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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA 1 Sumário INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 2 CAPÍTULO 1 – O ANALFABETISMO FUNCIONAL ........................................................... 3 CAPÍTULO 2 – A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM OS MOVIMENTOS DE ALFABETIZAÇÃO ..................................................................................................................... 7 CAPÍTULO 3 – O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO .......................................... 10 CAPÍTULO 4 – TEORIA E PRÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................................................................................................................. 13 CAPÍTULO 5 – A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DE PAULO FREIRE ............................ 17 CAPÍTULO 6 – O ESPAÇO ADEQUADO PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS ................................................................................................................................. 20 CAPÍTULO 7 – O TRATAMENTO AOS ALUNOS DA EJA ............................................. 23 CAPÍTULO 8 – PRÁTICAS EDUCATIVAS COM ALUNOS DA EJA ............................. 27 CAPÍTULO 9 – PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL ............... 31 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 36 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 37 2 INTRODUÇÃO O problema do analfabetismo é algo antigo no cenário educacional brasileiro. Antes do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) de 1990 e da LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) de 1996, as crianças e adolescentes em idade escolar não eram obrigadas a frequentar a escola. Sendo assim, muitos abandonavam os estudos, por conta da repetência, da desmotivação e para trabalhar e ajudar nas despesas da casa, por isso, o índice de adultos analfabetos era muito grande. Desde o século XX o governo tem implantado diversos programas de alfabetização de adultos, como o MOBRAL, tentando reduzir esses índices e promover as oportunidades de melhorar as condições de vida e de trabalho da população. No presente estudo, iremos descrever esses programas, principalmente o atual, a EJA – Educação de Jovens e Adultos. Nossos estudos se iniciam na questão analfabetismo, que graças às mudanças na educação no século XX, deixou de existir de fato para se transformar em um analfabetismo funcional. Em seguida iremos descrever os principais movimentos de alfabetização que ocorreram no país nas últimas décadas e como funciona o sistema nacional de educação. Poderemos entender como funciona a EJA: sua estrutura legal e metodológica, o ambiente físico em que se desenvolve e como a teoria de alfabetização de adultos de Paulo Freire se encaixa adequadamente nessa modalidade de ensino. Prosseguiremos as explicações destacando como ensinar jovens e adultos, como tratar esses alunos, que muitas vezes tem inúmeras dificuldades, seja de ordem cognitiva, social, emocional e psíquica. Abordaremos as melhores práticas pedagógicas para desenvolver com esses alunos e entenderemos como funciona o sistema nacional de ensino atualmente. Por fim, iremos apresentar os programas atuais do governo federal para combater o analfabetismo e discutiremos a efetividade desses programas. Nosso objetivo é nos aprofundarmos na questão da alfabetização de adultos e entender como essa modalidade de ensino tão importante socialmente se desenvolve atualmente. 3 CAPÍTULO 1 – O ANALFABETISMO FUNCIONAL Ser alfabetizado, até meados do século XX, era simplesmente saber decodificar letras e números. Bastava que o indivíduo conseguisse reconhecer letras, palavras e números, que conseguisse ler frases, orações e textos. Porém, embora muitos consigam essa leitura, não conseguem entender o que estão lendo, não conseguem interpretar um texto: são analfabetos funcionais. Essas pessoas não conseguem apreender o significado da leitura e não conseguem aplicar os conhecimentos matemáticos. Pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro mostrou que 50% dos entrevistados não entendem o que leem nos livros e por isso não compram os mesmos. Outra pesquisa, feita pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa, mostrou que poucos entrevistados têm domínio pleno da leitura (Fonte: https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analfabetismo-funcional.htm ). Isso significa que, embora há 30 anos o ensino seja obrigatório para crianças e adolescentes, a alfabetização tem sido falha. É preciso que a escola não se preocupe somente com alfabetização, mas também com letramento. • Alfabetização e Letramento Alfabetizar é ensinar o aluno a reconhecer os símbolos da escrita, ou seja, reconhecer letras e números. Como nossa escrita é fonética, nossos alunos precisam identificar grafemas (grafia do som, a letra, no caso) e fonema (som) e com eles formarem sílabas, palavras, frases, orações e textos. Esse processo é chamado decodificação da língua, porque permite ao aluno entender o código da escrita da língua que fala. O letramento acontece além da alfabetização, ele resulta da compreensão e do entendimento do que se lê, adquirindo através dessa leitura o conhecimento e a cultura. Ler e escrever não se resume a decodificar e copiar, é preciso que retire desse processo um conteúdo significativo. Vejamos na tabela abaixo as principais diferenças entre alfabetização e letramento: ALFABETIZAÇÃO LETRAMENTO Conceito Alfabetização é o processo de decodificação, de identificação da leitura e escrita. Letramento é a compreensão do conteúdo do que se lê e escreve. Uso Uso individual da língua. Uso social da língua. Indivíduo Alfabetizado é o que identifica o código escrito e reproduz o mesmo O letrado não só identifica o código, mas interpreta e compreende a mensagem passada https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analfabetismo-funcional.htm 4 através dele, conseguindo produzir conteúdo escrito e não só Reproduzir. Atividades envolvidas Codificar e decodificar a escrita e os números. Produzir textos dos mais diversos gêneros textuais e interpretá-los. Usar os conhecimentos matemáticos em seu cotidiano. Ensino O professor ensina a ler o alfabeto e as funções a partir dele: sílabas, palavras, frases, orações e textos. O professor ensina a compreensão, a interpretação, ajuda a entender a mensagem, discute, estimula a reflexão, o raciocínio lógico com os números, a aplicabilidade deles. A palavra funcional vem do uso que se faz da alfabetização. O sujeito que consegue letramento consegue aplicar e diversificar o conhecimento adquirido através da leitura. Ele consegue aplicar os conteúdos matemáticos em diversas situações teóricas e práticas. • Dados do Analfabetismo Funcional no Brasil Como já dissemos, há 30 anos as legislações específicas colocam a obrigatoriedade de toda a criança e adolescente em idade escolar frequentarem a escola de ensino regular. Mesmo os índices de analfabetismo caindo desde então, professores começaram a identificar entre seus alunos a falta de letramento. O Instituto Paulo Montenegro tem investigado as questões envolvidas nesse problema entrevistando pessoas em diversas regiões do país, na idade de até 64 anos. Essa pesquisa é realizada a cada dois anos. Segundo a mesma, “O Indicador de Alfabetismo Funcional revela que só um terço dos jovens brasileiros atingiu a alfabetização plena. ” Evolução do indicador População de 15 a 24 anos 5 Ilustrações: Mario Kanno Fonte: Instituto Paulo Montenegro/IBOPE Os entrevistados entre 15 e 24 anos fornecem dados importantes porque já são resultado desse novo modelo de ensino iniciado pela Lei de Diretrizese Bases da Educação de 1996. Porém, os dados mostram que o índice de analfabetismo funcional não diminuiu significativamente entre 2001 e 2009. Os avanços nos estudos feitos pelas gerações mais recentes não mostraram impacto nos índices. Por nível de escolaridade, o problema ainda é grande, vejamos: Indicador por escolaridade População de 15 a 24 anos Fonte: Instituto Paulo Montenegro/IBOPE Para se resolver esse problema a única saída ainda se encontra na escola. É através da melhora na qualidade do ensino, principalmente da alfabetização, que se irá formar uma geração mais letrada. Para que isso seja alcançado a escola não pode mais se ater apenas ao método tradicional de ensino. Ela precisa se atualizar, adotar novas tecnologias e pedagogias mais ativas, que dão maior significado e aplicabilidade aos conteúdos ensinados. 6 O aluno precisa, desde cedo, olhar para a leitura e a escrita como uma ferramenta poderosa de transformação social, ele precisa usar seu aprendizado para obter prazer, conhecimento e habilidades. A escola brasileira não pode ser engessada e padronizada porque nossa diversidade cultural é muito grande e essa diversidade deve estar presente no ensino, como está presente na escola. Vejamos os dados do analfabetismo funcional por região do país: Analfabetos funcionais por região População de 15 a 24 anos Fonte: Instituto Paulo Montenegro/IBOPE Esses dados devem ser usados pela escola, devem ser analisados e transformados em ações. Uma escola não pode ignorar a bagagem cultural, histórica e social que seu contexto lhe fornece, pois assim estaria ignorando seu próprio aluno. Para que esse aluno depreenda significado de sua aprendizagem ele precisa se identificar com a escola, e essa identificação é promovida por ela. Assim, o problema do analfabetismo funcional não se resume às questões didáticas e metodológicas, mas sim a um uso social da alfabetização. Mais à frente, iremos estudar um autor que conseguiu tomar essa ação com primazia, tendo muito sucesso em seus processos de alfabetização: Paulo Freire. Então, poderemos entender o que é dar aplicabilidade e significado à leitura e à escrita. 