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Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Revisão de Toxicologia Veterinária Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga O que é a intoxicação ou toxicose? Processo patológico ocasionado por substâncias endógenas ou exógenas que o organismo produz em alguma situação. O que é o agente tóxico ou toxicante? Qualquer substância química ou agente físico (radiações X, gama, UV etc.) que ao interagir com o organismo vivo provoca algum efeito nocivo. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Quais são as toxinas produzidas por seres vivos? • Endotoxinas pelas bactérias; • Micotoxinas por fungos; • Fitotoxinas das plantas; • Zootoxinas: o Peçonha é inoculada – serpentes, escorpiões e abelhas; o Veneno não tem inoculação – sapo, borboleta e lagarta. O que é toxicidade? Substância promove efeito nocivo, parcial ou totalmente. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Em caso de intoxicação, deve-se sempre priorizar a estabilização das funções vitais, antes de pensar em reverter! Funções vitais: ABCD e temperatura corpórea. Quais as medidas para minimizar/reverter? • Êmese; • Lavagem estomacal; • Medidas para agilizar a eliminação dos tóxicos absorvidos; • Tratamentos específicos. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Estabilização das funções vitais: • A (vias aéreas) – desobstrução das vias aéreas superiores se houver e estabelecer via aérea patente se necessário; • B – oxigenação; • C (circulação) – PA, ausculta, arritmias, bpm, fibrilação arterial e parada cardíaca; • D (neurológica) – alteração de humor/comportamento, depressão, excitação, tremores musculares, confusão mental e convulsão; • Temperatura – hipertermia (acima de 41°C) e hipotermia (abaixo de 37,5°C). Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Medidas para diminuir a absorção do agente tóxico • Exposição cutânea do agente tóxico: banho; • Exposição ocular do tóxico: lavagem em água corrente filtrada e morna; • Exposição inalatória do tóxico: manter em local arejado e fornecer O2; • Exposição trato digestório do tóxico: promover êmese (avaliar algumas situações); Lavagem estomacal Remoção mecânica do conteúdo estomacal, a sua eficiência está relacionada ao tempo de ingestão. Pode ser feito com água, sendo feito até obter conteúdo limpo. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Medidas para mudar o agente em não absorvível • Carvão ativado – promove a diminuição da absorção da substancia tóxica por todo o TD → possui ranhuras onde as partículas tóxicas ficam → efeito de adsorção.; • Demulcentes – realizam a cobertura de mucosa diminuindo a absorção de algumas substâncias → clara de ovo, leite e Sucralfato. Eliminação dos tóxicos Catárticos (enemas) para que o conteúdo intestinal saia mais rapidamente . Não fazer quando: trauma abdominal recente, obstrução ou perfuração intestinal, hipotensão, hipovolemia e diarreia. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Inativando o agente tóxico Antídotos – agem interferindo na ligação da substância aos receptores, como antagonista competitivo. Eles interferem na via de biotransformação do toxicante. Facilitar a eliminação do agente tóxico Aumentado o volume de eliminação – fluidoterapia. Utilizar diuréticos – aumenta volume urinário; Atentar ao pH da urina!! Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Parasiticidas Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Informações Mecanismo de ação Manifestações clínicas Tratamento Acaricida e inseticida Ação no SNA simpático. Agonista de receptores alfa- 2 adrenérgicos – os níveis de noradrenalina diminuem na fenda sináptica → menor ativação dos receptores adrenérgicos → > atividade do SNA simpático → < atividade do SNA parassimpático; Pode inibir a MAO → não há degradação da noradrenalina recaptada, gera acúmulo nas vesículas → hiperexcitação. Sedação, letargia, diminuição de reflexos, hipotermia, excitabilidade, agressividade, depressão, midríase, miose, prolapso de 3° pálpebra, hipotensão, bradicardia, arritmia, poliúria, vômito, sialorreia, impactação intestinal e Hipoinsulinemia. A depender da via de intoxicação. Banho, êmese, lavagem gástrica, carvão ativado, catárticos osmóticos. Fluidoterapia, aquecimento corporal, controle de bradiarritmias e acidificação da urina. Tratamento específico: Atipamezol e ioimbina. Inseticida e formicida Piretroides tipo I: maior atividade dos canais de Na nas membranas do SN, ficando mais tempo aberto. Tipo I: hiperexcitabilidade, agressividade, tremores e fraqueza motora, aumento de Fluidoterapia, aquecimento ou esfriamento corporal, controle de sialorreia, Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Piretroides tipo II: inibição da atividade dos receptores do GABA. sensibilidade aos estímulos externos. Tipo II: incoordenação, desorientação, convulsão, agitação de membros e salivação intensa. No geral: salivação, vômito, dispneia, broncoespasmo, fraqueza, prostração, arritmias cardíacas e morte. controle de hipermotilidade intestinal, diazepam, alcalinização do pH urinário, banho, eméticos, lavagem gástrica, carvão ativado e catárticos. Tratamento e profilaxia de endo e ectoparasitoses e pesticida na agricultura. Intensificam a atividade do GABA – membrana em hiperpolarização → difícil passagem de estímulos nervosos. Anorexia, êmese, ataxia, comportamento anormal, depressão, midríase, desorientação, hiperestesia, vocalização, sialorreia, hipotermia, dispneia, cianose, bradicardia, choque, coma e morte Êmese, lavagem gástrica, carvão ativado, catárticos salinos e pode ter convulsão. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Inseticida, formicida e acaricida. Se ligam a sítios de ligação na AChE, o que faz com que o nível de acetilcolina aumente na fenda sináptica, pois impede a degradação da acetilcolina → aumento da atividade dos receptores muscarínicos → atividade exacerbada do SNA parassimpático. Ligação do carbamato é reversível e do organofosforado é irreversível. A depender do local e receptor afetado. Suporte: atropina (compete com ACh pelo receptor muscarínico), diazepam, correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. Tratamento específico – somente em organofosforados : oximas, que atua no mecanismo de ação do organofosforado. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Rodenticidas anticoagulantes Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Manifestação clínica Tratamento 1° geração: varfarina 2° geração: Brodifacum e Bromadiolona Inibidores competitivos da vitamina K → inibe formação dos fatoresde coagulação. Inibe a enzima vitamina K epoxi redutase → diminui a conversão da vitamina K inativada na primeira fase da vitamina ativada; Age também inibindo a atividade da vitamina K redutase → não tem formação da vitamina K1 → não tem participação da vitamina K carboxilase → não tem ativação dos fatores de coagulação → prejudica cascata de coagulação → sangramento Coagulopatias, hemorragias, dispneia, cansaço fácil, tosse, anemia, hipovolemia e quadro neurológico a depender da quantidade de sangramento. Gravidade depende da quantidade ingerida e da geração. Especifico: administração da vitamina K1 ativada – faz com que haja a ativação dos fatores de coagulação, fazendo com que a cascata de coagulação funcione normalmente. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Rodenticida ilegal – FAS Interfere no ciclo de Krebs. Se liga a AcetilcoA → fluoracetil-CoA → interage com Oxaloacetato → ação da enzima citrato sintase → forma fluorocitrato → impede ação da enzima aconitase → redução da produção de ATP e ocorre acúmulo grande de citrato, pois não está sendo convertido em izocitrato Arritmias, convulsão, alteração de comportamento, midríase, ataxia, tremores, hiperexcitação, mioclonias, êmese, diarreia, taquipneia compensatória da acidose metabólica, edema, hemorragia pulmonar e alterações de termorregulação. Suporte: anticonvulsivante, oxigenioterapia, fluidoterapia, controle de T°C, lavagem estomacal, bicarbonato de Na e antibiótico preventivo. Tratamento especifico: não como antidoto, mas com intenção de repor cálcio que está em baixa concentração no plasma – gluconato de cálcio 10% e doadores de acetato: monoacetato de glicerol, 10% acetamida. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Zootoxinas Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Manifestação clínica Tratamento Escorpião Interferem em canais iônicos das membranas: Canais de sódio: despolarização prolongada das membranas, proporcionando um influxo muito grande de sódio, interferindo na atividade de alguns neurotransmissores. Canais de cálcio no coração: ocorre aumento do influxo de cálcio no cardiomiócito, aumentando o inotropismo e cronotropismo. Leve: dor e paresia locais; Moderado: dor local intensa, náuseas, vômitos, sialorreia, agitação, taquicardia e taquipneia; Grave: sinais moderados + vômitos, prostração, convulsões, bradicardia, ICC, arritmias cardíacas, edema pulmonar, choque e coma. Suporte: sintomático com dor local – lidocaína 2% e Bupivacaína 0,5% e opioides, prazosina e atropina. Especifico: soro antiescorpiônico ou soro antiaracnídeo polivalente. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Aranhas – Loxosceles spp Fosfolipase-D: injúria vascular → microtrombos → trombose → inflamação e necrose; Hialuronidase: polimorfonucleares → hemorragia e infiltração leucócitos → inflamação e necrose; Metaloproteases: fosfolipase D (Esfingomielinase D) → degradação matriz celular → inflamação e necrose; Esfingomielinase D → hemólise e trombos → inflamação e necrose. Incialmente indolor, dor após 8 a 24h, segue-se com edema, bolhas e necrose local. Soro antiloxoscélico, fluidoterapia, analgesia, antissepsia local e Dapsona. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Aranhas – Phoneutria As frações tóxicas (PhTx1-3) vão ter ação em canais de sódio e cálcio. Sódio: causa despolarização muito continua em membranas celular → aumento de liberação de neurotransmissores; Cálcio: diminui atividade desses canais, diminuindo a liberação de neurotransmissores. Dor local, inflamação intensa, hipotermia, alteração FR, contração muscular, vômitos, arritmia, hipertensão e morte. Suporte, fluidoterapia, analgesia, antissepsia local, anestésico local e tratamento sintomático. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Serpentes – bothrops Ação necrosante: ação citotóxica direta em tecidos por constituintes proteolíticos da toxina. Provoca reação inflamatória com necrose em tecidos moles; Atividade sob a coagulação e plaquetas: <ativação dos fatores de coagulação II e X, levando a <consumo de fibrinogênio e formação de fibrina intravascular; Atividade hemorrágica: ativação das hemorraginas, que são potentes inibidoras da agregação plaquetária e podem romper a integridade do endotélio vascular. Sangramento no local da picada e em outras regiões, IRA, dor, edema, calor, bolhas, abscessos e necrose. Tratamento de suporte + soro antiofídico. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Serpente – crotalus Ação coagulante X anticoagulante: toxinas em contato com os vasos aumenta a agregação plaquetária, tendo ação anticoagulante → microtrombos, dificultando a passagem de sangue, oxigênio e nutrientes. Ação miotóxica: promove lesão muscular, liberando mioglobina que passa pelo rim, causando lesões importantes; Ação neurotóxica: a crotoxina bloqueia a transmissão neuromuscular e a Crotamina vai ter ação em canais de Na. Miotoxicidade: fasciculação e flacidez muscular; Neurotoxicidade: perda de visão, ptose palpebral, sonolência, insuficiência respiratória, hipo e hipertensão, bradi e taquicardia; Sangramento; IRA; Mialgia generalizada em casos graves. Suporte: repouso, fluidoterapia, analgesia, antissepsia local, antibioticoterapia, observação hospitalar e Debridamentos cirúrgicos. Especifico: soros (neutralizar a atividade tóxica da peçonha) → administrado quantidade de soro que seja capaz de neutralizar uma quantidade X de toxinas presentes na serpente: • Bothrops: (neutralizar 100mg) soro antibotrópico → 10ml neutralizam 50mg de toxinas; • Crotalus: (neutralizar 50mg) soro anticrotálico → 10ml neutralizam 15mg de toxinas. A quantidade de ampolas subsequentes vai ser baseado no grau de gravidade do paciente. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Plantas tóxicas em grandes animais Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Manifestação clínica Tratamento Palicourea marcgravii – erva de rato, cafezinho, vicky, roxinha Interfere no ciclo de Krebs, igual ao FAS, inibindo a atividade da aconitase. Morte súbita, principalmente após esforço físico; Apatia, anorexia, dificuldade em ficar em estação/relutância em andar, tremores e cansaço quando em movimento, taquipneia, opistótono, nistagmo, acidose metabólica e convulsão; Cardíaca: arritmia (FA e parada); SNC: convulsão, alteração de comportamento, midríase, ataxia, tremores, hiperexcitação e mioclonias; Tratamento sintomático; Acetamida – impede o acúmulo de citrato (administrado em curto espaço de tempo é mais viável). Gluconato de cálcio – controle de hipocalcemia; Butyrivibrio fibrisolvens – bactéria da microbiota do rúmen. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Pteridium spp – samambaia do campo/samambaia de pasto Ptaquilosídeo (glicosídeo carcinogênico) → transformação em pH alcalino → dienona → se liga ao DNA → proliferação de células anormais. Síndrome hemorrágica aguda: se comer em grande quantidade em semanas/meses – aplasia medular: trombocitopenia,neutropenia, aumento do tempo de coagulação e diátese hemorrágica. Deficiência de tiamina: ingestão em grande quantidade – anorexia, apatia, letargia, membros afastados ou cruzados à estação, relutância ao movimento, incoordenação, andar cambaleante. Mioclonias, decúbito e movimentos de pedalagem, opistótono, sudorese, arritmia cardíaca, dispneia e morte. Hematúria enzoótica bovina: ingere pequenas quantidades por longos períodos – anemia, hematúria intermitente ou contínua e emagrecimento progressivo. Carcinomas do TDS: ingestão crônica – dificuldade de deglutição, mastigação e ruminação, ronqueira, regurgitação de alimentos, Tratamento SHA: sintomático + transfusão de hemocomponentes; Tratamento deficiência de tiamina: sintomático; Tratamento HEB: sintomático, na maioria das vezes optam pela eutanásia. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga timpanismo crônico, tosse, dificuldade respiratória, edema submaxilar, corrimento nas narinas, diarreia e emagrecimento progressivo. Farmacologia e toxicologia veterinária Mônica Novaga Brachiaria spp Ingere clorofila + Phithomyces chartarum → libera esporidesmina → ação degenerativa no fígado → degeneração dos hepatócitos → obstrução dos canalículos → filoeritrina não consegue ser eliminada via bile → circulação sanguínea e vai para vários tecidos → atinge células dérmicas → por ser fotoativo vai ser ativado na luz solar → produz radicais livres → lesiona a célula → fotossensibilização. OU A protodioscina causa a degeneração dos hepatócitos, e ai o ciclo segue igual. Vesícula biliar obstruída, icterícia, hepatomegalia, aumento de linfonodos, fotofobia, apatia ou inquietação, diminuição de movimentos ruminais e em casos graves morte. Pele: lesões cutâneas alopécicas, eritematosas, ulceradas e necróticas, eritema, edema subcutâneo generalizado, opacidade de córnea e secreção nasal. Suporte, antissepsia em feridas, antibacterianos, retirar da pastagem e proteção solar.
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