Apostila SBV Animais Peçonhentos - ESTELA MEDUP TXIX

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ESTELA MARIS LANTMANN ROCHA 
MEDUP TXIX 
1° SEMESTRE 
UNIVERSIDADE POSITIVO – 1° SEMESTRE – MEDUP TXIX 
ESTELA MARIS LANTMANN ROCHA 
1 
 
 
--------------- Introdução -------------- 
O que são Animais Peçonhentos? 
- São animais que produzem peçonha (veneno) e têm condições 
naturais para injetá-la em presas ou predadores. 
- Essa condição geralmente é dada por meio de dentes 
modificados, agulhão (ponta perfurante), ferrão, quilíferas 
(primeiro par de apêndices cefálicos dos aracnídeos), etc. 
- Os animais peçonhentos que mais causam acidentes no Brasil 
são: serpentes, escorpiões, aranhas, lepidópteros (mariposas e 
suas larvas), himenópteros (abelhas, formigas, vespas), 
coleópteros (besouros), quilópodes (lacraias), peixes e cnidários 
(águas-vivas e caravelas). 
Prevalência 
Figura 1 – Coeficiente de incidência (/100 mil) por acidente de trabalho com 
animais peçonhentos em trabalhadores do campo, floresta e águas por ano, e 
animal responsável pela agressão, Brasil, 2007-2017 
Ficha de Investigação 
 
Prevalência 
 
- Definidos pela Organização Mundial Da Saúde (OMS) como 
doenças tropicais negligenciadas (populações pobres, de área 
rural). 
- Animais peçonhentos gostam de locais quentes e úmidos, 
encontrados em matas fechadas, trilhas e próximos de casas 
com lixo acumulado. 
------------ Acidentes Ofídicos ---------- 
Envenenamento por Picada de Serpentes 
➢ Quatro tipos de acidentes: 
- Botrópicos (Ex: Jararaca) 
- Crotálicos (Ex: Cascavel) 
- Laquéticos (Ex: Surucucu pico-de-jaca) 
- Elapídico (Ex: coral-verdadeira) 
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O que cada espécie pode causar? 
➔ Acidente Botrópico: Jararaca, jararacuçu, urutru. 
- Maioria dos acidentes com cobras no Brasil 
- A região da picada apresenta dor e inchaço, às vezes com 
manchas arroxeadas (edemas e equimose) e sangramento pelos 
pontos da picada, em gengivas, pele e urina. 
- Pode haver complicações, como grave hemorragia em regiões 
vitais, infecção e necrose na região da picada, além de 
insuficiência renal. 
 
➔ Acidente Laquético: surucucu-pico-de-jaca 
- Quadro semelhante ao acidente por jararaca 
- Pode ainda causar dor abdominal, vômitos, diarréia, 
bradicardia e hipotensão. 
- A cobra mais temida da Amazônia. 
 
➔ Acidente Crotálico: cascavel 
- São identificadas pela presença de um guizo, chocalho. 
- Local da picada sem dor ou lesão evidente, apenas sensação 
de formigamento. 
 
- Dificuldade de manter os olhos abertos, com aspecto sonolento 
(fàcies miastênica) visão turva ou dupla, mal-estar, náuseas e 
cefaléia. 
- Dores musculares generalizadas e urina escura nos casos mais 
graves. 
 
➔ Acidente Elapídico: Coral-verdadeira 
- Local da picada, sem alteração importante. 
- Dor de intensidade variável, visão borrada ou dupla, pálpebras 
caídas e aspecto sonolento. 
- Óbitos estão relacionados à paralisia dos músculos 
respiratórios, muitas vezes decorrentes da demora na busca de 
tratamento. 
 
OBS: Cobras corais verdadeiras são magras e pequenas, medindo 
45 a 50cm, anéis vermelhos e amarelos ou vermelhos e brancos 
estão juntos. 
 
