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EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS - EJA 
 
 
1 
 
Sumário 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 2 
CAPÍTULO 1 – O ANALFABETISMO FUNCIONAL ........................................................... 3 
CAPÍTULO 2 – A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM OS MOVIMENTOS DE 
ALFABETIZAÇÃO ..................................................................................................................... 7 
CAPÍTULO 3 – O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO .......................................... 10 
CAPÍTULO 4 – TEORIA E PRÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS ................................................................................................................................. 13 
CAPÍTULO 5 – A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DE PAULO FREIRE ............................ 17 
CAPÍTULO 6 – O ESPAÇO ADEQUADO PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS ................................................................................................................................. 20 
CAPÍTULO 7 – O TRATAMENTO AOS ALUNOS DA EJA ............................................. 23 
CAPÍTULO 8 – PRÁTICAS EDUCATIVAS COM ALUNOS DA EJA ............................. 27 
CAPÍTULO 9 – PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL ............... 31 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................... 36 
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................................ 37 
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO 
 
O problema do analfabetismo é algo antigo no cenário educacional brasileiro. 
Antes do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) de 1990 e da LDB (Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação) de 1996, as crianças e adolescentes em idade 
escolar não eram obrigadas a frequentar a escola. Sendo assim, muitos 
abandonavam os estudos, por conta da repetência, da desmotivação e para 
trabalhar e ajudar nas despesas da casa, por isso, o índice de adultos 
analfabetos era muito grande. 
Desde o século XX o governo tem implantado diversos programas de 
alfabetização de adultos, como o MOBRAL, tentando reduzir esses índices e 
promover as oportunidades de melhorar as condições de vida e de trabalho da 
população. No presente estudo, iremos descrever esses programas, 
principalmente o atual, a EJA – Educação de Jovens e Adultos. 
Nossos estudos se iniciam na questão analfabetismo, que graças às mudanças 
na educação no século XX, deixou de existir de fato para se transformar em um 
analfabetismo funcional. Em seguida iremos descrever os principais movimentos 
de alfabetização que ocorreram no país nas últimas décadas e como funciona o 
sistema nacional de educação. 
Poderemos entender como funciona a EJA: sua estrutura legal e metodológica, 
o ambiente físico em que se desenvolve e como a teoria de alfabetização de 
adultos de Paulo Freire se encaixa adequadamente nessa modalidade de 
ensino. Prosseguiremos as explicações destacando como ensinar jovens e 
adultos, como tratar esses alunos, que muitas vezes tem inúmeras dificuldades, 
seja de ordem cognitiva, social, emocional e psíquica. Abordaremos as melhores 
práticas pedagógicas para desenvolver com esses alunos e entenderemos como 
funciona o sistema nacional de ensino atualmente. 
Por fim, iremos apresentar os programas atuais do governo federal para 
combater o analfabetismo e discutiremos a efetividade desses programas. 
Nosso objetivo é nos aprofundarmos na questão da alfabetização de adultos e 
entender como essa modalidade de ensino tão importante socialmente se 
desenvolve atualmente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
CAPÍTULO 1 – O ANALFABETISMO FUNCIONAL 
 
Ser alfabetizado, até meados do século XX, era simplesmente saber decodificar 
letras e números. Bastava que o indivíduo conseguisse reconhecer letras, 
palavras e números, que conseguisse ler frases, orações e textos. Porém, 
embora muitos consigam essa leitura, não conseguem entender o que estão 
lendo, não conseguem interpretar um texto: são analfabetos funcionais. Essas 
pessoas não conseguem apreender o significado da leitura e não conseguem 
aplicar os conhecimentos matemáticos. 
Pesquisa feita pelo Instituto Pró-Livro mostrou que 50% dos entrevistados não 
entendem o que leem nos livros e por isso não compram os mesmos. Outra 
pesquisa, feita pelo Instituto Paulo Montenegro e pela Ação Educativa, mostrou 
que poucos entrevistados têm domínio pleno da leitura (Fonte: 
https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analfabetismo-funcional.htm ). Isso 
significa que, embora há 30 anos o ensino seja obrigatório para crianças e 
adolescentes, a alfabetização tem sido falha. É preciso que a escola não se 
preocupe somente com alfabetização, mas também com letramento. 
 
• Alfabetização e Letramento 
Alfabetizar é ensinar o aluno a reconhecer os símbolos da escrita, ou seja, 
reconhecer letras e números. Como nossa escrita é fonética, nossos alunos 
precisam identificar grafemas (grafia do som, a letra, no caso) e fonema (som) e 
com eles formarem sílabas, palavras, frases, orações e textos. Esse processo é 
chamado decodificação da língua, porque permite ao aluno entender o código 
da escrita da língua que fala. 
O letramento acontece além da alfabetização, ele resulta da compreensão e do 
entendimento do que se lê, adquirindo através dessa leitura o conhecimento e a 
cultura. Ler e escrever não se resume a decodificar e copiar, é preciso que retire 
desse processo um conteúdo significativo. Vejamos na tabela abaixo as 
principais diferenças entre alfabetização e letramento: 
 
 ALFABETIZAÇÃO LETRAMENTO 
Conceito 
Alfabetização é o 
processo de 
decodificação, de 
identificação da leitura e 
escrita. 
Letramento é a 
compreensão do 
conteúdo do que se lê e 
escreve. 
Uso 
Uso individual da 
língua. Uso social da língua. 
Indivíduo 
Alfabetizado é o que 
identifica o código 
escrito e reproduz o 
mesmo 
O letrado não só 
identifica o código, mas 
interpreta e compreende 
a mensagem passada 
https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/analfabetismo-funcional.htm
4 
 
através dele, 
conseguindo produzir 
conteúdo escrito e não 
só Reproduzir. 
Atividades envolvidas 
Codificar e decodificar a 
escrita e os números. 
Produzir textos dos 
mais diversos gêneros 
textuais e interpretá-los. 
Usar os conhecimentos 
matemáticos em seu 
cotidiano. 
Ensino 
O professor ensina a ler 
o alfabeto e as funções 
a partir dele: sílabas, 
palavras, frases, 
orações e textos. 
O professor ensina a 
compreensão, a 
interpretação, ajuda a 
entender a mensagem, 
discute, estimula a 
reflexão, o raciocínio 
lógico com os números, 
a aplicabilidade deles. 
 
A palavra funcional vem do uso que se faz da alfabetização. O sujeito que 
consegue letramento consegue aplicar e diversificar o conhecimento adquirido 
através da leitura. Ele consegue aplicar os conteúdos matemáticos em diversas 
situações teóricas e práticas. 
 
• Dados do Analfabetismo Funcional no Brasil 
Como já dissemos, há 30 anos as legislações específicas colocam a 
obrigatoriedade de toda a criança e adolescente em idade escolar frequentarem 
a escola de ensino regular. Mesmo os índices de analfabetismo caindo desde 
então, professores começaram a identificar entre seus alunos a falta de 
letramento. O Instituto Paulo Montenegro tem investigado as questões 
envolvidas nesse problema entrevistando pessoas em diversas regiões do país, 
na idade de até 64 anos. Essa pesquisa é realizada a cada dois anos. Segundo 
a mesma, “O Indicador de Alfabetismo Funcional revela que só um terço dos 
jovens brasileiros atingiu a alfabetização plena. ” 
Evolução do indicador 
População de 15 a 24 anos 
5 
 
 
Ilustrações: Mario Kanno 
Fonte: Instituto Paulo Montenegro/IBOPE 
Os entrevistados entre 15 e 24 anos fornecem dados importantes porque já são 
resultado desse novo modelo de ensino iniciado pela Lei de Diretrizese Bases 
da Educação de 1996. Porém, os dados mostram que o índice de analfabetismo 
funcional não diminuiu significativamente entre 2001 e 2009. Os avanços nos 
estudos feitos pelas gerações mais recentes não mostraram impacto nos 
índices. Por nível de escolaridade, o problema ainda é grande, vejamos: 
 
Indicador por escolaridade 
População de 15 a 24 anos 
 
Fonte: Instituto Paulo Montenegro/IBOPE 
Para se resolver esse problema a única saída ainda se encontra na escola. É 
através da melhora na qualidade do ensino, principalmente da alfabetização, que 
se irá formar uma geração mais letrada. Para que isso seja alcançado a escola 
não pode mais se ater apenas ao método tradicional de ensino. Ela precisa se 
atualizar, adotar novas tecnologias e pedagogias mais ativas, que dão maior 
significado e aplicabilidade aos conteúdos ensinados. 
6 
 
O aluno precisa, desde cedo, olhar para a leitura e a escrita como uma 
ferramenta poderosa de transformação social, ele precisa usar seu aprendizado 
para obter prazer, conhecimento e habilidades. A escola brasileira não pode ser 
engessada e padronizada porque nossa diversidade cultural é muito grande e 
essa diversidade deve estar presente no ensino, como está presente na escola. 
Vejamos os dados do analfabetismo funcional por região do país: 
 
Analfabetos funcionais por região 
População de 15 a 24 anos 
 
Fonte: Instituto Paulo Montenegro/IBOPE 
 
 
Esses dados devem ser usados pela escola, devem ser analisados e 
transformados em ações. Uma escola não pode ignorar a bagagem cultural, 
histórica e social que seu contexto lhe fornece, pois assim estaria ignorando seu 
próprio aluno. Para que esse aluno depreenda significado de sua aprendizagem 
ele precisa se identificar com a escola, e essa identificação é promovida por ela. 
Assim, o problema do analfabetismo funcional não se resume às questões 
didáticas e metodológicas, mas sim a um uso social da alfabetização. Mais à 
frente, iremos estudar um autor que conseguiu tomar essa ação com primazia, 
tendo muito sucesso em seus processos de alfabetização: Paulo Freire. Então, 
poderemos entender o que é dar aplicabilidade e significado à leitura e à escrita. 
 
