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Aula de cesariana e deslocamento de abomaso

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AULA 9 
Cesariana em ruminantes: cirurgia realizada pelo flanco/cavidade abdominal. O parto cesáreo em equinos é um procedimento raro, pois geralmente as éguas não necessitam de auxílio obstétrico, pois muitas vezes quando ocorrem erros de apresentação ou posicionamento do potro, é fácil de ser corrigido pela via retal ou canal de parto – o feto se ajusta ao espaço disponível no útero da fêmea. Outra questão relevante no parto cesáreo das fêmeas equídeas, é que este procedimento é sempre preconizado como última opção, e deve ser obrigatoriamente realizado em bloco cirúrgico, não podendo ser feita a campo.
	Indicações: a cesárea tem sua indicação para situações especificas, quando uma manobra obstétrica não for efetiva, quando o feto apresenta má conformação ou deformidade que impede o nascimento pelo canal de parto, quando há torção de útero, quando há dilatação cervical inadequada por insuficiente relaxamento dos músculos do útero, conformação anormal do osso pélvico da fêmea, quando há ruptura da musculatura abdominal, problemas com posição ou função uterina (motricidade), anormalidade de útero e vagina (tumorações, sequelas de partos anteriores), posição anômala da panturrilha do terneiro (o feto se apresenta com a traseira encaixada nos ossos da pelve), monstros fetais (defeitos congênitos) ou quando há feto morto (cuidado – deve ser preconizada a realização de fetotomia, sendo menos arriscada do ponto de vista do paciente – feto enfisematoso pode provocar peritonite na fêmea).
	CAPRINOS E OVINOS: no caso dos pequenos ruminantes, quando ocorre distocia se tem 70% de perda dos produtos pois demoram a ser percebidos, as fêmeas demonstram poucos sinais, o trabalho de parto está ocorrendo há muito tempo e os fetos tendem a nascer com sequelas de asfixia neonatal aguda. As indicações são quando ocorrem fetos excessivamente grandes em relação a mãe, quando há anomalias de conformação genética, quando há torção uterina ou dilatação insuficiente do colo do útero, ou ainda nos casos de toxemia da prenhez que ocorre mais comumente em ovinos e em gestação gemelares. O local da incisão tem maior praticidade no procedimento quando feita na linha paramediana – incisão linear e mais apropriada que facilita a exteriorização do corpo do útero, mas pode ainda ser feita pelo flanco esquerdo (igual em bovinos).
	- Técnica paramediana: é utilizada em grandes ruminantes geralmente quando há feto enfisematoso – pela maior facilidade de exteriorização do útero e diminuindo as chances de contaminação da cavidade. Realiza-se tricotomia ampla de toda região ventral, iniciando acima da virilha e se estendendo até a virilha do outro lado e ainda do apêndice xifoide até o úbere; antissepsia com álcool - iodo - álcool; geralmente se faz o bloqueio na linha da incisão, ou então da prega da virilha ao bico do olecrano. Dá-se preferência para a contenção física dos ovinos para evitar que o feto também receba uma carga de anestesia, e quando extremamente necessária a sedação, opta-se por acepromazina (mais segura) em uma dose muito baixa, suficiente apenas para deixar o animal relaxado. O animal é colocado em decúbito lateral direito, é feita a incisão – secciona pele, subcutâneo, músculos obliquo externo, interno e reto do abdômen por corte ou afastamento de fibras, chegando ao peritônio e sua abertura é feita com uma tesoura e se acessa a cavidade; então traciona-se o útero pela abertura e exterioriza-se o mesmo, geralmente localizando ou os membros do feto ou a fronte e tentar posicionar na curvatura maior do útero. A diérese do útero deve ser compatível com o tamanho do produto – nem maior e nem menor – e ser feita na curvatura maior por ser menos vascularizada. Após fazer a retirada dos fetos e do excesso de placenta, deve ser feita a síntese da parede uterina, tendo cuidado para não suturar junto a placenta (pelo risco de promover uma retenção de placenta). 
