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HIPERTENSÃO INTRACRANIANA R1 TI KAREN F. MOURA INTRODUÇÃO: Emergência médica Reconhecida e tratada o mais rapidamente possível Associada a várias etiologias Uso correto da monitorização invasiva Redução da pressão intracraniana Correção da causa subjacente O aumento da PIC pode causar injúria cerebral por dois mecanismos: Diminuição de pressão da perfusão cerebral (PPC) e do fluxo sanguíneo cerebral (FSC) isquemia e necrose tecidual. Herniação do tecido cerebral injúria mecânica direta e isquemia ou hemorragia por distensão vascular. FISIOPATOLOGIA: PIC <10-15mmHg em adultos. A hipertensão intracraniana com potencial efeito deletério está presente quando a pressão for maior ou igual a 20mmHg. O crânio possui um volume de 1400 a 1700mL. Sob condições normais, o conteúdo intracraniano inclui: Parênquima cerebral (80-85%) Líquido cérebroespinhal (5-10%) Sangue (8-12%) Doutrina de Monro-Kellie: A caixa craniana tem um volume fixo e é dividida em 4 componentes: VOLUME ARTERIAL VOLUME VENOSO PARÊNQUIMA ENCEFÁLICO LÍQUIDO CEREBROESPINHAL Na presença de um quinto elemento, seja ele sangramento ou massa, a tendência é que se reduzam o volume venoso e o líquido cerebroespinhal, para manter uma pressão constante, constituindo um mecanismo de compensação. No momento em que este mecanismo falha, a tendência é a redução do volume arterial com hipoxemia tecidual e isquemia, gerando uma descompensação. FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL: O aumento significativo da PIC pode resultar em compressão do tronco cerebral ou redução do fluxo sanguíneo cerebral (FSC). FSC: (PAC –PVJ) RVC PAC: Pressão arterial carotídea PVJ: Pressão venosa jugular RVC: Resistência vascular cerebral Pode-se analisar a pressão de perfusão cerebral nestes casos (PPC): PPC: PAM – PIC Auto-regulação: O FSC normalmente é mantido em um nível relativamente constante pela auto-regulação da RVC dentro de uma faixa de PAM (60-150mmHg). Elevações na PAM são acompanhadas de vasoconstrição e diminuições na pressão arterial são compensadas com vasodilatação. A RVC mantém o FSC estável, dentro de seus limites de compensação, protegendo a perfusão cerebral de pequenas e moderadas variações fisiológicas de PAM. Quando há algo de errado, essa compensação pode não acontecer e o cérebro se tornar muito sensível a pequenas variações de PAM e da PPC (trauma e doenças cerebrovasculares, por exemplo). PPC: Condições associadas com PIC elevada podem estar associadas à redução da PPC. Isto pode resultar em isquemia cerebral focal ou global. Elevação excessiva da PPC pode levar a encefalopatia hipertensiva e edema cerebral, devido à quebra da auto-regulação cerebral, principalmente se a PPC se elevar acima de 120-140mmHg. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS: Divididas em: Gerais, Focais Síndromes de herniação Sinais e sintomas gerais: Cefaléia Vômitos Diminuição global do nível de consciência Papiledema Paralisia de nervos cranianos (principalmente o VI par) Tríade de Cushing (hipertensão arterial, bradicardia e depressão respiratória). PRINCIPAIS SÍNDROMES DE HERNIAÇÃO CEREBRAL: MONITORIZAÇÃO DA PIC: Necessita obrigatoriamente de uma medição fidedigna (PAM e monitor de PIC). A PIC deve ser mantida abaixo de 20mmHg A PPC acima de 60mmHg, para evitar hipoperfusão e isquemia cerebral. INDICAÇÕES PARA MONITORAR PIC: TCE Doença cerebrovascular aguda Hidrocefalia Hemorragia subaracnóidea Síndrome de Reye Encefalopatia hepática Trombose venosa Obs: No TCE: GCS < ou = a 8 + uma TAC de crânio alterada. Pacientes comatosos com TAC normal - se dois ou mais dos critérios: Idade > 40 anos Resposta motora alterada unilateral ou bilateral Pressão arterial sistólica abaixo de 90mmHg Piora de 2 ou + pontos na escala de GCS TRATAMENTO DA HIC: ABORDAGEM GERAL: Resolução imediata da causa da elevação da PIC: Drenagem do hematoma, ressecção do tumor, DVE, tratamento das alterações metabólicas. Ressuscitação clínica: Avaliar o suporte de ventilação, oxigenação, pressão arterial e perfusão tecidual – hipoventilação, hipoxemia e hipotensão arterial devem ser imediatamente corrigidas (ABCs). Abordagem de emergência: Elevação da cabeceira até 30º e posição neutra da cabeça Manitol EV (1 – 2 g/Kg) Hiperventilação otimizada para manter PaCo2 em 25-30mmHg TAC imediatamente Obs: Tratar PIC elevada se ela permanecer por mais de 5-10 minutos em níveis acima de 20mmHg. Controle de eletrólitos: Glicemia < 150mg/dl, administração de líquidos conforme necessidade, evitar hiponatremia. Sedação e analgesia: de preferência com propofol, mas podem ser administradas outras drogas. Controle da pressão arterial: Para manter uma PPC maior do que 60mmHg. Evitar hipertensão. Posicionamento: Cabeceira a 30º e em posição neutra. Demanda metabólica: uso de bloqueador neuromuscular em alguns casos para diminuir a demanda metabólica cerebral. Importante!!!! Evitar febre, incluindo antitérmicos e esfriamento físico. Tratar convulsões e fazer profilaxia quando necessário (se já estiver com HIC e em casos de TCE grave). TRATAMENTO ESPECÍFICO: 1ª LINHA: Remoção da lesão com efeito massa ou de líquor. Osmoterapia: manitol 0,5 – 2,0 g/Kg ataque e 0,25-0,75g/Kg de bolus a cada 15 ou 30 minutos. Solução salina hipertônica 0,5 mL/Kg. Corticóides: Só em casos como tumores cerebrais ou infecção cerebral. Dexametasona em bolus de 10mg EV + 4-10mg a cada 6 horas. 2ª LINHA: Hiperventilação: Manter PaCo2 entre 26-30mmHg. Barbitúricos: Sem muitas evidências. Hipotermia: Diminui o metabolismo cerebral, o FSC e a PIC, com efeito protetor cerebral. Craniectomia descompressiva: Indicada quando HIC é refratária e quando o prognóstico ainda pode ser bom se a PIC for bem controlada. Monitorização da SjO2: CONCLUSÃO: A melhor forma de controle da HIC é a resolução imediata da PIC elevada. Resuscitação, controle rápido e intensivo da hipoxemia, hipoventilação e hipotensão arterial, redução do conteúdo intracraniano e REAVALIAÇÃO CONSTANTE.