 
 
 
 
 
7 
 
CAPÍTULO 2 – A EXPERIÊNCIA BRASILEIRA COM OS MOVIMENTOS DE 
ALFABETIZAÇÃO 
 
Neste capítulo, iremos fazer um traçado histórico da experiência brasileira com 
a alfabetização de jovens e adultos, destacando os movimentos alfabetizadores 
mais importantes. Assim, iremos descrever o ensino de adultos desde a época 
da colonização até os mais recentes, como o MOBRAL (Movimento Brasileiro de 
Alfabetização). 
Podemos dizer que foram os jesuítas, ainda no século XVI, que iniciaram o 
processo de alfabetização de adultos. Eles tinham como objetivo divulgar a fé 
católica entre os indígenas e convertê-los à mesma, mas para isso precisavam 
ensiná-los a ler, para que pudessem catequisar usando a bíblia. Então, eles 
formavam salas de aula improvisadas para alfabetizar crianças e adultos das 
aldeias mais amistosas. 
Em 1759, o Marquês de Pombal expulsa os jesuítas da colônia, por não gostar 
da interferência de religião nos seus interesses comerciais, assim, o ensino fica 
atrofiado até período do Império, quando a criação de escolas de ensino regular 
se amplia. Em 1834, o Ato Adicional declara que a educação primária deveria 
ficar a cargo das províncias, tirando a responsabilidade do governo imperial. 
Nem mesmo a República (1889) trouxe avanços significativos em relação à 
alfabetização, qualquer que seja (CUNHA, 2020). 
Somente no século XX, temos a origem de movimentos de alfabetização 
promovidos pelo Governo Federal. De início, havia muita resistência em relação 
aos programas de alfabetização, porque não interessava à elite agrária que a 
classe proletária, formada em sua maioria por imigrantes e por negros agora 
libertos, obtivesse conhecimento. O ensino ficava assim, restrito aos que tinham 
poder e dinheiro (CUNHA, 2020). 
A partir da década de 1920, cresce o grupo de intelectuais, de educadores e de 
artistas no Brasil, e estes reivindicavam um ensino público para todas as 
pessoas. A questão do analfabetismo toma os discursos sociais e políticos da 
época e é tratado como vergonha pelo país. Surgem grupos de defensores dos 
direitos dos oprimidos e cresce a pressão sobre o governo. Assim, os 
profissionais da educação iniciam uma campanha contra o analfabetismo e pelo 
ensino de qualidade. 
 
Sob essa perspectiva, mesmo diante desse quadro que salienta 
um avanço na trajetória da educação brasileira, cumpre-nos 
assinalar que devido às escassas oportunidades de acesso à 
escolarização na infância ou na vida adulta, até 1950, mais da 
metade da população brasileira era analfabeta, o que a mantinha 
excluída da vida política, pois o voto lhe era vedado (CUNHA, 
2020). 
8 
 
O ensino de jovens e adultos, porém, recebe maior foco após a década de 1940. 
Em 1947, o Governo Federal lança a Campanha de Educação de Adolescentes 
e Adultos – CEAA, e se estruturou, no Ministério da Educação, o Serviço de 
Educação de Adultos. Essas ações vinham para atender o apelo da UNESCO 
para que se tornasse a educação mais popular e acessível, erradicando o 
analfabetismo (CUNHA, 2020). 
Por essa época, o índice de analfabetismo entre adultos ultrapassava os 50% da 
população brasileira. Também foram criadas a Campanha Nacional de 
Educação Rural, em 1952, e a Campanha Nacional de Erradicação do 
Analfabetismo, em 1958. O aprendizado gerado por essas campanhas não foi 
significativo, o ensino era superficial e desorganizado. Os mais preocupados 
com o quadro de analfabetismo eram os educadores, que começaram a criar 
métodos mais efetivos de alfabetização. Dentre esses métodos, o mais famoso 
foi o de Paulo Freire, que obteve sucesso em suas experiências de alfabetização 
de adultos. 
Além de Paulo Freire, outros intelectuais, estudantes e católicos, engajados na 
luta contra o analfabetismo, criaram programas de alfabetização, tais como: o 
Movimento de Educação de Base, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil 
(CNBB), em 1961, (com ajuda do governo federal); o Movimento de Cultura 
Popular do Recife, em 1961; a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende 
a Ler, da Secretaria Municipal de Educação de Natal; e os Centros Populares de 
Cultura, órgãos culturais da União Nacional dos Estudantes, a UNE (CUNHA, 
2020). 
Crescia, portanto, a preocupação de uma parcela politizada da sociedade como 
a educação de base e a educação para todos. Em 1964, o país entra em uma 
ditadura política e militar, período marcado por perseguições, tortura, violência e 
repressão. Com tanta censura, os movimentos populares se enfraquecem. 
 
Em virtude dessas considerações, oportuno se torna dizer que a 
educação esteve submetida aos mecanismos de controle desse 
regime militar. Nessa linha de raciocínio, reconhecemos que a 
educação se torna instrumento de conscientização das massas 
e de sua exploração, sob a ótica de grupos contrários à ordem 
vigente. Convém notar igualmente, que, sob a ótica dos grupos 
dominantes, a educação passa a ser instrumento de reprodução 
da ideologia das classes dominadas, mas, com as ideias e os 
valores próprios da classe dominante (CUNHA, 2020). 
A educação se torna foco dos militares, que pretendiam através dela formar 
massa de apoio e fazer propaganda do regime. Ideias de uma educação popular, 
libertadora e que gerasse reflexão crítica eram duramente combatidas. Não 
interessava ao regime que houvesse oposição ideológica, por isso, qualquer tipo 
de educação que tornasse as pessoas conscientes e questionadoras era 
abatida. Cunha e Góes (2002, apud CUNHA, 2020) afirmam que havia uma forte 
repressão às chamadas ideias subversivas, como o ideal “comunista”. 
9 
 
 
Tal como ressalta o autor, reitores foram demitidos, sistemas 
educativos e programas educacionais não foram poupados. 
Professores e estudantes universitários foram expulsos das 
instituições onde lecionavame estudavam e interventores eram 
nomeados para as instituições de ensino, que passavam a 
conviver com decretos, como o decreto – lei 477, que 
considerava suspeitos de subversão, todos os candidatos ao 
magistério e todos os professores, até que provassem o 
contrário. 
O governo precisava combater o analfabetismo. Para se mostrar efetivo para os 
órgãos internacionais e para se autopromover, porém, não poderiam criar um 
programa realmente eficiente, pois geraria a conscientização intelectual popular 
que eles tanto temiam. Com essa postura, cria-se o ensino supletivo, em 1971, 
e no mesmo ano, criam o Movimento Brasileiro de Alfabetização, o MOBRAL. 
Esse movimento obviamente fracassou. 
Uma das causas desse fracasso foi o despreparo dos monitores que 
alfabetizavam. Esses monitores não tinham qualificação nem experiência na 
tarefa de alfabetizar, recebiam apenas um treinamento superficial. Seu trabalho 
era mecânico, guiado pelo material didático fornecido, sem aprofundamento. 
Apesar do entusiasmo político e ideológico da ala militar e de seus apoiadores, 
desde o início o MOBRAL foi introduzido sem respaldo científico ou teórico. 
Também não houve grande investimento na estrutura dos locais de ensino, 
muitas vezes precários e improvisados (SAUNER, 2002). 
Na década de 1980, o Brasil passa por um processo de redemocratização, após 
o fim da ditadura militar. Mudanças são feitas em todos os setores da sociedade, 
inclusive na educação. A nova Constituição Federal de 1988 afirma a igualdade 
de direitos e de acesso à educação básica. Paulo Freire se torna Secretário da 
Educação em São Paulo e cria um novo movimento de alfabetização de jovens 
e adultos, o MOVA, em 1989. Suas salas são instaladas em igrejas, creches, 
associações, geralmente nas periferias, onde havia poucas escolas. O MOVA 
conta com as parcerias de prefeituras e acabou se espalhando para outros 
estados da federação. De 2003 a 2016 já alfabetizou mais de 275 mil pessoas. 
O projeto conta com a parceria do Instituto Paulo Freire, da Federação Única dos 
Petroleiros (FUP) e da Petrobrás (MOVA-Brasil, 2013). 
Em 1996, com a promulgação da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, a LDB, a educação de jovens e adultos é reconhecida como uma 
modalidade da Educação Básica e deve ser oferecida de forma gratuita a todos 
que não puderam frequentar a escola na idade própria. Então, essas são as 
experiências do povo brasileiro com a alfabetização de adultos até o surgimento 
da EJA de 1996, e é sobre essa modalidade que trataremos nos capítulos 
seguintes. 
 
 
10 
 
CAPÍTULO 3 – O SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO 
 
No presente capítulo, iremos fazer uma descrição do sistema educacional 
brasileiro, que começou a se estruturar no início do século XX e ainda hoje passa 
por alterações e atualizações. Podemos dizer que foi durante o governo de 
Getúlio Vargas que o sistema brasileiro de ensino ganhou características que 
conserva até hoje, mesmo com as mudanças de paradigmas, de nomes e de 
legislações educacionais. 
 
• A Origem do Sistema Educacional Brasileiro 
A Constituição Federal de 1946 é a primeira a afirmar que a educação brasileira 
precisa ser melhor estruturada, para atender as necessidades do novo momento 
econômico que o país vivia. Esse momento era caracterizado por uma 
industrialização crescente, que atraía pessoas para as grandes cidades e 
precisava de mão-de-obra qualificada para exercer funções nessas indústrias. 
Após muitas discussões, em 1961 é promulgada a Lei de Diretrizes e Bases da 
Educação Nacional (Lei nº 4.024), que estabelece normas para escolas privadas 
e públicas. A estrutura de ensino, porém, não teve grandes alterações, sendo 
dividida em (OEI-MEC, 2020): 
 
 Ensino Primário: de 4 anos, com a possibilidade de extensão de mais 2 
anos para ensino de Artes Aplicadas; 
 
 Ensino Médio: dividido em 2 ciclos, o Ginasial, de 4 anos; e o Colegial, 
de 3 anos; cursos técnicos e de magistério estavam incluídos neste último; 
 
 Ensino Superior: composto pelos cursos de graduação e pós-
graduação. 
 
