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Dislipidemia ✓ É qualquer alteração dos níveis lipídicos em relação aos valores referenciais para determinado grupo populacional (relacionado a faixa etária). ✓ As alterações lipídicas apresentam relações com as doenças cardiovasculares e arteroscleróticas. ✓ Hipergliceridemia grave: risco para pancreatite aguda ✓ Investigação é feita por perfil lipídico (antigamente, devia ser coletado após 12-24h de jejum, mas hoje em dia o ideal é 8h de jejum): • Colesterol total (CT); • Colesterol ligado ao HDL (HDL-c); • Colesterol ligado ao LDL (LDL-c); • Triglicerídeos (TG); Meta de 200mg/dL se o paciente comeu. Se está em jejum é de 150mg/dL. ✓ Equação de Friedewald: Para saber, de forma indireta, o valor do LDL-c, pois de forma indireta não se faz devido a ser complicado e difícil tecnicamente. LDL-c = CT – (HDL-c + TG/5) • Se o TG for maior que 400mg/dL, essa fórmula não é aplicada. ✓ Classificação: • Primárias: Genética – São dislipidemias graves com valor muito alto de colesterol. Não apresenta relação com estilo de vida. São classificadas: ❖ Genotipicamente: Monogênica ou poligênica; ❖ Fenotipicamente: o Hipercolesterolemia isolada: LDL-c > 160mg/dL; o Hipertrigliceridemia isolada: TG > 150mg/dL; o Hiperlipidemia mista: LDL-c > 160mg/dL e TG > 150mg/dL; Se TG > 400mg/dL, considerar CT > 200mg/dL; o HDL-c baixo: Isolado ou associado; • Secundárias: Surge a partir de outras doenças. ✓ Para quem pedir o perfil lipídico – screening? • Indivíduos com evento cardiovascular documentado; • Adulto com mais de 20 anos que permanece no mesmo estilo de vida durante 5 anos – screening inicial; • Crianças e adolescentes: APENAS se houver risco para doença cardiovascular ou com padrão familiar de dislipidemia ou com pais que teve doença cardiovascular precoce; ❖ Essas situações também podem ser consideradas para screening nos demais pacientes. • Mulheres que farão terapia de reposição hormonal; • Indivíduos que usarão Roacutan; • Obesidade e tabagismo; • Casos de pancreatite e xantomatose; ✓ Hiperquilomicronemia familiar: Relacionado aos triglicerídeos. É uma doença rara autossômica recessiva. • Dores abdominais, pancreatite. Pode causar hepato e esplenomegalia. • Descoberto apenas na idade adulta por um episódio de pancreatite ou pelo achado de lipemia retinalis. • Xantomas eruptivos: Nodulações na região da nádega – depósitos de triglicerídeos. Essa característica fala a favor de dislipidemia de origem genética associado a alteração do perfil laboratorial. • Teste da geladeira: Com uma amostra de sangue, separa o plasma e centrifuga. Após isso, condiciona na geladeira. O sobrenadante é o triglicerídeo que se sobrepôs ao plasma. ✓ Disbetalipoproteinemia: • Xantomas palmares: nodulações que formam depósitos de gordura. ✓ Deficiência da lipase hepática: Presença do arco corneano precoce – Borda acinzentada ao redor da íris do paciente. Ocorre em indivíduos mais jovens. ✓ Dislipidemia relacionada ao LDL-c: • Xantomas tuberosos: alterações grosseiras com depósitos de colesterol, típicas de cotovelo e joelho. ✓ Doença de Tangier – doença genética: depósito de colesterol na orofaringe e apresenta uma coloração alaranjada. Está mais relacionado ao HDL. Estratificação de risco ✓ Mensurar o risco de apresentar evento cardiovascular. Se identificar risco aumentado, o paciente irá se submeter a tratamento medicamentoso para diminuir aquele risco. ✓ Não existe score de risco específico para a população brasileira. É uso scores de outros países. ✓ Escore de Framingham: É um estudo de Coorte. Identifica os pacientes com risco cardiovascular aumentado. ✓ Escore de risco global: Prevê numericamente a chance de ter um evento cardiovascular nos próximos 10 anos. • 1ª etapa: Identifica se há condição de risco que classifica diretamente como alto risco. ❖ Casos de AVC, infarto, DAC, doença obstrutiva periférica com manifestações clínicas, pacientes que se submeteram a angioplastia, pacientes com alterações no ECG, no teste ergométrico com indicação para estudo invasivo, doppler de carótidas alterado. o Nessas