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Gametogênese e Defeitos Congênitos

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Gametogênese (Embriologia Clínica – 10ªed. – Keith Moore)
É o processo de formação e desenvolvimento das células germinativas especializadas, os gametas. Durante o processo o número de cromossomos é dividido pela metade (2n n). O processo de gametogênese ocorre através da meiose e com o processo de maturação que é diferente para cada sexo é chamada espermatogênese nos homens e oogênese na mulher. 
Meiose – A primeira divisão da meiose é denominada “reducional”, pois o conjunto de cromossomos diploide é reduzido a haploide após o pareamento dos cromossomos homólogos durante a prófase I e sua separação na anáfase I. A segunda divisão meiótica é “equacional” e ocorre de forma semelhante à mitose, na qual são separadas as cromátides irmãs. 
Além disso, durante a prófase I também ocorre o crossing over, que é a “troca” de material entre os cromossomos homólogos provenientes dos genitores. Essa troca garante a variabilidade gênica da espécie. 
Durante a meiose podem ocorrer distúrbios, como a não-disjunção cromossômica, que resultam na formação de gametas anormais cromossomicamente (anomalias numéricas).
Espermatogênese - é a sequência de eventos pelos quais as espermatogônias são transformadas em espermatozoides maduros. Inicialmente as espermatogônias são transformadas em espermatócitos primários. É o espermatócito primário que sofre a divisão reducional, se transformando em espermatóciotos secundários (haploides), que possuem aproximadamente metade do tamanho do primário. Os espermatócitos secundários sofrem a divisão equacional e se transformam em espermátides, que possuem aproximadamente metade do tamanho dos espermatócitos secundários. Cada espermátide é transformada em um espermatozoide pelo processo denominado espermiogênese. Esse processo completo leva em torno de dois meses para ocorrer, e os espermatozoides maduros são lançados na luz dos túbulos seminíferos. As células de Sertoli revestem os túbulos seminíferos, sustentam e participam da nutrição das células germinativas e estão envolvidas na regulação da espermatogênese. Os espermatozoides maduros são células ativamente móveis, que possuem uma cabeça e uma cauda. A maior parte da cabeça contém o núcleo do espermatozoide. Os dois terços anteriores da cabeça são cobertos pelo acrossoma, uma organela sacular em forma de capuz que contém várias enzimas. Quando liberadas, as enzimas facilitam a dispersão das células foliculares da corona radiata e a penetração do espermatozoide na zona pelúcida durante a fecundação. Para a espermatogênese normal, o cromossomo Y é essencial, uma vez que microdeleções resultam em espermatogênese deficiente ou infertilidade.
Oogênese – sequência de eventos pela qual as oogênias são transformadas em oócitos maduros. Todas as oogônias se desenvolvem em oócitos primários antes do nascimento. Assim que o oócito primário se forma, ele é circundado por uma única camada de células de tecido conjuntivo, as células foliculares. Conforme o oócito primário cresce durante a puberdade, as células foliculares se tornam cúbicas e depois cilíndricas, formando, assim, o folículo primário. Os oócitos primários iniciam a primeira divisão meiótica antes do nascimento, entretanto, estacionam na prófase I, até a chegada da puberdade feminina. Geralmente um folículo amadurece a cada mês e é liberado na ovulação. A longa duração da primeira divisão meiótica (até 45 anos) pode ser responsável, em parte, pela alta frequência de erros meióticos, tais como a não disjunção (falha na separação das cromátides irmãs de um cromossomo), que ocorre com o aumento da idade materna. Os oócitos primários na prófase suspensa (dictióteno) são vulneráveis aos agentes ambientais como a radiação. Quando ocorre a maturação do folículo o oócito primário aumenta de tamanho e imediatamente antes da ovulação ele completa a primeira divisão meiótica, formando um oócito secundário e o primeiro corpo polar (que não recebe quase nenhum citoplasma e será degenerado). Durante a ovulação inicia a segunda divisão meiótica no oócito secundário, no entanto, ela fica suspensa na metáfase II. A divisão só se completa se ocorrer a fecundação do oócito por um espermatozoide, formando o oócito fecundado e o segundo corpo polar. A maturação do oócito é completada quando ocorre a expulsão dos dois corpos polares. 
Defeitos Congênitos Humanos
São distúrbios do desenvolvimento presentes ao nascimento. Podem ser estruturais, funcionais, metabólicos, comportamentais ou hereditários.
As causas dos defeitos congênitos são divididas em três categorias amplas:
• Fatores genéticos, como anormalidades cromossômicas.
• Fatores ambientais, como fármacos/drogas e vírus.
• Herança multifatorial (fatores genéticos e ambientais agindo em conjunto).
Numericamente, os fatores genéticos constituem as causas mais importantes de defeitos congênitos. A maioria dos embriões inicialmente anormais nunca sofrerá a clivagem normal para se transformar em um blastocisto.
As alterações cromossômicas podem ser numéricas ou estruturais e afetar os cromossomos sexuais ou os autossomos. Pessoas com aberrações cromossômicas GERALMENTE apresentam fenótipo característico. 