Em 1947, são instaladas salas de Ensino Supletivo e o país começa a avançar 
no combate ao analfabetismo. A taxa de analfabetismo, que em 1950 era de 
mais de 50%, caiu para 33% em 1970. As pessoas frequentavam o supletivo e, 
em seguida, procuravam classes de ensino técnico de nível médio, para se 
profissionalizar. Assim, uma parcela da população que até então se via excluída 
do acesso à educação, começou a estudar (OEI-MEC, 2020). 
Porém, o ensino brasileiro não deixou de ser seletivo e elitista, pois, dos alunos 
que ingressavam no ensino primário, na década de 1970, apenas 5,6% 
chegavam ao ensino superior. Em 1971, a Lei nº 5.692 (A nova LDB), fundiu o 
primário e o ginasial, transformando-os em Ensino de 1º Grau. O colegial 
passou a se chamar Ensino de 2º Grau e o ensino obrigatório passou a ser de 
8 anos. O ensino superior seria então, o 3º Grau (OEI-MEC, 2020). 
11 
 
Esse sistema durou até a promulgação da Constituição Federal de 1988, que 
iniciou outro processo de atualização no sistema de ensino que culminou na Lei 
de Diretrizes e Bases da Educação de 1996, (Lei 9.394), que trouxe grandes 
mudanças nos paradigmas educacionais, no currículo, na formação de 
professores e na estrutura de ensino. 
 
• A Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação de 1996 (LDB) 
A nova LDB de 1996 e a Constituição Federal de 1988 ajudaram a formar o 
nosso sistema atual de ensino. Ambas afirmam que a educação é direito de 
todos e que é dever do Estado oferecer Educação Básica gratuita para todas 
as pessoas. Para sistematizar o ensino, temos uma Base Nacional Comum 
Curricular (BNCC) que traz orientações para ensino e aprendizagem durante 
todas as etapas da educação. 
O município, estados e federação devem organizar e manter os sistemas de 
ensino, os órgãos responsáveis pelo funcionamento desses sistemas são: 
 
 Ministério da Educação (MEC); 
 Conselho Nacional de Educação (CNE); 
 Secretarias Estaduais de Educação (SEE); 
 Conselhos Estaduais de Educação (CEE); 
 Delegacias Regionais de Ensino (DRE); 
 Secretarias Municipais de Educação (SME); 
 Conselhos Municipais de Educação (CME). 
 
A LDB de 1996 dividiu o ensino brasileiro em dois Níveis: Educação Básica 
(composta pela Educação Infantil, Ensino Fundamental 1 e 2, e Ensino Médio) e 
Ensino Superior. A Educação Básica é obrigatória para crianças entre 4 e 17 
anos e deve ser oferecida pelo Estado de forma gratuita, divide-se nas seguintes 
Etapas: 
 
 Educação Infantil: creches e pré-escolas, para crianças de 0 a 5 anos, 
sendo que é obrigatória a partir dos 4 anos; 
 
 Ensino Fundamental: dividido em I e II, sendo que o I tem 5 anos (a 
seriação, porém, não é obrigatória) e o II tem 4, ou seja, dura 9 anos; 
 
 Ensino Médio: duração de 3 anos, para alunos entre 15 e 17 anos; 
 
 Ensino Médio de Nível Técnico: profissionalizante, pode ser oferecido 
concomitantemente ao Ensino Médio regular. 
 
12 
 
Além dessas etapas, a Educação Básica se divide nas seguintes Modalidades: 
 Ensino regular: descrito acima, para idades entre 4 e 17 anos e 
composto por 14 séries; 
 
 Educação de Jovens e Adultos (EJA): para alunos que não 
frequentaram a escola em idade própria e que descreveremos em nosso 
presente estudo; 
 
 Educação Especial: oferecida em salas de recursos especiais, para 
crianças com Necessidades Educacionais Especiais (NEE), contando 
com professor especialista, esse ensino é nomeado de AEE (Atendimento 
Educacional Especializado); 
 
 Educação em Espaços Não-Escolares: oferecida no campo, em 
quilombos, em comunidades indígenas ou ribeirinhas, no sistema 
carcerário, em hospitais, em asilos, em clinicas de saúde mental, etc. 
Passado esse primeiro nível de ensino, temos o Ensino Superior, que é 
composto em: Graduação e Pós-Graduação. A pós-graduação se dá em dois 
tipos: Especialização (lato sensu), Mestrado e Doutorado (strictu sensu). O 
Ensino Superior não éobrigatório, mas o Estado, pela Constituição Federal, 
precisa oferecer esse nível de forma pública e gratuita. 
Esse é, portanto, o sistema educacional brasileiro atual, que conta com a 
frequência obrigatória de todas as crianças entre 4 e 17 anos à Educação Básica, 
independentemente de sua classe social, suas origens étnicas e culturais, e de 
possuir deficiências ou dificuldades de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
CAPÍTULO 4 – TEORIA E PRÁTICA NA ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E 
ADULTOS 
 
A alfabetização é uma tarefa delicada e que envolve muito mais que métodos e 
técnicas. O educador precisa considerar o aspecto cognitivo, social, emocional 
e até mesmo físico do aluno ao desenvolver a alfabetização. O fracasso nessa 
tarefa, portanto, está relacionado a fatores, que vão além da prática educativa. 
O analfabetismo no Brasil ainda é um problema, em 2014 cerca de 13 milhões 
de pessoas ainda não eram alfabetizadas e por isso, esse assunto ainda é 
motivo de preocupação para educadores e governo. Sendo assim, quando se 
trata de adultos, quais teorias e práticas são mais adequadas para alfabetizar? 
É o que estudaremos nesse capítulo. 
Quando se trata da educação de adultos, é preciso, em primeiro lugar, que se 
considere a bagagem que esse aluno traz para sala de aula, isso inclui suas 
vivências, seu trabalho, sua família, sua condição psíquica e emocional, mas 
principalmente, suas experiências educacionais. Porque mesmo sem ter 
recebido qualquer educação formal, todo aluno traz experiências com números, 
letras, ciências, histórias, que acumularam conhecimento, mesmo que 
rudimentar. 
Na vida adulta, a pessoa costuma procurar a educação voluntariamente, já 
previamente motivada a aprender, e com planos e objetivos a realizar com seus 
estudos. Por isso, existe uma diferença significativa entre alfabetizar na 
Pedagogia e alfabetizar na Andragogia. Mas o que é andragogia? 
Andragogia é uma área de estudos que investiga como os adultos aprendem, 
analisando as características desse aprendizado, os processos envolvidos, as 
práticas didáticas usadas, os métodos de ensino mais eficazes, entre outros 
detalhes. Dentre os motivos que fazem uma pessoa adulta procurar cursos e 
capacitações, os mais comuns são (MARQUES, 2007): 
 
• Qualificação: quando buscam uma faculdade, uma pós-graduação, para 
dar um passo a mais nos estudos; 
 
• Emprego: quando o trabalhador quer se atualizar, se capacitar, seja por 
motivação própria ou exigências do cargo (ainda assim, é voluntário); 
 
• Realização Pessoal: quando a pessoa quer atingir um objetivo pessoal, 
de aprender por aprender, pelo gosto pelo saber; 
 
• Extensão: para ampliar conhecimentos; 
 
• Mudança de Vida: muitos procuram uma segunda graduação, ou fazer 
cursos em áreas diferentes da que atuam para mudar de carreira, de 
profissão, por estarem insatisfeitos. 
14 
 
Pensando que esse aprendizado tem motivações diferentes das que as crianças 
têm, é importante que o método de alfabetização use essas motivações dos 
alunos para procurar a EJA em suas aulas, contextualizando os conteúdos e 
dando aplicabilidade às práticas pedagógicas. Isso vai ajudar os alunos a se 
manterem firmes em seu aprendizado, sem abandonar os estudos. Outra 
característica importante do ensino de adultos é que estes têm mais autonomia 
didática, mais independência, ou seja, o professor pode usar as habilidades dos 
alunos para deixá-los mais livres em suas tarefas e atividades na sala de aula, 
sem ter que monitorar a disciplina o tempo todo (MARQUES, 2007). 
Uma diferença interessante entre Pedagogia e Andragogia é que esta última não 
necessita de um ambiente tão adaptado quanto o usado no ensino de crianças. 
Uma sala com o mínimo de conforto e salubridade, e os recursos de tecnologia 
adequados pode ser usada na alfabetização. Por esse motivo, as salas da EJA 
podem funcionar em locais fora da escola, o que é um ponto positivo. Isso não 
significa que não se deva estar atento ao conforto, à estrutura didática e 
tecnológica, mas sim que facilita as condições de acesso dos alunos ao local 
(MARQUES, 2007). 
A aula com adultos flui de uma maneira bem mais dinâmica. O professor e o 
aluno têm uma comunicação melhor articulada, a troca de ideias e sugestões 
favorece a progressão didática, e o diálogo aumenta a motivação tanto de 
professores como de alunos. O acesso às tecnologias é mais amplo entre os 
adultos, eles têm permissão para usar livremente o celular, o que facilita a 
comunicação com o professor e os colegas. 
Aprender a usar as tecnologias, aliás, é uma das grandes motivações para os 
adultos procurarem se alfabetizar e isso precisa ser um grande estímulo ao 
aprendizado. A troca de experiências entre os alunos também é diferente da que 
ocorre entre as crianças, as parcerias para estudos e trabalhos, embora também 
motivadas pela afinidade, costumam ter objetivos mais práticos, pedagógicos. 
Isso diminui os conflitos nas atividades coletivas e melhora o desenvolvimento 
dos trabalhos. 
Como a experiência de vida do aluno da EJA é bem maior do que as das crianças 
em idade de alfabetização, o professor pode usar essa vivência no 
desenvolvimento das práticas pedagógicas em sala de aula, por exemplo: 
 
 Fazer uma avaliação diagnóstica dos alunos logo no início das aulas, 
perguntando, em uma roda de conversa, sobre suas atividades diárias, 
seu trabalho e sua família. O professor deve anotar essas informações e 
usá-las para desenvolver tarefas contextualizadas; 
 
 Estar sempre perguntando sobre as atividades de lazer e entretenimento 
dos alunos, tais como músicas e artistas preferidos, passeios, vídeos, 
filmes, séries. Estas informações servem para planejar atividades lúdicas 
para os alunos; 
15 
 
 Conversar sempre com os alunos sobre suas dificuldades e elaborar 
tarefas de reforço para eles; 
 
