Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Rebeka Freitas ATEROSCLEROSE - A aterosclerose é uma resposta inflamatória crônica para o acúmulo de lipídios na parede arterial. - Os principais fatores de risco que promovem o desenvolvimento de aterosclerose são: • Níveis elevados de lipoproteína de baixa densidade (LDL colesterol); • Níveis baixos da lipoproteína de alta densidade (HDL-colesterol); • Tabagismo; • Diabetes tipo 2; • Hipertensão arterial sistêmica; • Histórico familiar de doença coronariana, acidente vascular cerebral isquêmico ou doença arterial periférica • Obesidade abdominal • Hipertrigliceridemia; • Hiperfibrinogenemia; • Inatividade Física; • Estresse psicossocial - Um fenótipo de lipoproteína aterogênica tem sido definido como a presença de uma predominância de pequenas partículas densas de LDL, a hipertrigliceridemia e baixa concentração de colesterol HDL plasmático ⇨ FORMAÇÃO DAS LESÕES ATEROSCLÉROTICAS - O processo da aterosclerose inicia quando as lipoproteínas contendo apolipoproteína B (apoB100), predominantemente LDL, acumulam-se na íntima vascular, a camada mais interna da artéria. - A lipoproteína lipase produzida localmente na artéria pode levar o LDL à matriz extracelular, e a fosfolipase e ações da esfingomielinase podem contribuir para o aprisionamento de LDL. - Os fatores de crescimento locais induzem os monócitos recrutados a desenvolverem-se em macrófagos. - Na íntima, os macrófagos captam o LDL oxidado por meio de seus receptores varredores, começam a acumular colesterol e são gradualmente transformados em células espumosas carregadas de colesterol. - Alguns macrófagos na íntima produzem mediadores pró- inflamatórios, incluindo o fator de necrose tumoral (TNF), interleucina-1 (IL-1), eicosanoides pró-inflamatórios, espécies de radicais de oxigênio e nitrogênio, e fatores pró-trombóticos. - Com a entrada e ativação das células T e dos macrófagos, o acúmulo de lipídios na íntima conduz ao processo da doença inflamatória crônica da aterosclerose. - Além das células T e dos macrófagos, a formação de ateroma também é estimulada por células dendríticas que captam e apresentam os antígenos, e pelos mastócitos que secretam enzimas e mediadores bioativos. - As partículas de lipoproteínas remanescentes ricas em triglicerídeos, que têm efeitos adversos sobre a função endotelial, penetram no espaço subendotelial da íntima normal e das placas ateroscleróticas, onde são retidas. - A partícula de lipoproteína Lp(a) exerce as ações tanto pró- aterogênicas quanto pró-trombóticas. ⇨ CRESCIMENTO, MORTE E PROGRESSÃO DA DOEÇA - As lesões ateroscleróticas crescem pelo acúmulo de colesterol, infiltração das células inflamatórias, ativação, proliferação e morte dessas células e desenvolvimento gradual de um núcleo que contém detritos celulares e lipídios. - Como uma resposta tecidual para este processo, as células musculares lisas formam uma estrutura de capa subendotelial dominada por fibras de colágeno, que são produzidos por estas células. - A capa de colágeno estabiliza mecanicamente a placa e cria uma barreira entre os componentes hemostáticos do sangue e do material trombogênico da placa. - Enquanto a placa não está muito avançada, a dilatação compensatória da parede artéria impede que ela fique significativamente saliente no lúmen arterial. - Após o crescimento da placa a um tamanho suficiente, a artéria a remodela para dentro, muitas vezes acompanhada por vasoconstrição exagerada ou paradoxal. ⇨ ATIVAÇÃO DA PLACA, TROMBOSE E INFARTO - O processo aterosclerótico normalmente fica em silêncio por meses, anos e até mesmo décadas, podendo nunca resultar em manifestações clínicas. No entanto, se e quando a superfície da placa for danificada, a oclusão trombótica da artéria pode ocorrer. - A continuidade da superfície pode ser danificada por fissuras ou por erosão da superfície. - As fissuras e erosões estimulam a aterotrombose expondo o material trombogênico dentro da placa, como os fosfolípidios, o fator tecidual e as moléculas da matriz, para as plaquetas e fatores de