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Para analisar o movimento do quadril, dependemos de qual posição está o joelho naquele momento e vice-versa. São regiões próximas e muitos músculos que atuam em uma, atuam também na outra. Quadril é uma articulação extremamente importante para a marcha e para o ato de ficar em pé. É o ponto onde incide-se a carga corporal (peso) antes de se distribuir para os membros inferiores. O quadril faz a transmissão de forças entre a pelve e os membros inferiores. Os movimentos dessa articulação são importantes para o dia a dia, seja em atividades laborais, de lazer ou esporte. Para que essa estrutura funcione bem, precisa ser muito estável e possuir baixa mobilidade (fazer analogia com o ombro, já que a amplitude de movimento dessa articulação é grande, mas, por outro lado, é muito instável). O complexo do quadril é composto pela articulação coxofemoral, que é a união do acetábulo com a cabeça do fêmur. É considerada uma articulação esferoidal (enartrose) com 3 graus de movimento nos 3 planos. É mais estável que o ombro. A superfície côncava do acetábulo se encaixa na superfície convexa da cabeça do fêmur. Essas superfícies estão adaptadas às funções de sustentação do peso e locomoção. O acetábulo possui um ângulo oblíquo, sendo voltado para frente, lateralmente e inferiormente. A cabeça do fêmur possui um ângulo oblíquo também na região anterior, medialmente e superiormente. A parte da frente fica mais livre e a parte de trás, mais fechada. Por isso, os movimentos para frente possuem maior amplitude do que para trás. Acetábulo Região formada por 1/5 do osso púbis, 2/5 do ísquio e 2/5 do íleo. A parte superior dessa estrutura é mais recoberta por cartilagem hialina. A incisura acetabular na base interrompe a porção cartilaginosa. Fossa acetabular: central e profunda, possui uma camada de gordura fibroelástica recoberta por membrana sinovial. Essa camada faz com que a membrana interna seja recoberta por líquido sinovial, o qual possui células que lubrificam a região, diminuindo a rigidez e aumentando a ADM. O ângulo de inclinação é formado por uma linha média traçada em todo o corpo do fêmur e a outra linha passando pelo colo do fêmur. O valor normal desse ângulo é de 125º. De novo, dependendo dessa abertura, haverá implicações no joelho. Um ângulo menor que 125° faz com que a cabeça do fêmur fique mais fechada e o corpo se abra mais, fazendo com que os joelhos se separem (varo). Por outro lado, se ocorrer um aumento desse ângulo, os joelhos se fecham mais, ficando em posição valga. Divergências no ângulo central podem ser corrigidas/modificadas. Já o ângulo de inclinação, em que as duas retas que o compõe passam pelo fêmur, não há como fazer mudanças após a formação completa da epífise óssea (paciente com 18 para 19 anos, por exemplo). Em crianças, é possível corrigir o ângulo de inclinação, porque a epífise óssea ainda não se fechou. Para levar a cabeça do fêmur mais para dentro, fortalece a musculatura abdutora, aproximando origem de inserção. Para levar a cabeça do fêmur mais para fora, fortalece-se os adutores. O ângulo central fica entre o eixo longitudinal e a reta que passa através da cabeça do fêmur. Esse ângulo, em condições normais, possui 35º. A medida que a cabeça do fêmur fica mais para fora ou a sua parte superior mais voltada para lateral, o joelho vai mais para dentro, causando implicações nessa articulação. O ângulo de torção ou anteversão está, no plano transversal, entre o eixo do colo femoral e os eixos dos côndilos femorais. Ele representa o quanto a cabeça do fêmur está voltada para frente. O normal é em torno de 15º a 20º. Anteversão excessiva: 35º. Bumbum empinado. Retroversão: abaixo de 10º, próximo a 0º. Bumbum encolhido e coluna mais reta. É possível corrigir essa condição de retroversão ou anteversão excessiva trabalhando a musculatura que está para trás ou para frente, tracionando o fêmur. Fatores de coaptação do quadril A coaptação é a congruência que mantém a estabilidade do quadril. É composta por 4 fatores: ➢ Peso → postura ereta; ➢ Lábio cotiloideano; ➢ Ligamentos; ➢ Músculos. O lábio cotiloideano ou lábio acetabular é um anel fibrocartilaginoso inserido sobre a borda cotiloideana. Ele aumenta a profundidade da cavidade cotiloide e preenche as irregularidades da borda, prendendo mais a cabeça do fêmur. Ligamentos Abaixo da espinha ilíaca ântero-inferior origina-se o ligamento íliofemoral, que se prende ao trocanter maior e menor. É bastante espesso e forte, mantendo a integridade e a estabilidade da articulação. Ele forma mais ou menos um Y, está na parte anterior do quadril e prende o fêmur ao osso ilíaco. No momento da flexão, os feixes do ligamento ileofemoral vão se afrouxando (porque aproxima a origem da inserção) e, dessa forma, não tem a ação de segurar bem um osso ao outro. A adução faz com que o feixe superior se estire, limitando o movimento. Ao fazer a extensão, conforme o fêmur