7 CAPÍTULO 2 – A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM OS MOVIMENTOS DE ALFABETIZAÇÃO Neste capítulo, iremos fazer um traçado histórico da experiência brasileira com a alfabetização de jovens e adultos, destacando os movimentos alfabetizadores mais importantes. Assim, iremos descrever o ensino de adultos desde a época da colonização até os mais recentes, como o MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização). Podemos dizer que foram os jesuítas, ainda no século XVI, que iniciaram o processo de alfabetização de adultos. Eles tinham como objetivo divulgar a fé católica entre os indígenas e convertê-los à mesma, mas para isso precisavam ensiná-los a ler, para que pudessem catequisar usando a bíblia. Então, eles formavam salas de aula improvisadas para alfabetizar crianças e adultos das aldeias mais amistosas. Em 1759, o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas da colônia, por não gostar da interferência de religião nos seus interesses comerciais, assim, o ensino fica atrofiado até período do Império, quando a criação de escolas de ensino regular se amplia. Em 1834, o Ato Adicional declara que a educação primária deveria ficar a cargo das províncias, tirando a responsabilidade do governo imperial. Nem mesmo a República (1889) trouxe avanços significativos em relação à alfabetização, qualquer que seja (CUNHA, 2020). Somente no século XX, temos a origem de movimentos de alfabetização promovidos pelo Governo Federal. De início, havia muita resistência em relação aos programas de alfabetização, porque não interessava à elite agrária que a classe proletária, formada em sua maioria por imigrantes e por negros agora libertos, obtivesse conhecimento. O ensino ficava assim, restrito aos que tinham poder e dinheiro (CUNHA, 2020). A partir da década de 1920, cresce o grupo de intelectuais, de educadores e de artistas no Brasil, e estes reivindicavam um ensino público para todas as pessoas. A questão do analfabetismo toma os discursos sociais e políticos da época e é tratado como vergonha pelo país. Surgem grupos de defensores dos direitos dos oprimidos e cresce a pressão sobre o governo. Assim, os profissionais da educação iniciam uma campanha contra o analfabetismo e pelo ensino de qualidade. Sob essa perspectiva, mesmo diante desse quadro que salienta um avanço na trajetória da educação brasileira, cumpre-nos assinalar que devido às escassas oportunidades de acesso à escolarização na infância ou na vida adulta, até 1950, mais da metade da população brasileira era analfabeta, o que a mantinha excluída da vida política, pois o voto lhe era vedado (CUNHA, 2020). 8 O ensino de jovens e adultos, porém, recebe maior foco após a década de 1940. Em 1947, o Governo Federal lança a Campanha de Educação de Adolescentes e Adultos – CEAA, e se estruturou, no Ministério da Educação, o Serviço de Educação de Adultos. Essas ações vinham para atender o apelo da UNESCO para que se tornasse a educação mais popular e acessível, erradicando o analfabetismo (CUNHA, 2020). Por essa época, o índice de analfabetismo entre adultos ultrapassava os 50% da população brasileira. Também foram criadas a Campanha Nacional de Educação Rural, em 1952, e a Campanha Nacional de Erradicação do Analfabetismo, em 1958. O aprendizado gerado por essas campanhas não foi significativo, o ensino era superficial e desorganizado. Os mais preocupados com o quadro de analfabetismo eram os educadores, que começaram a criar métodos mais efetivos de alfabetização. Dentre esses métodos, o mais famoso foi o de Paulo Freire, que obteve sucesso em suas experiências de alfabetização de adultos. Além de Paulo Freire, outros intelectuais, estudantes e católicos, engajados na luta contra o analfabetismo, criaram programas de alfabetização, tais como: o Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1961, (com ajuda do governo federal); o Movimento de Cultura Popular do Recife, em 1961; a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, da Secretaria Municipal de Educação de Natal; e os Centros Populares de Cultura, órgãos culturais da União Nacional dos Estudantes, a UNE (CUNHA, 2020). Crescia, portanto, a preocupação de uma parcela politizada da sociedade como a educação de base e a educação para todos. Em 1964, o país entra em uma ditadura política e militar, período marcado por perseguições, tortura, violência e repressão. Com tanta censura, os movimentos populares se enfraquecem. Em virtude dessas considerações, oportuno se torna dizer que a educação esteve submetida aos mecanismos de controle desse regime militar. Nessa linha de raciocínio, reconhecemos que a educação se torna instrumento de conscientização das massas e de sua exploração, sob a ótica de grupos contrários à ordem vigente. Convém notar igualmente, que, sob a ótica dos grupos dominantes, a educação passa a ser instrumento de reprodução da ideologia das classes dominadas, mas, com as ideias e os valores próprios da classe dominante (CUNHA, 2020). A educação se torna foco dos militares, que pretendiam através dela formar massa de apoio e fazer propaganda do regime. Ideias de uma educação popular, libertadora e que gerasse reflexão crítica eram duramente combatidas. Não interessava ao regime que houvesse oposição ideológica, por isso, qualquer tipo de educação que tornasse as pessoas conscientes e questionadoras era abatida. Cunha e Góes (2002, apud CUNHA, 2020) afirmam que havia uma forte repressão às chamadas ideias subversivas, como o ideal “comunista”. 9 Tal como ressalta o autor, reitores foram demitidos, sistemas educativos e programas educacionais não foram poupados. Professores e estudantes universitários foram expulsos das instituições onde lecionavame estudavam e interventores eram nomeados para as instituições de ensino, que passavam a conviver com decretos, como o decreto – lei 477, que considerava suspeitos de subversão, todos os candidatos ao magistério e todos os professores, até que provassem o contrário. O governo precisava combater o analfabetismo. Para se mostrar efetivo para os órgãos internacionais e para se autopromover, porém, não poderiam criar um programa realmente eficiente, pois geraria a conscientização intelectual popular que eles tanto temiam. Com essa postura, cria-se o ensino supletivo, em 1971, e no mesmo ano, criam o Movimento Brasileiro de Alfabetização, o MOBRAL. Esse movimento obviamente fracassou. Uma das causas desse fracasso foi o despreparo dos monitores que alfabetizavam. Esses monitores não tinham qualificação nem experiência na tarefa de alfabetizar, recebiam apenas um treinamento superficial. Seu trabalho era mecânico, guiado pelo material didático fornecido, sem aprofundamento. Apesar do entusiasmo político e ideológico da ala militar e de seus apoiadores, desde o início o MOBRAL foi introduzido sem respaldo científico ou teórico. Também não houve grande investimento na estrutura dos locais de ensino, muitas vezes precários e improvisados (SAUNER, 2002). Na década de 1980, o Brasil passa por um processo de redemocratização, após o fim da ditadura militar. Mudanças são feitas em todos os setores da sociedade, inclusive na educação. A nova Constituição Federal de 1988 afirma a igualdade de direitos e de acesso à educação básica. Paulo Freire se torna Secretário da Educação em São Paulo e cria um novo movimento de alfabetização de jovens e adultos, o MOVA, em 1989. Suas salas são instaladas em igrejas, creches, associações, geralmente nas periferias, onde havia poucas escolas. O MOVA conta com as parcerias de prefeituras e acabou se espalhando para outros estados da federação. De 2003 a 2016 já alfabetizou mais de 275 mil pessoas. O projeto conta com a parceria do Instituto Paulo Freire, da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Petrobrás (MOVA-Brasil, 2013). Em 1996, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, a educação de jovens e adultos é reconhecida como uma modalidade da Educação Básica e deve ser oferecida de forma gratuita a todos que não puderam frequentar a escola na idade própria. Então, essas são as experiências do povo brasileiro com a alfabetização de adultos até o surgimento da EJA de 1996, e é sobre essa modalidade que trataremos nos capítulos seguintes. 10 CAPÍTULO 3 – O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO No presente capítulo, iremos fazer uma descrição do sistema educacional brasileiro, que começou a se estruturar no início do século XX e ainda hoje passa por alterações e atualizações. Podemos dizer que foi durante o governo de Getúlio Vargas que o sistema brasileiro de ensino ganhou características que conserva até hoje, mesmo com as mudanças de paradigmas, de nomes e de legislações educacionais. • A Origem do Sistema Educacional Brasileiro A Constituição Federal de 1946 é a primeira a afirmar que a educação brasileira precisa ser melhor estruturada, para atender as necessidades do novo momento econômico que o país vivia. Esse momento era caracterizado por uma industrialização crescente, que atraía pessoas para as grandes cidades e precisava de mão-de-obra qualificada para exercer funções nessas indústrias. Após muitas discussões, em 1961 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 4.024), que estabelece normas para escolas privadas e públicas. A estrutura de ensino, porém, não teve grandes alterações, sendo dividida em (OEI-MEC, 2020): Ensino Primário: de 4 anos, com a possibilidade de extensão de mais 2 anos para ensino de Artes Aplicadas; Ensino Médio: dividido em 2 ciclos, o Ginasial, de 4 anos; e o Colegial, de 3 anos; cursos técnicos e de magistério estavam incluídos neste último; Ensino Superior: composto pelos cursos de graduação e pós- graduação. Em 1947, são instaladas salas de Ensino Supletivo e o país começa a avançar no combate ao analfabetismo. A taxa de analfabetismo, que em 1950 era de mais de 50%, caiu para 33% em 1970. As pessoas frequentavam o supletivo e, em seguida, procuravam classes de ensino técnico de nível médio, para se profissionalizar. Assim, uma parcela da população que até então se via excluída do acesso à educação, começou a estudar (OEI-MEC, 2020). Porém, o ensino brasileiro não deixou de ser seletivo e elitista, pois, dos alunos que ingressavam no ensino primário, na década de 1970, apenas 5,6% chegavam ao ensino superior. Em 1971, a Lei nº 5.692 (A nova LDB), fundiu o primário e o ginasial, transformando-os em Ensino de 1º Grau. O colegial passou a se chamar Ensino de 2º Grau e o ensino obrigatório passou a ser de 8 anos. O ensino superior seria então, o 3º Grau (OEI-MEC, 2020). 