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ISTs: Sintomas e Tratamentos


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CORRIMENTO
	DISPAREUNIA
	ODOR
	OBS
	CANDIDÍASE
	BRANCO LEITOSO
	NÃO
	-
	Podem haver placas/ pH <4,5
	GARGINERELA
	BRANCO ACINZENTADO
	SIM
	FÉTIDO
	
	TRICOMONÍASE
	AMARELO-ESVERDEADO
	SIM
	-
	Aspecto bolhoso
IST’s 
	(inflamações do colo do útero)
CLAMÍDEA
GONORREIA
	SANGRAMENTO INTERMENSTRUAL
DISPAREUNIA E DISÚRIA
CORRIMENTO PURULENTO NA ECTO
COLO DO ÚTERO FRIÁVEL
DOR À MOBILIZAÇÃO DO COLO (diferencial)
	Obs: na clamídea a pct pode se queixar da boca
TTO
CANDÍDIASE
GARGINERELA
TRICOMONÍASE
DIP
3 MAIORES + 1 MENOR OU 1 ELABORADO
QUEIXAS COMUNS: dor nos ossos da pelve
A notificação é obrigatória no caso de sífilis adquirida, sífilis em gestante, sífilis congênita, hepatites virais B e C, aids, infecção pelo HIV, infecção pelo HIV em gestante, parturiente ou puérpera e criança exposta ao risco de transmissão vertical do HIV, conforme a Portaria vigente. A síndrome do corrimento uretral masculino é de notificação compulsória, a ser monitorada por meio da estratégia de vigilância em unidades-sentinela e suas diretrizes, de acordo com a Portaria vigente. As demais IST, se considerado conveniente, podem ser incluídas na lista de notificação dos estados/municípios. A sífilis congênita é de notificação compulsória nacional desde o ano de 1986; a sífilis em gestante, desde 2005; e a sífilis adquirida, desde 2010. Os casos de gestante vivendo com HIV/aids e criança exposta ao HIV passaram a integrar o Sistema Nacional de Vigilância em 2000; os casos de hepatite B, em 1998, e os de hepatite C, em 1999.
4.2 Gonorreia e clamídia em mulheres: cervicites 
4.2.1 Definição e etiologia A cervicite mucopurulenta ou endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical (epitélio colunar do colo uterino). Os agentes etiológicos mais frequentes são C. trachomatis e N. gonorrhoeae. Há evidências científicas da associação de C. trachomatis e N. gonorrhoeae aos seguintes fatores: mulheres sexualmente ativas com idade inferior a 25 anos, novas ou múltiplas parcerias sexuais, parcerias com IST, história prévia ou presença de outra IST e uso irregular de preservativo.
As cervicites são frequentemente assintomáticas (em torno de 70% a 80%). Nos casos sintomáticos, as principais queixas são corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, dispareunia e disúria. Ao exame físico, podem estar presentes dor à mobilização do colo uterino, material mucopurulento no orifício externo do colo e sangramento ao toque da espátula ou swab. As principais complicações da cervicite por clamídia e gonorreia, quando não tratadas, incluem: dor pélvica, DIP, gravidez ectópica e infertilidade.
Clamídia
A clamídia é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. É causada por uma bactéria chamada Chlamydia trachomatis e pode ou não gerar sintomas. O motivo de tantos casos da doença pelo mundo é que pessoas com clamídia assintomática se tornam agentes propagadores da doença sem saber.
A transmissão da clamídia acontece por meio de relações sexuais desprotegidas e também pode ocorrer a transmissão da mãe para o filho na hora do parto normal. Cerca de 80% das mulheres não apresentam sintomas, no entanto, estes podem ser: corrimento vaginal amarelo e espesso, dor abdominal, queimação ao urinar, dor durante o contato íntimo e perda de sangue entre os períodos menstruais. Para o homem: coceiras na abertura do pênis, dor e inchaço nos testículos e proctite (inflamação no ânus).
Nas grávidas, infecções por clamídia podem levar ao parto prematuro. Os bebês infectados podem desenvolver algumas complicações, como a pneumonia e conjuntivite.  E em casos mais graves e raros, pode causar a morte da criança.
A clamídia tem cura e o tratamento é simples, feito com a administração de antibióticos. É altamente recomendável que os parceiros sexuais também façam todos os exames para não correrem riscos futuros.