vai para trás, o ligamento se estira, ficando muito esticado. Fatores que limitam a extensão: acetábulo e cabeça do fêmur direcionados para frente e o ligamento íliofemoral. Na rotação medial, as fibras se afrouxam e na rotação lateral se tensionam. Na abdução, esse ligamento tem seus feixes inferiores muito estirados e na adução as fibras também se estiram. Ligamento pubofemoral Ligamento isquiofemoral Localizado na parte posterior do quadril, esse ligamento fica tensionado durante a extensão do quadril, a rotação interna e a abdução. Tem a mesma função dos outros dois ligamentos já mencionados, pelo fato de passar pelo colo do fêmur. Flexão: se afrouxa. Extensão: se estira. A rotação medial deixa os ligamentos muito frouxos também, assim como a flexão. Ligamento redondo Está dentro da cápsula articular, saindo da fóvea da cabeça do fêmur e se inserindo no acetábulo. Junto a esse ligamento, há ramificações da artéria circunflexa da cabeça do fêmur, a qual faz a irrigação desse local. A corrente sanguínea é que vai trazer nutrientes para a região. A cabeça do fêmur é um osso trabecular (esponjoso) que faz com que a carga que chega nessa região, se distribua. Osteopenia: perda de massa óssea ao avançar da idade. A acentuação desse processo é a osteoporose (retirada de cálcio torna-se maior do que a reposição, começa a ter fraturas). O ligamento redondo tem papel importante para a irrigação da cabeça do fêmur e, caso seja lesado (mecanismo mais comum é a torção, o qual ocorre no momento do estirão do crescimento, atingindo mais as meninas), gera bloqueio da artéria e impede que chegue sangue suficiente na região. Com o passar do tempo, os efeitos são percebidos e o osso pode até necrosar nessa região. Bolsas sinoviais O líquido sinovial contido nas bolsas sinoviais. é liberado na articulação, promovendo sua lubrificação. A bolsa trocantérica ou subtrocantérica (1) é a que vai causar mais problemas, porque está muito próxima a pele. Movimentos repetitivos ou casos de má postura promovem a não reposição de líquido nessa bolsa, causando inflamação (bursite). Movimentos do quadril A flexão do quadril ocorre no plano frontal, eixo látero- lateral. Chega até 90° com o joelho estendido e, com o joelho flexionado, pode chegar a 120º. A extensão ocorre no plano sagital, também no eixo látero-lateral, podendo chegar a 20º além da posição neutra. Ao fazer a extensão com o joelho flexionado, a amplitude de movimento é bem pequena (em torno de 10º). Ao extender o quadril e o joelho simultaneamente, a ADM aumenta (alcança os 20º).. Esse ligamento fica tensionado durante a abdução e extensão extrema. Além disso, fica frouxo duranteo movimento de flexão, como o íliofemoral. Rotação medial: frouxo. Rotação lateral: tensionado. Abdução: muito estirado. Adução: um pouco estirado. No plano frontal, ocorre a abdução e adução. A abdução apresenta 40 a 45º de amplitude. A adução máxima é de 25º-30º além da posição neutra. Ao abduzir uma perna, a outra consegue fazer adução além da linha média. No plano horizontal, ocorre rotação interna e externa. Em média, o quadril exibe rotação interna de aproximadamente 35º a partir da posição neutra. Com o quadril em extensão, a rotação interna máxima alonga os músculos rotadores externos, tais como o piriforme e partes do ligamento isquiofemoral. Músculos biarticulares São aqueles que atuam em duas articulações que estejam próximas. Vai depender muito da posição em que o segmento se encontra para iniciar o movimento. Se o músculo estiver sendo exigido nas duas articulações que ele atua, ele vai ter que dividir as unidades motoras entre as mesmas, o que diminui um pouco a eficiência no geral. Cadeia cinética: tem relação com os vetores biomecânicos e com os eixos corporais • Cadeia cinética aberta: ocorre quando as extremidades estão livres. • Cadeia cinética fechada: a extremidade é fixada (no chão, no solo, por exemplo), e o movimento é executado. Do ponto de vista do movimento, ao fixar as extremidades, é como se mudasse a origem e a inserção dos músculos (onde é considerado origem, passa a ser inserção e vice- versa). Exemplo – barra fixa: ao segurar na barra e levantar o corpo, a cadeia cinética é fechada. O mesmo caso que ocorre no agachamento (pés fixos no chão). Contração concêntrica: aproxima a origem da inserção. Contração excêntrica: afasta a origem e a inserção. Para trabalhar o músculo em sua máxima potência, o ideal é fazer cadeia cinética fechada + contração excêntrica. MÚSCULOS FLEXORES Os principais são iliopsoas e reto femoral. Tensor da fáscia lata e sartório são auxiliares importantes do movimento. O músculo reto femoral é considerado biarticular. O papel dele no quadril é realizar a flexão. No joelho, ele é responsável pela extensão. Por isso, a posição que o joelho está interfere no movimento a ser realizado pelo quadril. Ao fazer a flexão do quadril com o joelho estendido, o reto femoral está sendo exigido em ambos os