11 Esse sistema durou até a promulgação da Constituição Federal de 1988, que iniciou outro processo de atualização no sistema de ensino que culminou na Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, (Lei 9.394), que trouxe grandes mudanças nos paradigmas educacionais, no currículo, na formação de professores e na estrutura de ensino. • A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB) A nova LDB de 1996 e a Constituição Federal de 1988 ajudaram a formar o nosso sistema atual de ensino. Ambas afirmam que a educação é direito de todos e que é dever do Estado oferecer Educação Básica gratuita para todas as pessoas. Para sistematizar o ensino, temos uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que traz orientações para ensino e aprendizagem durante todas as etapas da educação. O município, estados e federação devem organizar e manter os sistemas de ensino, os órgãos responsáveis pelo funcionamento desses sistemas são: Ministério da Educação (MEC); Conselho Nacional de Educação (CNE); Secretarias Estaduais de Educação (SEE); Conselhos Estaduais de Educação (CEE); Delegacias Regionais de Ensino (DRE); Secretarias Municipais de Educação (SME); Conselhos Municipais de Educação (CME). A LDB de 1996 dividiu o ensino brasileiro em dois Níveis: Educação Básica (composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental 1 e 2, e Ensino Médio) e Ensino Superior. A Educação Básica é obrigatória para crianças entre 4 e 17 anos e deve ser oferecida pelo Estado de forma gratuita, divide-se nas seguintes Etapas: Educação Infantil: creches e pré-escolas, para crianças de 0 a 5 anos, sendo que é obrigatória a partir dos 4 anos; Ensino Fundamental: dividido em I e II, sendo que o I tem 5 anos (a seriação, porém, não é obrigatória) e o II tem 4, ou seja, dura 9 anos; Ensino Médio: duração de 3 anos, para alunos entre 15 e 17 anos; Ensino Médio de Nível Técnico: profissionalizante, pode ser oferecido concomitantemente ao Ensino Médio regular. 12 Além dessas etapas, a Educação Básica se divide nas seguintes Modalidades: Ensino regular: descrito acima, para idades entre 4 e 17 anos e composto por 14 séries; Educação de Jovens e Adultos (EJA): para alunos que não frequentaram a escola em idade própria e que descreveremos em nosso presente estudo; Educação Especial: oferecida em salas de recursos especiais, para crianças com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), contando com professor especialista, esse ensino é nomeado de AEE (Atendimento Educacional Especializado); Educação em Espaços Não-Escolares: oferecida no campo, em quilombos, em comunidades indígenas ou ribeirinhas, no sistema carcerário, em hospitais, em asilos, em clinicas de saúde mental, etc. Passado esse primeiro nível de ensino, temos o Ensino Superior, que é composto em: Graduação e Pós-Graduação. A pós-graduação se dá em dois tipos: Especialização (lato sensu), Mestrado e Doutorado (strictu sensu). O Ensino Superior não éobrigatório, mas o Estado, pela Constituição Federal, precisa oferecer esse nível de forma pública e gratuita. Esse é, portanto, o sistema educacional brasileiro atual, que conta com a frequência obrigatória de todas as crianças entre 4 e 17 anos à Educação Básica, independentemente de sua classe social, suas origens étnicas e culturais, e de possuir deficiências ou dificuldades de aprendizagem. 13 CAPÍTULO 4 – TEORIA E PRÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A alfabetização é uma tarefa delicada e que envolve muito mais que métodos e técnicas. O educador precisa considerar o aspecto cognitivo, social, emocional e até mesmo físico do aluno ao desenvolver a alfabetização. O fracasso nessa tarefa, portanto, está relacionado a fatores, que vão além da prática educativa. O analfabetismo no Brasil ainda é um problema, em 2014 cerca de 13 milhões de pessoas ainda não eram alfabetizadas e por isso, esse assunto ainda é motivo de preocupação para educadores e governo. Sendo assim, quando se trata de adultos, quais teorias e práticas são mais adequadas para alfabetizar? É o que estudaremos nesse capítulo. Quando se trata da educação de adultos, é preciso, em primeiro lugar, que se considere a bagagem que esse aluno traz para sala de aula, isso inclui suas vivências, seu trabalho, sua família, sua condição psíquica e emocional, mas principalmente, suas experiências educacionais. Porque mesmo sem ter recebido qualquer educação formal, todo aluno traz experiências com números, letras, ciências, histórias, que acumularam conhecimento, mesmo que rudimentar. Na vida adulta, a pessoa costuma procurar a educação voluntariamente, já previamente motivada a aprender, e com planos e objetivos a realizar com seus estudos. Por isso, existe uma diferença significativa entre alfabetizar na Pedagogia e alfabetizar na Andragogia. Mas o que é andragogia? Andragogia é uma área de estudos que investiga como os adultos aprendem, analisando as características desse aprendizado, os processos envolvidos, as práticas didáticas usadas, os métodos de ensino mais eficazes, entre outros detalhes. Dentre os motivos que fazem uma pessoa adulta procurar cursos e capacitações, os mais comuns são (MARQUES, 2007): • Qualificação: quando buscam uma faculdade, uma pós-graduação, para dar um passo a mais nos estudos; • Emprego: quando o trabalhador quer se atualizar, se capacitar, seja por motivação própria ou exigências do cargo (ainda assim, é voluntário); • Realização Pessoal: quando a pessoa quer atingir um objetivo pessoal, de aprender por aprender, pelo gosto pelo saber; • Extensão: para ampliar conhecimentos; • Mudança de Vida: muitos procuram uma segunda graduação, ou fazer cursos em áreas diferentes da que atuam para mudar de carreira, de profissão, por estarem insatisfeitos. 14 Pensando que esse aprendizado tem motivações diferentes das que as crianças têm, é importante que o método de alfabetização use essas motivações dos alunos para procurar a EJA em suas aulas, contextualizando os conteúdos e dando aplicabilidade às práticas pedagógicas. Isso vai ajudar os alunos a se manterem firmes em seu aprendizado, sem abandonar os estudos. Outra característica importante do ensino de adultos é que estes têm mais autonomia didática, mais independência, ou seja, o professor pode usar as habilidades dos alunos para deixá-los mais livres em suas tarefas e atividades na sala de aula, sem ter que monitorar a disciplina o tempo todo (MARQUES, 2007). Uma diferença interessante entre Pedagogia e Andragogia é que esta última não necessita de um ambiente tão adaptado quanto o usado no ensino de crianças. Uma sala com o mínimo de conforto e salubridade, e os recursos de tecnologia adequados pode ser usada na alfabetização. Por esse motivo, as salas da EJA podem funcionar em locais fora da escola, o que é um ponto positivo. Isso não significa que não se deva estar atento ao conforto, à estrutura didática e tecnológica, mas sim que facilita as condições de acesso dos alunos ao local (MARQUES, 2007). A aula com adultos flui de uma maneira bem mais dinâmica. O professor e o aluno têm uma comunicação melhor articulada, a troca de ideias e sugestões favorece a progressão didática, e o diálogo aumenta a motivação tanto de professores como de alunos. O acesso às tecnologias é mais amplo entre os adultos, eles têm permissão para usar livremente o celular, o que facilita a comunicação com o professor e os colegas. Aprender a usar as tecnologias, aliás, é uma das grandes motivações para os adultos procurarem se alfabetizar e isso precisa ser um grande estímulo ao aprendizado. A troca de experiências entre os alunos também é diferente da que ocorre entre as crianças, as parcerias para estudos e trabalhos, embora também motivadas pela afinidade, costumam ter objetivos mais práticos, pedagógicos. Isso diminui os conflitos nas atividades coletivas e melhora o desenvolvimento dos trabalhos. Como a experiência de vida do aluno da EJA é bem maior do que as das crianças em idade de alfabetização, o professor pode usar essa vivência no desenvolvimento das práticas pedagógicas em sala de aula, por exemplo: Fazer uma avaliação diagnóstica dos alunos logo no início das aulas, perguntando, em uma roda de conversa, sobre suas atividades diárias, seu trabalho e sua família. O professor deve anotar essas informações e usá-las para desenvolver tarefas contextualizadas; Estar sempre perguntando sobre as atividades de lazer e entretenimento dos alunos, tais como músicas e artistas preferidos, passeios, vídeos, filmes, séries. Estas informações servem para planejar