 Ficar atento a essas dificuldades, já que os distúrbios de aprendizagem 
adentram a vida adulta e podem prejudicar o aprendizado. A qualquer 
sinal de distúrbio é preciso conversar com o aluno sobre a procura de um 
psicopedagogo. 
A falta de informações teóricas sobre alfabetização de adultos faz com que 
muitos professores usem as teorias elaboradas para as crianças, porém, é muito 
importante que o método de alfabetização para EJA se atente aos aspectos da 
andragogia. Vejamos algumas propostas didáticas que podem ser adotadas 
durante a alfabetização de adultos: 
 
 Exploração dos Gêneros Textuais: como o adulto já tem experiência de 
vida suficiente, diversos gêneros textuais podem ser apresentados sem 
medo, para que esse aluno se identifique com seus preferidos e use-os 
em seu processo de aprendizado; 
 
 Transformar o Oral em Escrito: várias conversas com os alunos, sobre 
suas atividades diárias, seu trabalho e suas preferências pessoais se 
iniciam de modo oral e aos poucos podem ir passando para a escrita, com 
a ajuda do professor. Por exemplo: lista de séries, de compras de 
supermercado, de desejos; nomes dos filhos, dos amigos e dos familiares; 
letras de músicas, etc.; 
 
 Material de Inclusão: a EJA também é uma forma de inclusão social, por 
isso, vários recursos de tecnologia assistiva podem ser usados na 
alfabetização de adultos. 
O site Diversa, de educação inclusiva, trouxe um exemplo importante de material 
didático desenvolvido por educadores especialmente para a EJA. Esse grupo 
pertence ao CIEJA Lélia Gonzalez e participou de uma formação continuada 
sobre educação inclusiva, desenvolvendo nessa formação um material 
pedagógico acessível para alfabetização da EJA: a Caixa Silábica. 
O material foi desenvolvido para os módulos I e II, correspondentes aos 4 
primeiros anos do Ensino Fundamental. O desafio era desenvolver um material 
sem características infantis. “Ele é constituído de uma caixa sonora com 14 
sílabas móveis em alto relevo, com legenda em braile, e 14 botões, que, ao 
serem acionados, emitem o som correspondente da sílaba. ” O objetivo era quefosse um material totalmente acessível aos educandos, com ou sem deficiência. 
Fonte: https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/caixa-silabica-alfabetizacao-
eja-participacao/ . 
Esses materiais, desenvolvidos especificamente por educadores da EJA são de 
imensa importância e utilidade, já que são esses professores que conhecem a 
https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/caixa-silabica-alfabetizacao-eja-participacao/
https://diversa.org.br/relatos-de-experiencia/caixa-silabica-alfabetizacao-eja-participacao/
16 
 
dinâmica dessa modalidade, suas características e como seus alunos se 
relacionam com aprendizado, por isso, o compartilhamento de experiências 
entre os profissionais da educação deve ser estimulado e ampliado. 
Embora tenham suas diferenças, ensinar adultos ou ensinar crianças, ou 
adolescentes, enfim independentemente do público, a educação tem alguns 
princípios comuns para todos: a motivação para ensinar, a motivação para 
aprender e o comprometimento de todos os envolvidos no processo. De todos 
os métodos de alfabetização, o que mais se usa no Brasil para trabalhar com 
jovens e adultos é o Método Paulo Freire, que veremos a seguir. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
CAPÍTULO 5 – A IMPORTÂNCIA DA TEORIA DE PAULO FREIRE 
 
Quando falamos em alfabetização de adultos no Brasil, o nome de Paulo Freire 
é o principal citado. Ele elaborou um método no qual as experiências de vida dos 
alunos servem de base para palavras geradoras de outras palavras e assim, 
construir o conhecimento textual. Neste capítulo, iremos descrever esse método 
e sua origem, salientando a importância dessa teoria que até hoje auxilia tantas 
pessoas no processo de alfabetização. 
O método de Paulo Freire foi aplicado pela primeira vez em Angicos, no sertão 
do Rio Grande do Norte, em 1963. Antes de iniciar a alfabetização, Freire passou 
um período nessa região, conhecendo seus alunos, que eram 300 cortadores de 
cana-de-açúcar. Aplicado o método, ele alfabetizou esses trabalhadores em 40 
horas de aula, durante 45 dias, sem cartilha. O feito chamou a atenção do então 
presidente João Goulart, que em 1964 o convidou para elaborar um plano de 
alfabetização para o Brasil. Infelizmente, esse plano nunca foi posto em prática, 
já que no mesmo ano ocorreu o Golpe Militar e o plano foi abortado pelo novo 
governo. Paulo Freire foi preso e exilado (BECK, 2016). 
Paulo Freire defendia um método de alfabetização que fosse além da 
decodificação da escrita. Para ele, a linguagem escrita seria um instrumento de 
comunicação poderoso, pelo qual o indivíduo acessa ao conhecimento 
acumulado pela humanidade e através dele consegue a oportunidade de 
interação e de integração social. Ou seja, Paulo Freire não queria somente 
promover a alfabetização, mas o letramento (BECK, 2016). 
Assim, ele desenvolveu um método que usaria como base temática as 
experiências de vida dos alunos e seu contexto social. Ao invés de usar cartilhas, 
que além de serem um material para o público infantil não era contextualizado, 
ele preferia usar palavras que estavam presentes no cotidiano dos alfabetizados. 
Por exemplo, a palavra CASA poderia ser usada como uma palavra geradora, 
que assim que aprendida, daria origem a outras a partir dela, sempre 
relacionadas ao dia-a-dia do aluno. Vejamos abaixo: 
 
CASA 
CA CO CU SA SE SI SO SU 
CA be lo SA pa to 
COi sa SEr tão 
CU ri o so SI lên cio 
 SO la 
 SU or 
 
Freire criticava o método tradicional e conservador de ensino, o qual chamava 
Método Bancário, porque se acreditava que o ensino era uma simples 
transferência de saberes de uma pessoa para outra. A educação para ele não 
era algo automatizado e frio, era algo social, com caráter libertador. O ser 
18 
 
humano que tem acesso ao conhecimento se liberta da ignorância e do cabresto 
que o impede de refletir com autonomia e desenvolver seu potencial. 
O método de Paulo Freire é dividido em três etapas: investigação, tematização 
e problematização. Vejamos melhor essas etapas (BECK, 2016): 
 
 Investigação: é uma fase de exploração do universo do aluno, sua 
história, sua cultura, seus grupos sociais e suas tarefas diárias, de forma 
a acumular informações úteis para a formação do vocabulário e as 
palavras geradoras; 
 
 Tematização: com as palavras geradoras escolhidas, os educadores 
devem fazer uma contextualização dessas palavras, ou seja, ao 
apresentar uma palavra nova, inseri-la em uma situação cotidiana e que 
faça parte do ambiente do aluno. Por exemplo, ao apresentar a palavra 
panela, o professor mostra uma mulher cozinhando algum alimento; 
 
 Problematização: o professor propõe reflexões sobre esse contexto, 
usando o vocabulário aprendido, de modo a levantar explorações de 
problemas e soluções possíveis, fazendo assim da educação, algo 
transformador. 
A investigação é uma etapa muito importante do método de Paulo Freire. O 
professor precisa conhecer o universo do aluno que está alfabetizando, precisa 
conhecer seu trabalho, sua comunidade, sua cultura e os problemas sociais 
pelos quais esse aluno passa. O número de palavras geradoras varia entre 15 a 
30 palavras. A partir dela, o professor pode usar tecnologia digital, criando 
imagens, ou confeccionar cartolinas. 
Como mostramos na tabela da página anterior, as palavras geradoras se 
desdobram em sílabas, por exemplo: TIJOLO – TA TE TI TO TU/JA JE JI JO 
JU/LA LE LI LO LU. A partir dessas sílabas, se formam novas palavras: TA pe 
te; TE la; TI jo lo, e assim por diante. Essas palavras novas também devem 
fazer parte do cotidiano e do contexto social do aluno, para poder gerar as 
problematizações. 
Em seu livro “Educação como Prática da Liberdade”, Paulo Freire estabeleceu 
cinco fases para a aplicação do seu método (FREIRE, 2019): 
 
 1ª Fase: levantamento das palavras geradoras, que devem fazer parte do 
contexto social do aluno, para isso, o professor precisa conhecer o 
ambiente em que seus alunos vivem e como eles vivem. Deve haver 
respeito à linguagem coloquial que os alunos usam e às variantes locais; 
 
 2ª Fase: escolha das palavras colocando-as em uma sequência 
gradativa, aumentando as dificuldades gramaticais e fonéticas; 
19 
 
 
 3ª Fase: contextualização das palavras, criando associações delas com 
situações cotidianas, estimulando reflexões sobre questões sociais locais; 
 
 4ª Fase: criação das fichas-roteiro nas quais são colocados temas 
relacionados às palavras geradoras e possíveis problematizações sobre 
elas, criando assim um roteiro; 
 
 5ª Fase: criação das fichas das palavras com a decomposição silábica. 
 
