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Stephane D’arc 5° semestre - Medicina Icterícia Introdução A icterícia é definida como o aparecimento de aspecto amarelado tanto na pele quanto nas mucosas, como regiões da esclera e frênulo da língua. Ela se diferencia da carotenodermia porque nesse caso, o aspecto amarelado só aparece na pele, resultado da alta ingestão de alimentos ricos em betacaroteno, como abóbora e cenoura, bem como algumas medicações. A origem do aspecto amarelado característico da síndrome ictérica advém do aumento das bilirrubinas, sem necessariamente estar acompanhado de colestase, essa que é caracterizada pelo aumento das enzimas de ductos biliares (fosfatase alcalina e gama- GT). Na icterícia temos aumento da bilirrubina Na colestase temos aumento de GT e FA Em torno de 1930, foi realizada uma subdivisão das apresentações clínicas da síndrome ictérica. Icterícia flavínica, que consiste na presença icterícia com palidez, associada ao aumento da bilirrubina indireta, por meio da hemólise Icterícia verdínica é caracterizada por um quadro de icterícia esverdeada, relacionada em geral a pacientes com colestase, decorrente do aumento da bilirrubina direta. Icterícia rubínica é aquela que cursa com vasodilatação, dado um quadro de aumento da bilirrubina direta por quadros de leptospirose e cirrose. Metabolismo da Bilirrubina As moléculas de hemoglobina são formadas por um grupo denominado heme, que é degradado inicialmente em biliverdina, a qual é transformada em bilirrubina insolúvel, e por isso, se liga à albumina para circular pelo sangue, sendo essa combinação a chamada bilirrubina indireta (ou não conjugada). No fígado, essa bilirrubina indireta é captada pelos hepatócitos, via difusão facilitada, e lá, por meio da enzima glucuronil-transferase, é transformada em bilirrubina direta, sendo excretada para a via biliar por meio de transporte celular dependente de ATP. No intestino, quando a bilirrubina é excretada junto à bile, as bactérias da flora intestinal a transformam em urobilinogênio, o qual pode seguir dois caminhos. Um deles consiste no segmento pelas fezes, culminando na formação de estercobilina, a qual dará a coloração marrom às fezes. Caso o urobilinogênio seja reabsorvida, será futuramente excretado pelos rins na forma de urobilina, a qual confere a coloração amarelada à urina. Stephane D’arc 5° semestre - Medicina Obs: Se o paciente tiver alguma disfunção hepática a via que será primeiramente afetada será a de excreção, visto que, necessita de ATP. Ou seja, o paciente terá primeiramente um aumento de bilirrubina direta. Etiologia Temos fatores que vão causar um aumento da bilirrubina direta e outros um aumento da bilirrubina indireta. Aumento da produção – hemólise, eritropoiese ineficaz – BI Diminuição da captação – jejum prolongado, medicações, infecções, causa hepatocelular – BI Diminuição da conjugação – síndrome de gilbert, síndrome de crigler-najjar, deficiência adquirida- BI Alterações na excreção – síndrome de Dubin- Johnson, síndrome de rotor, colestase gestacional, colestase medicamentosa, colestase intra-hepática recorrente benigna (BRIC) - BD Obstrução biliar – Tumor, estenose biliar, cálculo, corpo estranho - BD Investigação Clínica Mediante a apresentação de icterícia, o paciente deve ser submetido a uma anamnese e exame físico. Pesquisar quanto aos antecedentes pessoais, buscando fatores e doenças instaladas que possam cursar com algum dos mecanismos discutidos quanto à gênese da síndrome ictérica. Junto a isso, avaliar a idade, uso de medicações, hábitos e vícios, viagens e profissão são fatores a se levar em conta, dado que podem predispor ou expor o indivíduo a situações que possam cursar com icterícia. Em relação aos sintomas, é importante pesquisar sobre a ocorrência de febre, dor abdominal, acolia fecal (fezes esbranquiçadas, pela ausência da estercobilina), prurido (pela deposição cutânea de bilirrubina), colúria (pelo aumento da excreção de urobilina), xantelasmas e perda ponderal, que são ocorrências possíveis de estarem juntas de uma síndrome ictérica. Ao examinar o paciente com síndrome ictérica, devemos buscar sinais de anemia ou de hepatopatia, como hipertensão portal, circulação colateral, vesícula biliar palpável etc., e dor abdominal. Em relação aos exames laboratoriais, devemos buscar sinais de anemia ou de doenças hepáticas, bem como buscar esclarecer possíveis etiologias para as dores abdominais. Diante disso, recomenda-se a solicitação de exames hematológicos, com hemograma e esfregaço de sangue periférico. Além disso, devemos solicitar um hepatograma, a fim de avaliar a função hepática e as funções biliares, de modo que para isso devemos solicitar: urina I (aspectos laboratoriais e urobilinogênio), transaminases, fosfatase alcalina, gama-GT, bilirrubinas, albumina, tempo de protrombina com INR, podendo ser adicionada a pesquisa com DHL, TAD, PAI e sorologias para hepatites. Os exames de imagem são utilizados para afastar etiologias obstrutivas, bem como a presença de neoplasias. Para isso, pode ser solicitado uma ultrassonografia de abdome, ou ainda uma tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética de abdome. Síndromes de Hiperbilirrubinemia isolada Aumento de bilirrubina indireta 1. Síndrome de Gilbert 2. Síndrome de Krigler-Najar I e II Aumento da bilirrubina direta 1. Síndrome de Dubin-Johnson 2. Síndrome de Rotor
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