atividades lúdicas para os alunos; 15 Conversar sempre com os alunos sobre suas dificuldades e elaborar tarefas de reforço para eles; Ficar atento a essas dificuldades, já que os distúrbios de aprendizagem adentram a vida adulta e podem prejudicar o aprendizado. A qualquer sinal de distúrbio é preciso conversar com o aluno sobre a procura de um psicopedagogo. A falta de informações teóricas sobre alfabetização de adultos faz com que muitos professores usem as teorias elaboradas para as crianças, porém, é muito importante que o método de alfabetização para EJA se atente aos aspectos da andragogia. Vejamos algumas propostas didáticas que podem ser adotadas durante a alfabetização de adultos: Exploração dos Gêneros Textuais: como o adulto já tem experiência de vida suficiente, diversos gêneros textuais podem ser apresentados sem medo, para que esse aluno se identifique com seus preferidos e use-os em seu processo de aprendizado; Transformar o Oral em Escrito: várias conversas com os alunos, sobre suas atividades diárias, seu trabalho e suas preferências pessoais se iniciam de modo oral e aos poucos podem ir passando para a escrita, com a ajuda do professor. Por exemplo: lista de séries, de compras de supermercado, de desejos; nomes dos filhos, dos amigos e dos familiares; letras de músicas, etc.; Material de Inclusão: a EJA também é uma forma de inclusão social, por isso, vários recursos de tecnologia assistiva podem ser usados na alfabetização de adultos. O site Diversa, de educação inclusiva, trouxe um exemplo importante de material didático desenvolvido por educadores especialmente para a EJA. Esse grupo pertence ao CIEJA Lélia Gonzalez e participou de uma formação continuada sobre educação inclusiva, desenvolvendo nessa formação um material pedagógico acessível para alfabetização da EJA: a Caixa Silábica. O material foi desenvolvido para os módulos I e II, correspondentes aos 4 primeiros anos do Ensino Fundamental. O desafio era desenvolver um material sem características infantis. “Ele é constituído de uma caixa sonora com 14 sílabas móveis em alto relevo, com legenda em braile, e 14 botões, que, ao serem acionados, emitem o som correspondente da sílaba. ” O objetivo era quefosse um material totalmente acessível aos educandos, com ou sem deficiência. Fonte: https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/caixa-silabica-alfabetizacao- eja-participacao/ . Esses materiais, desenvolvidos especificamente por educadores da EJA são de imensa importância e utilidade, já que são esses professores que conhecem a https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/caixa-silabica-alfabetizacao-eja-participacao/ https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/caixa-silabica-alfabetizacao-eja-participacao/ 16 dinâmica dessa modalidade, suas características e como seus alunos se relacionam com aprendizado, por isso, o compartilhamento de experiências entre os profissionais da educação deve ser estimulado e ampliado. Embora tenham suas diferenças, ensinar adultos ou ensinar crianças, ou adolescentes, enfim independentemente do público, a educação tem alguns princípios comuns para todos: a motivação para ensinar, a motivação para aprender e o comprometimento de todos os envolvidos no processo. De todos os métodos de alfabetização, o que mais se usa no Brasil para trabalhar com jovens e adultos é o Método Paulo Freire, que veremos a seguir. 17 CAPÍTULO 5 – A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DE PAULO FREIRE Quando falamos em alfabetização de adultos no Brasil, o nome de Paulo Freire é o principal citado. Ele elaborou um método no qual as experiências de vida dos alunos servem de base para palavras geradoras de outras palavras e assim, construir o conhecimento textual. Neste capítulo, iremos descrever esse método e sua origem, salientando a importância dessa teoria que até hoje auxilia tantas pessoas no processo de alfabetização. O método de Paulo Freire foi aplicado pela primeira vez em Angicos, no sertão do Rio Grande do Norte, em 1963. Antes de iniciar a alfabetização, Freire passou um período nessa região, conhecendo seus alunos, que eram 300 cortadores de cana-de-açúcar. Aplicado o método, ele alfabetizou esses trabalhadores em 40 horas de aula, durante 45 dias, sem cartilha. O feito chamou a atenção do então presidente João Goulart, que em 1964 o convidou para elaborar um plano de alfabetização para o Brasil. Infelizmente, esse plano nunca foi posto em prática, já que no mesmo ano ocorreu o Golpe Militar e o plano foi abortado pelo novo governo. Paulo Freire foi preso e exilado (BECK, 2016). Paulo Freire defendia um método de alfabetização que fosse além da decodificação da escrita. Para ele, a linguagem escrita seria um instrumento de comunicação poderoso, pelo qual o indivíduo acessa ao conhecimento acumulado pela humanidade e através dele consegue a oportunidade de interação e de integração social. Ou seja, Paulo Freire não queria somente promover a alfabetização, mas o letramento (BECK, 2016). Assim, ele desenvolveu um método que usaria como base temática as experiências de vida dos alunos e seu contexto social. Ao invés de usar cartilhas, que além de serem um material para o público infantil não era contextualizado, ele preferia usar palavras que estavam presentes no cotidiano dos alfabetizados. Por exemplo, a palavra CASA poderia ser usada como uma palavra geradora, que assim que aprendida, daria origem a outras a partir dela, sempre relacionadas ao dia-a-dia do aluno. Vejamos abaixo: CASA CA CO CU SA SE SI SO SU CA be lo SA pa to COi sa SEr tão CU ri o so SI lên cio SO la SU or Freire criticava o método tradicional e conservador de ensino, o qual chamava Método Bancário, porque se acreditava que o ensino era uma simples transferência de saberes de uma pessoa para outra. A educação para ele não era algo automatizado e frio, era algo social, com caráter libertador. O ser 18 humano que tem acesso ao conhecimento se liberta da ignorância e do cabresto que o impede de refletir com autonomia e desenvolver seu potencial. O método de Paulo Freire é dividido em três etapas: investigação, tematização e problematização. Vejamos melhor essas etapas (BECK, 2016): Investigação: é uma fase de exploração do universo do aluno, sua história, sua cultura, seus grupos sociais e suas tarefas diárias, de forma a acumular informações úteis para a formação do vocabulário e as palavras geradoras; Tematização: com as palavras geradoras escolhidas, os educadores devem fazer uma contextualização dessas palavras, ou seja, ao apresentar uma palavra nova, inseri-la em uma situação cotidiana e que faça parte do ambiente do aluno. Por exemplo, ao apresentar a palavra panela, o professor mostra uma mulher cozinhando algum alimento; Problematização: o professor propõe reflexões sobre esse contexto, usando o vocabulário aprendido, de modo a levantar explorações de problemas e soluções possíveis, fazendo assim da educação, algo transformador. A investigação é uma etapa muito importante do método de Paulo Freire. O professor precisa conhecer o universo do aluno que está alfabetizando, precisa conhecer seu trabalho, sua comunidade, sua cultura e os problemas sociais pelos quais esse aluno passa. O número de palavras geradoras varia entre 15 a 30 palavras. A partir dela, o professor pode usar tecnologia digital, criando imagens, ou confeccionar cartolinas. Como mostramos na tabela da página anterior, as palavras geradoras se desdobram em sílabas, por exemplo: TIJOLO – TA TE TI TO TU/JA JE JI JO JU/LA LE LI LO LU. A partir dessas sílabas, se formam novas palavras: TA pe te; TE la; TI jo lo, e assim por diante. Essas palavras novas também devem fazer parte do cotidiano e do contexto social do aluno, para poder gerar as problematizações. Em seu livro “Educação como Prática da Liberdade”, Paulo Freire estabeleceu cinco fases para a aplicação do seu método (FREIRE, 2019): 1ª Fase: levantamento das palavras geradoras, que devem fazer parte do contexto social do aluno, para isso, o professor precisa conhecer o ambiente em que seus alunos vivem e como eles vivem. Deve haver respeito à linguagem coloquial que os alunos usam e às variantes locais; 2ª Fase: escolha das palavras colocando-as em uma sequência gradativa, aumentando as dificuldades gramaticais e fonéticas; 19 3ª Fase: contextualização das palavras, criando associações delas com situações cotidianas, estimulando reflexões sobre questões sociais locais; 4ª Fase: criação das fichas-roteiro nas quais são colocados temas relacionados às palavras geradoras e possíveis problematizações sobre elas, criando assim um roteiro; 5ª Fase: criação das fichas das palavras com a decomposição silábica. Como podemos notar, o método de alfabetização de Paulo Freire não é somente uma forma de identificar palavras, mas de transformar a realidade dos alunos. Atualmente, esse método ainda é muito usado na EJA. O perfil do aluno da EJA é geralmente de uma pessoa que não teve acesso ao estudo, geralmente por questões sociais, relacionadas às necessidades de trabalho em detrimento da vida escolar. Muitos também foram excluídos do sistema educacional, não só por dificuldades econômicas, mas por dificuldades emocionais, de aprendizagem e até por serem deficientes. A teoria de Paulo Freire se torna importante então, não somente para incluir novamente esses alunos na educação e proporcionar acesso ao conhecimento acadêmico, mas de abrir a porta para novas oportunidades, dando mais dignidade a muitos alunos. Para Moacir Gadotti, importante educador brasileiro (apud Beck, 2016): “No pensamento de Paulo Freire, tanto os alunos quanto os professores são transformados em pesquisadores críticos. Os alunos não são uma lata vazia para ser enchida pelo professor”. Paulo Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como a de Harvard, de Cambridge e de Oxford. Recebeu o Prêmio de Educação para a Paz da UNESCO, em 1986; está incluído no International Adult and Continuing Education Hall of Fame e no Reading Hall ofFame. Muitas fontes afirmam que é o 3º autor mais citado nos artigos acadêmicos em todo o mundo, com sua obra Pedagogia do Oprimido. Freire faleceu em maio de 1997, e em 2012 foi declarado o Patrono da educação brasileira (BECK, 2016). 