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PRINCIPAIS CHOQUES/ DROGAS VASOATIVAS FACULDADE ESTÁCIO DE CASTANHAL CURSO DE ENFERMAGEM ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM AO DOENTE CRÍTICO Profa. Verediana Uchôa Especialista em Terapia Intensiva/UFPA Mestre em Enfermagem/UFPA CONCEITO DE CHOQUE O Choque é definido como uma situação de hipoperfusão tecidual, secundária ao desequilíbrio entre a oferta e demanda de oxigênio ou na incapacidade da célula em utilizar o oxigênio. EVOLUÇÃO DO CHOQUE COMPENSATÓRIO PROGRESSIVO IRREVERSÍVEL ACHADOS CLÍNICOS Achados clínicos Compensatório Progressivo Irreversível PA Normal Sistólica < 90 mmHg Suporte vasoativo FC > 100 bpm > 150bpm assistolia FR > 20 rpm Taquipnéia creptações Suporte ventilatório Pele Fria, pegajosa Petéquias Ictérica Débito urinário Diminuído 0,5ml/kg/h anúria Estado mental Confusão Letargia Inconsciência Equilíbrio ácido-Base Alcalose respiratória Acidose metabólica Acidose PRINCIPAIS TIPOS DE CHOQUE Choque Cardiogênico Choque Hipovolêmico Choque Séptico Choque Neurogênico Choque Anafilático Choque Obstrutivo Choque Distributivo CHOQUE CARDIOGÊNICO Incapacidade do miocárdio em realizar débito cardíaco eficaz para proporcionar a demanda metabólica do organismo. Redução do débito cardíaco, decorrente da contratilidade miocárdica diminuída, ocasionando hipotensão arterial e queda da perfusão tecidual. CAUSAS: Infarto Agudo do Miocárdio, arritmias cardíacas, lesões de valvares, miocardites, contusão miocárdica, rejeição de transplante. SINAIS E SINTOMAS: Hipotensão; taquicardia, pele fria, pálida e pegajosa; taquipneia, estase de jugular; pulso filiforme; creptações pulmonares; presença de B3 e B4 e cianose. TRATAMENTO: drogas vasoativas (Dobutamina, Dopamina e Nitroglicerina). CHOQUE HIPOVOLÊMICO É definido como um distúrbio agudo da circulação, caracterizado pela queda do volume circulante efetivo, ocasionando desequilíbrio entre a oferta e consumo de oxigênio para os tecidos. Classificação: Leve: redução do volume de sangue menor que 20%. Moderado: redução de 20 a 40% do volume de sangue. Grave: déficit maior que 40% do volume de sangue. CAUSAS: Desidratações, sequestro de líquidos e eletrólitos, hemorragias. TRATAMENTO: cristaloides, coloides e hemocomponentes/hemoderivados. CHOQUE HIPOVOLÊMICO CHOQUE SÉPTICO O Choque Séptico resulta na incapacidade do organismo em realizar as necessidades metabólicas e hemodinâmicas decorrente da presença de bactérias, vírus, e fungos na corrente sanguínea. Síndrome da resposta inflamatória sistêmica (SIRS): caracterizada pela presença de dois ou mais critérios, entre eles: febre, taquicardia, taquipnéia ou leucocitose. Sepse: quando a SIRS é decorrente de causa infecciosa comprovada. Sepse grave: a sepse com sinais de hipoperfusão tissular, caracterizada por acidose, oligúria, alteração do nível de consciência, disfunção pulmonar. Choque Séptico: sepse severa com hipotensão não responsiva à administração de volume, necessitando de drogas vasoativas. CHOQUE SÉPTICO QUADRO CLÍNICO: Choque hiperdinâmico: hipotensão arterial, taquicardia, taquipneia, pele quente e rósea, hipertermia, alteração do estado mental, pulsos cheios, hiperglicemia, alcalose respiratória. Choque hipodinâmico: hipotensão arterial, taquicardia, taquipneia, palidez, pele fria, cianose periférica, hipoventilação, hipoglicemia, acidose metabólica, insuficiência de órgãos e sistemas. CHOQUE ANAFILÁTICO A anafilaxia constitui uma reação de hipersensibilidade potencialmente grave, mediada por imunoglobulinas E (IgE) e G (IgG), que ocorre após exposição a um antígeno em pessoas