Como podemos notar, o método de alfabetização de Paulo Freire não é somente 
uma forma de identificar palavras, mas de transformar a realidade dos alunos. 
Atualmente, esse método ainda é muito usado na EJA. O perfil do aluno da EJA 
é geralmente de uma pessoa que não teve acesso ao estudo, geralmente por 
questões sociais, relacionadas às necessidades de trabalho em detrimento da 
vida escolar. Muitos também foram excluídos do sistema educacional, não só 
por dificuldades econômicas, mas por dificuldades emocionais, de aprendizagem 
e até por serem deficientes. 
A teoria de Paulo Freire se torna importante então, não somente para incluir 
novamente esses alunos na educação e proporcionar acesso ao conhecimento 
acadêmico, mas de abrir a porta para novas oportunidades, dando mais 
dignidade a muitos alunos. Para Moacir Gadotti, importante educador brasileiro 
(apud Beck, 2016): “No pensamento de Paulo Freire, tanto os alunos quanto os 
professores são transformados em pesquisadores críticos. Os alunos não são 
uma lata vazia para ser enchida pelo professor”. 
Paulo Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como 
a de Harvard, de Cambridge e de Oxford. Recebeu o Prêmio de Educação para 
a Paz da UNESCO, em 1986; está incluído no International Adult and Continuing 
Education Hall of Fame e no Reading Hall ofFame. Muitas fontes afirmam que 
é o 3º autor mais citado nos artigos acadêmicos em todo o mundo, com sua 
obra Pedagogia do Oprimido. Freire faleceu em maio de 1997, e em 2012 foi 
declarado o Patrono da educação brasileira (BECK, 2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
20 
 
CAPÍTULO 6 – O ESPAÇO ADEQUADO PARA A EDUCAÇÃO DE JOVENS 
E ADULTOS 
 
A educação brasileira, desde a Constituição de 1988 e a LDB de 1996, é uma 
educação voltada para todas as pessoas, estejam ou não em idade escolar. 
Sendo assim, o investimento na qualidade de ensino, principalmente da 
Educação Básica, inclui todas as etapas e modalidades da mesma. Sendo 
assim, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) devem receber a mesma atenção 
e investimento que a modalidade de ensino regular. 
Pensar em qualidade no ensino de jovens e adultos vai além de oferecer vagas 
para todos, o que já é uma urgência, implica também respeitar as especificidades 
da modalidade, fazendo com que o aluno se sinta integrado, adequado e 
continue seus estudos até a conclusão da Educação Básica, no mínimo. Para 
isso, é preciso que se garanta ao aluno boas condições de estrutura, de material 
didático e de ensino. O ensino, aliás, não deve se ater somente ao campo 
pedagógico, mas se estender para a parte social, humana e cultural 
(BARCELOS, 2014). 
A necessidade de melhoria na qualidade de ensino no Brasil envolve todas as 
modalidades da educação básica, ou seja, não é só a EJA que precisa de 
ampliação de vagas, de melhor estrutura física e pedagógica, mas todo o nosso 
sistema de ensino. A escola precisa se atualizar, gerar interesse, integração 
social, promover a inserção do seu aluno, não só no mundo acadêmico ou no 
mercado de trabalho, mas em todos os setores da sociedade, como lazer e 
cultura (BARCELOS, 2014). 
Paulo Freire afirmou que ensinar adultos não é só alfabetizar, é promover o 
letramento, a inserção social e oferecer ferramentas de libertação e 
transformação social. Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para 
Educação de Jovens e Adultos (Parecer CNE/CEB 11/2000 e Resolução 
CNE/CEB 1/2000) a EJA precisa cumprir três funções, que como vemos a seguir, 
estão diretamente relacionadas ao aspecto da integração social: 
 
• Função Reparadora: a escola vai oferecer a esses alunos as mesmas 
oportunidades de estudos e o mesmo acesso ao conhecimento que 
oferece no ensino regular, preenchendo lacunas de aprendizado; 
 
• Função Equalizadora: permitir a reentrada no sistema educacional de 
quem teve que abandonar os estudos para trabalhar, ou por questões 
familiares e de renda, dando novo significado ao conceito de formação, 
de qualificação e de carreira; 
 
• Função Qualificadora: desenvolver o potencial dos alunos, as 
qualidades, habilidades, qualificando-o para prosseguir nos estudos. 
 
21 
 
O currículo se fundamenta na Base Nacional Comum Curricular e o certificado 
habilita o aluno de EJA a prosseguir normalmente nos estudos. Ao oferecer essa 
modalidade de ensino, portanto, a escola precisa oferecer aos alunos os 
mesmos recursos que oferece no ensino regular. Para isso, a LDB (1996), no 
título V, capítulo II, orienta que essa modalidade seja oferecida de forma gratuita 
e adaptada às necessidades dos alunos do sistema educacional. 
Além da LDB, nossa lei máxima, a Constituição Federal de 1988 assegura a 
educação de jovens e adultos como um direito de todos. Também garante o 
atendimento quanto ao material didático, transporte escolar, alimentação e 
assistência à saúde ao público dessa modalidade. 
Para se pensar em um ambiente adequado para esse público, a oferta de vagas 
deve ser a mais ampla possível, abrangendo locais nos quais o acesso ao ensino 
regular é mais difícil e o número de analfabetos seja maior. A EJA precisa estar 
perto do seu aluno, que possivelmente trabalha durante o dia e à noite quer ter 
acesso fácil à escola. Isso também inclui outro tipo de acessibilidade, a legal. 
Muitos alunos da EJA podem ter dificuldades de locomoção, seja por deficiência, 
seja pela idade, então, além de oferecer vagas perto das moradias dos alunos, 
o governo precisa promover acessibilidade e adaptação física da escola aos 
alunos com problemas de locomoção. 
A estrutura física das salas de aula de EJA, além dessa acessibilidade, deve 
proporcionar conforto e salubridade. Os alunos precisam ter acesso aos mesmos 
recursos que os do ensino regular, tais como: cantina, laboratórios, biblioteca, 
quadras, pátio, mesmos banheiros e vestiários, etc. Como na maioria das vezes 
a EJA acontece no período noturno, muitas escolas não possuem funcionários 
suficientes para oferecer esses ambientes, o que demonstra uma negligência da 
educação pública em relação a esses alunos. 
Os professores da EJA precisam ser qualificados e experientes, demonstrando 
conhecimento sobre andragogia e alfabetização de adultos, trabalhando de 
forma motivadora, compreendendo a realidade do aluno e ajudando-os a 
transformar essa realidade através do estudo. 
Outra questão importante é em relação às tecnologias. A sala de aula de EJA 
precisa receber os mesmos recursos tecnológicos que as do ensino regular. O 
aluno precisa ter acesso ao computador com internet, à tecnologia assistiva, se 
tiver necessidade e também aos recursos audiovisuais. O mesmo vale para o 
material didático que deve estar de acordo com a legislação. 
O funcionamento da EJA é através de módulos de seis meses cada (cada um 
equivale a uma série). Para o Ensino Fundamental as disciplinas, segundo a 
BNCC, são: Geografia, História, Matemática, Ciências, Educação Física, Artes, 
Inglês e Língua Portuguesa. No Ensino Médio as disciplinas são: Filosofia, 
Sociologia, História, Física, Química, Matemática, Ciências, Educação Física, 
Artes, Inglês e Língua Portuguesa. 
As aulas precisam ser contextualizadas e o professor precisa ficar atento às 
dificuldades que os alunos possam vir a ter. Se um aluno da EJA tiver 
22 
 
necessidades educativas especiais (NEE), ele tem direito ao acesso ao 
atendimento educacional especializado (AEE), ministrado por um professor 
especialista em Educação Especial. 
Um dos aspectos mais importantes ao ensinar para um público como o da EJA 
é ficar atento à sua realidade. O professor e o material didático, assim como a 
sala de aula, devem estar preparados para o ensino de adultos e não serem uma 
adaptação malfeita do ensino regular. Isso reflete principalmente na 
alfabetização que deve ser voltada especificamente para essa faixa etária e não 
somente adaptar material e métodos da alfabetização de crianças. 
Sendo assim, ao se preparar um ambiente para receber e ensinar jovens e 
adultos, uma escola deve pensar primeiramente na situação social e cultural 
deles, nas suas necessidades, físicas e psicossociais, nos seus aspectos 
cognitivos, e principalmente em suas necessidades educativas próprias. O 
ambiente deve ser todo moldado a esse público e os recursos disponíveis devem 
ser os mesmos oferecidos ao ensino regular. 
Em sua pesquisa realizada junto a professores alfabetizadores de crianças e 
jovens e adultos, em escolas da comunidade de Curitiba, Branco (2007) 
constatou que: 
Continuam em suas práticas, despejando conteúdos 
descontextualizados e cobrando dos alunos a pura e simples 
devolução. Prova disso é a quantidade de cópias de textos que 
os alunos têm que dar conta durante o ano letivo. É impossível 
que os professores consigam trabalhar exaustivamente com 
tantos textos ao mesmo tempo. 
 
Isso mostra que não estamos formando profissionais suficientemente 
preparados para lidar com o público da EJA e que isso, somado à falta de 
investimento e de prioridade do governo em relação a essa modalidade, tem 
contribuído para o aumento de pessoas que são alfabetizadas, mas não letradas. 
Isso não atende o que as teorias de aprendizagem e de alfabetização para 
adultos tanto orientam, pois desconsideram totalmente a realidade e as 
necessidades dos alunos jovens e adultos. É preciso um olhar mais cuidadosopara esses alunos e seu contexto. 
 
 
 
 
 
 
 
23 
 
CAPÍTULO 7 – O TRATAMENTO AOS ALUNOS DA EJA 
 
Um dos aspectos mais importantes no ensino de adultos é o relacionamento do 
professor e da gestão como os mesmos. Os alunos da EJA precisam de uma 
didática que vai além da parte pedagógica, eles precisam de incentivo 
emocional, psicológico, cognitivo e social. As próprias relações entre eles devem 
ser estimuladas e mantidas pelo professor em suas aulas, pois quando 
interagem uns com os outros e se sentem acolhidos, como parte de um grupo 
social, esses alunos têm mais motivação para prosseguir nos estudos. 
Antes de qualquer planejamento, o professor precisa conhecer o aluno de EJA. 
Esse aluno está nessa modalidade de ensino por não ter tido oportunidade de 
estudar na idade própria da educação básica. As razões para essa falta de 
oportunidade podem ser as mais diversas, desde familiares até a falta de vagas 
perto de casa. Geralmente, existem diversas gerações dentro de uma sala da 
EJA. De acordo com Somera (2013, p. 6), “estudos globais demonstram que as 
gerações apresentam um conjunto de atitudes e crenças que as caracterizam”. 
Essas gerações podem ser classificadas em (SOMERA, 2013, p. 6): 
 
 Veteranos: nascidos antes de 1943; 
 
 Baby Boomers: nascidos entre 1943 e 1960; 
 
 Geração X: nascidos entre 1960 e 1980; 
 
 Geração Y: nascidos entre 1980 e 2000; 
 
 Geração Z: nascidos entre 2000 e 2010; 
 
 Geração Alpha: nascidos a partir de 2010 (em estudos). 
 
