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O r t o p e d i aO r t o p e d i a Resumo Gab r i e l Ba g a r o l o P e t r o n i l h o Introdução O tratamento dos tumores ósseos ortopédicos, geralmente, é realizado pelo ortopedista especializado em oncologia ortopédica. A recomendação é de que o paciente com suspeita de tumor deve ser encaminhado para esse especialista que realizará o tratamento definitivo. Em alguns exames de radiografia alguns imagens podem fazer com que haja confusão com lesões tumores, portanto, é necessário reconhecer a anatomia radiográfica para não interpretar errado uma imagem e pode suspeitar ou não de um tumor. O joelho é uma região frequente de acometimento por tumores. Os tumores ossos, em sua maioria, são devido metástases de tumores em pulmão, mama, próstata entre outros. Somente cerca de 3% das neoplasias são tumores ósseos primários. Nos últimos anos a qualidade dos protocolos de tratamento para neoplasias ósseas melhorou muito aumentando a sobrevida dos pacientes nos diferentes tipos de tumores. Muitos pacientes, atingindo cerca de 50%, atingem a cura com o membro funcional, ou seja, sem a necessidade de amputação - esse prognóstico está integralmente ligado ao diagnóstico precoce. O tempo médio de início dos sintomas e a procura do paciente por atendimento é em torno de 6 semanas para osteossarcomas e 16 semanas para tumores de Ewing. O tempo médio para a primeira consulta até o início do tratamento é de 7 semanas para osteossarcoma e 31 semanas para tumores de Ewing. Diagnóstico O diagnóstico dos tumores depende de uma suspeita clínica com sintomas principal sendo a dor. Em alguns casos, a dor pode confundir porque ela só aparece após ocasião de trauma. Induzindo a pensão em lesão pós-traumática. Existem alguns sinais de alerta para lesões tumorais: dor intensa mesmo em repouso, perda de peso, aumento de volume local, entre outros. Na radiografia, ela deve ter uma boa qualidade e ser avaliada com muita atenção. Se houver dúvidas, a radiografia contralateral pode ser de grande ajuda para comparação ou radiografias seriadas - durante semanas para observar o comportamento. Por meio da radiografia conseguimos classificar a lesão em osteo l í t ica ou osteob lást ica (osteossarcoma). As informações gerais juntamente com o quadro clínico nos ajudam a determinar ou suspeitar se o tumor é primário ou metetastático e maligno ou benigno. Existem outros exames complementares que podem auxiliar, como a cintilografia, ressonância e tomografia. A cintilografia para tumores primários não é tão recomendada por possuir uma sensibilidade alta e baixa específica (‘vai dizer que o paciente tem algo em algum lugar’), porém, é o mais recomendado quando o paciente possui um tumor conhecido, seja ósseo ou não, e quer fazer um screening e avaliar metástases. O melhor método é a RNM por avaliar partes moles e tecido reacional - processo inflamatórios, infecções, etc. A TC é muito utilizada para avaliação de metástase pulmonar e comprometimento cortical e outros detalhamentos ósseos. Classificação A classificação dos tumores ósseos foi descrita por Enneking e ele leva em consideração o grau de diferenciação histológica (G), localização (T) e presença de metástase (M). Grau Histológico - G ●G0 → benigno: lesão bem delimitada e bem diferenciada. ●G1 → baixo grau: lesões bem diferenciadas, com poucas figuras de mitose, poucas células atípicas, mínima necrose e sem invasão vascular. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Tumores Ó!eos ●G2 → alto grau: são pobremente diferenciadas, tem mitoses frequentes, considerável número de células atípicas, necrose, pouca matriz e imatura e com invasão vascular. Localização - T ●T1 → intracompartimental. ●T2 → extracompartimental. Os compartimentos são delimitados por barreiras naturas que, são cortical óssea, periósteo, fáscia profunda, placa epifisário, cartilagem articular e septo intramuscular. Metástases - M ●M0 → sem metástase. ●M1 → com metástase. Benigno Latente - B1 São assintomáticos com crescimento lento durante o crescimento do indivíduo e cessa com a parada do crescimento. Não malignizam e possuem cura espontânea. Às vezes, em situações de compressão de estruturas ou de incômodo/dor , realiza-se cirurgia - ressecção intralesional. Benigno Ativo - B2 Podem possuir sintomas moderados, como desconforto leve, fratura patológica e disfunção mecânica. O crescimento da lesão é progressivo, lento sendo acompanhando pelo ortopedista e, normalmente, sua lesão respeita compartimentos. Benigno Agressivo - B3 É um tumor sintomático que causa a sua confusão com tumores malignos, por exemplo tumor de células gigantes (benigno). Há presença de dor, tumoração palpável, fratura patológica e alterações inflamatórias na pele. Seu crescimento é rápido e não respeita as barreirais naturais (compartimentos). Tratamento Cirúrgico Ressecção Intralesional É a ressecção do tumor sem se preocupar com as margens da lesão. Faz-se a curetagem, raspagem, cauterização e preenchimento. Utilizado em tumores benignos latentes. Ressecção Marginal Tratamento cirúrgico em que deve se preocupar com as margens de segurança para que não haja uma recidiva local. Utilizado em tumores benignos agressivos. Ressecção Ampla É o mesmo conceito da