Clamídia: 1.967.200 casos1:
Gonorreia
A gonorreia também é uma infecção sexualmente transmissível muito comum, muitas vezes confundida com a clamídia por terem sintomas muito parecidos. Também é uma infecção bacteriana, mas causada pela Neisseria gonorrhoeae também conhecida como gonococo. Gonorreia tem cura e o tratamento é feito com a administração de antibióticos.
Apesar de popularmente ser considerada uma doença masculina, já que 90% dos homens apresentam sintomas, as mulheres podem ser contaminadas também. Porém, 50% das mulheres infectadas não apresentam sintomas, se tornando agentes propagadoras da doença sem saber.
É comum que a bactéria se prolifere em ambientes úmidos e quentes, o que acaba facilitando o seu crescimento em locais como os órgãos genitais, a garganta e os olhos. As infeções quando não tratadas, podem ter implicações graves como a infertilidade, dor durante as relações sexuais, gravidez ectópica (quando o embrião se desenvolve nas trompas de Falópio) e doença inflamatória pélvica (DIP).
A gonorreia pode passar da mãe para o bebê durante a gravidez ou na hora do parto normal. Nesses casos, a infecção atinge principalmente os olhos do recém-nascido, em uma forma grave de conjuntivite.
Gonorreia: 1.541.800 casos1
Sífilis
A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum que, na maior parte dos casos, é transmitida através do contato íntimo sem uso da camisinha, por transfusão de sangue contaminado (raro, mas pode acontecer) ou a mãe infectada passa para o bebê durante a gestação ou o parto.
Pode se manifestar em três estágios. Os maiores sintomas ocorrem nas duas primeiras fases, período em que a doença é mais contagiosa. O terceiro estágio pode não apresentar sintoma e, por isso, dá a falsa impressão de cura da doença.
Sífilis Primária
A sífilis primária é o primeiro estágio da doença, o principal sintoma é o cancro duro, um pequeno caroço rosado que evolui para uma úlcera avermelhada, com bordas endurecidas e fundo liso, coberto por uma secreção transparente. Estas lesões costumam desaparecer após 4 a 5 semanas, mas a infecção continua latente na pessoa, e pode voltar a se manifestar a qualquer momento, caso o tratamento não seja feito.
Sífilis Secundária
A sífilis secundária é caracterizada por lesões na pele e nos órgãos internos, já que a bactéria se espalhou pelo corpo. As novas lesões são caracterizadas como manchas rosadas, chamadas de roséola sifilítica, ou pequenos caroços acastanhados que surgem principalmente nas palmas das mãos e nas plantas dos pés. O paciente pode apresentar dores musculares, febre, dor de garganta e dificuldade para engolir. Assim como na primeira fase, os sintomas podem desaparecer sem tratamento.
A doença pode ficar estacionada por meses ou até mesmo anos antes do surgimento da sífilis terciária. Nesse estágio surgem complicações graves como cegueira, paralisia, doença cerebral e problemas cardíacos. Por comprometer o sistema imunológico, o desenvolvimento de infecções oportunistas é muito alto, e se não tratadas, pode levar a morte.
Sífilis Congênita
A sífilis congênita é a transmissão da doença de mãe para filho. A infecção é grave e pode causar má-formação do feto, aborto ou morte do bebê. Por isso a importante do pré-natal durante a gestação.
A sífilis tem cura e não depende do estágio em que se encontra. Mas quanto antes o tratamento for realizado melhores e mais rápidas são as chances da cura.
Sífilis: 685.400 casos1
Herpes Genital
A herpes genital é uma das ISTs considerada bastante perigosa, não pelos efeitos diretos que causa no organismo, mas pela sua sutileza, uma vez que o nosso organismo não consegue matar o agente patológico da doença.
Ocasionada pelos vírus HSV-1 ou HSV-2, a doença tem como principal característica uma série de pequenas lesões nas regiões genitais tanto masculina como femininas. As bolhas rompem-se rapidamente deixando feridas dolorosas. Em alguns casos, esse processo é tão rápido que as lesões nem chegam a ser notadas e são percebidas apenas as feridas.