previamente sensibilizadas. A sintomatologia relacionada à anafilaxia é multivariada e pode ocorrer isoladamente ou em diversas combinações, envolvendo os sistemas respiratório, cardiovascular, neurológico, cutâneo e gastrintestinal. Alguns casos evoluem para colapso cardiovascular e insuficiência respiratória, caracterizando o choque anafilático. TRATAMENTO: remoção imediata do agente; oxigenioterapia; tratamento do broncoespasmo e do choque; infusão de cristaloides; e, especialmente, emprego intravenoso de epinefrina, o mais precocemente possível. CHOQUE NEUROGÊNICO É o resultado da cessação abrupta dos impulsos simpáticos com origem no SNC, levando a perda do tônus vascular. Manifestando-se principalmente por BRADICARDIA + HIPOTENSÃO. Diminuição do tônus venoso Diminuição da pressão venosa Diminuição das pressões de enchimento do coração Diminuição do débito cardíaco Ocorre devido a obstrução mecânica ao fluxo sanguíneo, o que gera redução do débito cardíaco e da perfusão. CAUSAS: Tamponamento cardíaco, embolia pulmonar, hipertensão pulmonar aguda, pneumotórax hipertensivo, tumores mediastinais e etc. CHOQUE OBSTRUTIVO DROGAS VASOATIVAS DEFINIÇÃO: O termo droga vasoativa é atribuído às substâncias que apresentam efeitos vasculares periféricos, pulmonares ou cardíacos. OBS: É necessário o uso da monitorização hemodinâmica, invasiva, quando da utilização dessas substâncias RECEPTORES CATECOLAMINAS As catecolaminas exibem efeitos de acordo com a dose utilizada, podendo estimular receptores alfa, beta e dopa. DOPAMINA DOBUTAMINA NORADRENALINA ADRENALINA DOPAMINA A dopamina é o precursor imediato da noradrenalina. Possui inúmeros efeitos, pois estimula todos os tipos de receptores, sendo estes dose dependentes. AÇÃO: Doses baixas (< 5 µg/kg/min): efeito dopaminérgico predominante. Doses médias (5-15 µg/kg/min): efeito beta predominante. Doses altas (>15 µg/kg/min): efeito alfa predominante. DOPAMINA INDICAÇÕES: Melhora DC, FC e pressão arterial sistêmica. Vasodilatação renal. DOSE: A diluição padrão é de cinco (5) ampolas em 200 ml de solução (ringer simples ou lactato), soro fisiológico (SF 0,9%), soro glicosado (SG 5%) sendo somente incompatível com soluções alcalinas. CUIDADOS: Deve ser utilizada somente para uso endovenoso com o cuidado de não haver extravasamento tissular, o que poderá acarretar uma intensa vasoconstrição local, com necrose tecidual. DOBUTAMINA A Dobutamina é uma droga simpatomimética sintética, com ação predominantemente beta 1 agonista. INDICAÇÕES: A droga é utilizada para melhorar a função ventricular e o desempenho cardíaco, em pacientes nos quais a disfunção ventricular acarreta diminuição no volume sistólico e no DC, como por exemplo choque cardiogênico. DOSES: é disponível em ampolas de 20 ml, com 250 mg da droga. Dilui-se uma 1 ampola 250 mg em 230 ml de solução (exceto soluções alcalinas). NORADRENALINA A noradrenalina (NA) é o neurotransmissor do sistema nervoso simpático e precursor da adrenalina. Possui atividade tanto no receptor alfa, como beta 1 adrenérgico, com pouca ação sobre receptores beta 2. Dependendo da dose utilizada, obtém-se aumento do volume sistólico, diminuição reflexa da FC e importante vasoconstrição periférica, com aumento da PA. A noradrenalina é também um potente vasoconstritor visceral e renal, o que limita sua utilização clínica. NORADRENALINA INDICAÇÕES: Choque séptico, pacientes hipotensos, que não responderam à ressuscitação por volume e a outros inotrópicos menos potentes. Manobras de RCP. DOSE: Utilizam-se, normalmente, cinco 5 ampolas (2 mg) diluídas em 250 ml de qualquer solução (exceto solução alcalina). Durante