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ABCDE do Trauma 4 João Victor Pinheiro INTRODUÇÃO AVALIAÇÃO INICIAL · Preparo; · Triagem; · Suporte primário (ABDCE) com reanimação imediata de paciente em condições potencialmente fatais; · Considerar a necessidade de transferência do paciente; · Suporte secundário (avaliação da cabeça aos pés e histórico do paciente – observar necessidade de intervenção adicional); · Cuidados e monitorização pós-PCR e reabilitação; · Cuidado definitivo. PREPARO O preparo para pacientes de trauma ocorre em duas etapas clínicas diferentes: extra e intra-hospitalar; FASE PRÉ-HOSPITALAR Realizar a organização e coordenação do atendimento, visando a uma maior efetividade e agilidade; Durante a fase pré-hospitalar dá-se ênfase a manutenção da via aérea, controle de sangramento extracorpóreo e choque, imobilização do paciente, e transporte imediato para o lugar de referência em trauma mais próximo; É importante ainda coletar informações substanciais para informar durante a triagem no hospital, incluindo tempo do acidente, eventos relacionados ao trauma e histórico do paciente; O mecanismo do trauma é de caráter decisivo para a terapêutica do paciente; Esquema de decisão durante a triagem no campo: · Glasglow <|3; · PA < 90mmHg; · FR=0 ou > 29 irpm (< 20 irpm em crianças < 1 ano) ou necessidade de suporte ventilatório; · Traumas penetrantes na cabeça, pescoço, torso e extremidades (região de cotovelo e joelho); · Tórax instável; · Fratura de dois ou mais ossos longos fraturados próximos; · Amputação proximal ao pulso ou ombro; · Fratura pélvica; · Abertura ou áreas deprimidas no crânio; · Paralisia; TRANSPORTE PARA UM CENTRO DE TRAUMAS DE ALTA COMPLEXIDADE · Quedas (adultos – 6m; crianças – 3m); · Ejeção parcial ou total de um veículo durante uma colisão; · Morte no mesmo compartimento do veículo; · Atropelamento (>32km/h); TRANSPORTE PARA UM CENTRO DE TRAUMAS NÃO NECESSARIAMENTE DE MAIOR COMPLEXIDADE FASE HOSPITALAR A transição pré-hospitalar x hospitalar deve acontecer de forma suave, direcionada ao chefe do trauma e transmitindo todas as informações coletadas para toda a equipe; Aspectos importante do preparo hospitalar: · Disponibilizar aérea de reanimação para pacientes traumáticos; · Equipamentos que funcionem propriamente para ventilação avançada (laringoscópio e tubos endotraqueais) que devem ser previamente testados e estrategicamente posicionados afim de estarem de fácil acesso; · Soluções cristalóides (i.v) aquecidas para infusão e serviços de monitorização; · Uso de EPI; TRIAGEM Classifica o tipo de paciente de acordo com os recursos necessários para o tratamento e os recursos disponíveis; A ordem do tratamento é baseada na sequência ABC (Via aérea com manutenção e proteção de cervical; respiração; circulação e controle de hemorragias); CLASSIFICAÇÃO · Múltiplas vítimas (MULTIPLES CASUALTIES): o número de pacientes e gravidade das lesões não excedem a capacidade da rede de cuidado e atenção. Dessa forma, pacientes com problemas que ameacem a vida e lesões de múltiplos sistemas são tratados primeiramente; · Vítimas em massa (MASS CASUALTIES): O número de pacientes e gravidade das lesões ultrapassa a capacidade de suporte da equipe. Assim, pacientes com maior chance de sobrevida e que requerem menos tempo de tratamento e menor atenção são priorizados. PROTOCOLO START SUPORTE PRIMÁRIO COM REANIMAÇÃO SIMULTÂNEA Os pacientes são avaliados, a parir disso são estabelecidas as suas prioridades de tratamento baseados nas lesões, sinais vitais e mecanismo de trauma para que seja possível estabelecer uma sequência lógica; As funções vitais do paciente devem ser avaliadas rapidamente e efetivamente; O manejo ideal consiste no suporte primário com reanimação simultânea, um suporte secundário mais detalhado e início do cuidado definitivo; O suporte primário engloba o ABCDE do cuidado do trauma e identifica condições ameaçadoras à vida de acordo com a seguinte sequência: A. Manutenção da via aérea com restrição do movimento da cervical; B. Respiração e ventilação; C. Circulação com controle de hemorragia; D. Disfunções neurológicas (Avaliação do status neurológico); E. Exposição com controle da hipotermia. É preconizado a duração