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A herpes não tem cura, mas tem tratamento. Como o vírus está alojado em nosso corpo, a recorrência da doença é algo comum.  As crises costumam surgir sempre apósalgum evento estressante para o organismo. Tais como: esforço físico exagerado, estresse emocional, cirurgia recente, exposição solar em excesso, período menstrual e a baixa imunidade.  O tratamento, para qualquer fase da doença, é feito com antivirais para acelerar a cura das lesões, aliviar os sintomas, impedir complicações e reduzir o risco de transmissão para outros. A infecção pode ser transmitida desde o início do surto até a cicatrização da última ferida.
Embora a maioria das mulheres que possuem o vírus gerem bebês saudáveis, alguns cuidados durante a gravidez são importantes para evitar a contaminação, pois pode causar graves consequências. O maior risco do herpes genital é quando a primeira infecção acontece durante a gestação. Quando o primeiro surto ocorre no início da gravidez pode provocar aborto espontâneo e lesões no feto. Quando ocorre no final, há alto risco de a mãe ainda não ter desenvolvido anticorpos até a data do parto e, assim, transmitir o vírus para o bebê.
Herpes Genital: 640.900 casos1
Hepatite B
Causada pelo vírus HBV, a hepatite do tipo B é uma doença infecciosa. Como o vírus está presente no sangue, no esperma e no leite materno, a hepatite B é considerada uma doença sexualmente transmissível. O principal órgão afetado pela doença é o fígado que pode desenvolver cirrose hepática ou câncer.
As hepatites virais são silenciosas, as vezes a pessoa pode portar o vírus sem saber. O vírus da Hepatite B só podem ser detectado 60 dias após a infecção, pois os anticorpos demoram a reconhecê-lo.  E os sintomas podem demorar até seis meses para se manifestar, o que prejudica o diagnóstico precoce da doença.
A hepatite B também pode ser transmitida da mãe para o bebê. Ou na gestação ou na amamentação. A melhor e mais eficaz maneira de prevenir a Hepatite B é tomando a vacina. Não compartilhe objetos cortantes e perfurantes e sempre use preservativo nas relações sexuais.
Hepatite B: 212.031 casos2
CMV
Infecção por CMV é considerada uma IST porque qualquer pessoa pode contrair o vírus através de relação sexual desprotegida. O citomegalovírus (CMV) é um vírus da mesma família da herpes e da catapora. Estima-se que cerca de 80% da população encontra-se infectada. Todavia, assim como ocorre com outros vírus da família Herpes, o vírus é neutralizado, mas não é totalmente eliminado do organismo.
Para pessoas com o sistema imunológico saudável, a infecção pelo CMV é assintomática. Porém, se gestantes forem contaminadas durante a gravidez, as consequências são muito sérias para o bebê. Assim como pessoas imunocomprometidas – portadores do HIV / Aids e transplantados – as consequências também podem ser muito sérias, podendo até causar a morte desses pacientes.
O CMV é responsável por mais casos de microcefalia que o Zika
O Diagnóstico Molecular e as ISTs
A precisão e a alta sensibilidade do teste molecular permitem a detecção dos patógenos em amostras onde geralmente não são percebidos com facilidade, aumentando as chances de um diagnóstico preciso, sensível e rápido para a detecção de uma ampla gama de agentes infecciosos. Os testes baseados na tecnologia de PCR em Tempo Real são capazes de detectar em uma única reação de uma única amostra os diferentes patógenos causadores das principais infecções sexualmente transmissíveis, garantindo o diagnóstico rápido e preciso para o tratamento adequado ao paciente. Em alguns casos, os testes moleculares são capazes de detectar o DNA do agente patológico, mesmo que a pessoa não tenha desenvolvido a doença. Esse tipo de teste pode ser aplicado para o diagnóstico da herpes, por exemplo.  Essa metodologia tem-se mostrado muito eficiente e confiável no diagnóstico precoce de infecções e doenças.

· Material de Estudo: 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/protocolo_clinico_diretrizes_terapeutica_atencao_integral_pessoas_infeccoes_sexualmente_transmissiveis.pdf - Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Infecções Sexualmente Transmissíveis. 
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/controle_doencas_sexualmente_transmissiveis.pdf - Manual de Bolso – Controle de IST 
OBS: apesar das referências não serem atualizadas, ainda são os manuais utilizados para este assunto. 
1. As úlceras genitais representam síndrome clínica produzida por agentes infecciosos sexualmente transmissíveis e que se manifestam como lesões ulcerativas erosivas, precedidas ou não por pústulas e/ou vesículas, acompanhadas ou não de dor, ardor, prurido, drenagem de material mucopurulento, sangramento e linfadenopatia regional. Quais os agentes etiológicos das úlceras genitais? 