Termos teratológicos:
	- Malformação – defeito morfológico de um órgão, parte de um órgão ou região maior do organismo, resultante de um processo de desenvolvimento intrinsecamente anormal.
	- Perturbação – defeito morfológico de um órgão, parte de órgão ou região maior do organismo decorrente do desarranjo extrínseco ou interferência com um processo de desenvolvimento originalmente normal.
	- Deformação – formato, conformação ou posição anormal de uma parte do organismo que resulta de forças mecânicas. 
	- Displasia – organização anormal das células nos tecidos e seus resultados morfológicos. Tem causas inespecíficas e afeta vários órgãos devido à natureza das perturbações celulares subjacentes. 
	- Defeito de campo politópico – padrão de defeitos derivados da perturbação de um único campo do desenvolvimento.
	 - Sequência - padrão de múltiplos defeitos derivados de um único defeito estrutural ou de um fator mecânico conhecido ou presumido. 
	- Síndrome – padrão de múltiplos defeitos considerados patogenicamente relacionados e que, até onde se saiba, não representam uma sequência única ou um defeito de campo politópico.
	- Associação - ocorrência não aleatória em dois ou mais indivíduos de múltiplos defeitos que, não se sabe se são um defeito de campo politópico, uma sequência ou uma síndrome.
Alterações numéricas - geralmente resultam de não disjunção durante divisão celular. Como resultado, o par cromossômico ou as cromátides passam para uma célula-filha enquanto a outra célula-filha não recebe nenhum. 
Inativação de genes - Durante a embriogênese, um dos dois cromossomos X nas células somáticas femininas é inativado aleatoriamente e aparece como uma massa de cromatina sexual. A inativação de genes em um cromossomo X nas células somáticas de embriões femininos ocorre durante a implantação. A inativação do X é clinicamente importante porque significa que cada célula de um portador de uma doença ligada ao cromossomo X tem o gene mutante que causa a doença no cromossomo X ativo ou no cromossomo X inativado, que é representado por cromatina sexual. A inativação desigual de X em gêmeos monozigóticos (idênticos) é uma razão dada para explicar a discordância em uma variedade de defeitos congênitos. A base genética para a discordância é que um gêmeo preferencialmente expressa o X paterno e o outro o X materno.
As alterações numéricas podem resultar em aneuploidia ou euploidia. Aneuploidia é qualquer desvio do número diploide de 46 cromossomos. Em seres humanos, esse distúrbio é o mais comum e clinicamente importante entre as anormalidades cromossômicas numéricas. Um aneuploide é um indivíduo que apresenta um número de cromossomos que não corresponde a um múltiplo exato do número haploide de 23. 
	Síndrome de Turner – monossomia do X. Fenótipo feminino. Características sexuais secundárias não se desenvolvem em 90% das mulheres afetadas, sendonecessária reposição hormonal. Em 75% dos casos a não disjunção ocorre no cromossomo X paterno. Caracterizada por baixa estatura, pescoço alado, ausência de maturação sexual, tórax largo com grande espaço entre os mamilos e tumefação por linfedema das mãos e pés.
A ocorrência de trissomia de autossomos ocorre com mais frequência conforme a idade da mãe aumenta. A aneuploidia mais comum observada em mães mais velhas é a trissomia do 21. Também é possível a formação das síndromes por translocação ou mosaicismo. No mosaicismo ocorre a formação de um fenótipo menos grave, e o QI da criança pode ser quase normal.
Pode ocorrer ainda a poliploidia, cujo tipo mais comum é a trploidia (3n=69). Os fetos triploides apresentam restrição de crescimento intrauterino, com grave desproporção entre a cabeça e o corpo. Eles podem chegar a nascer, mas não sobrevivem muito tempo. Resulta mais frequentemente da fecundação de um óvulo por dois espermatozoides. 
Anormalidades cromossômicas estruturais – maioria resulta da ruptura do cromossomo, seguida por reconstituição em uma constituição anormal. As únicas aberrações que são transmitidas para um embrião são os rearranjos estruturais, como inversão e translocação.
	Translocação – transferência de um pedaço de cromossomo para um cromossomo não homólogo. A pessoa pode ser fenotipicamente normal (translocação balanceada), porém produzirá gametas portadores da translocação.
	Deleção – um cromossomo é rompido e parte dele é perdida. Ex. síndrome do miado do gato – deleção terminal parcial do braço curto do cromossomo 5. Um cromossomo em anel é resultado de uma deleção na qual são perdidas as duas extremidades cromossômicas e as extremidades rompidas se unem em forma de anel.
	Duplicação – parte de um cromossomo é duplicado dentro de um cromossomo, fixado a um cromossomo, ou como fragmento separado. 
	Inversão – um segmento do cromossomo é invertido. Pode ser paracêntrica, quando envolve apenes um braço cromossômico ou pericêntrica, quando envolve os dois braços e o centrômero.
	Isocromossomo – centrômero sofre divisão transversal ao invés de longitudinal, criando um cromossomo onde um braço está ausente e o outro duplicado.

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