20 CAPÍTULO 6 – O ESPAÇO ADEQUADO PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A educação brasileira, desde a Constituição de 1988 e a LDB de 1996, é uma educação voltada para todas as pessoas, estejam ou não em idade escolar. Sendo assim, o investimento na qualidade de ensino, principalmente da Educação Básica, inclui todas as etapas e modalidades da mesma. Sendo assim, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) devem receber a mesma atenção e investimento que a modalidade de ensino regular. Pensar em qualidade no ensino de jovens e adultos vai além de oferecer vagas para todos, o que já é uma urgência, implica também respeitar as especificidades da modalidade, fazendo com que o aluno se sinta integrado, adequado e continue seus estudos até a conclusão da Educação Básica, no mínimo. Para isso, é preciso que se garanta ao aluno boas condições de estrutura, de material didático e de ensino. O ensino, aliás, não deve se ater somente ao campo pedagógico, mas se estender para a parte social, humana e cultural (BARCELOS, 2014). A necessidade de melhoria na qualidade de ensino no Brasil envolve todas as modalidades da educação básica, ou seja, não é só a EJA que precisa de ampliação de vagas, de melhor estrutura física e pedagógica, mas todo o nosso sistema de ensino. A escola precisa se atualizar, gerar interesse, integração social, promover a inserção do seu aluno, não só no mundo acadêmico ou no mercado de trabalho, mas em todos os setores da sociedade, como lazer e cultura (BARCELOS, 2014). Paulo Freire afirmou que ensinar adultos não é só alfabetizar, é promover o letramento, a inserção social e oferecer ferramentas de libertação e transformação social. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos (Parecer CNE/CEB 11/2000 e Resolução CNE/CEB 1/2000) a EJA precisa cumprir três funções, que como vemos a seguir, estão diretamente relacionadas ao aspecto da integração social: • Função Reparadora: a escola vai oferecer a esses alunos as mesmas oportunidades de estudos e o mesmo acesso ao conhecimento que oferece no ensino regular, preenchendo lacunas de aprendizado; • Função Equalizadora: permitir a reentrada no sistema educacional de quem teve que abandonar os estudos para trabalhar, ou por questões familiares e de renda, dando novo significado ao conceito de formação, de qualificação e de carreira; • Função Qualificadora: desenvolver o potencial dos alunos, as qualidades, habilidades, qualificando-o para prosseguir nos estudos. 21 O currículo se fundamenta na Base Nacional Comum Curricular e o certificado habilita o aluno de EJA a prosseguir normalmente nos estudos. Ao oferecer essa modalidade de ensino, portanto, a escola precisa oferecer aos alunos os mesmos recursos que oferece no ensino regular. Para isso, a LDB (1996), no título V, capítulo II, orienta que essa modalidade seja oferecida de forma gratuita e adaptada às necessidades dos alunos do sistema educacional. Além da LDB, nossa lei máxima, a Constituição Federal de 1988 assegura a educação de jovens e adultos como um direito de todos. Também garante o atendimento quanto ao material didático, transporte escolar, alimentação e assistência à saúde ao público dessa modalidade. Para se pensar em um ambiente adequado para esse público, a oferta de vagas deve ser a mais ampla possível, abrangendo locais nos quais o acesso ao ensino regular é mais difícil e o número de analfabetos seja maior. A EJA precisa estar perto do seu aluno, que possivelmente trabalha durante o dia e à noite quer ter acesso fácil à escola. Isso também inclui outro tipo de acessibilidade, a legal. Muitos alunos da EJA podem ter dificuldades de locomoção, seja por deficiência, seja pela idade, então, além de oferecer vagas perto das moradias dos alunos, o governo precisa promover acessibilidade e adaptação física da escola aos alunos com problemas de locomoção. A estrutura física das salas de aula de EJA, além dessa acessibilidade, deve proporcionar conforto e salubridade. Os alunos precisam ter acesso aos mesmos recursos que os do ensino regular, tais como: cantina, laboratórios, biblioteca, quadras, pátio, mesmos banheiros e vestiários, etc. Como na maioria das vezes a EJA acontece no período noturno, muitas escolas não possuem funcionários suficientes para oferecer esses ambientes, o que demonstra uma negligência da educação pública em relação a esses alunos. Os professores da EJA precisam ser qualificados e experientes, demonstrando conhecimento sobre andragogia e alfabetização de adultos, trabalhando de forma motivadora, compreendendo a realidade do aluno e ajudando-os a transformar essa realidade através do estudo. Outra questão importante é em relação às tecnologias. A sala de aula de EJA precisa receber os mesmos recursos tecnológicos que as do ensino regular. O aluno precisa ter acesso ao computador com internet, à tecnologia assistiva, se tiver necessidade e também aos recursos audiovisuais. O mesmo vale para o material didático que deve estar de acordo com a legislação. O funcionamento da EJA é através de módulos de seis meses cada (cada um equivale a uma série). Para o Ensino Fundamental as disciplinas, segundo a BNCC, são: Geografia, História, Matemática, Ciências, Educação Física, Artes, Inglês e Língua Portuguesa. No Ensino Médio as disciplinas são: Filosofia, Sociologia, História, Física, Química, Matemática, Ciências, Educação Física, Artes, Inglês e Língua Portuguesa. As aulas precisam ser contextualizadas e o professor precisa ficar atento às dificuldades que os alunos possam vir a ter. Se um aluno da EJA tiver 22 necessidades educativas especiais (NEE), ele tem direito ao acesso ao atendimento educacional especializado (AEE), ministrado por um professor especialista em Educação Especial. Um dos aspectos mais importantes ao ensinar para um público como o da EJA é ficar atento à sua realidade. O professor e o material didático, assim como a sala de aula, devem estar preparados para o ensino de adultos e não serem uma adaptação malfeita do ensino regular. Isso reflete principalmente na alfabetização que deve ser voltada especificamente para essa faixa etária e não somente adaptar material e métodos da alfabetização de crianças. Sendo assim, ao se preparar um ambiente para receber e ensinar jovens e adultos, uma escola deve pensar primeiramente na situação social e cultural deles, nas suas necessidades, físicas e psicossociais, nos seus aspectos cognitivos, e principalmente em suas necessidades educativas próprias. O ambiente deve ser todo moldado a esse público e os recursos disponíveis devem ser os mesmos oferecidos ao ensino regular. Em sua pesquisa realizada junto a professores alfabetizadores de crianças e jovens e adultos, em escolas da comunidade de Curitiba, Branco (2007) constatou que: Continuam em suas práticas, despejando conteúdos descontextualizados e cobrando dos alunos a pura e simples devolução. Prova disso é a quantidade de cópias de textos que os alunos têm que dar conta durante o ano letivo. É impossível que os professores consigam trabalhar exaustivamente com tantos textos ao mesmo tempo. Isso mostra que não estamos formando profissionais suficientemente preparados para lidar com o público da EJA e que isso, somado à falta de investimento e de prioridade do governo em relação a essa modalidade, tem contribuído para o aumento de pessoas que são alfabetizadas, mas não letradas. Isso não atende o que as teorias de aprendizagem e de alfabetização para adultos tanto orientam, pois desconsideram totalmente a realidade e as necessidades dos alunos jovens e adultos. É preciso um olhar mais cuidadosopara esses alunos e seu contexto. 23 CAPÍTULO 7 – O TRATAMENTO AOS ALUNOS DA EJA Um dos aspectos mais importantes no ensino de adultos é o relacionamento do professor e da gestão como os mesmos. Os alunos da EJA precisam de uma didática que vai além da parte pedagógica, eles precisam de incentivo emocional, psicológico, cognitivo e social. As próprias relações entre eles devem ser estimuladas e mantidas pelo professor em suas aulas, pois quando interagem uns com os outros e se sentem acolhidos, como parte de um grupo social, esses alunos têm mais motivação para prosseguir nos estudos. Antes de qualquer planejamento, o professor precisa conhecer o aluno de EJA. Esse aluno está nessa modalidade de ensino por não ter tido oportunidade de estudar na idade própria da educação básica. As razões para essa falta de oportunidade podem ser as mais diversas, desde familiares até a falta de vagas perto de casa. Geralmente, existem diversas gerações dentro de uma sala da EJA. De acordo com Somera (2013, p. 6), “estudos globais demonstram que as gerações apresentam um conjunto de atitudes e crenças que as caracterizam”. Essas gerações podem ser classificadas em (SOMERA, 2013, p. 6): Veteranos: nascidos antes de 1943; Baby Boomers: nascidos entre 1943 e 1960; Geração X: nascidos entre 1960 e 1980; Geração Y: nascidos entre 1980 e 2000; Geração Z: nascidos entre 2000 e 2010; Geração Alpha: nascidos a partir de 2010 (em estudos). Essas gerações de têm motivações, objetivos e características