coagulação. Rebeka Freitas - Os agregados plaquetários formados nas superfícies expostas são estabilizados por uma rede de fibrina. - O fator tecidual, expresso nas células musculares lisas vasculares e nos macrófagos da placa aterosclerótica, é o iniciador celular primário da cascata de coagulação do sangue que leva à formação de fibrina. - Os aterotrombos expandem-se rapidamente e podem preencher o lúmen em poucos minutos, levando à isquemia e infarto. ANGINA PECTORIS E DOENÇA CARDÍACA ISQUÊMICA ESTÁVEL - A doença cardíaca isquêmica é mais comumente causada por obstrução ou estenose de uma ou mais das artérias coronárias por placas ateromatosas. A obstrução pode resultar em isquemia e infarto do miocárdio. - A angina pectoris geralmente é uma consequência de um desbalanço oferta/consumo entre uma atividade que aumenta a carga de trabalho ou “consumo”, o que resulta em um aumento na frequência cardíaca, pressão arterial ou ambos e na incapacidade de as artérias coronárias epicárdicas estreitadas aumentarem o fluxo anterógrado ou “oferta” em resposta a este aumento no consumo. - Tal desequilíbrio classicamente resulta em desconforto torácico de intensidade e duração variáveis - A angina pectoris é definida como o desconforto no tórax ou áreas adjacentes causado por isquemia miocárdica. ⇨ CLASSIFICAÇÃO DA ANGINA PECTORIS - Canadian Cardiovascular Society (CCS) é uma escala ordinal de quatro pontos amplamente usada que classifica a angina pectoris de branda à grave, e inclui o espectro completo da angina de crônica estável a instável • I: angina ocorrendo apenas durante a atividade física excessiva ou prolongada. • II: ligeira limitação na atividade ordinária; caminhar ou subir escadas rapidamente, andar ladeira acima, caminhar ou subir escadas após as refeições, no frio, no vento, ou quando estiver sob estresse emocional, ou apenas algumas horas depois de acordar • III: limitação acentuada de atividade física comum. • IV: incapacidade de realizar qualquer atividade física sem desconforto; a síndrome anginosa pode estar presente em repouso. - A escala da angina da CCS permite que os médicos categorizem pacientes como brandos ou estáveis (geralmente classes I e II da CCS) versus graves ou instáveis (normalmente classes III e IV da CCS). ⇨ FISIOPATOLOGIA - A angina é a expressão clínica mais frequente da isquemia miocárdica. - A isquemia pode se manifestar clinicamente de muitas maneiras diferentes além de angina, desde ser assintomática (isquemia silenciosa) até angina instável, IAM ou morte súbita. - A aterosclerose, a causa mais comum de isquemia miocárdica, pode evoluir durante anos sem manifestações de isquemia. - Na maioria dos pacientes com cardiopatia isquêmica estável, o processo da aterosclerose consiste em pequenos núcleos lipídicos com uma capa fibrosa espessa ou muito espessa e uma baixa tendência à ruptura. - Na SCA ou angina instável, nota-se um grande núcleo lipídico com uma capa subjacente fina e inflamada, que abriga as placas vulneráveis ou de alto risco com alta propensão à ruptura. - Dois mecanismos patogênicos principais podem resultar em isquemia miocárdica e angina no cenário crônico: • Angina de consumo: é uma consequência do aumento do consumo miocárdico de oxigênio que ocorre com o aumento da atividade física, emoção ou estresse. Em um paciente com suprimento crônico e restrito de O2 devido ao estreitamento aterosclerótico de uma artéria coronária, esse aumento do consumo pode precipitar a angina. • Angina de oferta: pode ocorrer em pacientes com angina instável e angina crônica estável por reduções transitórias no suprimento miocárdico de O2 como consequência de vasoconstrição coronária com estenose coronariana dinâmica resultante. - Na presença de estreitamento luminal coronarianodevido à aterosclerose, trombos de plaquetas superpostas e leucócitos podem produzir substâncias vasoconstritoras (ex. serotonina e o tromboxano A2), enquanto o dano endotelial em artérias coronárias doentes pode diminuir a produção de substâncias vasodilatadoras (ex. óxido nítrico e a