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Miocardites Definição Presença de infiltrado inflamatório no miocárdio, com agressão de cardiomiócitos (sendo a inflamação a causa da lesão). # No IAM → evolui com inflamação (consequência). Pode ser isolada ou fazer parte de doença sistêmica (geralmente infecciosa ou autoimune). Sinais e sintomas: febre acompanhada de insuficiência cardíaca ou arritmia, de início súbito, associada a alterações laboratoriais das enzimas cardíacas (morte de miocardiócitos). # Os sinais e sintomas dependem do agente etiológico. DG: o Clínico: muito difícil; o Biópsia endomiocárdica (padrão ouro) com evidência de miocardite (composição do infiltrado inflamatório oferece informações sobre a etiologia). # Riscos da biópsia endomiocárdica: manobra vagal, fistulas, sangramentos pericárdicos com tamponamento cardíaco, arritmias, pneumotórax. # A biópsia ainda é feita, pois pode evidenciar a presença de genoma virais e autorizar o uso de antivirais. # Técnica: biopsia da parede do septo do VD, guiado por fluoroscopia no laboratório de hemodinâmica. Via: veia jugular interna direita. Imunoistoquímica: avanço para melhor caracterização de células inflamatórias e sua quantificação → estabelecer melhor o agente etiológico. PCR: identificação de agentes infecciosos em biópsias endomiocárdicas (métodos mais específicos). Definição histológica pelos Critérios de Dallas: o “Infiltrado inflamatório no miocárdio com necrose e/ou degeneração dos miócitos adjacentes não decorrentes de dano isquêmico associado a doença arterial coronariana”. Tipo de infiltrado inflamatório: miocardite neutrofílica, eosinofílica, linfo-histiocítica (mononucleares) e granulomatosa. # Quadro alérgico: ↑ eosinófilos; # Quadro bacteriano: ↑ neutrófilos; # Quadro viral: ↑ linfócitos. Principais agentes etiológicos (causas) de miocardite e tipos de infiltrado inflamatório: o Vírus: Coxsackie, Influenza, Polio, HIV, EBV, HepC, sarampo, rubéola → Infiltrado inflamatório linfo-histiocitário (mononuclear) – linfócitos e macrófagos. o Bactérias: cocos gram-positivos e negativos, C. Diphtheriae → Infiltrado inflamatório neutrofílico (polimorfonuclear) – neutrófilos segmentados. M. Tuberculosis → Infiltrado inflamatório granulomatoso. o Fungos: Candida sp, Criptococcus, Aspergillos, P. brasiliensis → Infiltrado inflamatório granulomatoso. Miocardites Virais # Comum em crianças: doenças virais da infância; # Mulheres grávidas e imunodeprimidos: causas primárias ou secundárias; # Suspeita clínica: descompensação cardíaca abrupta e arritmia cardíaca. Miocardites linfo-histiocitárias (mononuclear) de origem não esclarecida (não há história de infecção viral prévia). Vírus do grupo Coxsackie B são os mais frequentes a infectar o miocárdio; Outros vírus: Coxsackie A, ECHO, pólio, influenza, HIV, EBV, parvovírus, HepC e praticamente todos os vírus da infância (caxumba, varicela, sarampo), podem infectar o coração. # Ainda controversos. Citotoxicidade direta pelo vírus; Reação imunitária mediada por linfócitos ou Ac; Relação com fatores individuais ligados constituição genética do hospedeiro que devem contribuir para a susceptibilidade à infecção miocárdica viral; Relação com cardiomiopatias dilatadas. Descompensação cardíaca abrupta com arritmia dias ou semanas após uma infecção viral em outro órgão (pulmão, IVAS, sistema digestório) Difícil; Níveis elevados de anticorpos séricos e achados de biópsia endomiocárdica (miocardite linfo-histiocitária); DG seguro: PCR (demonstração de ácinos nucleicos virais no miocárdio) → autoriza tratamento com antivirais; Persistência de PCR positiva, sem infiltrado inflamatório miocárdico → persistência viral no miocárdio. Hibridização in situ: uso de sonda para cada ag etiológico. Miocardites Bacterianas Pacientes com infecções sistêmicas graves: aumento do infiltrado inflamatório do interstício cardíaco, de natureza reacional, sem consequências clínicas; # O aumento do processo inflamatório passa a apresentar consequências clínicas quando há destruição de células miocárdicas. Miocardite bacteriana: reservado para casos com processo inflamatório nítido importante, secundário a invasão direta do miocárdio por bactérias (geralmente neutrofílica, exceto micobactérias, onde é granulomatosa). Exames laboratoriais: bacterioscopia e hemocultura. Disseminação hematogênica a partir de focos à distância (êmbolos sépticos); Disseminação por extensão direta de processos infecciosos pulmonares ou de mediastino. # Infecção no endocárdio → pode evoluir para uma miocardite. Difteria: exotoxinas liberadas pelas bactérias → agressão tóxica às fibras miocárdicas → pode ocorrer bloquei AV ou bloqueio de ramo → arritmia cardíaca. Leptospirose. Sífilis: raramente cursa com miocardite (adultos: lesões miocárdicas localizadas – necrose gomosa; congênita: lesões difusas). Tuberculose: raramente cursa com miocardite, exceção: imunodeprimidos (tuberculose sistêmica/miliar → nódulos pequenos e isolados, com necrose caseosa e presença de bacilos no miocárdio). Ação direta de seus produtos tóxicos: toxinas bacterianas; Reação imunitária: hipersensibilidade a produtos bacterianos. Miocardites Fúngicas Infiltrado inflamatório granulomatoso com fungos identificáveis (biópsias endomiocárdicas). Candida, Aspergillus, Blastomicose (Paracoccidioides), Histoplasmose (Hystoplasma). Complicação da endocardite valvar por fungos. FR: imunodeprimidos e transplantados. Miocardites por Hipersensibilidade Resulta de reação a fármacos (miocardite eosinofílica): o Penicilina: atb; o Sulfonamida: atb para infecções do trato digestivo, urinário e respiratório; o Dobutamina (toxicidade a agente vasopressor pré-transplante). Achados: edema e Infiltrado inflamatório polimórfico rico em eosinófilos (miocardite eosinofílica), podendo haver necrose de fibras cardíacas e vasculite. Miocardites em Doenças Imunitárias Miocardite autoimune: o LES; o Esclerose sistêmica; o Polimiosite; o Doença reumática; o Rejeição celular do coração transplantado (predominam Linfócitos T) → uso de imunossupressores (ciclosporina A e corticoides). Mecanismos imunitários, geralmente de padrão linfo-histiocitário, com destruição de fibras miocárdicas. Miocardites de Causa Desconhecida Sarcoidose: doença granulomatosa (granulomas não necrosantes) e idiopática. Miocardite de células gigantes (Miocardite de Fiedler): forma rara e grave, com presença de eosinófilos e células gigantes multinucleadas. Extensa lesão e necrose miocárdica, sem formação de granulomas (se tem granuloma, tem que pesquisar tuberculose, fungos e outras doenças). Miocardite Aguda Macroscopia: o Aumento global de volume e dilatação de todas as câmaras, principalmente dos ventrículos (devido edema da fase aguda); o Trombose mural no ápice dos ventrículos e aurículas. Microscopia: o Edema miocárdico e infiltrado inflamatório de intensidade variável, cuja composição pode variar de acordo com o agente etiológico; o Agressão de cardiomiócitos. Depende da gravidade, podendo evoluir sem sequelas, cursar com fibrose miocárdica e até evoluir para uma cardiomiopatia dilatada de natureza inflamatória.