situações, é feito profilaxia secundária – Paciente tem algo e quer tratar o risco. ❖ DM tipo 1 e 2, doença renal crônica, hipercolesterolemia familiar (das dislipidemias primárias é a mais frequente, tem curso mais grave e maior risco cardiovascular. O diagnóstico é clinico) • 2ª etapa: Risco absoluto em 10 anos % Baixo risco <5 em mulheres e homens Risco intermediário >ou=5 e <ou=10 nas mulheres e >ou=5 e <ou=20 nos homens Alto risco >10 nas mulheres e >20 nos homens ✓ Reclassificação de risco: • Indivíduos classificados como baixo risco, mas com algum fator agravante, são reclassificados como de risco intermediário. • Indivíduos classificados com risco intermediário, mas com algum fator agravante, são reclassificados como de risco alto. • Fatores agravantes de risco: ❖ História familiar de doença arterial coronariana prematura (parente de primeiro grau masculino <55 anos ou feminino <65 anos); ❖ Critérios de síndrome metabólica de acordo com a IDF; (São 5 critérios associados a possíveis altos riscos cardiovasculares, mas se tiver 3 critérios é caracterizado como síndrome metabólica). o Cintura: Homem >ou= 94 cm e mulher >ou= 80cm; o HDL: Homem <40mg/dL e mulher <50mg/dL; o Pressão arterial: Sistólica >ou=130mmHg e diastólica >ou=85mmHg. Se tiver em tratamento de HAS independente do valor pressórico já é considerado como critério. o Triglicerídeos: >ou= 150mg/dL; o Glicemia de jejum >ou= 100mg/dL. Se tiver em tratamento para DM já considerado como critério independente do valor glicêmico; ❖ Microalbuminúria (30-300) ou macroalbuminúria (>300); A filtração glomerular não consegue mais reter partículas de albumina; ❖ Hipertrofia ventricular esquerda; Observado através do ECG. ❖ Proteína C reativa de alta sensibilidade >2mg; É um bom preditor de inflamação ❖ Espessura íntima-média de carótidas >1,00; Através de uma sonda, mede-se o espaço entre a íntima e a média da carótida. ❖ Escore de cálcio coronário >100 ou >percentil 75 para idade ou sexo; Através de uma tomografia é verificado a quantidade de cálcio presente nas coronárias. É um marcador específico para arterosclerose, capaz de identificar DAC muitos anos antes da apresentação clínica; ❖ Índice tornozelo-braquial < 0,9; É a razão entre a PA sistólica da artéria braquial com a PA sistólica da artéria maleolar tibial anterior ou tibial posterior. Tratamento ✓ Medidas não medicamentosas: Mudança no estilo de vida; ✓ Tratamento farmacológico: • Estatinas: Usado em pacientes que no inicio deu 7,5% ou entre 5-7,5% e naqueles pacientes que se beneficiam de cara com o seu uso (portadores de doença cardiovascular arterosclerótica; pacientes com elevações primárias de LDL-c >ou= 190mg/dL; diabéticos entre 40-75 anos e com LDL-c entre 70- 189mg/dL sem DAC; pacientes sem DAC ou DM com LDL-c entre 70-189mg~dL e riscos cardiovascular nos próximos 10 anos >ou= 7,5%) ✓ Metas terapêuticas: Risco Meta primária Meta secundária ALTO LDL-c <70 Colesterol não HDL <100 INTERMEDIÁRIO LDL-c <100 Colesterol não HDL <130 BAIXO Meta individualizada Meta individualizada • A meta secundária é usada quando o TG está maior do que 400 e não podemos quantificar o LDL-c através da fórmula de Friedewald. ✓ Recomendações ACC/AHA: • Em tratamentos de alta intensidade, a diretriz americana recomenda baixar o LDL-c em 50% do valor inicial. Já a brasileira, diz que a meta é de 70mg/dL. • Em tratamentos demoderada intensidade, a meta é baixar 30% do valor inicial de LDL-c. ✓ Prevenção secundária: • Em pacientes < 75anos com DAC estabelecida, a terapia de alta intensidade com estatinas deve ser iniciada e continuada como tto de 1ª linha. Se for contraindicado ou se há efeitos adversos associados a estatinas, se for possível usar terapia de média intensidade. • Em pacientes >75 anos com DAC estabelecida, deve-se avaliar os benefícios da redução dos riscos CV e os efeitos adversos relacionados com a interação ente drogas e preferências do paciente antes de iniciar terapia com estatinas em alta ou média intensidade. ✓ Se o colesterol estiver muito ruim, é importante levantar hipóteses de possíveis doenças genéticas ou