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Patologia das lesões encefálicas A grandeza e a distribuição das lesões encefálicas traumáticas dependem da forma do objeto que provocou o trauma, da força do impacto e do fato de a cabeça estar ou não em movimento no momento da lesão. De modo geral, um golpe na cabeça pode ser penetrante ou contuso, podendo causar uma lesão aberta ou fechada. Assim, as fraturas, as lesões cranianas parenquimatosas e as lesões vasculares são classificadas conforme suas características. Fraturas cranianas 1) Fratura craniana com deslocamento: ocorre quando o osso é deslocado para dentro da cavidade craniana por uma distância maior do que sua espessura. 2) Fratura craniana sem deslocamento: ‘trinca’, de modo que aparece na radiografia, mas não desloca a estrutura óssea. 3) Fraturas diastáticas: é uma lesão que atravessa as suturas cranianas (já fundidas), causada pela dissipação da energia cinética do impacto, por ser uma área de fragilidade da calota craniana. 4) Fraturas de base de crânio: provoca sintomas referentes aos nervos cranianos inferiores ou à região cervicomedular. Assim, tem-se a presença de hematomas orbitais (sinal de guaxinim, em que a esclera fica normal) ou mastoides distantes do ponto do impacto. Além disso, um sintoma é a saída de líquor pelo nariz ou pela orelha e infecções subsequentes em casos de cronicidade das lesões (meningites). A maioria dessas fraturas acontece em região frontal. É uma das contraindicações de intubação orotraqueal, . Lesões parenquimatosas 1) Concussão: é uma síndrome clínica transitória relacionada ao trauma e associada a perda de consciência, parada respiratória temporária e perda de reflexos e desmaio. Além disso, tem-se ocorrência de amnesia para o evento desencadeante e síndromes neuropsiquiátricas pós-concussivas (essas que geralmente são associadas a lesões repetitivas, como em lutadores de boxe, jogadores de futebol americano, entre outros). 2) Lesão parenquimatosa direta: divididas em lacerações e contusões. Laceração: são lesões penetrantes que provocam a ruptura do tecido. Contusões: ocorre a transmigração da energia cinética, tendo lesão direta do parênquima cerebral. Cristas dos giros são mais susceptíveis a energia do impacto por serem mais próximas da calota. Pode-se ter lesão por golpe direto, que ocorre no ponto de contato, ou uma lesão por contragolpe, que ocorre em pontos opostos ao de contato. Nesse tipo de lesão, na microscopia tem-se hemorragia, edema local por presença de sinais inflamatórios, neurônios isquêmicos (vermelhos, com citoplasma bagunçado e com perda do núcleo) em cerca de 24 horas e, posteriormente, uma cicatriz glial marrom amarelada deprimida que se estende até a superfície da pia-máter (placa amarela). Além disso, a glia fica toda ‘esfarelada’, heterogênea e sem forma. Pode ocorrer efeito de massa, caracterizado por apagamento dos sulcos corticais e efeito compressivo sobre o sistema ventricular. 3) Lesão axonal difusa: ocorre quando forças mecânicas (aceleração angular mesmo na ausência de impacto) interrompem a integridade e/ou o fluxo axonal. Está presente em até metade dos pacientes que ficam em como após o trauma (mesmo na ausência de contusões cerebrais). Na microscopia analisa-se edema axonal generalizado e hemorragia focal, de modo que em achados tardios tem-se fibras degeneradas e gliose. É muito comum em acidentes com efeito ‘chicote’. Lesões vasculares 1) Hematoma subgaleal: produzida pelo sangue acumulado entre a pele e a calota craniana, que se apresenta como uma grande massa uniformemente propagada ao longo do coro cabeludo. 2) Hematoma intraparenquimatoso: vasos se rompem no parênquima, podendo também ter efeito de massa, com deslocamento de ventrículos. 3) Hematoma subaracnóidea: é a lesão cerebral traumática mais frequente, que resulta da ruptura dos vasos corticomeníngeos e das contusões hemorrágicas do cérebro. Geralmente é difusa e não exerce pressão localizada. O sangue é diluído pelo líquor e não coagula, a menos que seja maciço. Uma grande hemorragia subaracnóidea aumenta a pressão intracraniana e prejudica a perfusão cerebral. Assim, a hemoglobina liberada de hemácias no espaço subaracnóideo desencadeia espasmos vasculares, culminando em hipóxia. Além disso, a fibrose do espaço subaracnóideo prejudica a circulação do LCR, podendo causar hidrocefalia. 4) Hematoma subdural: é visto em cerca de 20% dos TCE e tem uma taxa de mortalidade de 40- 60%, por terem mais proximidade com o cérebro. Geralmente são causados pela ruptura de veias de ponte que correm/são perpendiculares entre a superfície do cérebro e do crânio e são especialmente numerosas ao longo do seio sagital superior (característica sintomatológica lenta). Esse hematoma é organizado de modo que inicia como uma coleção sanguínea fora do parênquima cerebral, entre a dura- máter e a membrana aracnoide, essa que inicialmente não está ligada à dura-máter. Assim, os fibroblastos migram e começam a organização do coágulo, já que o sangue fora dos vasos é irritante e causa processo inflamatório. Em 5 a 6 dias ocorre a lise do coágulo e o crescimento dos fibroblastos com formação de fibrose faz com que ele fique fracamente ligado à dura. Em 10 a 20 dias uma membrana fibrosa é formada entre a dura e o coágulo (membrana externa). O tecido fibroso então cresce ao redor das bordas do hematoma e ao longo de sua superfície interna (membrana interna), encapsulando-o completamente. Após várias semanas ou meses, há a formação de um saco com uma parede fibrosa (hematoma subdural crônico), deixando uma cicatriz no local do hematoma. Tem característica de lente côncava ou crescent-shaped (crescente lunar) no exame de imagem. 5) Hematoma epidural: se desenvolve mais comumente com fraturas dos ossos temporais e da região parietal, de modo que lesam os vasos meníngeos médios. É visto em cerca de 4% dos TCE e tem uma mortalidade geral de 10%. Fraturas cranianas estão presentes em 70-90% dos casos, de modo que é uma lesão muito associada a fraturas. Como sinais tem-se aumento da pressão intracraniana em hematomas epidurais com ruptura arterial, esses que geralmente desenvolvem poucas horas após a lesão. Para saber que é um hematoma epidural tem característica de lente biconvexa no exame de imagem, de modo que a olho nu tem-se uma membrana coagulada acima da meninge dura-máter. Sangue entre a dura e a aracnoide Migração de fibroblastos Em 5-6 dias um coágulo ligado à dura-máter Em 10-20 dias uma membrana fibrosa entre a dura e o coágulo Tecido fibroso cresce e encapsula o coágulo Após semanas, formação de um saco com parede fibrosa, como uma cicatriz Tipo do hematoma Epidural Subdural Localização Entre o crânio e a camada mais externa da dura-máter Entre a dura-máter e a aracnoide Vasos envolvidos Vasos meníngeos médios Vasos de ponte Sintomas Intervalo lúcido seguido de inconsciência – ‘talk and die’ Dor de cabeça e confusão com aumento gradual Aparência na tomografia Lente biconvexa Crescente lunar
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