adenosina). - Embora a causa mais comum de cardiopatia isquêmica seja o estreitamento aterosclerótico das artérias coronárias epicárdicas resultando em obstrução limitante de fluxo ao fluxo sanguíneo, a Rebeka Freitas doença arterial coronariana obstrutiva também pode ter causas não ateroscleróticas. - Isquemia miocárdica e angina pectoris também podem ocorrer na ausência de doença arterial coronariana obstrutiva. ⇨ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Há muitas causas de dor torácica; a dor torácica semelhante à angina pode não representar doença cardíaca isquêmica; a cardiopatia isquêmica provoca outros sintomas além de dor anginosa; anormalidades não ateroscleróticas da artéria coronariana podem causar dor torácica isquêmica - A angina pectoris apresenta quatro características clínicas cardinais: o caráter do desconforto, seu local e distribuição, sua provocação e sua duração. • Caráter de desconforto: tipicamente descrito como uma pressão que transmite uma sensação de estrangulamento e ansiedade; outros adjetivos frequentemente utilizados para descrever este desconforto incluem pesado, compressor, constritor, sufocante e, às vezes, esmagador; em alguns pacientes, a qualidade da sensação é mais vaga e atípica (sensação de queimação no epigástrio médio, sensação de dormência). • Local e a distribuição: predominantemente médio-esternais ou retroesternais, mas podem ser precordiais; a radiação é comum geralmente para o pescoço e ombro esquerdo e para baixo na superfície ulnar do braço esquerdo; o braço direito e a superfície externa de ambos os braços também podem estar envolvidos. • Provocação: causada por esforço ou atividade física, estresse emocional, exposição ao frio, intercurso sexual ou ingestão de uma lauta refeição. A angina que ocorre em repouso ou noturnamente, prenuncia muitas vezes uma mudança no padrão de estável para instável e pode indicar que há uma ruptura incipiente da placa que leva à SCA. • Duração: tipicamente, é breve; um episódio geralmente começa gradualmente e atinge sua intensidade máxima ao longo de um período de minutos antes de regredir. Desconforto torácico que persiste por mais de 15 a 20 minutos, especialmente em repouso ou à noite, provavelmente representa SCA ou IAM. - Apesar de o desconforto torácico ser geralmente o sintoma predominante na angina (estável) crônica, na angina instável, na angina (variante) de Prinzmetal, na angina microvascular e no IAM, em alguns pacientes, o desconforto torácico está ausente, é atípico ou não proeminente. ⇨ EXAME FÍSICO -O exame cardíaco geralmente é de benefício limitado na avaliação de pacientes com dor torácica ou no estabelecimento de um diagnóstico de cardiopatia isquêmica. - Durante um episódio de desconforto torácico, a isquemia miocárdica pode produzir uma terceira ou quarta bulha cardíaca. - A isquemia miocárdica também pode causar um sopro apical holossistólico transitório de insuficiência mitral que pode ocorrer devido à disfunção reversível do músculo papilar (mais prevalentes em pacientes com doença de artéria coronária extensa) - Se o paciente apresentar insuficiência cardíaca concomitante, podem estar presentes o aumento da pressão venosa jugular, estertores pulmonares e edema periférico ⇨ DIAGNÓSTICO - Além de uma cuidadosa anamnese e exame físico, a avaliação de pacientes com cardiopatia isquêmica estável inclui: ➢ ECG em repouso; ➢ Exames laboratoriais (níveis lipídicos, marcadores de inflamação ou função cardíaca); ➢ Testes não invasivos (ergométricos, cintilografia, ecocardiograma com estresse etc.); Rebeka Freitas ➢ ECG com esforço; ➢ Radiografia do tórax; ➢ Angiotomografia das artérias coronarianas; ➢ Cineangiocoronariografia diagnóstica (padrão-ouro); • Eletrocardiograma em repouso - Mesmo pacientes com doença arterial coronariana anatômica extensa podem ter um traçado normal em repouso. - Além da isquemia miocárdica, outras condições podem produzir alterações de ST–onda T. - A presença de novas alterações de ST–onda T no ECG em repouso, no entanto, pode ser útil para o diagnóstico de doença