	- A primeira sutura se faz a fim de vedar/coaptar perfeitamente as bordas para que não caia nada da cavidade para dentro do útero e vice-versa, utilizando padrão simples contínuo, festonado ou de Schmieden mantendo uma borda de mais ou menos 0,5cm. Sobre essa primeira sutura, se realiza uma segunda sutura da parede uterina, do tipo invaginante com padrão Cushing, abrangendo a camada seromuscular (não penetra a luz do órgão). Os erros mais comuns na realização deste procedimento são: corte insuficiente para retirada do feto (promove rasgadura da parede uterina), ou no momento da síntese deixar amostra pontas de fio. Após a síntese do útero (agulha atraumática, fio vycril ou USP 1 ou 2 – absorvível) se faz o fechamento do peritônio e músculo reto abdominal (agulha traumática e fio absorvível – catgut cromado), músculos oblíquos, e após sutura de pele com ponto isolado simples ou em colchoeiro horizontal (nylon cirúrgico).
	*não é feita anestesia/bloqueio anestésico a nível de útero, pois há pouca inervação que leva comunicação do útero para o cérebro, e essa inervação presente não é de dor.
	VACAS: geralmente a cesárea na vaca se faz pelo flanco esquerdo (em animais hígidos e fetos viáveis). tricotomia ampla, com excelente lavagem prévia, antissepsia álcool-iodo-álcool, e bloqueio local em L invertido ou paravertebral e diérese de tecidos. O procedimento pode ser feito com o animal em estação, mas deve se ter extremo cuidado com a contenção do animal no que diz respeito a animais mais reativos. Quando não se tem um local adequado de contenção (brete), deve ser preconizada a contenção química (sedação com xilazina) e o animal posicionado em decúbito esterno-lateral direito. 
	Técnica cirúrgica: incisão mais recomendada é a ventro-lateral esquerda pois o único órgão presente nessa região é o rúmen, sendo facilmente rebatido. Após a realização de tricotomia ampla e bloqueio local, a incisão costuma ser mais afastada da última costela e levemente inclinada cranialmente. Após a abertura abdominal, com a própria mão se localiza o útero e tracionando um dos membros ou a cabeça do feto para fora da cavidade abdominal, fazendo uma pequena incisão com o bisturi e então se faz a abertura da parede uterina com uma tesoura, cuidando para não cortar carúnculas e cotilédones, e para retirar o feto, deve-se tracioná-lo para trás (porção traseira da fêmea). A sutura das estruturas é a mesma estabelecida para pequenos ruminantes, tanto para útero quanto musculatura e pele.
	Pós-operatório: limpeza do ferimento cirúrgico e uso de sprays para repelir moscas, antibioticoterapia com penicilina + estreptomicina por 5 a 7 dias, flunexina meglumina por 3 dias de forma intramuscular; controle da dor pode ser feita com flunexina a cada 12h, por 2 dias; alimentação (bastante volumoso) e água a vontade.
	Possíveis complicações: retenção de placenta, piometra (inatividade uterina, exposição e manipulação uterina), deiscência de pontos (externos), aderências (relacionadas à técnica cirúrgica), peritonite.
	Prognóstico: em relação à vida é muito bom. No que diz respeito à vaca como matriz o prognóstico é dependente do motivo da realização da cesárea e as possíveis complicações.
Deslocamento de abomaso
	O abomaso se localiza na porção ventral direita da cavidade abdominal, com a curvatura maior localizada encostada na região ventral do abdômen, à direita da linha alba e caudal ao apêndice xifoide. O abomaso não é recoberto pelo omento maior, estando apenas inserido na curvatura menor e logo atras da curvatura maior, dando origem ao omento menor no lado esquerdo. No ruminante neonato, o abomaso possui o dobro do tamanho do rúmen, e com 3 meses tem a metade do tamanho do rúmen. No animal adulto o abomaso ocupa 1/9 do volume do rúmen, tendo uma capacidade de 10 a 15 litros, estando localizado no assoalho direito do abdômen, à direita da linha alba entre o 7º e 11º EIC; é produtor de ácidos graxos de cadeia e curta e chegam até ele os produtos finais da digestão das proteínas que são absorvidas pela mucosa, sendo chamado de estômago químico verdadeiro tendo pH entre 2,0 e 4,0 (pH ácido), tendo tambémuma região fundica, uma região pilórica, células parietais; produz também pepsinogênio, quimiotrepsinas, é recoberto de muco (mucina) que impede a lesão da mucosa pelo pH. 
	- Ocorrência de deslocamento: é pouco frequente de ocorrer do lado direito sendo em 10 a 15% dos casos, e geralmente inclui vólvulo abomasal, sendo mais comum ocorrer em 85 a 90% dos casos o deslocamento a esquerda. 