diferentes em relação aos estudos, portanto, o desafio do professor de EJA é muito grande na hora de elaborar as práticas pedagógicas e as atividades em sala de aula. Para que essa tarefa seja mais fácil, é importante conhecer cada uma das gerações que frequentam a EJA, vejamos (SOMERA, 2013, p. 7 e 8): • VETERANOS/ TRADICIONAIS: Pessoas extremamente dedicadas; Entendem e se conformam com “sacrifícios”; Se esforçam e admitem recompensas tardias; Aceitam a liderança; respeitam a hierarquia; São formais e exibem sinais de autoridade; 24 São burocratas (excesso de formalismo; de papelório, padronização de desempenho nas rotinas e procedimentos; eficiência na organização; internalização de regras); O dever vem antes do prazer. • BABY BOOMERS: São pessoas independentes; organizadas; transformadores; Priorizam o trabalho; Têm dúvidas (céticos) em relação à autoridade: liderança aceita quando por consenso do grupo; Acreditam num mundo competitivo e compenetrado. • GERAÇÃO X: Buscam equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; São pessoas autocentradas, empreendedoras e extremamente independentes; São altamente lógicas e ágeis; Julgam a liderança por competência e não por aparência; Meta de carreira dirigida a novos desafios; Gostam de trabalhar num ambiente de equipe; É a primeira geração que verdadeiramente domina os computadores (Era da Informação). • GERAÇÃO Y: Pessoas tecnologicamente superiores, muito sofisticados. Receberam maior desenvolvimento cerebral (excesso de informações, internet, videogames); Tendem a ter entendimento global (fruto da globalização/ multicultural/ diversidade); Necessitam de reconhecimento positivo periódico; Desejam crescimento rápido na carreira; são imediatistas; Buscam e testam limites; Precisam de desafios. O maior desafio: ter sucesso profissional em um mundo altamente competitivo. (Sucesso é conseguir ganhar dinheiro em uma profissão que os façam felizes); Multitarefeiros; Informais, críticos, autônomos e individualistas; Não abrem mão de gerenciar simultaneamente sua vida pessoal e profissional (com qualidade) e são fiéis aos seus projetos; Sabem trabalhar em equipe e precisam se sentir "fazendo parte" do time; Buscam relacionamentos (redes sociais); Precisam ser tratados como pessoas únicas, especiais; Intensidade (tudo ao mesmo tempo, agora); Estão sempre em trânsito (sua sede é móvel), por isso precisam estar em contato com a internet o tempo todo. A grande plataforma é o celular. 25 GERAÇÃO Z (Somam-se as características do Y à Z): Formada por crianças que estão constantemente “conectadas” por meio de dispositivos portáteis; Tem mania de zapear tendo várias opções, entre canais de televisão, internet, vídeo game, telefone e MP3 players; Conhecidas por serem “nativas digitais”, estando muito familiarizadas com as novas tecnologias, não apenas acessando a internet de suas casas, e sim pelo celular. O mundo para eles é tecnológico e virtual; É uma geração preocupada com o meio ambiente. Conhecendo essas características, o professor pode elaborar atividades mais específicas para cada geração, usando materiais e métodos adequados e diversificando os fatores motivacionais. Também é importante na resolução de possíveis conflitos que possam surgir em sala de aula. Além das características geracionais, o aluno da EJA possui outras que são comuns a quase todos os alunos, por exemplo: É um aluno que trabalha, geralmente durante o dia; Tem objetivos definidos em relação aos estudos; Valoriza o aprendizado; Pode ter dificuldades na aprendizagem, mas também apresenta muitas habilidades que devem ser exploradas e desenvolvidas; Tem responsabilidade e determinação; Apresentam vocabulário simples e conhecimentos baseados no senso comum. Devemos entender que existem dois grupos de alunos na EJA, que independem de geração ou idade. Um é o grupo de alunos que voltam para EJA com o objetivo de recuperar o tempo perdido, aprender e progredir, seja na vida pessoal, profissional ou acadêmica. O outro é um grupo de alunos que não se adaptou à rotina escolar, tem como características a indisciplina, a repetência, podem ter distúrbios de aprendizagem, problemas em casa e até mesmo com a lei. O tratamento que o professor deve oferecer a cada um desses grupos deve ser bem programado. O primeiro grupo pode apresentar muitas dificuldades cognitivas e de aprendizado, mas tem perseverança e motivação, então só precisa de incentivo e reforço acadêmico para que continuem aplicados e estudando. Já o segundo grupo precisa de disciplina, de organização e de rotina, mas o professor precisa motivá-los e captar seu interesse pelos estudos. É preciso que esses alunos comecem a valorizar o aprendizado, então manter o diálogo e estar sempre aberto aos problemas dos alunos irá ajudar bastante. O professor precisa ter uma postura calma e acolhedora com ambos os grupos, eles precisam enxergar uma referência no professor, um elemento norteador. Muitos desses alunos não têm outras pessoas para trocar ideias sobre as aulas, sobre suas dúvidas e sobre seus interesses, então é importante que o professor 26 incentive a formação de grupos de estudos na sala, para que esses alunos interajam e se sintam integrados na sala de aula. Uma forma bastante efetiva de motivar os alunos e promover a integração nas aulas é usar atividades lúdicas. Sabemos que o tempo com os alunos é curto e o planejamento é corrido, mas é preciso contextualizar as atividades e torná-las as mais prazerosas possível para esses alunos, que muitas vezes estarão cansados, sonolentos e pouco motivados. As atividades lúdicas, além de despertar o interesse, devem exercitar a criatividade, a troca de ideias e de experiências, o diálogo. O professor pode promover a reflexão, o raciocínio lógico e o desenvolvimento da linguagem usando jogos e dinâmicas de grupo. O mais importante em uma aula de EJA é trazer o aluno para o momento, fazê-lo esquecer o cansaço, os problemas, as preocupações e as dificuldades, mostrando a ele um espaço acolhedor, onde o aprendizado de cada dia é valioso e significativo.27 CAPÍTULO 8 – PRÁTICAS EDUCATIVAS COM ALUNOS DA EJA O professor de EJA precisa elaborar um planejamento cuidadoso de suas práticas pedagógicas durante o semestre letivo da EJA. Lembremos que cada semestre corresponde a uma série, portanto, o tempo é curto, e para dar conta de ensinar a parte teórica e também adotar atividades práticas, esse planejamento precisa ser rigoroso e detalhado. Se a parte teórica é engessada pelo livro didático, a parte prática oferece ao professor a oportunidade de atender às necessidades e aos objetivos de seus alunos, adaptando as atividades ao contexto social e ao nível cognitivo da turma. O professor precisa conhecer as motivações que levaram esses alunos a procurarem os estudos novamente, quais seus objetivos para o futuro e o que desejam fazer com o conhecimento adquirido. As práticas educativas na EJA devem, portanto, levar em consideração as vivências e as expectativas na vida de seus alunos. O ensino irá construir não somente um conhecimento acadêmico, mas um novo modo de enxergar a realidade, com pensamento crítico e reflexivo, e através desse pensamento, intervir nessa mesma realidade, transformando-a em algo melhor. Tendo em vista essa forma de ensinar, o professor não pode deixar faltar em suas práticas pedagógicas: Uso de vários tipos de texto: o aluno precisa conhecer o poema, a prosa, o texto jornalístico, as diversas formas de narrativa, etc. Ele não precisa estar alfabetizado para ter contato com a leitura, o professor deve introduzir os textos antes da alfabetização, para ajudar no letramento; Usar ferramentas tecnológicas: a EJA precisa promover a inclusão digital de seus alunos, portanto, o professor precisa promover o acesso desses alunos aos recursos que estiverem disponíveis na escola; Atividades lúdicas: a arte, a literatura, a música, a dança, esportes e jogos, todos esses podem ser apresentados aos alunos com fins educativos, mas de uma forma prazerosa, fazendo com que o aluno enxergue o aprendizado como algo que lhe causa bem-estar, e não receios, medos e traumas; Dinâmicas de grupo: essas práticas servem para relaxar o aluno, promovem integração entre os colegas, e também podem ser fontes de informações para o professor, se este souber usá-las; Materiais diversos: se o professor for alfabetizar, precisa adotar outros materiais além de livro didático ou cartilha, usando alfabetos personalizados, jogos interativos, produção textual significativa, entre outras didáticas ativas. 