorno bipolar. 
Características: Surge inesperadamente, a qualquer momento, sem fatores desencadeantes; 
Grave, intensa, com ideias de ruina e autoextermínio; Mais intensa pela manhã, 
acompanhada de insônia terminal, ou seja, o paciente já acorda de madrugada com o humor 
deprimido. A depressão traz risco de suicídio elevado e necessita de assistência psiquiátrica 
de urgência; estupor depressivo – maior gravidade (paciente imóvel durante dias; muito 
tempo na cama ou cadeira; mutismo; nega-se a comer e perde controle das suas necessidades 
fisiológicas). O paciente poderá chorar durante a entrevista médica e não há nadademais; o 
paciente precisa aliviar uma tensão crescente, relacionada direta ou indiretamente com a sua 
doença; deixe-o chorar sem indagações e sem querer consolá-lo com palavras vazias ou 
exortações inúteis; as lágrimas podem representar o início de uma relação médico-paciente 
em um nível mais aprofundado, de melhor qualidade. Pequenos gestos para uma melhor 
relação médico-paciente: leve toque na mão; palavras de compreensão; silêncio respeitoso; 
oferecer lenços de papel; se o paciente manifestar interesse em interromper a anamnese, 
respeite sua vontade; ele poderá voltar no mesmo dia ou no dia seguinte. 
 Paciente hostil: Hostilidade pode ser velada ou percebida à primeira vista. Causas: Defesa 
contra ansiedade; Insegurança; Manifestação de humor depressivo. Paciente inevitavelmente 
hostil: aquele que foi levado ao médico contra sua vontade. Pior conduta: adotar uma posição 
agressiva, revidando palavras ou atitudes a oposição do paciente. 
 Paciente sugestionável: Excessivo medo de adoecer, vive procurando médicos e realizando 
exames. Ao mesmo tempo, teme exageradamente a possibilidade de os exames mostrarem 
alguma enfermidade. O médico deve conversar com eles com cuidado, pois cada palavra mal 
colocada pode desencadear a ideia de doenças graves ou incuráveis. 
 Paciente hipocondríaco: “Paciente que não tem nada” ou “Paciente do envelope gordo”; 
Poliqueixoso; Descrença no diagnóstico médico, reafirma “enfermidade orgânica”; Deseja 
fazer exames de alta complexidade; Incansáveis consultas com o “Dr. Google”; Vive em um 
estado de sofrimento crônico. 
 Paciente eufórico: Apresenta exaltação de humor, fala e movimenta-se demasiadamente. 
Deve-se observar se esta é a maneira de ser do paciente, se está intimamente relacionado 
com outras doenças ou se está apresentando uma exaltação patológica de humor. 
 Paciente inibido: não encara o médico; Senta-se à beira da cadeira e fala baixo; Pacientes 
pobre e os da zona rural; Não se deve confundir timidez com depressão. 
 Pacientes psicóticos: Alucinações, delírios e pensamentos desorganizados dificultam a relação 
médico-paciente; Psicose mais comum: esquizofrenia. Características do paciente: percepção 
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delirante, alucinações auditivas, eco, difusão do pensamento, roubo de pensamento e 
vivências de influência. Transtornos psiquiátricos ≠ doença mental. 
 Paciente surdo: Envolve interesse do profissional e compreensão do paciente; Entrevista com 
a família; Aprendizado da linguagem de sinais – LIBRAS; Pacientes que perderam a audição ao 
longo da vida – falar de maneira clara e pausadamente. 
 Pacientes especiais: Inteligência reduzida ou alienação; Adoção de linguagem simples e leiga; 
Perguntas simples, diretas de ordem precisa e curta; Paciência. 
 Pacientes em estado grave: Exame clínico objetivo – fazer o necessário; adaptação da 
Semiotécnica; Perguntas simples, diretas e objetivas – paciente pouco colaborativo; Respeitar 
as limitações do indivíduo no leito; Paciente manifesta ansiedade – profissional deve 
demonstrar empatia. 
 Paciente fora de possibilidades terapêuticas: Paciente terminal; Neoplasias malignas, 
cardiopatias graves, nefropatias e AIDS em estágio final; Paciente em estado grave ≠ paciente 
em estado terminal; Amplificação dos fenômenos psicológicos; 5 fases do luto: negação, 
raiva, negociação, depressão e aceitação. 
 Paciente idoso: Tratamento com respeito e atenção; Agir com paciência e delicadeza; 
Subjetividade inevitável; Inversão de papeis; Conflitos interiores do profissional. 
 