	- Casuística: O deslocamento é uma enfermidade individual, mas deve-se avaliar os índices de problemas no rebanho (manejo). Se observa mais o deslocamento em animais adultos no período de 6 a 8 semanas no pós-parto devido ao vazio uterino, e pode ainda acometer animais jovens nas primeiras 3 a 4 semanas de vida, quando o leite passa a não suprir mais as necessidades nutricionais e alimentares, e começa-se a buscar alimentos sólidos e acabam por fazer uma ingestão excessiva de concentrado.
	- Importância: considera-se que o prejuízo estimado é de U$500,00 por vaca acometida com deslocamento de abomaso, além disso, ocorre perda de animais e ainda ocorre queda na produção (leite, condição corporal, atraso na reprodução), e provoca ainda problemas secundários como cetose e lipidose hepática.
	DAE (deslocamento de abomaso à esquerda): saída do abomaso de sua posição topográfica fisiológica, passando por baixo do rúmen e indo para o lado esquerdo do abdômen, ficando aprisionado entre a parede abdominal e o rúmen. É mais frequente sua ocorrência em animais criados sob regime intensivo que recebem concentrado, onde fêmeas adultas e de alta produção leiteira, podendo ainda acometer bovinos de corte confinados em dieta rica de alto grão, e se passarem por restrição hídrica (grão de grande fermentação).
	- Os fatores predisponentes para a ocorrência de deslocamento são transtornos metabólicos (cetose, hipocalcemia, retenção de placenta), associados a excesso de carboidratos na dieta e diminuição da fibra efetiva na alimentação, e ainda, durante o processo de parto há uma diminuição natural da motilidade do abomaso. Pode ocorrer ainda entre 3 a 4 semanas antes do parto em razão do útero aumentado de tamanho empurrando o abomaso para a esquerda e elevando o rúmen, facilitando o deslocamento abomasal. Pode cursar com outras doenças intercorrentes do parto (metrite, endometrite, acidose), sendo importante saber o histórico dos animais e estabelecer uma boa anamnese. E outro fator predisponente são vacas no pós-parto que estão juntas com outras vacas que estão manifestando cio (uma vaca salta sobre a outra predispondo ao deslocamento).
	Sinais clínicos: hiporexia (diminuição da ingestão de alimento ou tronam-se seletivos), flutuação e baixa produção de leite, perda de peso. Geralmente as funções vitais (FC, FR, TPC) não tem alterações significativas, podendo sim ter sinais de desidratação. As alterações mais significativas são vistas a nível de sistema digestório, então o rúmen apresenta movimenta com frequência normal ou pouco diminuídas, geralmente poucas fezes, pastosas e tendendo a um tom verde escuro, alguns animais podem desenvolver crises de diarreia (indicando que o deslocamento ocorreu a mais tempo), geralmente apresentam tensão abdominal e um leve meteorismo. O sinal mais característico e significativo para a detecção de deslocamento é a percussão auscultatória (entre o 8º e 13º EIC, observando sons claros de timbre metálicos); pode-se ainda, por palpação retal, notar o rúmen mais deslocado mais medial, havendo um vazio entre a parede abdominal e a ruminal, e ainda observando o animal se nota uma dilatação atras do arco costal esquerdo com afundamento do flanco.
	Diagnóstico: com base na anamnese e histórico clínico, um exame físico completo, pela percussão auscultatória com som de “ping”, além disso, palpação retal e pode ser feita a abomasocentese (localizar a posição do abomaso) entre o 10º e 11º EIC, onde se coleta um líquido marrom com pH abaixo de 4,0 e ausência de protozoários (não resistem ao pH baixo).
	- Diagnósticos diferenciais: timpanismo ruminal (porém, o aumento de volume é no flanco e não abaixo das costelas), indigestão vagal, indigestão simples, reticuloperitonite traumática, peritonite localizada, etc. Mas nenhuma dessas doenças apresentam sinais clínicos tão característicos quanto apresenta o deslocamento.
	Para o tratamento de DAE existem algumas abordagens que podem ser feitas. A abordagem conservativa é aquela que se utiliza de meios não cirúrgicos para resolução do deslocamento, por exemplo, a rolagem do paciente, porém essa técnica conservativa tem menos de 20% de chances de sucesso (o abomaso voltar e permanecer no lugar) e a recidiva pode ocorrer em até 48h. Outra forma de abordagem é a pouco invasiva, que consiste na rolagem do paciente (com jejum prévio) e fixação às cegas (sutura fechada). E além dessa sutura fechada, há a técnica de Toogle (com utilização de fixadores). E a abordagem cirúrgica promove de 85 a 90% de sucesso em sua utilização, podendo ser utilizadas técnicas de abomasopexia pelo flanco esquerdo, omentopexia/piloropexia pelo flanco direito ou fixação paramediana ventral (pouco usual – o peso visceral predispõe ao surgimento de hernia abdominal).