Os agentes etiológicos infecciosos mais comuns nas úlceras genitais são:
•	 T. pallidum (sífilis primária e secundária);
•	 HSV-1 e HSV-2 (herpes perioral e genital, respectivamente);
•	 H. ducreyi (cancroide);
•	 C. trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3 (LGV);
•	 K. granulomatis (donovanose).
2. Como é realizado o diagnóstico das úlceras genitais? 
Sempre que houver disponibilidade, deve-se fazer o exame a fresco do exsudato da lesão.
O exame em campo escuro permite a pesquisa do T. pallidum e pode ser realizado tanto com
amostras obtidas nas lesões primárias, como nas lesões secundárias da sífilis, em adultos ou em crianças. A amostra utilizada é o exsudato seroso das lesões ativas, livre de eritrócitos, outros organismos
e restos de tecido. Esse método possui sensibilidade variando de 74% a 86% e sua especificidade pode
alcançar 97%, dependendo da experiência do técnico que realiza o exame.
O material é levado ao microscópio com condensador de campo escuro, permitindo a visualização do T. pallidum vivo e móvel, devendo ser analisado imediatamente após a coleta da amostra. Os
outros agentes que causam úlceras genitais também podem ter o diagnóstico presuntivo realizado por
meio de biologia molecular (NAAT)7
 e exames bacterioscópicos que utilizam as colorações de Gram
e Giemsa.
3. As úlceras genitais diferenciam-se no tempo de incubação e manifestação devido os diferentes agentes etiológicos, podendo em uma única lesão possuírem diferentes agentes etiológicos. Descreva, resumidamente, as seguintes infecções, considerando o tempo de incubação, manifestações clínicas, momento de transmissão, fases da doença e recidivas: 
a) Sífilis primária e secundária; 
Sífilis primária e secundária
A sífilis primária, também conhecida como “cancro duro”, ocorre após o contato sexual com o indivíduo infectado. O período de incubação é de 10 a 90 dias (média de três semanas). A primeira manifestação é caracterizada por uma úlcera, geralmente única, que ocorre no local de entrada da bactéria (pênis, vulva, vagina, colo uterino, ânus, boca, ou outros locais do tegumento), indolor, com base endurecida e fundo limpo, rica em treponemas. Esse estágio pode durar entre duas e seis semanas, desaparecendo espontaneamente, independentemente de tratamento.
A sífilis secundária surge em média entre seis semanas e seis meses após a infecção. Podem ocorrer erupções cutâneas em forma de máculas (roséola) e/ou pápulas, principalmente no tronco; eritemata palmo-plantares; placas eritematosas branco-acinzentadas nas mucosas; lesões pápulo-hipertróficas nas mucosas ou pregas cutâneas (condiloma plano ou condiloma lata); alopécia em clareira e madarose. A sintomatologia pode desaparecer espontaneamente em poucas semanas. Mais raramente, observa-se comprometimento hepático, quadros meníngeos e/ou até oculares, em geral uveítes.
b) Herpes genital; 
Os HSV tipos 1 e 2 pertencem à família Herpesviridae, da qual fazem parte o citomegalovírus
(CMV), o vírus da varicela zoster, o vírus Epstein-Barr e o vírus do herpes humano 8. Todos são DNA-
-vírus que variam quanto à composição química e podem ser diferenciados por técnicas imunológicas. Embora os HSV-1 e HSV-2 possam provocar lesões em qualquer parte do corpo, há predomínio
do tipo 2 nas lesões genitais e do tipo 1 nas lesões periorais.
As manifestações da infecção pelo HSV podem ser divididas em primoinfecção herpética e surtos
recidivantes. Sabe-se que muitas pessoas que adquirema infecção por HSV nunca desenvolverão manifestações e que a proporção de infecções sintomáticas é estimada entre 13% e 37%. Entre as pessoas com infecção pelo HIV, as manifestações tendem a ser dolorosas, atípicas e de maior duração.
A primoinfecção herpética tem um período de incubação médio de seis dias. Em geral, é uma manifestação mais severa caracterizada pelo surgimento de lesões eritemato-papulosas de um a três milímetros de diâmetro, que rapidamente evoluem para vesículas sobre base eritematosa, muito dolorosas e de localização variável na região genital. O conteúdo dessas vesículas é geralmente citrino, raramente turvo.