as manobras de RCP, podem-se usar doses de 0,1 a 0,2 mg/kg, endovenosas ou intratraqueais, diluídas em 10 ml de água destilada. CUIDADOS: As infusões de NA devem ser administradas preferivelmente através de uma veia central, a PA deve ser monitorizada, principalmente durante o ajuste da dose. A função renal também deve ser monitorizada através de dosagens de uréia, creatinina e volume de diurese. ADRENALINA Essa droga vasoativa é um potente estimulador alfa e beta adrenérgico, com notáveis ações sobre o miocárdio, músculos vasculares e outros músculos lisos. Causa aumento da contração ventricular (inotropismo positivo), um aumento da frequência cardíaca (cronotropismo positivo) e uma vasoconstrição em muitos leitos vasculares (arteríolas da pele,rins e vênulas). INDICAÇÕES: estados de choque circulatório, em particular choque cardiogênico, tratamento de brocoespamos severos, tratamento da anafilaxia e, durante as manobras de ressuscitação cardiopulmonar. ADRENALINA DOSES: A sua apresentação mais comumente encontrada são ampolas de 1 ml, com 1 mg da droga. Em infusão contínua, costuma-se diluir a droga em SF 0,9% ou SG 5%. Utilizam-se cinco 5 ampolas (5 mg) em 250 ml de solução, cuja concentração será de 20 µg/ml. Durante as manobras de RCP, as doses padronizadas são de 0,5 a 1 mg (endovenoso ou endotraqueal, diluídas em 10-20 ml de água destilada) repetidas a cada 3 a 5 minutos. VASODILATADORES O uso de drogas com ação vasodilatadora é útil nos casos em que a reposição volêmica adequada e a otimização do DC com os agentes inotrópicos não reverteram a condição de baixo débito persistente. Os vasodilatadores podem ser classificados de acordo com seu sítio de ação em: venodilatadores (nitratos e nitroglicerina); arteriolodilatadores (hidralazina); de ação mista (nitroprussiato de sódio, inibidores da ECA e clorpromazina). NITROPRUSSIATO DE SÓDIO O nitroprussiato de sódio é um vasodilatador misto, com efeitos sobre os territórios arterial e venoso. Não apresenta efeito direto sobre as fibras musculares cardíacas, sendo seu incremento no DC devido à ação vasodilatadora. A droga promove, então, diminuição da resistência periférica, total, diminuição da PA, pouca alteração da FC e diminuição da resistência vascular, pulmonar. INDICAÇÕES: tratamento das emergências hipertensivas e como droga auxiliar nos estados de choque circulatório. NITROPRUSSIATO DE SÓDIO DOSES: O nitroprussiato de sódio é utilizado em infusão endovenosa, contínua e, exclusivamente, em doses que variam de 1 a 5 µg/kg/min. Dispõe-se, para utilização, de ampolas com 50 mg da droga, normalmente diluídas em 2 ml de solvente e adicionadas a 250 ml de SG 5%, com concentração final de 200 mg/ml. EFEITOS COLATERAIS: intoxicações pelo cianeto e tiocianato podem ocorrer, quando se usam doses superiores a 5 µg/kg/min, por tempo prolongado. CUIDADOS DE ENFERMAGEM NA ADMINISTRAÇÃO DE DROGAS VASOATIVAS Estabelecer critérios para diluição das drogas por meio de protocolos institucionais; Administrar as drogas em bomba de infusão; Controlar velocidade de infusão; Monitorar as variações dos sinais vitais do paciente; Avaliar alterações do traçado eletrocardiográfico; Avaliar variações da função renal, como diminuição ou aumento do débito urinário; Realizar controle hídrico; Administrar a droga preferencialmente por cateter venoso central, se possível em via exclusiva ou menos manipulada; Dar preferencia para punções de veias calibrosas, se acesso venoso periférico; Manter dispositivo venoso pérvio; Observar presença de infiltração e sinais de hiperemia local.
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