 
 
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Tratamento 
- Soro Ofídico: específico para cada tipo de acidente – deve 
ser administrado em ambiente hospitalar, sob supervisão médica. 
- Se possível levar animal (preso ou morto) no momento do 
atendimento. 
Tipos de Acidentes Ofídicos com relação à sua distribuição 
geográfica no Brasil 
Tipos de Cobras 
(gênero) 
Nomes Populares Habitat 
Bothrops Jararaca, jaracuçu, 
urutu-cruzeira 
Todo o Brasil, desde 
florestas a áreas 
abertas. 
Crotalus Cascavel Campos abertos, 
cerrado, regiões 
áridas e semiáridas. 
Lachesis Surucucu, pico-de-
jaca 
Floresta Amazônica e 
Mata Atlântica de 
nordeste até norte do 
RJ. 
Micrurus (elapídeo) Coral Verdadeira Todo o Brasil. 
 
Correlação das Alterações Patológicas com as Respectivas 
Serpentes peçonhentas 
Alteração 
Patológica 
Bothrops Crotalus Lachesis Micrurus 
(elapídeo) 
Inflamação 
local 
+++ - +++ - 
Hemorragia +++ - +++ - 
Coagulação +++ ++ +++ - 
Neurotoxicidade - +++ - +++ 
Miotoxicidade - +++ - - 
 
---------- Acidentes Com Abelhas -------- 
Sintomas 
- Reações variam de acordo com o local e o número de 
ferroadas. 
- Podem ser alérgicas (mesmo com uma só picada) e tóxicas 
(múltiplas picadas). 
 
- Dor aguda local, que desaparece em poucos minutos, 
vermelhidão, coceira e inchaço por várias horas ou dias. 
- Múltiplas picadas: calor generalizado, pápulas, urticárias, 
pressão baixa, taquicardia, dor de cabeça, náuseas e/ou vômitos, 
cólicas abdominais e broncoespamos. 
- Em casos mais graves: choque anafilático, insuficiência 
respiratória aguda (edema de glote, broncoespasmos), 
insuficiência renal aguda, perda de consciência, incontinência 
urinária e fecal. 
Primeiros Socorros 
- Múltiplas picadas: levar vítima rapidamente ao hospital, junto 
com alguns dos insetos que provocaram o acidente. 
- A remoção dos ferrões pode ser feita por raspagem com 
lâminas, e não com pinças, pois esse procedimento resulta na 
inoculação do veneno ainda existente no ferrão. 
Por que as abelhas atacam? 
- Coloridos, odores e sons as irritam facilmente. 
 
-------- Acidentes com Escorpiões ------- 
- Veneno injetado pelo ferrão. 
- Mais comuns no verão 
- Zonas tropicais e subtropicais do mundo. 
- São representantes da classe dos aracnídeos. 
- No Brasil, escorpiões de importância pública são espécies do 
gênero Tityus: 
 
 
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> Escorpião-amarelo (T. serrulatus) – espécie de maior 
preocupação, visto o risco maior potencial de gravidade de 
envenenamento – espécie bem adaptada ao meio urbano. 
> Escorpião-marrom (T. bahiensis) 
> Escorpião-amarelo-do-nordeste (T. stigmurus) 
> Escorpião-preto-da-amazônia (T. obscurus). 
Sintomas 
- Início rápido e duração limitada 
- Dor local 
- Vermelhidão 
- Edema 
- Piloereção (pelos em pé) 
- Sudorese 
- Fasciculações musculares (contrações) 
- Mioclonias (mov. Súbitos, involuntários) 
- Crianças <7 anos: risco maior 
Tratamento de Acidentes Escorpiônicos com Soro 
Antiescorpiônico 
Gravidade Tratamento N° de 
ampolas 
 
Leve 
Dor, edema, eritema, 
sudorese, parestesia local e 
piloereção 
- Fármacos sintomáticos e calor local – 
OBS: nunca usar gelo 
- Infiltração ou bloqueio anestésico com 
lidocaína a 2% sem vasoconstritor 
- Analgesia, se necessário, com opioides. 
 
 
 
- 
Moderada 
Quadro local mais agitação, 
náuseas, vômitos, sialorreia, 
taquipneia e taquicardia 
- Mesmas medidas para a intensidade 
leve 
- Monitoração dos sinais vitais 
- Hidratação parenteral 
 
 
2 - 3 
Grave 
Vômitos incoercíveis e 
profusos, sialorreia e sudorese 
profunda, prostração, 
convulsão, coma, bradicardia, 
insuficiência cardíaca, choque 
e edema pulmonar agudo. 
 