das avaliações de até 10s, e durante os primeiros passos, é imprescindível que o paciente consiga se identificar, através de perguntas como: “qual seu nome?” e perguntar “o que aconteceu?”, respostas apropriadas sugerem que não há indício de obstrução de via aérea e que a ventilação não está totalmente comprometida (A/B), além do que o nível de consciência não está baixo (D). Respostas inadequadas ou falha na resposta sugere que existem anormalidades em A, B, C ou D que necessitam urgentemente serem avaliadas e controladas; A - Manutenção da via aérea com restrição de movimento da cervical A avaliação inicial consiste na busca de sinais de obstrução das vias aéreas, incluindo inspeção por corpos estranhos; para isso, identificação de lesões na fase, mandíbula, traqueia e laringe devem ser buscadas; Inicialmente, realizar a elevação do angulo da mandíbula (Jaw-thrust) em seguida realizar a imobilização com o colar cervival; Se o paciente consegue se comunicar verbalmente, as VA provavelmente não estão comprometidas; Em paciente com GCS <8 deve-se realizar via aérea definitiva; B – Respiração e ventilação Uma via aérea pérvia não é garantia de boa ventilação, tendo em vista que um bom funcionamento dessa requer função adequada dos pulmões, parede torácica e diafragma; Lesões que comprometem a ventilação a curto prazo: pneumotórax hipertensivo*, pneumotórax aberto e lesão na árvore traqueobrônquica; *Além de comprometer a ventilação, um pneumotórax hipertensivo compromete a circulação e deve ser realizada a punção do tórax o mais rápido possível a fim de realizar a descompressão; Um pneumotórax simples pode ser convertido em hipertensivo quando o paciente é intubado e a pressão ventilatória positiva é concedida antes da descompressão do pneumotórax; TODO PACIENTE TRAUMÁTICO DEVE RECEBER OXIGÊNIO SUPLEMENTAR. Caso o paciente não esteja intubado, deve ser oferecido através do AMBU; O uso de um oxímetro de pulso é essencial para monitorar a saturação de oxiemoglobina; C – Circulação e controle hemorrágico O comprometimento da circulação pode ser devido a vários fatores como: hipovolemia, diminuição do débito cardíaco e hemorragias (principal causa de mortes possivelmente reversíveis após trauma); Elementos a serem observados: Nível de consciência: quando o volume de sangue é diminuído pode haver um impacto da perfusão cerebral, resultando em níveis alterados de consciência; Perfusão cutânea: Em pacientes hipovolêmicos observar extremidades pálidas, pele acinzentadas e cianose; Causas de sangramentos externas ou internas: Hemorragia extracorpórea deve ser identificada e controlada no suporte primário – o uso de torniquetes é efetivo em casos de hemorragia massiva em extremidades (cuidado com isquemia da extremidade); as principais causas de sangramento internos consistem no tórax, abdome, retroperitônio, pélvis e ossos longos; O controle definitivo do sangramento é essencial juntamente a suplementação do volume intravascular; para isso, o acesso vascular deve estar estabilizado, geralmente, há a introdução de 2 cateteres venosos; Iniciar terapia IV com cristaloides (aquecidos entre 37ºc a 40ºc) > A quantidade administrada esperada que haja uma resposta apropriada em adulto pode chegar até um bolus de 1l (acima de 1,5l – possui risco de morte) > Em pacientes irrespondíveis a terapia inicial com cristaloides = transfusão sanguínea < Deve ser feito o controle da hemorragia, caso contrário não surtirá efeito! D – Disfunção neurológica Uma rápida avaliação neurológica traça: · Nível de consciência; · Tamanho e reflexo pupilar; · Busca e determina a lesão a nível da espinha. A GCS é um modo rápido e eficaz de determinar o nível de consciência; E – Exposição com controle de hipotermia Durante o suporte primário deve-se despir o paciente para facilitar o exame e a avaliação; Depois de concluída, deve-secobrir o paciente com mantas aquecidas ou exposição ao calor externo a fim de evitar hipotermia; Fluidos intravenosos devem ser aquecidos previamente à administração, assim como o ambiente – Quando os fluidos não estão disponíveis, pode-se aquecer fluidos cristaloides, mas não se pode aquecer produtos sanguíneos; Atenção: A hipotermia pode estar presente na admissão, dessa