movimentos, dividindo as suas unidades motoras. Além disso, a musculatura posterior da coxa está estendida e ela é encurtada em algumas pessoas, puxando para seu lado e impedindo o movimento. Ao flexionar o joelho, a musculatura posterior fica mais relaxada, parando de impedir o movimento e a potência do músculo reto femoral atua mais no quadril, aumentando a amplitude de flexão. Implicação clínica: para trabalhar esse músculo de forma mais ampla, com distribuição de carga, é necessário colocá-lo em uma posição na qual será bastante exigido. Paciente com fraqueza do retofemoral, por exemplo, o posicionamento é feito de modo que a exigência se direcione completamente para esse músculo. Para dificultar mais, de forma que a carga se distribua em todas as articulações e movimentos possíveis, aí estimula-se ambas as articulações (joelho e quadril). Os músculos tensor da fáscia lata e sartório são biarticulares também, sendo que o sartório atua em 3 movimentos do quadril e também auxilia na extensão de joelho. Músculos extensores A extensão do quadril é realizada principalmente pelos músculos isquiotibiais (cabeça longa do bíceps femoral, semitendíneo e semimembranáceo). Glúteo máximo Bíceps femoral Semitendíneo Semimembranáceo Bíceps femoral, semitendíneo e semimembranéceo são biarticulares, pois fazem tanto a extensão do quadril quanto a flexão do joelho. No momento em que se realiza a extensão de quadril com o joelho também estendido, a ação dos isquiotibiais se volta apenas para a extensão do quadril, por isso a amplitude aumenta. Para trabalhar mais esses músculos, a extensão do quadril é realizada com o joelho estendido, para aumentar a potência da atuação muscular no quadril. Glúteo máximo: atua na extensão, na abdução e na rotação lateral do quadril. Quando quer trabalhar bastante esse músculo, deve fazer uma combinação desses movimentos, para que ele seja exigido totalmente. Músculos adutores Adutor longo Adutor curto Adutor magno Pectíneo Grácil Os músculos adutores são muito importantes, principalmente no futebol, para o chute cruzado. Dependendo da posição da coxa, o músculo glúteo mínimo também participa do movimento de adução. Ocorre muito o estiramento de adutores em pessoas que não são acostumadas a realizar o movimento e o músculo não está alongado. O estiramento rompe fibras pequenas do músculo e leva a um processo inflamatório. MÚSCULOS ABDUTORES Na abdução, quando um lado ultrapassa 45º, automaticamente o outro lado também tem que abduzir um pouco para auxiliar o movimento. Glúteo médio Glúteo mínimo Tensor da fáscia lata O principal músculo da abdução é o glúteo médio. O glúteo máximo também tem uma pequena participação. Caso o indivíduo possua inflamação do tendão do músculo tensor da fáscia lata, pode-se exigir mais durante o treinamento, combinando os movimentos de flexão e abdução. Para trabalhar todos os glúteos juntos, é necessário fazer abdução do quadril. Para exigir mais do glúteo máximo, trabalha extensão juntamente à abdução. Músculos rotadores laterais Piriforme Obturador interno Obturador externo Gêmeo superior Gêmeo inferior Quadrado femoral São músculos da parte posterior da coxa, pequenos e possuem origem e inserção bem próximas. (O músculo glúteo máximo também auxilia na rotação lateral). Implicação clínica: músculos pequenos e muito fáceis de se encurtar no dia a dia. Quando o piriforme está muito retraído, ele pinça o nervo isquiático, gerando dor. O tratamento envolve alongamento e tratamento do processo inflamatório. Músculos rotadores mediais Glúteo mínimo Tensor da fáscia Glúteo médio Lata Semitendíneo Semimebranáceo O principal rotador medial é o glúteo mínimo. O restante é auxiliador do movimento. rotações Com o paciente deitado em decúbito ventral, joelho flexionado e perna para cima é a posição neutra. Quando a perna vai para fora, realiza-se o movimento de rotação medial/interna do quadril. Quando a perna é rotacionada para dentro, o movimento é de rotação lateral. A coxa que gira para permitir jogar a perna de um lado para outro. Portanto, ao avaliar quadril, deve-se olhar a coxa e não a perna A rotação lateral geralmente possui amplitude bem maior que a rotação medial. A única posição em que o movimento da coxa acompanha o da perna é quando o joelho está estendido e, ao girar a coxa para a lateral, tanto a perna quanto o pé acompanham o movimento. Ao girar medialmente, a perna e o pé também se deslocam para a posição medial. Particularidades do quadril A posição de instabilidade para a articulação, na qual os ligamentos estão todos relaxados, é a flexão. A região anterior tem menos músculos, porém possui ligamentos mais fortes. A região posterior tem predominância de músculos. Principais patologias do quadril: artrose, fratura, anormalidades ósseas do fêmur, bursites e tendinites. Com o paciente sentado, a perna desloca-se lateralmente, enquanto a coxa realiza a rotação medial.
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