AULA 10 (continuação 03/05)
Abomasopexia por laparotomia pelo flanco esquerdo – o procedimento é realizado com o animal em pé/estação, podendo ser feita leve sedação com xilazina em animais mais indóceis. Geralmente se utiliza bloqueio loco-regional, na porção do flanco em que será realizado o procedimento, utilizando técnicas de bloqueio em L invertido, paravertebral proximal, etc. O procedimento inicia com a preparação da área cirúrgica com tricotomia ampla de todo flanco e antissepsia, realização do bloqueio anestésico em L invertido ou bloqueio paravertebral (mais indicados), e incisão de no máximo 20cm, sendo o suficiente para passar o braço da pessoa que irá realizar o procedimento. Feita a incisão de pele, nos músculos e do peritônio, acessando a cavidade abdominal, se observa o abomaso preso entre a parede abdominal e ruminal. A partir daí, podendo usar nylon cirúrgico, fio de seda ou fio de algodão (fio inabsorvível e que promova longa sustentação no local) com agulha atraumática e utilizando um grande comprimento de fio (1,5m), fazendo de 3 a 4 pontos em padrão contínuo sobre a camada seromuscular, na curvatura maior do abomaso, e fazendo com que esses pontos sejam iguais/simétricos, para que a sobra de fio nas extremidades seja a mesma (em torno de 70cm), e ficando para fora da cavidade além de saber identificar as pontas (qual está cranial e qual está caudal). 
	- Lembrando que o abomaso estará repleto de gás (timpanismo) e por isso é muito difícil reposicionar o órgão sem esvaziá-lo, e para realizar tal esvaziamento se utiliza uma agulha de calibre 40x12 ou 40x16 estando conectada a um equipo de soro (sem o gotejador), sendo colocada no abomaso em um ângulo de 15° (quando retirar a agulha, as camadas do abomaso se sobrepõem e a perfuração fica fechada, impedindo extravasamento de conteúdo), e entre os pontos contínuos. Após o esvaziamento, pega-se uma agulha em “S”, passando a extremidade cranial do fio pela agulha, e então o cirurgião conduz a agulha protegida dentro da mão até a porção ventral (fundo) da cavidade abdominal. Um auxiliar deve externamente “guiar” o cirurgião até o local onde será feita a transfixação - esse local deve ser previamente demarcado e preparado (tricotomia + antissepsia) 15cm atras do apêndice xifoide e 8 a 10cm lateralmente à direita da linha alba. Ambas as extremidades do fio (cranial e caudal) são transfixadas com distância de aproximadamente 8 - 12cm, de dentro da cavidade para fora dessa, no local previamente demarcado. O auxiliar segura os fios externamente, e o cirurgião empurra o abomaso por baixo do rúmen, enquanto o auxiliar, sob orientação do cirurgião, vai tracionando levemente ambos os fios de forma igualitária, e ambas as extremidades do fio (cranial e caudal) são tracionadas até que a parede do abomaso, onde estão localizados os pontos, fique encostada à parede abdominal interna(para criar aderência). É então procedido o fechamento do nó cirúrgico, sendo colocado entre a pele do animal e os fios um botão plástico ou similar, a fim de minimizar a tensão dos fios na pele. Essa sutura deverá ser retirada somente após 21 a 28 dias após o procedimento.
	- Após o termino do procedimento, o fechamento da ferida cirúrgica é feita com fio absorvível (catgut cromado ou vycril), agulha traumática e um padrão contínuo para realizar o fechamento de peritônio e músculo transverso do abdômen; sobre essa primeira sutura, para fechar os músculos oblíquos é utilizado padrão em Wolf (‘u’ deitado) interrompido, sempre ancorando essa sutura sobre a sutura anterior, a fim de reduzir espaço morto, e se utiliza sempre um fio de número a mais do que aquele utilizado na sutura anterior (fio absorvível n° 3 - vycril, catgut cromado) e agulha traumática de 3/8 de círculo. E após isso, se faz o padrão de aproximação subcutâneo contínuo, e a pele é fechada em padrão interrompido simples ou em ‘u’ deitado.