 Semiologia da Infância: O objetivo da consulta pediátrica é o acompanhamento do crescimento 
e desenvolvimento de um ser, que precisa ser assistido integralmente e de modo particular, uma 
vez que o ambiente emocional, físico e social vai interferir na constituição orgânica e psíquica 
deste, com repercussões para toda sua vida. 
 Avaliação clínica do recém-nascido: Na maioria das consultas pediátricas, o paciente necessita 
de um tradutor, o qual, frequentemente, mal compreende sua linguagem; Inicia-se a 
avaliação pela identificação com o nome, sexo, idade, etnia, naturalidade (nesta faixa etária, 
geralmente coincide com a procedência), filiação, endereço. O médico deve estar atento ao 
fato de que, muitas vezes, a queixa dos responsáveis pode induzir a um falso diagnóstico. 
 Interrogatório Sintomatológico: Geral: informar-se sobre o sono do RN, questionar se há 
irritabilidade ou dificuldade para amamentar. Sistema tegumentar: manchas, placas, 
descamações, alterações da cor da pelo. Sistema cardiovascular: dispneia ao amamentar, 
edema, cianose. Sistema respiratório: congestão nasal, coriza, tosse, roncos. Sistema 
gastrintestinal: ritmo intestinal, características das fezes, vômitos. Sistema geniturinário: 
características da urina e número de micções. 
 Antecedentes: Com relação à gestação; Com relação ao recém-nascido; Com relação à família; 
Imunizações/ vacinação. 
 Exame Físico: 
- Aferição das medidas corporais: comprimento, peso, perímetros cefálico e torácico. 
- Ectoscopia. Avaliar a cor da pele- clara, ictérica, cianótica, sem turgor, ocorrência de 
descamação, manchas. 
- Aparelho cardiovascular: Ausculta atenciosa de todo o tórax, avaliar se ocorre sopros 
cardíacos. 
- Aparelho respiratório: procurar sinais de esforço respiratório, observar se há ruídos, contar 
a frequência respiratória em 1 min 
- Abdome: avaliar a forma do abdome (globoso, plano,escavado) 
- Genitália: Na genitália masculina, procurar testículos na bolsa escrota e na região inguinal. 
Verificar se há exposição da glande e, havendo, observar se há epispadia ou hipospadia. Nas 
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meninas, verificar se há sinequia (aderência) de pequenos lábios, hipertrofia de lábios 
vulvares, de clitóris 
- Membros: Observar o formato dos membros, se há edema, hipoplasia, alterações nos dedos 
dos pés ou das mãos- polidactilias, sindactilias. 
 Anamnese do lactente ao escolar: Recomenda-se avaliar o cotidiano da criança; Para 
avaliação dos marcos do desenvolvimento neuropsicomotor, a abordagem começa com uma 
pergunta geral, como: “O que ele está fazendo atualmente?”. A partir de 3-4 anos, deve-se 
estabelecer também um diálogo com a criança durante a consulta. No cognitivo, a principal 
observação no pré-escolar deve ser com o conteúdo e a complexidade da linguagem. 
 