arterial coronária e pode se correlacionar com a gravidade da doença cardíaca subjacente. - Além de alterações de ST–onda T focais, o ECG pode revelar vários distúrbios de condução, mais frequentemente de bloqueio de ramo esquerdo e bloqueio fascicular anterior esquerdo. - A anormalidade mais comum observada é o infradesnivelamento do segmento ST em uma ou mais derivações do ECG que representam a mesma parede, o que significa a presença de isquemia subendocárdica. - Ocasionalmente, elevações diminutas transitórias do segmento ST ou inversões de onda T podem se desenvolver durante a angina e isquemia crônicas, embora a elevação do segmento ST seja muito mais comumente observada em pacientes com SCA e ruptura de placa. SCA: ANGINA INSTÁVEL E IAMSSST - O termo síndrome coronariana aguda (SCA) é usado para descrever o conjunto de isquemia miocárdica que engloba angina instável ou infarto (com ou sem elevação concomitante do segmento ST). - O paciente com angina instável apresenta dor torácica de origem cardíaca que é nova, com padrão de piora ou ocorre em repouso, sem evidência bioquímica da necrose de miócitos. - O paciente que apresenta dor torácica cardíaca com evidência bioquímica de necrose miocárdica e sem elevação do segmento ST tem um infarto agudo do miocárdio sem supra de ST (IAMSEST). - A angina instável e o IAMSSST são denominados coletivamente de SCA-SSST. - O paciente que apresenta dor torácica cardíaca, de início agudo, com evidências bioquímicas de necrose miocárdica e elevação do segmento ST persistente (> 20 minutos) tem um IAMCSST. - A SCA-SSST é mais comum em indivíduos com um ou mais fatores de risco para ateroscleros e doença vascular periférica ou um distúrbio inflamatório crônico, tais como artrite reumatoide, psoríase ou infecção. - SCA primária: é precipitada pela ruptura de uma placa coronariana aterosclerótica, com subsequente agregação plaquetária e formação de trombos, levando, por sua vez, ao comprometimento do fluxo sanguíneo na artéria comprometida. - SCA secundária: é causada por um desequilíbrio transitório ou persistente entre a oferta e a demanda de oxigênio no miocárdico. ⇨ FISIOPATOLOGIA - Se o paciente apresentar uma região do miocárdio que é irrigada por uma artéria ocluída e recebe extensa circulação colateral para esta região, a oclusão trombótica total da artéria leva à apresentação clínica de SCA-SSST, em vez de IM com elevação do segmento ST. - Um vasoespasmo intenso de um segmento de uma artéria coronária epicárdica em consequência de disfunção endotelial focal causa um comprometimento transitório ou sustentado do fluxo arterial coronariano, resultando em SCA-SSST -A dissecção espontânea de artéria coronária é uma causa rara e não aterosclerótica de síndrome coronariana aguda (SCA), atingindo tipicamente mulheres jovens e sem fatores de risco tradicionais para doenças cardiovasculares. - É caracterizada pela formação de um hematoma intramural expansivo, comprimindo o lúmen e levando à insuficiência coronariana. Duas hipóteses fisiopatológicas foram descritas: a primeira afirma que a dissecção resulta de uma ruptura da parede Rebeka Freitas íntima do vaso, enquanto a segunda propõe que seja um resultado de uma hemorragia da vasa vasorum. - A ruptura ou erosão da placa aterosclerótica coronariana é o evento inicial na maioria dos pacientes com SCA-SEST. - Vários fatores podem desempenharum papel na deterioração da capa fibrosa de proteção que separa o ateroma na parede dos vasos do lúmen da artéria coronária. - Inflamação local e sistêmica, características mecânicas e alterações anatômicas contribuem para a transformação de uma placa aterosclerótica estável para a chamada placa “vulnerável”. - Os locais de baixa tensão de cisalhamento, tais como bifurcações de vasos, têm produção reduzida de substâncias vasodilatadoras endoteliais, o que contribui para a instabilidada da placa. - Acúmulo acelerado de lipídios e células inflamatórias, aumento da degradação da matriz extracelular e adelgaçamento da capa fibrosa, também contribuem para a instabilidade da