	Técnicas de correção por rolagem com fixação as cegas: essa técnica só serve para deslocamento de abomaso à esquerda, sendo importante a realização de um jejum prévio de 36 a 48 horas. Geralmente se faz uma leve sedação com xilazina, e o animal é colocado em decúbito lateral direito, erguendo as pernas do animal a fim de colocá-lo em decúbito dorsal, e devido a presença de gás no órgão, o abomaso é levado a porção ventral do abdômen. Para acompanhar o reposicionamento do abomaso, deve-se acompanhar com estetoscópio a movimentação de líquido e o retorno do gás para o rúmen (borborigmos), e pode-se ainda auscultar e percutir. Então, com uma agulha semicircular de 11,5cm, fio inabsorvível tipo nylon USP 2 ou nylon de pesca, e se faz 2 a 3 pontos simples interrompidos (sem abrir cavidade). Após realizar essa fixação, finaliza a rolagem do animal até decúbito lateral esquerdo e deve-se estimular que o animal fique em estação. As vantagens dessa técnica é que ela é rápida e pouco invasiva, mas como desvantagem tem risco de peritonite, fixação de outro órgão ou não fixar o abomaso, fístulas abomasais devido a contaminação dos pontos, evisceração do abomaso, recidiva (se a técnica não for bem realizada) e pode ainda, em uma sutura muito invasiva, pode promover obstrução do fluxo alimentar. A literatura traz que essa técnica não é recomendada para animais de alto valor genético.
	Técnica de Toogle: o princípio de execução dessa técnica é o mesmo da técnica de fixação às cegas, onde se seda o animal, ele é colocado em decúbito dorsal e certificar-se de que o abomaso está na sua posição correta, porém a diferença é que essa fixação é feita com a introdução de fixadores com auxílio de trocater. Geralmente são colocados dois fixadores.
Prognóstico de DAE: geralmente o prognóstico é bom, tendo acima de 85% de casos de sucesso ao realizar esse procedimento. O prognóstico se torna reservando de acordo com o tempo entre o diagnóstico e a correção da disposição anômala do órgão (quanto maior o tempo de correção, maior é a probabilidade de comprometimento da integridade da parede do abomaso), e além disso, os cuidados no pré, trans e pós-cirúrgico. 
Deslocamento de abomaso a direita e vólvulo abomasal: é o aumento de volume do abomaso com acúmulo de gás e líquido, estando posicionado entre o colo e a parede abdominal direita. Em algumas situações de deslocamento de abomaso à direita, ele pode torcer sobre seu próprio eixo, podendo chegar em casos extremos, a 450° de torção.
	Etiopatogenia: geralmente ocorre por uma estenose mecânica do piloro devido à sobrecarga alimentar, geosedimentação ou ainda relacionado a prenhez, e essa dificuldade de esvaziamento leva a distensão do abomaso. Essa distensão associada a diminuição do tônus leva o órgão a sair de sua posição anatômica, podendo haver torção ou não. Quando ocorre torção, há obstrução completa do fluxo alimentar, além de obstrução desde parcial até total de fluxo sanguíneo, e a secreção de ácido clorídrico não cessa, parando apenas sua reabsorção, passando a acumular também solução de HCL.
	Sinais clínicos: depressão, hiporexia e que evolui para anorexia, queda abrupta na produção de leite, cólica leve percebida pela tensão abdominal à palpação, podendo se tornar mais intensa (quando tem torção) e geralmente há o surgimento abruto dos sinais clínicos. A temperatura corporal geralmente estará normal ou hipotérmica, taquicardia (100bpm, podendo ficar entre 120 à 160bpm quando há torção), taquipneia, desidratação rápida e intensa (acima de 6%), mucosas hiperêmicas ou congestas, TPC aumentado, fezes escassas e de coloração tendendo a enegrecidas (verde escuro ou até piche) com alta presença de muco amarelado, ou ainda na palpação retal se percebe ausência de fezes, apenas muco. E geralmente esses sinais são acompanhados de sinais agudos de fechamento como cólica intensa e choque. O rúmen apresenta hipotonia ou atonia ruminal, na percussão auscultatória do lado direito se percebe som timpânico entre o 9º e 13º EIC, na ausculta do abomaso não há percepção de borborigmos, na palpação retal pode se perceber a alças intestinais projetadas mais caudalmente e o percebe-se também a porção caudal do abomaso dilatado e pode ser feita uma punção exploratória na tentativa de identificar se é mesmo o abomaso fora de posição (porém, a integridade da parede abomasal pode estar comprometida).