 Semiologia do adolescente: 
 Maturação sexual: No sexo feminino, esse processo se inicia com o aparecimento do broto 
mamário e a menarca. No sexo masculino, o primeiro sinal de maturação sexual é o aumento 
dos testículos. Esse evento é seguido pelo aparecimento de pelos pubianos e pelo aumento 
do tamanho do pênis. 
 Estirão e características psicológicas da adolescência: Denomina-se estirão o grande 
desenvolvimento corporal que ocorre na adolescência. O estirão não ocorre em todos os 
segmentos do esqueleto ao mesmo tempo. A conquista de sua identidade, incluindo a sexual, 
é uma tarefa que ele deverá realizar. 
 Relação médico paciente: Recomenda-se que o atendimento seja realizado em vários 
momentos; Artigo 103 do Código de Ética Médica (conselho federal de medicina, 2010); 
Integralidade do adolescente. 
 Anamnese: Uma pequena parte é feita com o familiar que estiver acompanhando o 
adolescente, mas o restante é realizada apenas com o adolescente. No primeiro tempo da 
consulta, são investigados os antecedentes familiares, pessoais fisiológicos. No segundo 
tempo, em que deve estar presente apenas o adolescente, a investigação dos hábitos de vida. 
 Exame físico: É importante que o recinto onde está se realizando o exame seja privado. 
Recomenda-se a presença de outro profissional de saúde no recinto. Cabeça: Seguir a rotina; 
Pescoço: O exame da tireoide; Tórax: O exame das mamas deve ser realizado para se 
determinar o estágio de maturação sexual e ensinar e estimular o autoexame das mamas; 
Abdome: Seguir a rotina; Genitais: Devem ser sempre examinados para se determinar a 
maturação sexual, verificar a fimose,palpar os testículos, examinar a vulva e verificar se há 
secreção vaginal; Membros e coluna: examinar as caraterísticas, particularmente a postura e 
a marcha; Sistema nervoso: pesquisar os principais reflexos, observar a atenção, humor, 
capacidade de concentração. 
 
 Família: Implantação da ESF torna a família um tipo de “paciente”. Profissional deve aliar o 
máximo de conhecimento sobre família e promoção de saúde. Atentar para os diversos arranjos 
familiares. Visitas domiciliares propiciam processos de transferência e contratransferência 
importantes. A consulta médica deve ser focada na pessoa e é composta por alguns pilares: 
Explorar a doença e a experiência da doença; Entender a pessoa como um todo (visão holística); 
Elaborar um plano terapêutico conjunto; Incorporar prevenção e promoção de saúde; Intensificar 
a relação médico-paciente, baseando-se na empatia, emancipação do paciente e processo eficaz 
de transferência e contra-transferência; Ser realista quanto a administração do tempo de 
consulta, gestão do trabalho em equipe e dos recursos da ESF. 
 
9 
 
 Trabalho do estudante de medicina com o paciente: A vivência dos fatos tem a importância de 
mostrar-lhe as dificuldades e os obstáculos a superar. Necessidade de compreensão do 
significado e o alcance de algumas exigências. Ex: uso de roupas especiais. Respeito e discrição 
no ambiente hospitalar. Ter o pleno conhecimento dos princípios e virtudes da bioética. 
Desvencilhar-se de situações angustiantes. Manifestar empatia e interesse pelo paciente. Tomar 
cuidado com palavras e atitudes que possam atemorizar o paciente, poupando-o de maior 
sofrimento. Dar a mesma atenção a todos pacientes, não menosprezando casos mais simples. 
Demonstrar disposição para ouvir, sem o uso interrupções grosseiras, adquirindo a habilidade de 
nortear de forma adequada a anamnese. Reagir de forma compreensiva e tolerante frente a 
atitudes agressivas do paciente. Em lugar de dar ordens, usar sempre "por favor". Examinar o 
paciente em locais adequados, com as portas fechadas, na presença dos docentes, respeitando 
sua individualidade. 
 
 Discussão de caso clínico à beira do leito: hospitais universitários ministram ensino prático aos 
estudantes de medicina, mas fica a dúvida se a discussão deve ocorrer à beira do leito ou em salas 
de consulta. Formação ética e humanística é indissociável do preparo técnico. Comentários 
inadequados, Expressões que traduzem dúvidas de doenças malignas ou incuráveis e 
Prognósticos pessimistas trazem ansiedade e sofrimento psíquico, o que deve ser evitado. Abster-
se de comentários além dos exigidos para obtenção de dados clínicos; Escolher os termos a serem 
usados de forma cuidadosa; Discutir o diagnósticos diferenciais, hipóteses diagnósticas, as 
medidas terapêuticas e prognósticos em outro local (longe do paciente); Fazer breve resumo para 
o paciente, após as discussões, usando-se de um modelo explicativo leigo e não o “jargão 
médico”; trazer acolhimento e autonomia. 
 
 Ensino‐aprendizagem da relação médico‐paciente: Conhecer bases teóricas; Princípios que 
norteiam o aprendizado; Contato direto e supervisionados com o paciente; treinamento prévio 
em laboratório. Metodologias didáticas: Simulação com atores; Problematização de cenas de 
filmes; Análise de óperas e/ou peças de teatro; PBI (Entrevista Baseada em Problemas); Grupos 
Balint.

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