- Internação em UTI 
- Monitoração hemodinâmica contínua 
- Hidratação parental cuidadosa 
- Fármacos antieméticos e vasoativos 
- Ventilação pulmonar mecânica 
 
 
 
4 - 6 
 
 
--------- Acidentes com Lagartas -------- 
- Taturana, marandová, mandorová, mondrová, oruga, bicho-
peludo é uma das fases do ciclo biológico de mariposas e 
borboletas (lepidóptero). 
- “Queimaduras” – evolução benigna 
- As do gênero Lonomia são as de maior relevância para a 
saúde pública, pois podem ocasionar acidentes graves ou mortes, 
pela inoculação do veneno no organismo, que se dá por meio 
do contato das cerdas urticantes com a pele. 
➔ Lonomia (lagartas “espinhudas”) 
- Vivem em grupos, possuem cerdas urticantes em forma 
de espinhos, semelhantes a pequenos pinheiros verdes 
distribuídos no dorso da lagarta, não possuindo pelos 
sedosos. 
- Têm “espinhos” ramificados e pontiagudos de aspectoarbóreo, com tonalidades esverdeadas mimetizando muitas 
vezes a vegetação. 
 
➔ Outras 
- São geralmente solitárias e não-agressivas, de 1 a 8cm de 
comprimento, possuem pelos dorsais longos e sedosos de 
colorido variado (castanho, branco, negro, róseo), que camuflam 
as verdadeiras cerdas pontiagudas e urticantes. 
- As cerdas pontiagudas e curtas contêm as glândulas de veneno, 
entremeadas por outras longas, coloridas e inofensivas. 
 
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Sintomas 
- Ocorrem quando o indivíduo toca o animal, em tronco de 
árvores. 
- O contato com as cerdas pontiagudas faz com que o veneno 
contido nos “espinhos” seja injetado na pessoa. 
- A dor, na maioria dos casos, é violenta, irradiando-se do local 
da “queimadura” para outras regiões do corpo. 
- No caso da Lonomia, pode ocorrer sangramento na gengiva e 
na urina. 
Tratamento 
- Alívio da dor, compressas frias ou geladas. 
- Nos casos de suspeita de acidente com Lonomia, o paciente 
deve ser levado ao serviço de saúde mais próximo, para que o 
profissional de saúde avalie a necessidade de administração do 
soro antilonômico. 
---------- Acidentes com Aranhas -------- 
Aranha-marrom (Loxoceles) Aranha-armadeira 
ou macaca 
(Phoneutria) 
Viúva-negra 
(Latrodectus) 
Não é agressiva, hábitos 
noturnos, teia irregular. 
Bastante agressiva, 
caçadora, 
atividade noturna. 
Não é agressiva, 
atividade noturna, 
vive em grupos, 
teia irregular. 
Picada pouco dolorosa, 
lesão endurecida e escura 
(horas), pode evoluir com 
necrose extensa. 
 
Dor imediata e 
intensa, raramente 
ocorrem agitação, 
náusea, diminuição 
de PA. 
 
Picada dolorosa, 
contração 
muscular, 
sudorese, 
diminuição da PA 
e taquicardia. 
 
 
 
 
Acidente Loxoscélico (“Aranha marrom”) 
 
--------------- Forma Cutânea -------------- 
 Leve 
- Lesão Incaracterística 
- Sem comprometimento do estado geral 
- Sem sinal de hemólise 
Tratamento 
- Sintomático 
- Orientar paciente a retorno diário, a cada 12 horas. 
 
Moderado 
- Lesão provável ou “característica” (com placa marmórea < 3 cm) 
- Com ou sem comprometimento do estado geral 
- Sem sinal de hemólise 
Tratamento 
- Prednisona: 5 dias 
Adultos: 40mg/dia 
Crianças: 0,5 – 1mg/dia (máximo 40mg/dia) 
- Sintomático 
 
Grave 
- Lesão “característica” (com plama marmórea > 3 cm) 
- Com ou sem comprometimento do estado geral 
- Sem sinal de hemólise 
Tratamento 
- SALox/SAA IV: 5 ampolas 
- Prednisona: 7 dias 
Adultos: 40mg/dia 
Crianças: 0,5 – 1mg/dia (máximo 40mg/dia) 
- Sintomático 
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--------------- Forma cutâneo-hemolítica -------------- 
Grave 
- Presença ou não de lesão local significativa e dor 
- Hemólise confirmada por exames complementares. 
Tratamento 
- SALox/SAA IV: 10 ampolas 
- Prednisona: 7 dias 
Adultos: 40mg/dia 
Crianças: 0,5 – 1mg/dia (máximo 40mg/dia) 
- Sintomático 
- Hidratação adequada visando manter boa perfusão renal. 
 