O quadro local na primoinfecção costuma ser bastante sintomático e, na maioria das vezes, é
acompanhado de sintomas gerais, podendo cursar com febre, mal-estar, mialgia e disúria, com ou
sem retenção urinária. Em especial, nas mulheres, pode simular quadro de infeção urinária baixa. A
linfadenomegalia inguinal dolorosa bilateral está presente em 50% dos casos.
Quando há acometimento do colo do útero, é comum o corrimento vaginal, que pode ser abundante. Entre os homens, o acometimento da uretra pode provocar corrimento uretral e raramente é
acompanhado de lesões extragenitais. O quadro pode durar de duas a três semanas.
Após a infecção genital, o HSV ascende pelos nervos periféricos sensoriais, penetra nos núcleos
das células dos gânglios sensitivos e entra em um estado de latência. A ocorrência de infecção do gânglio sensitivo não é reduzida por qualquer medida terapêutica.
Após a infecção genital primária por HSV-2 ou HSV-1, respectivamente, 90% e 60% dos pacientes desenvolvem novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação viral. Essa reativação pode
dever-se a quadros infecciosos, exposição a radiação ultravioleta, traumatismos locais, menstruação,
estresse físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada e/ou imunodeficiência.
O quadro clínico das recorrências é menos intenso que o observado na primoinfecção e pode ser
precedido de sintomas prodrômicos característicos, como prurido leve ou sensação de “queimação”,
mialgias e “fisgadas” nas pernas, quadris e região anogenital.
A recorrência tende a ser na mesma localização da lesão inicial, geralmente, em zonas inervadas pelos nervos sensitivos sacrais. As lesões podem ser cutâneas e/ou mucosas. Apresentam-se
como vesículas agrupadas sobre base eritematosa, que evoluem para pequenas úlceras arredondadas ou policíclicas. Nas mucosas, não é comum a evidenciação das vesículas, uma vez que seus tetos rompem muito facilmente. Mais raramente, a ocorrência de lesões pode ser acompanhada
de sintomas gerais. As lesões têm regressão espontânea em sete a dez dias, com ou sem cicatriz. A
tendência natural dos surtos é a de se tornarem menos intensos e menos frequentes com o passar
do tempo.
As gestantes portadoras de herpes simples apresentam risco acrescido de complicações obstétricas, sobretudo quando a infecção ocorre no final da gestação. O maior risco de transmissão do vírus
acontece no momento da passagem do feto pelo canal de parto. A infecção pode ser ativa (em aproximadamente 50% dos casos) ou assintomática. Recomenda-se, portanto, a realização de cesariana sempre que houver lesões herpéticas ativas.
Nos pacientes com imunodepressão, podem ocorrer manifestações atípicas com lesões ulceradas
ou hipertróficas, apresentando grandes dimensões e persistindo na ausência de tratamento local ou
até mesmo sistêmico. Os diagnósticos diferenciais incluem o cancroide, a sífilis, o LGV, a donovanose
e as ulcerações traumáticas.
c) Cancróide; 
O cancroide é uma afecção de transmissão exclusivamente sexual, provocada pelo H. ducreyi,
mais frequente nas regiões tropicais. Caracteriza-se por lesões múltiplas (podendo, no entanto, haver
uma única lesão) e habitualmente dolorosas, mais frequentes no sexo masculino. Denomina-se também cancro mole, cancro venéreo ou cancro de Ducrey. O período de incubação é geralmente de três
a cinco dias, podendo se estender por até duas semanas. O risco de infecção em uma relação sexual é
de 80%.
As lesões são dolorosas, geralmente múltiplas e devidas à autoinoculação. A borda é irregular, apresentando contornos eritemato-edematosos e fundo irregular, recoberto por exsudato necrótico, amarelado, com odor fétido e que, quando removido, revela tecido de granulação com sangramento fácil.
No homem, as localizações mais frequentes são no frênulo e sulco bálano-prepucial; na mulher, na fúrcula e face interna dos pequenos e grandes lábios. Em 30% a 50% dos pacientes, o bacilo atinge os linfonodos inguino-crurais (bubão), sendo unilaterais em 2/3 dos casos, observados
quase exclusivamente no sexo masculino pelas características anatômicas da drenagem linfática.