28 As práticas educativas da EJA precisam abordar, além de aspectos intelectuais e cognitivos, alguns aspectos comportamentais, como por exemplo, promover a autonomia dos alunos. O professor deve dar espaço, nas práticas, para o aluno refletir e tomar suas próprias decisões, para que ele se torne cada vez mais independente. Alguns exemplos de práticas que reforçam essas atitudes são: Pesquisas sobre temas, na internet ou em outras fontes; Produção de textos espontâneos, como diários, blogs, diálogos, etc.; Debates sobre questões atuais da sociedade; Assistir e discutir filmes e documentários significativos; Exercitar argumentos através de leituras críticas. Conforme o aluno vai adquirindo a leitura, o professor deve incentivar a escolha de livros, revistas, jornais, enfim, todos os tipos de textos que estiverem disponíveis. Para tornar isso mais divertido e efetivo, seria interessante montar na sala de aula o Canto da Leitura: um lugar específico para colocar livros, que podem ser trazidos pelos próprios alunos, arrecadados em doações, ou comprados pela escola. Esse canto pode ser usado em intervalos, em aulas de leitura, antes da aula. O mais importante é construir o hábito de ler e o gosto pessoal pelos livros. A cultura local também precisa fazer parte dos temas das aulas e das atividades práticas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) propõem, entre os Temas Transversais, que seja adotado na escola um tema local. Além disso, Paulo Freire, em seu método de alfabetização, afirmava a importância de se usar conteúdos advindos da realidade do aluno. Por isso, o professor precisa conhecer bem o contexto cultural do aluno e a partir desse contexto criar atividades que contenham: Músicas que façam parte do gosto dos alunos; Danças e festas comuns no local onde os alunos moram; Textos que representem a linguagem que o aluno usa no cotidiano; Hábitos, comportamentos e vestuários comuns no local; Comidas preferidas pelos alunos, através do aprendizado da receita; Esportes, jogos coletivos e brincadeiras que os alunos gostem. As palavras geradoras, que servem de base na alfabetização no método de Paulo Freire, podem ser buscadas nesses temas, incluindo as sugestões dos próprios alunos. Porém, ao mesmo tempo em que explora a realidade do aluno, o professor não deve deixar de apresentar outras realidades, outras culturas e outras linguagens. Assim, o aluno poderá conhecer outras formas de se viver, outros hábitos e comportamentos, o que além de enriquecer sua bagagem 29 cognitiva e cultural, irá despertar sua curiosidade para a diversidade social e cultural. Alguns instrumentos úteis para se conhecer outras culturas são as redes sociais e os blogs de turismo, que apresentam muitas informações, desde fotos, vídeos, até dicas sobre aspectos culturais, linguísticos e sociais. Segundo a nova Base Nacional Comum Curricular nacional, a BNCC, cada etapa da educação básica deve desenvolver habilidades específicas em seus alunos, para o Ensino Fundamental, as habilidades são nas seguintes áreas de conhecimento: Linguagens: língua portuguesa, arte, educação física e língua inglesa; Matemática; Ciências da Natureza; Ciências Humanas: história e geografia; Ensino Religioso. Para o Ensino Médio, última etapa da educação básica, a grade curricular deve desenvolver habilidades e competências nas seguintes áreas: Linguagens e suas tecnologias; Matemática e suas tecnologias; Ciências da natureza e suas tecnologias; Ciências humanas e suas tecnologias. Além dessas habilidades, que estão relacionadas ao desenvolvimento acadêmico e intelectual, a nova BNCC propõe que a escola desenvolva também as habilidades psicossociais. Embora sejam mais voltadas para o desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, essas habilidades também devem ser trabalhadas com adultos, pois sabemos que muitos enfrentam dificuldades emocionais e sociais dentro e fora da escola, vejamos quais são essas habilidades (www.gestaoescolar.org.br): Abertura ao novo: curiosidade para aprender, imaginação criativa e interesse artístico; Consciência ou autogestão: determinação, organização, foco, persistência e responsabilidade; Extroversão ou engajamento com os outros: iniciativa social, assertividade e entusiasmo; Amabilidade: empatia, respeito e confiança; http://www.gestaoescolar.org.br/ 30 Estabilidade ou resiliência emocional: autoconfiança, tolerância ao estresse e à frustração. Como podemos observar nas descrições acima, os alunos, mesmo adultos, precisam ter essas habilidades observadas e desenvolvidas em sua rotina escolar. A parte emocional influencia muito no aprendizado, assim como a psicológica, portanto, o professor deve estar atento a esse aspecto ao elaborar suas práticas pedagógicas. Neste capítulo, pudemos entender que independentemente de elaborarmos práticas didáticas com objetivos acadêmicos ou não, é preciso que já no planejamento observemos a necessidade de direcionar essas práticas para o contexto social do aluno, enxergando sua bagagem cognitiva e pessoal, e assim, estarmos preservando, estimulando ou desenvolvendo suas habilidades e competências pessoais. 31 CAPÍTULO 9 – PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL Neste último capítulo de nossos estudos,iremos descrever os principais programas do Governo Federal em relação à educação. Como nosso foco aqui é a educação de jovens e adultos, relacionamos os programas do governo que podem ser aproveitados por essa faixa etária, segundo o portal do MEC (Ministério da Educação) e do SEB (Secretaria da Educação Básica), os principais programas na área de Educação são (MEC/SEB, 2020): • Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio (ProNem) O programa, instituído pela Portaria MEC n.649/2018, tem como objetivo apoiar as secretarias de educação estaduais e do DF na implementação do Novo Ensino Médio, aprovado por meio da lei n.13415/2017, por meio das seguintes ações: apoio técnico para a elaboração e execução do Plano de Implementação do Novo Ensino Médio; apoio técnico à implantação de escolas-piloto do Novo Ensino Médio; apoio financeiro; e formação continuada por meio do Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular – ProBNCC (Portaria MEC nº 331/2018). Para garantir a implantação de escolas piloto o MEC lançou as diretrizes do apoio financeiro por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola- PDDE, Portaria n.1024/2018, e o repasse de recursos às escolas é realizado conforme estabelecido na Resolução FNDE n.21/2018. A unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de Ensino Médio (COGEM/DPD) da Secretaria de Educação Básica do MEC. Principais metas: Dar apoio às 27 Unidades Federativas para implementação do Novo Ensino Médio (BNCC + itinerários), ampliando a carga horária de 800 para 1000 horas anuais. Melhoria dos indicadores de aprendizagem. • Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EMTI) Instituído pela Portaria nº 1.145, de 10 de outubro de 2016, atualmente regido pela Portaria nº 2.116, de 2 de dezembro de 2019, o Programa de Fomento à Implementação de Escolas em Tempo Integral é executado pela Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Básica, no âmbito da Coordenação-Geral de Ensino Médio (DPD/COGEM). O objetivo geral é apoiar a ampliação da oferta de educação em tempo integral no ensino médio nos estados e Distrito Federal, de acordo com critérios definidos pela referida portaria, por meio da transferência de recursos para as secretarias estaduais e Distrital de educação. A unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de Ensino Médio (COGEM/DPD) da Secretaria de Educação Básica do MEC. http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/29495231/do1-2018-07-11-portaria-n-649-de-10-de-julho-de-2018-29495216 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=49131-port-1144mais-educ-pdf&category_slug=outubro-2016-pdf&Itemid=30192 32 Principais metas: Atendimento das Metas 6 e 7 do Plano Nacional de Educação PNE 2014-2024 (Lei nº 13.005/2014). Implementação de Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral e ampliação da jornada escolar e formação integral do estudante. • Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC) Instituído pela Portaria MEC nº 331, de 5 de abril de 2018, o Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC) é da competência da Diretoria de Políticas e Regulação da Educação Básica no âmbito da Coordenação-Geral de Gestão Estratégica da Educação Básica (COGEB). O programa tem o objetivo de apoiar as secretarias estaduais e municipais de Educação e a Secretaria de Educação do Distrito Federal no processo de revisão, elaboração e implementação dos currículos alinhados à BNCC. Principais metas: Apoiar a implementação da BNCC, com monitoramento das metas alcançadas pelos estados (referenciais curriculares alinhados à BNCC), fornecer apoio técnico e concessão de recursos por meio do PAR e de Bolsas para a composição de equipes nos estados e municípios, nos perfis de articuladores de conselho, coordenadores de área, redatores de currículos, coordenadores de currículos. • Programa de Inovação Educação Conectada Instituído pelo Decreto 9.204, de 23 de novembro de 2017, o Programa de Inovação Educação Conectada é executado pela Diretoria de Articulação e Apoio às Redes de Educação Básica, no âmbito da Coordenação-Geral de Tecnologia e Inovação da Educação Básica (CGTI). Tem por objetivo geral apoiar a universalização do acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica. Principais metas: Universalização do acesso à internet em alta velocidade e fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica. • Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) Executado pela Diretoria de Articulação e Apoio às Redes de Educação Básica, o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) foi instituído pelo Decreto nº 9.099, de 2017, com a finalidade de avaliar e a disponibilizar obras didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática educativa, de forma sistemática, regular e gratuita, às escolas públicas de educação básica das redes federal, estaduais, municipais e distrital e às instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e conveniadas com o Poder Público. https://undime.org.br/uploads/documentos/phpbJEN9S_5acba4bfbdff8.pdf http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/doc_orientador_probncc_2019.pdf http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/doc_orientador_probncc_2019.