causas para isso. Ao remover as causas e mesmo assim o LDL-c persistir, trata-se a dislipidemia: • Indivíduos com LDL-c > 190mg/dL e TG > 500mg/dL, deve-se avaliar as causas secundárias de dislipidemia. • Maiores de 21 anos com dislipidemia primária são tratados com estatinas em alta intensidade (exceto se houver contraindicação); • Maiores de 21 anos com dislipidemia primária não tratada deve intensificar a terapia para redução de pelo menos 50% do LDL-c. • Se em casos de mesmo com doses otimizadas, o LDL-c não reduzir, considera-se usar uma droga não estatina. ✓ Prevenção primária em indivíduos com DM e LDL- c entre 70-189mg/dL: • Terapia com estatina de moderada intensidade deve ser iniciada em indivíduos com DM entre 40-75 anos • Terapia com estatina de alta intensidade deve ser iniciada em indivíduos com DM entre 40-75 anos e risco de DAC em 10 anos > 7,5%, exceto se contraindicado; • Avaliar os benefícios, interações e efeitos adversos para poder iniciar ou continuar o tratamento com estatinas em portadores de DM < 40 anos e > 75 anos. ✓ Prevenção primária em indivíduos sem DM e com LDL-c entre 70-189mg/dL: • Usar os escores de risco para guiar a terapêutica • Se o risco for > 7,5% em 10 anos, iniciar/manter o tratamento de alta ou moderada intensidade; • Pacientes entre 40-75 anos sem DM e DAC com risco entre 5-7,5% devem receber tratamento; • Sempre discutir sobre benefícios, efeitos adversos e interações medicamentosas com os pacientes antes de iniciar a terapia; ✓ Resposta adequada: diminuição do LDL-c em 50% em tratamentos de alta intensidade e em 30% em tratamentos de média intensidade. ✓ Pravastatin: Usado em pacientes com AIDS, pois não há interação com o coquetel. ✓ Monitoramento do tratamento: Para saber se está dando certo, solicita o perfil lipídico após 4-12 semanas do início do tratamento. Se atingiu a meta, reavalia a cada 3 meses no primeiro ano e se continuar persistindo reavalia anualmente. • Se não atingiu a meta, procura saber se teve boa aderência ou se tomou o medicamento da forma correta. Se o motivo for descuido, orienta e mantem o tratamento e após 4-12 semanas reavalia. Se o motivo for intolerância, troca o medicamento. • Se aderiu ao tratamento, mas não atingiu a meta pode aumentar a dose. ✓ Recomendações de segurança para as estatinas: • Selecionar de acordo com o perfil do paciente, o risco de DAC e os efeitos adversos. • Mesmo que for indicado alta intensidade de tratamento, deve-se optar por doses moderadas se: ❖ Comorbidades; ❖ História prévia de intolerância as estatinas ou desordens musculares; ❖ Aumento do ALT > 3x de forma inexplicada ❖ Uso de drogas que afetam o metabolismo das estatinas; ❖ > 75 anos; • Optar por doses menores quando tiver antecedentes de AVC hemorrágico e ascendência asiática • Dosar ALT antes de iniciar o tratamento. Durante o acompanhamento só precisa solicitar se houver queixa de hepatotoxicidade; • Mensurar CK se surgirem sintomas musculares durante o uso de estatinas; ✓ Resinas: Sachês diluídos em água que diminuem a absorção do colesterol. São ruins para o TGI e são sequestradoras de sais biliares. É uma droga ruim. ✓ Ezetimiba: São as mais usadas depois das estatinas. Inibem a absorção de colesterol no intestino delgado. Existem associações de estatinas+ezetimiba no mercado. ✓ Niacina: Aumenta o perfil glicêmico. É uma droga ruim. ✓ Fibratos: São mais usadas para baixas os TG. ✓ Ácidos graxos ômega 3: Melhora o HDL e o colesterol e baixa discretamente o LDL. Só funciona em altas doses. ✓ Inibidores da PCSK9: Anticorpo antimonoclonal que faz com que o receptor de LDL do fígado dure mais, capturando o LDL e diminuindo o nível de LDL circulante. Baixa em 70% o LDL e são caras. Usadas em casos refratários e de hipercolesterolemia familiar. Não é usado rotineiramente. ✓ Os TG reduzem com a mudança do estilo de vida Caso não, a ADA mostrou em um estudo que se o TG estiver acima de 204 e HDL menor que 34, o paciente se beneficiaria da associação fibrato e estatina. ✓ Via de regra passa fibrato em caso de TG > 500.
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