Essas gerações de têm motivações, objetivos e características diferentes em 
relação aos estudos, portanto, o desafio do professor de EJA é muito grande na 
hora de elaborar as práticas pedagógicas e as atividades em sala de aula. Para 
que essa tarefa seja mais fácil, é importante conhecer cada uma das gerações 
que frequentam a EJA, vejamos (SOMERA, 2013, p. 7 e 8): 
 
• VETERANOS/ TRADICIONAIS: 
 Pessoas extremamente dedicadas; 
 Entendem e se conformam com “sacrifícios”; 
 Se esforçam e admitem recompensas tardias; 
 Aceitam a liderança; respeitam a hierarquia; 
 São formais e exibem sinais de autoridade; 
24 
 
 São burocratas (excesso de formalismo; de papelório, padronização de 
desempenho nas rotinas e procedimentos; eficiência na organização; 
internalização de regras); 
 O dever vem antes do prazer. 
• BABY BOOMERS: 
 São pessoas independentes; organizadas; transformadores; 
 Priorizam o trabalho; 
 Têm dúvidas (céticos) em relação à autoridade: liderança aceita quando 
por consenso do grupo; 
 Acreditam num mundo competitivo e compenetrado. 
• GERAÇÃO X: 
 Buscam equilíbrio entre a vida pessoal e profissional; 
 São pessoas autocentradas, empreendedoras e extremamente 
independentes; 
 São altamente lógicas e ágeis; 
 Julgam a liderança por competência e não por aparência; 
 Meta de carreira dirigida a novos desafios; 
 Gostam de trabalhar num ambiente de equipe; 
 É a primeira geração que verdadeiramente domina os computadores (Era 
da Informação). 
• GERAÇÃO Y: 
 Pessoas tecnologicamente superiores, muito sofisticados. Receberam 
maior desenvolvimento cerebral (excesso de informações, internet, 
videogames); 
 Tendem a ter entendimento global (fruto da globalização/ multicultural/ 
diversidade); 
 Necessitam de reconhecimento positivo periódico; 
 Desejam crescimento rápido na carreira; são imediatistas; 
 Buscam e testam limites; 
 Precisam de desafios. O maior desafio: ter sucesso profissional em um 
mundo altamente competitivo. (Sucesso é conseguir ganhar dinheiro em 
uma profissão que os façam felizes); 
 Multitarefeiros; 
 Informais, críticos, autônomos e individualistas; 
 Não abrem mão de gerenciar simultaneamente sua vida pessoal e 
profissional (com qualidade) e são fiéis aos seus projetos; 
 Sabem trabalhar em equipe e precisam se sentir "fazendo parte" do time; 
 Buscam relacionamentos (redes sociais); 
 Precisam ser tratados como pessoas únicas, especiais; 
 Intensidade (tudo ao mesmo tempo, agora); 
 Estão sempre em trânsito (sua sede é móvel), por isso precisam estar em 
contato com a internet o tempo todo. A grande plataforma é o celular. 
 
25 
 
 GERAÇÃO Z (Somam-se as características do Y à Z): 
 Formada por crianças que estão constantemente “conectadas” por meio 
de dispositivos portáteis; 
 Tem mania de zapear tendo várias opções, entre canais de televisão, 
internet, vídeo game, telefone e MP3 players; 
 Conhecidas por serem “nativas digitais”, estando muito familiarizadas com 
as novas tecnologias, não apenas acessando a internet de suas casas, e 
sim pelo celular. O mundo para eles é tecnológico e virtual; 
 É uma geração preocupada com o meio ambiente. 
Conhecendo essas características, o professor pode elaborar atividades mais 
específicas para cada geração, usando materiais e métodos adequados e 
diversificando os fatores motivacionais. Também é importante na resolução de 
possíveis conflitos que possam surgir em sala de aula. Além das características 
geracionais, o aluno da EJA possui outras que são comuns a quase todos os 
alunos, por exemplo: 
 
 É um aluno que trabalha, geralmente durante o dia; 
 Tem objetivos definidos em relação aos estudos; 
 Valoriza o aprendizado; 
 Pode ter dificuldades na aprendizagem, mas também apresenta muitas 
habilidades que devem ser exploradas e desenvolvidas; 
 Tem responsabilidade e determinação; 
 Apresentam vocabulário simples e conhecimentos baseados no senso 
comum. 
Devemos entender que existem dois grupos de alunos na EJA, que independem 
de geração ou idade. Um é o grupo de alunos que voltam para EJA com o 
objetivo de recuperar o tempo perdido, aprender e progredir, seja na vida 
pessoal, profissional ou acadêmica. O outro é um grupo de alunos que não se 
adaptou à rotina escolar, tem como características a indisciplina, a repetência, 
podem ter distúrbios de aprendizagem, problemas em casa e até mesmo com a 
lei. 
O tratamento que o professor deve oferecer a cada um desses grupos deve ser 
bem programado. O primeiro grupo pode apresentar muitas dificuldades 
cognitivas e de aprendizado, mas tem perseverança e motivação, então só 
precisa de incentivo e reforço acadêmico para que continuem aplicados e 
estudando. Já o segundo grupo precisa de disciplina, de organização e de rotina, 
mas o professor precisa motivá-los e captar seu interesse pelos estudos. É 
preciso que esses alunos comecem a valorizar o aprendizado, então manter o 
diálogo e estar sempre aberto aos problemas dos alunos irá ajudar bastante. 
O professor precisa ter uma postura calma e acolhedora com ambos os grupos, 
eles precisam enxergar uma referência no professor, um elemento norteador. 
Muitos desses alunos não têm outras pessoas para trocar ideias sobre as aulas, 
sobre suas dúvidas e sobre seus interesses, então é importante que o professor 
26 
 
incentive a formação de grupos de estudos na sala, para que esses alunos 
interajam e se sintam integrados na sala de aula. 
Uma forma bastante efetiva de motivar os alunos e promover a integração nas 
aulas é usar atividades lúdicas. Sabemos que o tempo com os alunos é curto e 
o planejamento é corrido, mas é preciso contextualizar as atividades e torná-las 
as mais prazerosas possível para esses alunos, que muitas vezes estarão 
cansados, sonolentos e pouco motivados. 
As atividades lúdicas, além de despertar o interesse, devem exercitar a 
criatividade, a troca de ideias e de experiências, o diálogo. O professor pode 
promover a reflexão, o raciocínio lógico e o desenvolvimento da linguagem 
usando jogos e dinâmicas de grupo. O mais importante em uma aula de EJA é 
trazer o aluno para o momento, fazê-lo esquecer o cansaço, os problemas, as 
preocupações e as dificuldades, mostrando a ele um espaço acolhedor, onde o 
aprendizado de cada dia é valioso e significativo.27 
 
CAPÍTULO 8 – PRÁTICAS EDUCATIVAS COM ALUNOS DA EJA 
 
O professor de EJA precisa elaborar um planejamento cuidadoso de suas 
práticas pedagógicas durante o semestre letivo da EJA. Lembremos que cada 
semestre corresponde a uma série, portanto, o tempo é curto, e para dar conta 
de ensinar a parte teórica e também adotar atividades práticas, esse 
planejamento precisa ser rigoroso e detalhado. 
Se a parte teórica é engessada pelo livro didático, a parte prática oferece ao 
professor a oportunidade de atender às necessidades e aos objetivos de seus 
alunos, adaptando as atividades ao contexto social e ao nível cognitivo da turma. 
O professor precisa conhecer as motivações que levaram esses alunos a 
procurarem os estudos novamente, quais seus objetivos para o futuro e o que 
desejam fazer com o conhecimento adquirido. 
As práticas educativas na EJA devem, portanto, levar em consideração as 
vivências e as expectativas na vida de seus alunos. O ensino irá construir não 
somente um conhecimento acadêmico, mas um novo modo de enxergar a 
realidade, com pensamento crítico e reflexivo, e através desse pensamento, 
intervir nessa mesma realidade, transformando-a em algo melhor. Tendo em 
vista essa forma de ensinar, o professor não pode deixar faltar em suas práticas 
pedagógicas: 
 
 Uso de vários tipos de texto: o aluno precisa conhecer o poema, a 
prosa, o texto jornalístico, as diversas formas de narrativa, etc. Ele não 
precisa estar alfabetizado para ter contato com a leitura, o professor deve 
introduzir os textos antes da alfabetização, para ajudar no letramento; 
 
 Usar ferramentas tecnológicas: a EJA precisa promover a inclusão 
digital de seus alunos, portanto, o professor precisa promover o acesso 
desses alunos aos recursos que estiverem disponíveis na escola; 
 
 Atividades lúdicas: a arte, a literatura, a música, a dança, esportes e 
jogos, todos esses podem ser apresentados aos alunos com fins 
educativos, mas de uma forma prazerosa, fazendo com que o aluno 
enxergue o aprendizado como algo que lhe causa bem-estar, e não 
receios, medos e traumas; 
 
 Dinâmicas de grupo: essas práticas servem para relaxar o aluno, 
promovem integração entre os colegas, e também podem ser fontes de 
informações para o professor, se este souber usá-las; 
 
 Materiais diversos: se o professor for alfabetizar, precisa adotar outros 
materiais além de livro didático ou cartilha, usando alfabetos 
personalizados, jogos interativos, produção textual significativa, entre 
outras didáticas ativas. 
28 
 
As práticas educativas da EJA precisam abordar, além de aspectos intelectuais 
e cognitivos, alguns aspectos comportamentais, como por exemplo, promover a 
autonomia dos alunos. O professor deve dar espaço, nas práticas, para o aluno 
refletir e tomar suas próprias decisões, para que ele se torne cada vez mais 
independente. Alguns exemplos de práticas que reforçam essas atitudes são: 
 
 Pesquisas sobre temas, na internet ou em outras fontes; 
 Produção de textos espontâneos, como diários, blogs, diálogos, 
etc.; 
 Debates sobre questões atuais da sociedade; 
 Assistir e discutir filmes e documentários significativos; 
 Exercitar argumentos através de leituras críticas. 
 