Acidente Fonêutrico (“Aranha Armadeira”) 
➔ Aranha não identificada > Phoneutria sp. Provável 
➔ Aranha identificada > Phoneutria sp. Confirmado 
 
Quadro Leve 
- Predomínio de manifestações locais 
- Dor, edema, eritema, irradiação, sudorese, parestesia, taquicardia e 
agitação secundária à dor. 
Alívio da Dor 
- Anestesia Local e/ou Analgesia 
 
Quadro Moderado 
- Manifestações locais associadas à sudorese, taquicardia, vômitos 
ocasionais, agitação, hipertensão arterial. 
Paciente maior de 7 anos 
- Alívio da Dor: anestesia local e/ou analgesia 
Paciente menor de 7 anos 
- SAA IV: 3 ampolas 
- Anestesia local e/ou analgesia. 
 
 
Quadro Grave 
- Prostração, sudorese profunda, hipotensão, priapismo, diarreira, 
bradicardia, arritmias cardíacas, convulsões, cianose, edema pulmonar, 
choque. 
Tratamento 
- SAA IV: 6 ampolas 
- Terapia de suporte 
- Cuidados intensivos 
- Anestesia local e/ou analgesia 
 
Tratamento geral – Não decorar! 
 
 
---------- Acidentes com Cnidários ------- 
Características 
- Organismos pluricelulares que vivem em ambientes aquático, 
grande maioria de origem marinha (águas tropicais rasas); 
- Apresentam tipo específico de célula em seus tentáculos – 
CNIDÓCITO. 
- Essas células lançam o nematocisto, uma espécie de cápsula 
que contém um filamento com espinhos e um líquido urticante. 
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- Apresentam 2 tipos morfológicos: MEDUSAS e pólipos; 
- Os cnidários são divididos em quatro classes: Anthozoa, 
Hydrozoa, Scyphozoa e Cubozoa. 
 
Primeiros Socorros 
- Contato inicial com os tentáculos parece não inocular grande 
quantidade de veneno – aumenta quanto maior a exposição da 
pele ao contato. 
- Tentáculos ficam aderidos a pele – e não devem ser removidos 
com a mão desnuda. 
- Evitar lavar a ferida com água doce – nematocistos são 
quebrados (osmose) e pode haver maior liberação de veneno. 
- Vítima pode sentir muita dor (queimação); 
- Acalmar a vítima. 
Tratamento 
- Lavar ferida com ÁGUA SALGADA. 
- Resfriar ferida com bolsa de gelo (ou com água do mar 
gelada). 
- Lavar a ferida com vinagre (se disponível) parece ter efeito 
positivo na neutralização do veneno. 
- Remover restos dos tentáculos suavemente, com luvas e 
preferencialmente com pinças. 
- Controle da dor e inflamação: analgésicos, anti-inflamatórios 
e corticoides. 
 
 
 
 
---------- Prevenção – Geral ------------ 
- Uso de materiais de proteção individual (EPI’s) 
- Examinar roupas pessoais antes de usá-las; 
- Afastar cama das paredes; 
- Não acumular entulhos/ materiais de construção/ lixo; 
- Limpar casa regularmente; 
- Manter jardins, arredores das casas e terrenos baldios limpos; 
- Cuidado com mergulho em águas sabidamente povoadas por 
cnidários. 
------- No caso de Acidente – Geral ------ 
- Procurar atendimento médico imediato; 
- Características detalhadas do animal; 
- Lavar local da picada com água e sabão (exceção: acidentes 
com cnidários!!); 
- Acidentes de extremidades do corpo – retirar acessórios (anéis, 
fitas, calçados apertados); 
- NÃO fazer torniquete! 
- NÃO aplique substâncias (café, álcool, etc); 
- NÃO tente chupar o veneno!!