placa. - A suboclusão arterial coronariana por um trombo, que é rico em plaquetas, compromete o fluxo sanguíneo na artéria envolvida, o que resulta em um desequilíbrio na oferta e na demanda de oxigênio dos miócitos perfundidos pela artéria. - Se o desbalanço na oferta demanda for transitório, os miócitos envolvidos tornam-se isquêmicos, mas não morrem pelo fato de a isquemia não ter duração suficiente para causar necrose. O paciente normalmente se queixa de dor torácica cardíaca em repouso, porém, sem evidências bioquímicas de necrose miocárdica -> diagnóstico de angina instável. - Em contrapartida, se o desbalanço entre oferta-demanda for sustentado, os miócitos isquêmicos começam a morrer e o infarto ocorre. O paciente normalmente se queixa de dor torácica cardíaca em repouso e apresenta elevação bioquímica de marcadores de necrose miocárdica -> diagnóstico de IAMSSST. ⇨ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - O paciente com SCA-SSST normalmente se queixa de pressão retroesternal, aperto ou peso que pode ser intermitente e recorrente ou persistente. - Se os episódios forem intermitentes e recorrentes, a duração de cada episódio pode variar de apenas alguns minutos a várias horas. - A dor torácica pode irradiar para o braço esquerdo, pescoço ou mandíbula e pode ser acompanhada por diaforese, náuseas, dor abdominal, dispneia ou síncope. - Apresentações atípicas de SCA-SSST não são incomuns e podem incluir dor contínua ou um desconforto torácico vago, dor epigástrica, indigestão de início agudo, fadiga inexplicável ou dispneia. ⇨ EXAME FÍSICO -Um importante objetivo do exame físico é excluir causas não cardíacas dos sintomas do indivíduo (ex. costocondrite, pneumotórax, embolia pulmonar, pneumonia) e doenças cardíacas de origem não isquêmica. ⇨ DIAGNÓSTICO - A probabilidade de SCA pode ser estimada com base em dados da história, exame físico e eletrocardiograma . - É importante perguntar sobre o uso de cocaína e metanfetaminas para o paciente com suspeita de SCA, especialmente em pacientes com menos de 40 anos de idade ou com poucos fatores de risco tradicionais para a aterosclerose. - Estas drogas podem aumentar a demanda de oxigênio miocárdica e concomitantemente diminuir a oferta de oxigênio por causar vasospasmo e trombose. Uma análise toxicológica da urina deve ser considerada quando há suspeita de abuso de drogas como causa de ou contribuinte para a SCA. • Eletrocardiograma - Se o paciente tiver elevação do segmento ST persistente (>20 minutos), a terapia de reperfusão deve ser prontamente indicada. - Anormalidades transitórias do segmento ST que se desenvolvem durante um episódio de isquemia em repouso e que se revertam quando o paciente está assintomático sugerem fortemente o diagnóstico de SCA-SSST. - Depressão do segmento ST (ou elevação transitória do segmento ST) e anormalidades da onda T ocorrem em até 50% dos pacientes com SCA-SSST. - No paciente cujo ECG inicial é normal, os ECGs subsequentes devem ser obtidos nas primeiras 24 horas e durante episódios de dor ou na presença de sintomas e devem ser comparados a traçados prévios a fim de identificar novas anormalidades no segmento ST ou na onda T. Rebeka Freitas • Biomarcadores séricos - A troponina é detectável no sangue com os ensaios convencionais dentro de três a quatro horas a partir do início da necrose miocárdica, mas, em alguns indivíduos, sua detecção pode ser retardada por até oito horas. - Uma única avaliação negativa de troponina sérica é insuficiente para excluir o diagnóstico de IAM em um paciente com sintomas recentes. - Para confirmar ou excluir a necrose miocárdica, coletas seriadas de sangue e dosagens de troponina devem ser realizadas de seis a 12 horas após a avaliação inicial do paciente e após quaisquer outros episódios de dor torácica. ⇨ AVALIAÇÃO DE RISCO E TRIAGEM • GRACE: cada variável é atribuída uma pontuação numérica baseada em seu valor específico e as oito pontuações são somadas para resultar em uma pontuação total, que é aplicada a um nomograma de referência para determinar o risco do