Conforme o aluno vai adquirindo a leitura, o professor deve incentivar a escolha 
de livros, revistas, jornais, enfim, todos os tipos de textos que estiverem 
disponíveis. Para tornar isso mais divertido e efetivo, seria interessante montar 
na sala de aula o Canto da Leitura: um lugar específico para colocar livros, que 
podem ser trazidos pelos próprios alunos, arrecadados em doações, ou 
comprados pela escola. Esse canto pode ser usado em intervalos, em aulas de 
leitura, antes da aula. O mais importante é construir o hábito de ler e o gosto 
pessoal pelos livros. 
A cultura local também precisa fazer parte dos temas das aulas e das atividades 
práticas. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) propõem, entre os Temas 
Transversais, que seja adotado na escola um tema local. Além disso, Paulo 
Freire, em seu método de alfabetização, afirmava a importância de se usar 
conteúdos advindos da realidade do aluno. Por isso, o professor precisa 
conhecer bem o contexto cultural do aluno e a partir desse contexto criar 
atividades que contenham: 
 
 Músicas que façam parte do gosto dos alunos; 
 Danças e festas comuns no local onde os alunos moram; 
 Textos que representem a linguagem que o aluno usa no cotidiano; 
 Hábitos, comportamentos e vestuários comuns no local; 
 Comidas preferidas pelos alunos, através do aprendizado da receita; 
 Esportes, jogos coletivos e brincadeiras que os alunos gostem. 
 
As palavras geradoras, que servem de base na alfabetização no método de 
Paulo Freire, podem ser buscadas nesses temas, incluindo as sugestões dos 
próprios alunos. Porém, ao mesmo tempo em que explora a realidade do aluno, 
o professor não deve deixar de apresentar outras realidades, outras culturas e 
outras linguagens. Assim, o aluno poderá conhecer outras formas de se viver, 
outros hábitos e comportamentos, o que além de enriquecer sua bagagem 
29 
 
cognitiva e cultural, irá despertar sua curiosidade para a diversidade social e 
cultural. Alguns instrumentos úteis para se conhecer outras culturas são as redes 
sociais e os blogs de turismo, que apresentam muitas informações, desde fotos, 
vídeos, até dicas sobre aspectos culturais, linguísticos e sociais. 
Segundo a nova Base Nacional Comum Curricular nacional, a BNCC, cada etapa 
da educação básica deve desenvolver habilidades específicas em seus alunos, 
para o Ensino Fundamental, as habilidades são nas seguintes áreas de 
conhecimento: 
 
 Linguagens: língua portuguesa, arte, educação física e língua 
inglesa; 
 Matemática; 
 Ciências da Natureza; 
 Ciências Humanas: história e geografia; 
 Ensino Religioso. 
 
Para o Ensino Médio, última etapa da educação básica, a grade curricular deve 
desenvolver habilidades e competências nas seguintes áreas: 
 
 Linguagens e suas tecnologias; 
 Matemática e suas tecnologias; 
 Ciências da natureza e suas tecnologias; 
 Ciências humanas e suas tecnologias. 
 
Além dessas habilidades, que estão relacionadas ao desenvolvimento 
acadêmico e intelectual, a nova BNCC propõe que a escola desenvolva também 
as habilidades psicossociais. Embora sejam mais voltadas para o 
desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, essas habilidades também 
devem ser trabalhadas com adultos, pois sabemos que muitos enfrentam 
dificuldades emocionais e sociais dentro e fora da escola, vejamos quais são 
essas habilidades (www.gestaoescolar.org.br): 
 
 Abertura ao novo: curiosidade para aprender, imaginação criativa e 
interesse artístico; 
 
 Consciência ou autogestão: determinação, organização, foco, 
persistência e responsabilidade; 
 Extroversão ou engajamento com os outros: iniciativa social, 
assertividade e entusiasmo; 
 
 Amabilidade: empatia, respeito e confiança; 
http://www.gestaoescolar.org.br/
30 
 
 
 Estabilidade ou resiliência emocional: autoconfiança, tolerância ao 
estresse e à frustração. 
Como podemos observar nas descrições acima, os alunos, mesmo adultos, 
precisam ter essas habilidades observadas e desenvolvidas em sua rotina 
escolar. A parte emocional influencia muito no aprendizado, assim como a 
psicológica, portanto, o professor deve estar atento a esse aspecto ao elaborar 
suas práticas pedagógicas. 
Neste capítulo, pudemos entender que independentemente de elaborarmos 
práticas didáticas com objetivos acadêmicos ou não, é preciso que já no 
planejamento observemos a necessidade de direcionar essas práticas para o 
contexto social do aluno, enxergando sua bagagem cognitiva e pessoal, e assim, 
estarmos preservando, estimulando ou desenvolvendo suas habilidades e 
competências pessoais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31 
 
CAPÍTULO 9 – PROGRAMAS DE EDUCAÇÃO DO GOVERNO FEDERAL 
 
Neste último capítulo de nossos estudos,iremos descrever os principais 
programas do Governo Federal em relação à educação. Como nosso foco aqui 
é a educação de jovens e adultos, relacionamos os programas do governo que 
podem ser aproveitados por essa faixa etária, segundo o portal do MEC 
(Ministério da Educação) e do SEB (Secretaria da Educação Básica), os 
principais programas na área de Educação são (MEC/SEB, 2020): 
 
• Programa de Apoio ao Novo Ensino Médio (ProNem) 
O programa, instituído pela Portaria MEC n.649/2018, tem como objetivo apoiar 
as secretarias de educação estaduais e do DF na implementação do Novo 
Ensino Médio, aprovado por meio da lei n.13415/2017, por meio das seguintes 
ações: apoio técnico para a elaboração e execução do Plano de Implementação 
do Novo Ensino Médio; apoio técnico à implantação de escolas-piloto do Novo 
Ensino Médio; apoio financeiro; e formação continuada por meio do Programa 
de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum Curricular – ProBNCC 
(Portaria MEC nº 331/2018). 
Para garantir a implantação de escolas piloto o MEC lançou as diretrizes do 
apoio financeiro por meio do Programa Dinheiro Direto na Escola- PDDE, 
Portaria n.1024/2018, e o repasse de recursos às escolas é realizado conforme 
estabelecido na Resolução FNDE n.21/2018. A unidade técnica responsável é a 
Coordenação-Geral de Ensino Médio (COGEM/DPD) da Secretaria de 
Educação Básica do MEC. 
Principais metas: Dar apoio às 27 Unidades Federativas para implementação 
do Novo Ensino Médio (BNCC + itinerários), ampliando a carga horária de 800 
para 1000 horas anuais. Melhoria dos indicadores de aprendizagem. 
 
• Programa de Fomento às Escolas de Ensino Médio em Tempo 
Integral (EMTI) 
Instituído pela Portaria nº 1.145, de 10 de outubro de 2016, atualmente regido 
pela Portaria nº 2.116, de 2 de dezembro de 2019, o Programa de Fomento à 
Implementação de Escolas em Tempo Integral é executado pela Diretoria de 
Políticas e Diretrizes da Educação Básica, no âmbito da Coordenação-Geral de 
Ensino Médio (DPD/COGEM). O objetivo geral é apoiar a ampliação da oferta de 
educação em tempo integral no ensino médio nos estados e Distrito Federal, de 
acordo com critérios definidos pela referida portaria, por meio da transferência 
de recursos para as secretarias estaduais e Distrital de educação. A unidade 
técnica responsável é a Coordenação-Geral de Ensino Médio (COGEM/DPD) da 
Secretaria de Educação Básica do MEC. 
http://www.in.gov.br/materia/-/asset_publisher/Kujrw0TZC2Mb/content/id/29495231/do1-2018-07-11-portaria-n-649-de-10-de-julho-de-2018-29495216
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=49131-port-1144mais-educ-pdf&category_slug=outubro-2016-pdf&Itemid=30192
32 
 
Principais metas: Atendimento das Metas 6 e 7 do Plano Nacional de Educação 
PNE 2014-2024 (Lei nº 13.005/2014). Implementação de Escolas de Ensino 
Médio em Tempo Integral e ampliação da jornada escolar e formação integral do 
estudante. 
 
• Programa de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum 
Curricular (ProBNCC) 
Instituído pela Portaria MEC nº 331, de 5 de abril de 2018, o Programa de Apoio 
à Implementação da Base Nacional Comum Curricular (ProBNCC) é da 
competência da Diretoria de Políticas e Regulação da Educação Básica no 
âmbito da Coordenação-Geral de Gestão Estratégica da Educação Básica 
(COGEB). O programa tem o objetivo de apoiar as secretarias estaduais e 
municipais de Educação e a Secretaria de Educação do Distrito Federal no 
processo de revisão, elaboração e implementação dos currículos alinhados à 
BNCC. 
Principais metas: Apoiar a implementação da BNCC, com monitoramento das 
metas alcançadas pelos estados (referenciais curriculares alinhados à BNCC), 
fornecer apoio técnico e concessão de recursos por meio do PAR e de Bolsas 
para a composição de equipes nos estados e municípios, nos perfis de 
articuladores de conselho, coordenadores de área, redatores de currículos, 
coordenadores de currículos. 
 
• Programa de Inovação Educação Conectada 
Instituído pelo Decreto 9.204, de 23 de novembro de 2017, o Programa de 
Inovação Educação Conectada é executado pela Diretoria de Articulação e 
Apoio às Redes de Educação Básica, no âmbito da Coordenação-Geral de 
Tecnologia e Inovação da Educação Básica (CGTI). Tem por objetivo geral 
apoiar a universalização do acesso à internet em alta velocidade e fomentar o 
uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica. 
Principais metas: Universalização do acesso à internet em alta velocidade e 
fomentar o uso pedagógico de tecnologias digitais na educação básica. 
 
• Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) 
Executado pela Diretoria de Articulação e Apoio às Redes de Educação Básica, 
o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) foi instituído pelo 
Decreto nº 9.099, de 2017, com a finalidade de avaliar e a disponibilizar obras 
didáticas, pedagógicas e literárias, entre outros materiais de apoio à prática 
educativa, de forma sistemática, regular e gratuita, às escolas públicas de 
educação básica das redes federal, estaduais, municipais e distrital e às 
instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos e 
conveniadas com o Poder Público. 
https://undime.org.br/uploads/documentos/phpbJEN9S_5acba4bfbdff8.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/doc_orientador_probncc_2019.pdf
http://basenacionalcomum.mec.gov.br/images/implementacao/doc_orientador_probncc_2019.pdf
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Decreto/D9204.htm
33 
 
Principais metas: Avaliar e disponibilizar obras didáticas e literárias, de uso 
individual ou coletivo, acervos para bibliotecas, obras pedagógicas, softwares e 
jogos educacionais, materiais de reforço e correção de fluxo, materiais de 
formação e materiais destinados à gestão escolar, entre outros materiais de 
apoio à prática educativa, incluídas ações de qualificação de materiais para a 
aquisição descentralizada pelos entes federativos. 
 