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9204.htm 33 Principais metas: Avaliar e disponibilizar obras didáticas e literárias, de uso individual ou coletivo, acervos para bibliotecas, obras pedagógicas, softwares e jogos educacionais, materiais de reforço e correção de fluxo, materiais de formação e materiais destinados à gestão escolar, entre outros materiais de apoio à prática educativa, incluídas ações de qualificação de materiais para a aquisição descentralizada pelos entes federativos. • Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) Executado pela Diretoria de Políticas para Escolas Cívico-Militares, o Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), lançado em 05 de setembro de 2019, pelo Decreto Presidencial nº 10.004, é uma ação do Ministério da Educação, em parceria com o Ministério da Defesa, que visa contribuir para a melhoria da Educação Básica do Brasil, a partir da implantação do modelo MEC de Escolas Cívico-Militares (Ecim). Esse modelo é centrado na melhoria de gestão nas áreas educacional, didático-pedagógica e administrativa, sendo baseado no padrão de alto nível dos Colégios Militares do Exército, das Polícias Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares. Principais metas: Implantar 216 Escolas Cívico-Militares (Ecim) até 2023, sendo 54 Ecim por ano. • Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à Educação de Jovens e Adultos (EJA) A última Resolução vigente foi a nº 5, de 31 de março 2017 com objetivo de ampliar a oferta de EJA na modalidade presencial, no ensino fundamental e no médio, contribuir para a expansão das matrículas em EJA, especialmente entre egressos do Programa Brasil Alfabetizado – PBA, populações do campo, comunidades quilombolas, povos indígenas e pessoas em cumprimento de pena em unidades prisionais, e fortalecer o compromisso dos entes federados com a efetivação do ingresso, da permanência e da continuidade de estudo de jovens e adultos, por meio da articulação entre os sistemas de ensino. Atualmente é elaborada nova resolução que autorize os entes federados a utilizar o saldo remanescente em conta e ofertar a EJA articulada à qualificação profissional. A unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de Educação de Jovens e Adultos, da Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Básica da Secretaria de Educação Básica do MEC. Principais metas: Atender 8 milhões de pessoascom ações voltadas à alfabetização e à elevação da escolaridade média da população de 15 anos ou mais, visando ao desenvolvimento da participação social e cidadã ao longo da vida, à diversidade e à inclusão, em consonância com o disposto nas Metas 8 e 9 do Plano Nacional de Educação. 34 • Educação de jovens e adultos integrada à educação profissional Em conformidade com a Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014 que institui o Plano Nacional de Educação – PNE e define na Meta 10 o oferecimento de, no mínimo, 25% das matrículas da EJA, nas etapas do ensino fundamental e médio, para que sejam oferecidas de forma integrada à Educação Profissional. Constituem-se de Termos de Execução Descentralizada com 12 Institutos Federais que se propuseram a promover ações de mobilização dos municípios, formação continuada de profissionais da educação, oferta de cursos de educação de jovens e adultos (EJA) integrados à educação profissional, curadoria e produção de conteúdos didáticos, monitoramento da permanência, pesquisa e inovação. A unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de Educação de Jovens e Adultos, da Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Básica da Secretaria de Educação Básica do MEC. Principais metas: Promover ações para a oferta de 3,8% das matrículas de Educação de Jovens e Adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma articulada à educação profissional, em consonância com o disposto na Meta 10 do Plano Nacional de Educação. • Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), nas modalidades Projovem Urbano e Projovem Campo-Saberes da Terra As últimas Resoluções vigentes são nº 6 de setembro de 2017, e nº 13 de 21 de setembro de 2017. Os Programas buscam promover a reintegração de jovens com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos ao processo educacional, à qualificação profissional e ao desenvolvimento humano. Atualmente, a avaliação do material didático elaborado antecede a publicação de nova Resolução que autorize o uso do saldo remanescente em conta para as duas modalidades. A atual unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de Jovens e Adultos/COEJA da Secretaria de Educação Básica do MEC. Principais metas: Ofertar 260 mil vagas a jovens de 18 a 29 anos por meio de ações voltadas à elevação da escolaridade na educação básica integrada à qualificação profissional e ao desenvolvimento da participação cidadã. • Programa Brasil Alfabetizado (PBA) O programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal, tem como objetivo de alfabetizar jovens a partir dos quinze anos, de maneira descentralizada e utilizando voluntariado por todo o país. As turmas de alfabetização são divididas entre Rurais e Urbanas, tendo número mínimo de 10 e máximo de 25 alunos. No caso de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE), cada turma pode comportar até três alunos. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm 35 • Programa Formação pela Escola O programa Formação pela Escola consiste de um processo de formação continuada de profissionais que visa a contribuir para o fortalecimento da atuação de agentes e parceiros envolvidos com a execução, o monitoramento, a avaliação, a prestação de contas e o controle das ações e programas educacionais financiados pelo FNDE, por meio da oferta de cursos na modalidade de educação a distância. Resolução em vigor: Resolução nº 35, de 15 de agosto de 2012. • Programa Saúde na Escola Objetivo: O Programa Saúde na Escola tem como objetivo promover a saúde, prevenir doenças e agravos à saúde de adolescentes e jovens da rede pública de ensino, a partir da articulação entre educação e saúde. Uma das ações desse Programa é a formação continuada dos professores da educação básica a fim de que promovam atividades de promoção da saúde. Resolução em vigor: Resolução n° 24, de 16 de agosto de 2010 (com alterações da Resolução n° 37, de 21 de julho de 2011). Existem outros programas, ações, projetos e atividades criados e desenvolvidos pelo MEC para auxiliar a melhoria da Educação Básica e a formação de alunos e professores, para saber mais a respeito destes, visite a página do MEC, de onde recolhemos as informações citadas acima: https://www.gov.br/mec/pt-br. https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000035&seq_ato=000&vlr_ano=2012&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000035&seq_ato=000&vlr_ano=2012&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000024&seq_ato=000&vlr_ano=2010&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000055&seq_ato=000&vlr_ano=2012&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000037&seq_ato=000&vlr_ano=2011&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC https://www.gov.br/mec/pt-br 36 CONSIDERAÇÕES FINAIS Aqui encerramos nossos estudos sobre a Educação de Jovens e Adultos, a EJA. Esperamos que nossas orientações e descrições tenham ajudado a construir um conceito sobre o ensino de adultos (Andragogia), desde a fase da alfabetização até o preparo para o mercado de trabalho e a continuidade dos estudos. Sabemos que esse é um público que vem para a escola motivado a estudar e preencher uma lacuna aberta por diferentes motivos, sejam eles socioeconômicos, familiares ou emocionais. Iniciamos esses estudos analisando a questão do analfabetismo, que não se trata somente de decodificar letras e números, mas de compreender, interpretar e aplicar o conhecimento depreendido do texto. Atualmente, temos uma grande quantidade de alunos que sabem ler e escrever, mas não entendem a mensagem do que leem, são os analfabetos funcionais. Percebemos que o Brasil já teve vários movimentos de alfabetização, sendo o mais famoso o MOBRAL, e que embora tenham conseguido alfabetizar no sentido de decodificar, não ofereceram letramento para seus alunos. Analisamos o Sistema Nacional de Educação, explicando os níveis, as etapas e as modalidades oferecidas na escola. Dessas modalidades, a EJA é a que oferece estudos aos alunos que não puderam frequentar a escola na idade própria. Explicamos como é a alfabetização desses alunos, descrevendo as teorias e práticas usadas para esse fim. Dessas teorias, a mais famosa e que produziu mais resultados efetivos com alfabetização de adultos é a de Paulo Freire, que foi descrita e comentada por nós. Salientamos a importância de um ambiente adequado para a educação desses jovens e adultos, que seja um espaço que oferece o mesmo conforto, os mesmos recursos e a mesma qualidade que o ensino regular recebe. O tratamento a esses alunos também deve ser humanizado, contextualizado e com muito respeito à realidade deles. Por fim, estudamos as práticas educativas que podem ser aplicadas na EJA, dando dicas sobre a postura do professor, os eixos temáticos e as habilidades a serem trabalhadas. Fechamos nossos estudos descrevendo na íntegra os programas educacionais do Governo Federal. Assim, esperamos que os estudos tenham sido proveitosos a todos, ampliando o conhecimento sobre essa importante modalidade de ensino. 37 BIBLIOGRAFIA BARCELOS, L. B. O que é qualidade na educação de jovens e adultos? Educação & Realidade: Porto Alegre, v. 39, n. 2, p. 487-509, abr./jun. 2014. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/edreal/v39n2/v39n2a08.pdf BECK, C. Método Paulo Freire de alfabetização. Andragogia Brasil, 2016. Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/metodo-paulo-freire-de- alfabetizacao/ BRANCO, V. A sala de aula na educação de jovens e adultos. Educar em Revista, Curitiba, n. 29, p. 157-170,
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