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CAPÍTULO 8: A filosofia em Atenas RENAN MENEGHELLI·SÁBADO, 28 DE ABRIL DE 2018·READING TIME: 4 MINUTES REFERIMO -NOS À FILOSOFIA DA NATUREZA, A VERDADEIRA RUPTURA COM A VISÃO RELIGIOSA MÍTICA DO MUNDO. Vamos conhecer agora os três principais filósofos da Antiguidade. Chamam-se Sócrates, Platão e Aristóteles. Cada um destes filósofos marcou de uma certa maneira a civilização europeia e ocidental. Os filósofos da natureza são também designados por pré-socráticos, visto que viveram antes de Sócrates. Na realidade, Demócrito morreu alguns anos após Sócrates, mas todo o seu pensamento pertence à filosofia da natureza pré-socrática. Sócrates representa uma linha de separação não apenas do ponto de vista cronológico mas também do ponto de vista geográfico, Sócrates é o primeiro filósofo nascido em Atenas, e tanto ele como ambos os seus sucessores viveram e exerceram a sua atividade em Atenas. Anaxágoras viveu algum tempo nesta cidade, tendo, no entanto, sido expulso dela por defender que o sol era uma esfera de fogo. A partir da época de Sócrates, Atenas torna-se o ponto de encontro da cultura grega. É ainda mais importante notar que todo o projeto filosófico muda essencialmente, se passarmos dos filósofos da natureza para Sócrates. Mas antes de conhecermos Sócrates, vamos saber um pouco mais acerca dos chamados sofistas, que influenciaram o panorama cultural da cidade de Atenas. ANTROPOCENTRISMO - O homem no centro Por volta de 450 a.C., Atenas tornou-se o centro cultural do mundo grego. A filosofia também tomou então uma orientação nova. Os filósofos da natureza eram, principalmente, investigadores do mundo físico. Ocupam consequentemente um lugar importante na história das ciências naturais. Em Atenas, o interesse concentrou-se então mais no homem e no seu lugar na sociedade. Foi então que surgiu a base de todas as ciências humanas. Em Atenas desenvolvia-se progressivamente uma democracia com assembleias populares e tribunais. Uma das condições para a instauração da democracia exigia que os homens recebessem instrução suficiente para poderem participar na vida política. Também nos dias de hoje vemos que uma jovem democracia precisa do esclarecimento popular. Entre os atenienses isso significava, principalmente, dominar a retórica. Vindo das colônias gregas, um grupo de professores itinerantes e de filósofos afluiu então a Atenas. Chamavam-se sofistas. A palavra "sofista" designa uma pessoa sábia ou erudita. Em Atenas, os sofistas ganhavam o seu sustento ensinando os cidadãos. Os sofistas tinham uma notável semelhança com os filósofos da natureza, pois também eles eram críticos relativamente aos mitos tradicionais e às religiões. Mas, simultaneamente, os sofistas recusavam tudo o que lhes parecia ser especulação filosófica desnecessária. Achavam que mesmo que houvesse resposta para muitas questões filosóficas, os homens nunca poderiam encontrar explicações verdadeiramente seguras para os enigmas da natureza e do universo, ATÉ PORQUE AINDA NÃO EXISTIA EXPERIMENTO CIENTÍFICO AINDA. Em filosofia, este ponto de vista é designado por “ceticismo”. Mas apesar de não podermos encontrar resposta para todos os enigmas da natureza, sabemos que somos homens e que devemos aprender como viver em comunidade. Os sofistas interessavam-se pelo homem e pelo seu lugar na sociedade. "O homem é a medida de todas as coisas", dizia o sofista Protágoras (cerca de 487420 a.C.). Queria dizer que a justiça e a injustiça, o bem e o mal devem ser sempre avaliados em função das necessidades dos homens. Os usos e os costumes, e as leis das cidades-estado variavam muito. Partindo dessas experiências, os sofistas iniciaram em Atenas uma discussão sobre o que era estabelecido pela natureza e o que era imposto pela sociedade. Desta forma, criaram na cidade-estado de Atenas as bases para uma crítica social. Podiam, por exemplo, mostrar que uma expressão como "pudor natural" não era admissível, porque se o pudor fosse natural, teria de ser inato. Mas é inato ou foi a sociedade que o criou?
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