No início, ocorre tumefação sólida e dolorosa, evoluindo para liquefação e fistulização em 50% dos
casos, tipicamente por orifício único. Raramente, apresenta-se sob a forma de lesão extragenital ou
doença sistêmica.
A drenagem espontânea, quando ocorre, faz-se tipicamente por orifício único. A cicatrização
pode ser desfigurante. A aspiração, com agulha de grosso calibre, dos gânglios linfáticos regionais
comprometidos, pode ser indicada para alívio de linfonodos tensos e com flutuação. São contraindicadas a incisão com drenagem ou excisão dos linfonodos acometidos.
O diagnóstico diferencial é feito com cancro duro (sífilis primária), herpes genital, LGV, donovanose e erosões traumáticas infectadas.
d) Linfogranumoma venéreo; 
O LGV é causado por C. trachomatis, sorotipos L1, L2 e L3. A manifestação clínica mais comum
do LGV é a linfadenopatia inguinal e/ou femoral, já que esses sorotipos são altamente invasivos aos
tecidos linfáticos. Os últimos surtos entre HSH estão relacionados ao HIV.
A evolução da infecção ocorre em três fases: inoculação, disseminação linfática regional e sequelas, que são descritas a seguir:
•	 Fase de inoculação: inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem
deixar sequela. Muitas vezes, não é notada pelo paciente e raramente é observada pelo profissional de saúde. Localiza-se, no homem, no sulco coronal, frênulo e prepúcio; na mulher, na
parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa;
•	 Fase de disseminação linfática regional: no homem, a linfadenopatia inguinal desenvolve-se
entre uma a seis semanas após a lesão inicial, sendo geralmente unilateral (em 70% dos casos)
e constituindo-se o principal motivo da consulta. Na mulher, a localização da adenopatia depende do local da lesão de inoculação;
•	 Fase de sequelas: o comprometimento ganglionar evolui com supuração e fistulização por
orifícios múltiplos, que correspondem a linfonodos individualizados, parcialmente, fundidos
numa grande massa. A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O
contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem
ocorrer sintomas gerais, como febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese
noturna e meningismo. Aqueles bubões que se tornarem flutuantes podem ser aspirados com
agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. A obstrução linfática crônica leva
à elefantíase genital, que na mulher é denominada estiomene. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais, vesicais e estenose retal.
Recomenda-se a pesquisa de C. trachomatis em praticantes de sexo anal que apresentem úlceras
anorretais. Mulheres com prática de coito anal ou HSH receptivos podem apresentar proctocolites
como manifestação inicial. O uso de preservativos ou outros métodos de barreira para sexo oral,
vaginal e anal previnem a infecção por C. trachomatis. Acessórios sexuais devem ser limpos antes da
utilização, sendo necessariamente de uso individual.
O diagnóstico de LGV deve ser considerado em todos os casos de adenite inguinal, elefantíase
genital, estenose uretral ou retal.
e) Donovanose. 
É uma IST crônica progressiva, causada pela bactéria K. granulomatis. Acomete preferencialmente pele e mucosas dasregiões genitais, perianais e inguinais. É pouco frequente, ocorrendo na maioria
das vezes em climas tropicais e subtropicais. A donovanose (granuloma inguinal) está frequentemente associada à transmissão sexual, embora os mecanismos de transmissão não sejam bem conhecidos, com transmissibilidade baixa.
O quadro clínico inicia-se com ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com
fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo e de sangramento fácil. A ulceração evolui lenta e progressivamente, podendo tornar-se vegetante ou úlcero-vegetante. As lesões costumam ser múltiplas, sendo frequente a configuração em “espelho”, em bordas cutâneas e/ou mucosas.
Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Não ocorre adenite, embora raramente
possam se formar pseudobubões (granulações subcutâneas) na região inguinal, quase sempre unilaterais. Na mulher, a forma elefantiásica é uma sequela tardia, sendo observada quando há predomínio
de fenômenos obstrutivos linfáticos. A localização extragenital é rara e, quase sempre, ocorre a partir
de lesões genitais ou perigenitais primárias.
O diagnóstico diferencial de donovanose inclui sífilis, cancroide, tuberculose cutânea, amebíase
cutânea, neoplasias ulceradas, leishmaniose tegumentar americana e outras doenças cutâneas ulcerativas e granulomatosas.
4. Cite o tratamento para as úlceras genitais, considerando os casos de recidiva.

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