	Diagnóstico: pela anamnese e história clínica, o tempo de evolução do quadro e pelo exame físico, pela percussão auscultatória e ainda pelos sinais clínicos característicos.
	Tratamento: é através de abordagem cirúrgica pelo flanco direito, fazendo uma laparotomia. Se faz a drenagem do conteúdo utilizando trocater e sonda, retirando gás e líquido. Se faz a correção da torção (se houver) e o reposicionamento do órgão, e fixa-se através de omentopexia ou piloropexia. Além disso, se estabelece o suporte pós-operatório com hidratação e correção da alcalose ou hipocloremia em decorrência do procedimento (20L de solução NaCl 0,9% + 2 a 3kg de KCL/L + 15g de dextrose/L).
	- Área de tricotomia ampla (igual a DAE) e antissepsia, bloqueio anestésico em L invertido ou paravertebral e incisão de todas as camadas até adentrar a cavidade abdominal. Ao localizar o abomaso dilatado, promove-se seu esvaziamento, pela curvatura maior, com trocater ou agulha 40x16 e sonda, num ângulo de 15°, removendo o máximo de líquido e gás possível. Após o esvaziamento do abomaso, deve se aplicar suave pressão com a mão espalmada sobre esse, direcionando-o ao assoalho direito da cavidade. Importante identificar o piloro (deve estar voltado em sentido caudal). Após desfazer o vólvulo e corrigir a posição do órgão, leve tração ao omento maior em sentido dorso-caudal facilita a visualização horizontal do duodeno. Traciona-se suavemente o omento maior até identificação da região pilórica – região denominada prega espessada do omento maior (porção onde o abomaso adentra o omento maior). Faz-se dois pontos (suturas de colchoeiro) fixando o omento maior ao peritônio e musculo transverso abdominal, usando fios absorvíveis de longa duração como vicryl ou catgut cromado USP 2. O fechamento da laparotomia pelo flanco direito é idêntica a procedida pelo flanco esquerdo.
	- Para garantir maior segurança nesse procedimento, devido ao risco de rompimento do omento, pode-se realizar uma piloropexia (somente ela), através de um ponto seromuscular com vicryl ou catgut cromado, fixando a região pilórica por dentro da cavidade no momento do seu fechamento.
	Prognóstico: sempre que o deslocamento é à direita, o prognóstico é reservado, e nos casos em que há vólvulo/torção o prognostico é sempre ruim. A taxa de sucesso nos quadros de DAD gira em torno de 65 a 75%, estando diretamente relacionado com o tempo transcorrido entre o deslocamento e torção até a intervenção cirúrgica de correção. Animais com vólvulo abomasal tem alta taxa de mortalidade devido à demora para resolução.
	- Se é deslocamento de abomaso à direita, É SEMPRE CIRURGIA DE EMERGÊNCIA.Pós-operatório: são os cuidados diários após a realização do procedimento, utilizando sprays repelentes e cicatrizantes a fim de evitar miíases, antibioticoterapia geralmente por 3 dias podendo se estender até 5 dias (penicilina + estreptomicina ou ceftiofur), como anti-inflamatórios se utiliza meloxican por 3 dias de forma IM ou IV, e alimentação em abundancia de volumoso (feno e pasto) nos 3 primeiros dias, e a partir do 3° dia adicionar aos poucos concentrado e ração, e água sempre a vontade.
	- A retirada da sutura da laparotomia (seja do flanco direito ou esquerdo) é feito dentro de 10 a no máximo 14 dias após o procedimento. A retirada do ponto de fixação da abomasopexia pelo flanco esquerdo é feita após 21 a 28 dias do procedimento.
	Possíveis complicações: deiscência de ponto e infecção da ferida cirúrgica, podendo até ocorrer formação de gás no subcutâneo, e essa deiscência de pontos se deve a falhas na assepsia e no transoperatório; pode haver reincidência do deslocamento/torção devido a omento/piloropexia pelo flanco direito por erro no posicionamento do órgão e das suturas, ou pelo rompimento do omento maior; peritonite ou ainda fistula abomasal.
	Prevenção DAE: evitar doenças intercorrentes do pós-parto, um manejo nutricional adequado o pré e pós parto, com lenta introdução de alimentos concentrados no pós-parto, aumentar quantidade de fibra efetiva na dieta, água a vontade e de boa qualidade com bom espaço de cocho para evitar competição entre os animais.

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