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RESÍDUOS DE ANTIBIÓTICOS NO LEITE
O leite é um produto de composição rica em proteínas, vitaminas, gorduras, carboidratos e sais minerais. É produzido nas glândulas mamárias das vacas durante a lactação, a partir de elementos que passam do sangue para as células especializadas da glândula, sendo esses precursores do leite provenientes da alimentação e metabolismo dos animais. Com isso também ocorre a passagem de medicamentos, sendo os mais comuns de serem encontrados os antibióticos, para o leite, que ao serem administrados para o tratamento de alguma doença, deve-se alertar para o aparecimento de seus resíduos no leite. 
O Brasil é classificado como o quarto produtor mundial de leite, e devido a essa proporção a preocupação com a qualidade do leite deve ser elevada. Os bovinocultores têm a responsabilidade de ofertar matéria-prima dentro de padrões industriais e dos consumidores.
O leite é um alimento consumido diariamente, desta forma necessita de medidas sanitárias e que seja isento de contaminação. Quando contaminado com níveis acima do limite máximo de resíduos (LMR) é considerado impróprio para o consumo, representando danos à saúde humana e tecnológica para a indústria de lacticínios, como também rejeição pelo consumidor.
Na saúde pública, a presença de resíduos no leite pode levar a reações de hipersensibilidade (que se manifestam como urticárias, dermatites, rinite ou asma brônquica), choque anafilático e efeitos tóxicos e carcinogênicos.
O uso de nitrofuranos e tetraciclinas podem causar alterações no desenvolvimento ósseo fetal. O cloranfenicol pode provocar a indução de quadros patológicos como anemia crônica, proibido no Brasil, alterações na microbiota intestinal, seleção de bactérias resistentes aos consumidores. A resistência bacteriana é um evento recorrente e que leva a dificuldade aos tratamentos das enfermidades de rotina. A penicilina, tetraciclina, estreptomicina e sulfonamidas são antibióticos que levam as reações de hipersensibilidade, principalmente a penicilina.
Os lacticínios perdem grande quantidade de matéria-prima, e também economicamente, pois os resíduos interferem na fermentação que é utilizada para produção de iogurtes, queijos e manteiga, alterando qualidades como as de sabor, textura, odor e outros, que levam a rejeição do consumidor. 
Esses resíduos são altamente resistentes a tratamentos térmicos, sendo assim o principal ponto crítico no controle de contaminação química do leite, devendo ser necessário o monitoramento ao se recepcionar a matéria prima. A pasteurização tem pouco ou nenhum efeito sobre esses contaminantes. 
Os antimicrobianos são substâncias químicas sintetizadas por microrganismos ou seus equivalentes in vitro, com a capacidade de inibir crescimento (bacteriostáticos, fungiostáticos) ou destruir (bactericidas, fungicidas) o patógeno. São utilizados com objetivos mais amplos na veterinária, podendo na antibioticoterapia serem usados como terapêutico e profilático e também no uso metafilático e aditivos zootécnicos. 
Na terapêutica o uso de antimicrobianos é realizado quando o animal ou rebanho apresenta doença infecciosa, como a mastite e metrite, fazendo com que haja o controle do agente infectante com o princípio ativo medicamentoso no qual o microrganismo é sensível. A profilaxia é a prevenção de uma possível infecção. O uso metafilático é o tratamento de animais em risco, ou seja, que tem contato com animais doentes, onde se faz o uso de antibióticos para que não haja a disseminação ao restante do rebanho. E os aditivos objetivam promover o crescimento, melhorar a conversão alimentar e reduzir a mortalidade, porém seu uso tem sido contestado devido à resistência bacteriana que pode ser ocasionada. 
Os antimicrobianos mais utilizados para tratamento de mastite em bovinos são: beta-lactâmicos (penicilinas e cefalosporinas), aminoglicosídeos, lincosamidas, macrolídeos, polimixinas, quinolonas, sulfas e tetraciclinas. Que variam na estrutura, mecanismo e espectro de ação, devendo assim ser respeitado o uso de acordo com a sensibilidade do microrganismo a aquele princípio ativo. 
A utilização dos antimicrobianos tem importância na sanidade animal e saúde pública, para que haja prevenção de zoonoses ou doenças veiculadas por alimentos. 
O tratamento de mastite tem sido o maior responsável pelos resíduos de antibióticos no leite, e a aplicação do medicamento pode ser feito por via intramamária, nesse caso a carga do princípio ativo será elevada, no entanto o uso sistêmico também leva à contaminação do leite com resíduos, devido à elevada vascularização da glândula mamária. Mesmo se essa aplicação ocorrer em um dos quartos mamários, todo o restante apresentará resíduo, visto que haverá absorção e passagem pela corrente sanguínea chegando às células especializadas produtoras de leite. 
Os animais de produção submetidos ao tratamento com antimicrobianos devem passar pelo período de carência, que consiste em um espaço de tempo para que o organismo metabolize e excrete todo o resíduo, para que assim não leve a efeitos deletérios em humanos. Essa permanência no organismo varia com a dose, via de administração, o princípio ativo utilizado e sua solubilidade, podendo ficar mais tempo do que o recomendado pela bula, esse aumento também pode ser decorrente de processos inflamatórios persistentes na glândula mamária. 
Existem causas que levam ao aparecimento de resíduos no leite, e devem ser evitados, como: tratamentos aleatórios, falha na identificação dos animais tratados, ausência de separação de vacas em tratamento no momento da ordenha (estas devem ficar por último para que não haja contaminação das demais), uso de dosagens múltiplas, doses acima do recomendado ou não cumprimento do período de carência, uso excessivo do medicamento e mistura acidental do leite contaminado com o não contaminado. Outras medidas como a higienização dos tetos antes e após a ordenha, manter a vaca em pé quando o animal for se alimentar após a ordenha para evitar contaminação dos tetos, fazer com que informações como, o período de carência e descarte do leite, e quais animais se encontram infectados no rebanho, seja de conhecimento de todos os trabalhadores da propriedade, são medidas de manejo que dificultam o aparecimento de mastites, evitando assim o tratamento com antibióticos e consequentemente resíduos dos mesmos no leite. 
Outra causa de contaminação do leite é a higienização de equipamentos e utensílios da indústria, e adição de substâncias químicas para que haja inibição do crescimento bacteriano, aumento da vida útil e omissão da falta de qualidade higiênica do leite. O uso dessas substâncias para a conservação do leite é proibido, mas há ainda o uso indiscriminado das mesmas. 
Como diversos princípios ativos são permitidos para o tratamento de mastite bovina, para a determinação da presença de resíduos antimicrobianos no leite, as indústrias devem realizar maior número de testes e kits comerciais, elevando o custo, pois são procedimentos de rotina. Esses testes normalmente são enzimáticos, imunológicos, além de técnicas cromatográficas. Preconiza-se que essa triagem seja feita pelas indústrias de lacticínios. 
Os resultados suspeitos ou positivos, ou seja, aqueles que ultrapassaram o LMR devem passar por confirmação que certifique o resíduo. Esses métodos confirmatórios devem comprovar a estrutura do princípio ativo, por meio de técnicas de cromatografia e espectrometria de massas. 
A difusão de boas práticas veterinárias para que haja redução desses resíduos é de extrema importância, visto que os resíduos químicos no leite tem porta de entrada na produção primária, principalmente. Fazendo-se assim necessária a elucidação dos produtores em relação aos fatores que levam a essa contaminação do leite, e prevenir que esses resíduos cheguem até o consumidor, respeitando período de carência, procedimentos de higiene, assegurando qualidade do leite.

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