marginal, porém, utiliza-se uma margem de tecido ósseo saudável maior. Ressecção Radical É o tratamento cirúrgico que faz a retirada do compartimento inteiro. Por exemplo, em tumor de diáfise do fêmur realiza-se uma hemipelvectomia externa (a perna é retirada inteira). Tumores Benignos No casos de tumores benignos, ainda existe uma controvérsia do diagnóstico e a conduta dos mesmos, principalmente em tumores latentes. A maioria (95%) de alterações ósseas de imagem são afecção não tumorais. A RNM e biópsia são utilizadas em poucos casos, somente quando há dúvidas. Devemos lembrar que o indicado é que a biópsia seja realizada pelo mesmo médico que fará o tratamento definitivo. A biópsia é empregada em casos de suspeita de lesão maligna ou de cirurgia em tumores benignos que serão ressecados. A cirurgia para tratamento de tumores benigno B1 são indicados em casos de dor, lesões líticas grandes ou fratura patológica. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG Classificação - Malignos Intracompartimental Extracompartimental Baixo Grau IA IB Alto Grau IIA IIB Metástase IIIA IIIB Classificação - Benignos Benigno Latente B-1 Benigno Ativo B-2 Benigno Agressivo B-3 No caso de B2 ou B3, que precisam de tratamento cirúrgico, a cirurgia deve ser ressecção intralesional ou marginal com ou sem uso de tratamento adjuvante (radio ou quimio). O critério para escolha entre tratamento cirúrgico ou conservador é feito em relação aos benefícios que serão proporcionados ao paciente. No tratamento cirúrgico deve-se evitar lesões iatrogênicas, como epifisiodese, deformidade angular, defeito funcional e fratura patológica. A cirurgia não deve ser piro que o tumor original. Tumores Benignos Formadores de Tecido Cartilaginoso Osteocondroma - B1 Tumor ósseo benigno mais frequente, sendo uma displasia da cartilagem de crescimento - não é um tumor em si. Ocorre uma exostose óssea, ou seja, crescimento ósseo benigno - ocorre a calcificação da displasia da cartilagem. Esse tipo de tumor é muito frequente na metáfise porque é onde está localizado a cartilagem de crescimento e costuma ocorrer em adolescentes. Pode ser séssil ou pediculado. Nesse tipo de tumor, a cirurgia é recomendado quando há sintomas. Imagens - Osteocondroma Séssil (esquerda) e Pediculado (direita). O osteocondroma em apenas 1% dos casos pode sofrer malignização, principalmente quando acomete ossos p lanos , tornando-se um condrossarcoma (tumor maligno de cartilagem). Existe uma alteração genética autossômica dominante, chamada osteocondromatose,em que o paciente apresenta vários osteocondromas. Encondroma - B1 Tumor de cartilagem que acomete pequenos ossos tubulares das mãos e dos pés com lesões osteolíticas centrais (radiotransparente) com calcificações - a cartilagem tem pontos de calcificação (radiopacos). Geralmente, é um achado radiográfico de fratura por trauma leve. Imagem - Encondroma com lesão lítica e calcificação em seu interior. Imagem - Encondroma - afinamento da cortical com lesão lítica (radiotransparente) e calcificações múltiplas (radiopacas). O encondroma, quando sintomático, recomenda-se curetagem intralesional e exerto/cimento ósseo. Encondromatose → paciente apresenta múltiplos encondromas. Quando associada a hemangiomas, chama-se síndrome de Maffuci. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG A malignização é rara. Porém, há uma certa confusão devido a semelhança clínica, radiológica e anatomopatológica entre o encondroma e condrossarcoma de baixo grau. Condroblastoma - B2 a B3 Tumor relativamente raro, caracterizado por lesão lítica epifisária com calcificações no interior. Ocorre mais em adolescentes em joelho e úmero proximal. O tratamento requer uma ressecção marginal, podendo ser associado tratamento adjuvante. Tumore Benigno Formadores de Tecido Ósseo Osteoma - B1 É um tumor de tecido ósseo maduro, comumente no crânio e face. Na maioria das vezes seu tratamento é realizando por finalizada estética ou obstrução de seis da face. Osteoma Osteoide - B1 É caracterizado por tecido ósseo reacional intenso ao redor de área osteolítca (nicho). Ocorre comumente em diálises de ossos longos. A característica clínica comum é a dor noturna e melhora com antiinflamatórios, sobretudo AAS. Além disso, é uma causa de lombalgia em adolescentes. O tratamento é a ressecção do nicho em pacientes sintomáticos. Osteoblastoma - B3 É o mesmo tumor que o anterior, porém, de tamanho maior e forma agressiva. Além disso, simula uma lesão maligna com nicho lítico expansivo. O tratamento deve ser ressecção marginal para evitar recidiva. Mais frequente na coluna. Tumores de Células Gigantes - B3 É um tumor agressivo que causa destruição óssea e tecidual. São osteoclastos gigantes (multinucleados) que realizam a fagocitose óssea causando a destruição do mesmo. Acomete pacientes na faixa de 20-40 anos de idade com predileção da metáfise óssea e joelho. Possui lesão de característica lítica, expansiva, com afilamento da cortical e sem neoformação óssea. O tratamento exige ressecção ampla com utilização de artrodese ou endoprótese. Pode também ser realizado tratamento adjuvante, como anticorpos monoclonais. A sua malignização é rara. Gabriel Bagarolo Petronilho TXVIII- MEDICINA FAG
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