paciente. • TIMI RISK: Indivíduos com três ou mais dessas variáveis são considerados de “alto risco”, enquanto aqueles com 0, 1 ou 2 são considerados de “baixo risco”. - Embora os marcadores séricos de necrose miocárdica compreendam apenas uma das variáveis de risco do TIMI ou GRACE, a presença desta variável isoladamente parece identificar o paciente como sendo de “alto risco”. - Apesar de marcadores séricos elevados indicarem necrose miocárdica, eles não fornecem informações sobre sua causa: em alguns indivíduos, a necrose miocárdica ocorre em outras entidades patológicas que não a doença arterial coronariana. - A avaliação inicial do paciente com possível ou suspeita de SCA deve se concentrar em uma classificação de risco de o paciente vir a apresentar um evento isquêmico cardíaco agudo. IAM COM ELEVAÇÃO DO SEGMENTO ST - O IAMCSST é caracterizado por isquemia miocárdica aguda profunda (“transmural”), afetando áreas relativamente grandes de miocárdio. - A causa subjacente quase sempre é a interrupção completa do fluxo sanguíneo miocárdico regional. - Esta síndrome clínica deve ser distinguida do IAM sem elevação do segmento ST, no qual a obstrução do fluxo coronariano é incompleta e para a qual são indicados diferentes tipos de tratamento. ⇨ FISIOPATOLOGIA - Quando o fluxo coronariano é interrompido (oclusão total), ocorre elevação do segmento ST eletrocardiográfico (IAMCSST). - Oclusão parcial, oclusão na presença de circulação colateral e embolização coronariana distal resultam em angina instável ou IAM sem elevação do segmento ST. - Embora a maioria dos IMs seja causada por aterosclerose, ocasionalmente os pacientes podem desenvolver oclusões coronarianas completas devido a êmbolos coronarianos, trombose in situ, vasculite, vasospasmo primário, doenças infiltrativas ou degenerativas, doenças da aorta, anomalias congênitas de uma artéria coronária ou trauma. Rebeka Freitas ⇨ MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS - Tradicionalmente, o diagnóstico do IAM tem base na tríade de desconforto torácico tipo isquêmico, anormalidades ECG e marcadores cardíacos séricos elevados. Considera-se um IAM quando, pelo menos, aparecem dois desses três indicadores. - O desconforto torácico tipo isquêmico é o sintoma clínico mais proeminente na maioria dos pacientes com IAM. - O desconforto é caracterizado por sua qualidade, sua localização, sua duração, sua irradiação e seus fatores desencadeadores e aliviadores. - O desconforto associado ao IAM é qualitativamente semelhante ao da angina pectoris, porém mais grave. - Muitas vezes, ele é percebido como um peso, pressionando, esmagando, espremendo, ou como uma corda, um torno, estrangulando, constringindo, ferindo ou queimando. - A localização principal da dor isquêmica típica é mais comum retroesternalmente, mas também pode se apresentar paraesternalmente à esquerda, precordialmente à esquerda ou através do tórax anterior. - O desconforto geralmente é difuso. O desconforto do IAM é mais grave e dura mais (normalmente, 20 minutos a várias horas) do que angina,não sendo aliviado de maneira satisfatória pelo repouso. ⇨ EXAME FÍSICO - O exame físico pode ser inteiramente normal ou pode revelar apenas anormalidades inespecíficas. Um galope de B4 frequentemente é encontrado se procurado com cuidado. ⇨ DIAGNÓSTICO • Eletrocardiograma - Em pacientes com um possível IAM, um ECG deve ser realizado rapidamente. - Embora o ECG inicial não seja nem perfeitamente específico nem perfeitamente sensível em todos os pacientes que desenvolvem IAMCSST, ele desempenha um papel fundamental na estratificação inicial, na triagem e no tratamento. - Localização do infarto pelo ECG: • Biomarcadores séricos - Em geral, as troponinas são detectadas primeiro dentro de duas a quatro horas depois da instalação do IAM, são extremamente sensíveis com oito a 12 horas do evento, chegam ao pico máximo com 10 a 24 horas e persistem por cinco a 14 dias. ⇨ TIMI RISK PARA O IAMCSST ⇨ CLASSIFICAÇÃO HEMODINÂMICA DO IAM ⇨ CLASSIFICAÇÃO DE KILLIP E TAXA DE MORTALIDADE HOSPITALAR
Compartilhar