forma garanta que o ambiente esteja aquecido, utiliza mantas quentes e aqueça os fluidos antes de administrá-los; OBS: TRÍADE DA MORTE = hipotermia, acidose metabólica e coagulopatia. ALGUNS ADJUNTOS DO SUPORTE PRIMÁRIO COM REANIMAÇÃO ELETROCARDIOGRAMA A monitorização do ECG de TODOS os pacientes de trauma é importante; Disritmias, incluindo taquicardias idiopáticas, fibrilação atrial, contração precoce ventricular e mudanças no segmento ST, podem ser indício de lesão cardíaca – hipotermias profundas podem produzir disritmias; Atividade elétrica sem pulso pode indicar tamponamento cardíaco, pneumotórax hipertensivo e hipovolemia grave; Bradicardia, condução inadequada e batimentos prematuros sugerem hipoxia ou hipoperfusão. OXÍMETRO DE PULSO (%HbO) CAPNOGRAFIA (Pco2) CATETERES URINÁRIO E GÁSTRICO Um cateter urinário é um indicador do status do volume do paciente, além de refletir a perfusão renal; Um cateter gástrico é utilizado para descomprimir distensões no estômago, diminuir o risco de aspiração e checar hemorragias no TGI superior advinda do trauma; EXAMES RADIOLÓGICOS E ESTUDO DE DIAGNÓSTICO FAST, eFAST, e DPL são ferramentas para detecção rápida de sangue intrabdominal, pneumotórax a hemotórax. SUPORTE SECUNDÁRIO O suporte secundário não se inicia até o fim do suporte primário e antes da melhoria das funções vitais do paciente se tornarem evidentes; O suporte secundário é a avaliação dos pés à cabeça do paciente vítima de trauma, incluindo reavaliação de todos os sinais vitais, cada parte do corpo deve ser examinada; HISTÓRIA AMPLA A. Alergias; B. Medicamentos em uso; C. Prenhez/ histórico pessoal patológico; D. Líquidos e alimentos ingeridos recentemente; E. Ambiente relacionado ao trauma. EXAME FÍSICO CABEÇA · Acuidade visual; · Tamanho e reação pupilar; · Hemorragia da conjuntiva; · Lesão penetrante; · Lentes de contato; · Deslocamento das lentes; · Compressão ocular. ESTRUTURAS MAXILOFACIAIS · Palpação das estruturas ósseas; · Exame da cavidade bucal; · Avaliação dos tecidos moles. MEDULA ESPINHAL CERVICAL E PESCOÇO Pacientes com traumas maxilofaciais ou de cabeça podem sofrer de lesão da medula, portanto, o movimento dessa região deve ser restrito; TÓRAX Inspeção torácica anterior e posterior, a fim de identificar condições como pneumotórax aberto e respiração paradoxal, inclui também palpação e ausculta. ADBOME E PELVE Fraturas pélvicas podem produzir grande perca de volume sanguíneo, por isso deve-se evitar inicialmente o manuseio vigoroso dessa região. SISTEMA MUSCULOESQUELÉTICO Inspeção em busca de contusões e deformidades, principalmente nas extremidades; O exame físico desse sistema não está completo sem a avaliação das costas, SISTEMA NEUROLÓGICO A proteção da medula espinhal é necessária até que haja a exclusão do diagnóstico de lesão da espinha. ADJUNTOs DO SUPORTE SECUNDÁRIO e reavaliação TC a fim de realizar o diagnóstico especializado é o principal exame realizado após suporte secundário; O paciente de trauma deve ser constantemente REAVALIDO buscando sempre novos achados ou lesões que podem ter passado despercebidas; Deve ser realizado o monitoramento contínuo dos sinais vitais, saturação de oxigênio e débito urinário (0.5 mL/kg/h – adultos; 1 mL/kg/h – crianças), além de ABG periódico; Analgesia efetiva, opioides ou ansiolíticos (i.v. – evitar i.m.); CUIDADO DEFINITIVO Sempre que o tratamento requerido pelo paciente excede a capacidade da instituição atual, deve-se considerar a transferência, a decisão requer uma avaliação detalhada da lesão do paciente e conhecimento das capacidades da instituição (equipamento, recursos e equipe); A transferência Inter hospitalar vai ajudar determinados pacientes cujo demandam atendimento de maior complexidade; EQUIPE DE SAÚDE Geralmente composta por um líder, um responsável pelo controle das vias aéreas, enfermeiro do trauma e técnico do trauma, além de residentes e estudantes de medicina; O líder é responsável por supervisionar, checar e direcionar o atendimento/avaliação (idealmente ele não está envolvido diretamente na avaliação); • Mechanism (and time) of injury; • Injuries found and suspected; • Symptoms and Signs; • Treatment initiated.
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