• Programa Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim) 
Executado pela Diretoria de Políticas para Escolas Cívico-Militares, o Programa 
Nacional das Escolas Cívico-Militares (Pecim), lançado em 05 de setembro de 
2019, pelo Decreto Presidencial nº 10.004, é uma ação do Ministério da 
Educação, em parceria com o Ministério da Defesa, que visa contribuir para a 
melhoria da Educação Básica do Brasil, a partir da implantação do modelo MEC 
de Escolas Cívico-Militares (Ecim). Esse modelo é centrado na melhoria de 
gestão nas áreas educacional, didático-pedagógica e administrativa, sendo 
baseado no padrão de alto nível dos Colégios Militares do Exército, das Polícias 
Militares e dos Corpos de Bombeiros Militares. 
Principais metas: Implantar 216 Escolas Cívico-Militares (Ecim) até 2023, 
sendo 54 Ecim por ano. 
 
• Programa de Apoio aos Sistemas de Ensino para Atendimento à 
Educação de Jovens e Adultos (EJA) 
A última Resolução vigente foi a nº 5, de 31 de março 2017 com objetivo de 
ampliar a oferta de EJA na modalidade presencial, no ensino fundamental e no 
médio, contribuir para a expansão das matrículas em EJA, especialmente entre 
egressos do Programa Brasil Alfabetizado – PBA, populações do campo, 
comunidades quilombolas, povos indígenas e pessoas em cumprimento de pena 
em unidades prisionais, e fortalecer o compromisso dos entes federados com a 
efetivação do ingresso, da permanência e da continuidade de estudo de jovens 
e adultos, por meio da articulação entre os sistemas de ensino. Atualmente é 
elaborada nova resolução que autorize os entes federados a utilizar o saldo 
remanescente em conta e ofertar a EJA articulada à qualificação profissional. A 
unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de Educação de Jovens e 
Adultos, da Diretoria de Políticas e Diretrizes da Educação Básica da Secretaria 
de Educação Básica do MEC. 
Principais metas: Atender 8 milhões de pessoascom ações voltadas à 
alfabetização e à elevação da escolaridade média da população de 15 anos ou 
mais, visando ao desenvolvimento da participação social e cidadã ao longo da 
vida, à diversidade e à inclusão, em consonância com o disposto nas Metas 8 e 
9 do Plano Nacional de Educação. 
 
34 
 
• Educação de jovens e adultos integrada à educação profissional 
Em conformidade com a Lei nº 13.005 de 25 de junho de 2014 que institui o 
Plano Nacional de Educação – PNE e define na Meta 10 o oferecimento de, no 
mínimo, 25% das matrículas da EJA, nas etapas do ensino fundamental e médio, 
para que sejam oferecidas de forma integrada à Educação Profissional. 
Constituem-se de Termos de Execução Descentralizada com 12 Institutos 
Federais que se propuseram a promover ações de mobilização dos municípios, 
formação continuada de profissionais da educação, oferta de cursos de 
educação de jovens e adultos (EJA) integrados à educação profissional, 
curadoria e produção de conteúdos didáticos, monitoramento da permanência, 
pesquisa e inovação. A unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de 
Educação de Jovens e Adultos, da Diretoria de Políticas e Diretrizes da 
Educação Básica da Secretaria de Educação Básica do MEC. 
Principais metas: Promover ações para a oferta de 3,8% das matrículas de 
Educação de Jovens e Adultos, nos ensinos fundamental e médio, na forma 
articulada à educação profissional, em consonância com o disposto na Meta 10 
do Plano Nacional de Educação. 
 
• Programa Nacional de Inclusão de Jovens (Projovem), nas 
modalidades Projovem Urbano e Projovem Campo-Saberes da Terra 
As últimas Resoluções vigentes são nº 6 de setembro de 2017, e nº 13 de 21 de 
setembro de 2017. Os Programas buscam promover a reintegração de jovens 
com idade entre 15 (quinze) e 29 (vinte e nove) anos ao processo educacional, 
à qualificação profissional e ao desenvolvimento humano. Atualmente, a 
avaliação do material didático elaborado antecede a publicação de nova 
Resolução que autorize o uso do saldo remanescente em conta para as duas 
modalidades. A atual unidade técnica responsável é a Coordenação-Geral de 
Jovens e Adultos/COEJA da Secretaria de Educação Básica do MEC. 
Principais metas: Ofertar 260 mil vagas a jovens de 18 a 29 anos por meio de 
ações voltadas à elevação da escolaridade na educação básica integrada à 
qualificação profissional e ao desenvolvimento da participação cidadã. 
 
• Programa Brasil Alfabetizado (PBA) 
O programa Brasil Alfabetizado, do Governo Federal, tem como objetivo de 
alfabetizar jovens a partir dos quinze anos, de maneira descentralizada e 
utilizando voluntariado por todo o país. As turmas de alfabetização são divididas 
entre Rurais e Urbanas, tendo número mínimo de 10 e máximo de 25 alunos. No 
caso de alunos com necessidades educacionais especiais (NEE), cada turma 
pode comportar até três alunos. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm
35 
 
• Programa Formação pela Escola 
O programa Formação pela Escola consiste de um processo de formação 
continuada de profissionais que visa a contribuir para o fortalecimento da 
atuação de agentes e parceiros envolvidos com a execução, o monitoramento, 
a avaliação, a prestação de contas e o controle das ações e programas 
educacionais financiados pelo FNDE, por meio da oferta de cursos na 
modalidade de educação a distância. Resolução em vigor: Resolução nº 35, de 
15 de agosto de 2012. 
 
• Programa Saúde na Escola 
Objetivo: O Programa Saúde na Escola tem como objetivo promover a saúde, 
prevenir doenças e agravos à saúde de adolescentes e jovens da rede pública 
de ensino, a partir da articulação entre educação e saúde. Uma das ações desse 
Programa é a formação continuada dos professores da educação básica a fim 
de que promovam atividades de promoção da saúde. 
Resolução em vigor: Resolução n° 24, de 16 de agosto de 2010 (com alterações 
da Resolução n° 37, de 21 de julho de 2011). 
 
Existem outros programas, ações, projetos e atividades criados e desenvolvidos 
pelo MEC para auxiliar a melhoria da Educação Básica e a formação de alunos 
e professores, para saber mais a respeito destes, visite a página do MEC, de 
onde recolhemos as informações citadas acima: https://www.gov.br/mec/pt-br. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000035&seq_ato=000&vlr_ano=2012&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000035&seq_ato=000&vlr_ano=2012&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000024&seq_ato=000&vlr_ano=2010&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000055&seq_ato=000&vlr_ano=2012&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ato=00000037&seq_ato=000&vlr_ano=2011&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC
https://www.gov.br/mec/pt-br
36 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Aqui encerramos nossos estudos sobre a Educação de Jovens e Adultos, a EJA. 
Esperamos que nossas orientações e descrições tenham ajudado a construir um 
conceito sobre o ensino de adultos (Andragogia), desde a fase da alfabetização 
até o preparo para o mercado de trabalho e a continuidade dos estudos. 
Sabemos que esse é um público que vem para a escola motivado a estudar e 
preencher uma lacuna aberta por diferentes motivos, sejam eles 
socioeconômicos, familiares ou emocionais. 
Iniciamos esses estudos analisando a questão do analfabetismo, que não se 
trata somente de decodificar letras e números, mas de compreender, interpretar 
e aplicar o conhecimento depreendido do texto. Atualmente, temos uma grande 
quantidade de alunos que sabem ler e escrever, mas não entendem a 
mensagem do que leem, são os analfabetos funcionais. Percebemos que o Brasil 
já teve vários movimentos de alfabetização, sendo o mais famoso o MOBRAL, e 
que embora tenham conseguido alfabetizar no sentido de decodificar, não 
ofereceram letramento para seus alunos. 
Analisamos o Sistema Nacional de Educação, explicando os níveis, as etapas e 
as modalidades oferecidas na escola. Dessas modalidades, a EJA é a que 
oferece estudos aos alunos que não puderam frequentar a escola na idade 
própria. Explicamos como é a alfabetização desses alunos, descrevendo as 
teorias e práticas usadas para esse fim. Dessas teorias, a mais famosa e que 
produziu mais resultados efetivos com alfabetização de adultos é a de Paulo 
Freire, que foi descrita e comentada por nós. 
Salientamos a importância de um ambiente adequado para a educação desses 
jovens e adultos, que seja um espaço que oferece o mesmo conforto, os mesmos 
recursos e a mesma qualidade que o ensino regular recebe. O tratamento a 
esses alunos também deve ser humanizado, contextualizado e com muito 
respeito à realidade deles. 
Por fim, estudamos as práticas educativas que podem ser aplicadas na EJA, 
dando dicas sobre a postura do professor, os eixos temáticos e as habilidades a 
serem trabalhadas. Fechamos nossos estudos descrevendo na íntegra os 
programas educacionais do Governo Federal. Assim, esperamos que os estudos 
tenham sido proveitosos a todos, ampliando o conhecimento sobre essa 
importante modalidade de ensino. 
 
 
 
 
 
 
37 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
BARCELOS, L. B. O que é qualidade na educação de jovens e adultos? 
Educação & Realidade: Porto Alegre, v. 39, n. 2, p. 487-509, abr./jun. 2014. 
Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/edreal/v39n2/v39n2a08.pdf 
BECK, C. Método Paulo Freire de alfabetização. Andragogia Brasil, 2016. 
Disponível em: https://andragogiabrasil.com.br/metodo-paulo-freire-de-
alfabetizacao/ 
BRANCO, V. A sala de aula na educação de jovens e adultos. Educar em 
Revista, Curitiba, n. 29, p. 157-170,

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