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JASMINY MOREIRA | TURMA 5 FISIOPATOLOGIA | 2021.1 1 Pneumonias DEFINIÇÃO ↳ Quadro de infecção do parênquima pulmonar com expressão clínica ↳ Bronquíolos respiratórios e alvéolos são preenchidos por exsudato inflamatório, comprometendo a função de troca gasosa MECANISMO DE DEFESA PULMONAR ↳ O sistema de depuração mucociliar ↳ O muco é produzido pelas células caliciformes, e aprisiona patógenos e os expulsa através da deglutição, tosse ou espirro ↳ Os cílios estão presentes nas células epiteliais colunares ciliadas ao longo de todo o trato e movem o muco da via aérea inferior para a via aérea superior ↳ Na região alveolar, estão presentes também as células de poeira/macrófagos alveolares, fagócitos que destroem micro- organismos e migram para a drenagem linfática, ativando células da imunidade adaptativa. FATORES QUE ALTERAM A DEFESA DO EPITELIO RESPIRATÓRIO Perda ou supressão do reflexo da tosse o Coma o Anestesia o Distúrbios neuromusculares o Medicamentos o Dor torácica Lesão do aparelho mucociliar o Tabagismo o Inalação de gases quentes o Alterações genéticas Acúmulo e secreções o Fibrose cística o Obstrução brônquica o Imobilismo Interferência com ação fagocítica o Álcool o Tabaco o Anóxia o Intoxicação Congestão e edema pulmonar o Insuficiência cardíaca CLASSIFICAÇÃO → ORIGEM o Adquirida na comunidade o Hospitalar → nosocomial o Associada à assistência de saúde DISTRIBUIÇÃO ANATOMICA → LOBAR E BRONCOPNEUMONIA CONGESTÃO Pulmão pesado, encharcado e vermelho, ingurgitação vascular, acúmulo de líquido intra- alveolar com neutrófilos e numerosas bactérias HEPATIZAÇÃO VERMELHA Exsudação maciça, com neutrófilos, hemácias e fibrina preenchendo os espaços alveolares HEPATIZAÇÃO CINZENTA Desintegração progressiva das hemácias, exsudato fibrinossuprurativo resultando em alteração da cor ↳ castanho acinzentado RESOLUÇÃO Lise da fibrina e redução progressiva do exsudato, permitindo a penetração de ar nos alvéolos CLASSIFICAÇÃO LOBAR Consolidação (solidificação) de uma grande porçaõ de um lobo ou de um lobo inteiro BRONCOPNEUMONIA A infecção apresenta-se como focos inflamatórios múltiplos que acometem lóbulos pulmonares INTERSTICIAL Caracteriza-se por reação inflamatória (linfomonuclear) que afeta o interstício pulmonar → sem consolidação (atípica) CONCEITOS JASMINY MOREIRA | TURMA 5 FISIOPATOLOGIA | 2021.1 2 MORFOLOGIA → MICROSCOPIA ↳ Hiperemia, edema e exsudato purulento na luz dos alvéolos e bronquíolos, com destruição da parede dessas estruturas ↳ As mesmas fases da pneumonia lobar podem acontecer no desenvolvimento do processo, porém com distribuição focal. Pneumonia aguda → neutrófilos intra-alveolares Pneumonia organizada avançada, massas fibromixoides ricas em macrófagos e fibroblasto os capilares septais congestos e os neutrófilos intra- alveolares numerosos são característicos da hepatização vermelha inicial pneumonia organizada avançada. Os exsudatos foram convertidos em massas fibrosas ricas em macrófagos e fibroblastos pneumonia intersticial por vírus. Aspecto é inespecífico, não sendo possível dizer qual o agente a partir do aspecto morfológico Inflamação nitidamente intersticial, em que os septos alveolares se tornam alargados por edema e infiltrado de mononucleares. Os alvéolos contêm líquido e, nos casos graves, apresentam membranas hialinas STREPTOCOCCUS PNEUMONIAE ↳ Mais comum ↳ Gram positivo ↳ Microbiota nasofaringe e orofaringe ↳ Resposta exudativa neutrofílica → dano alveolar difuso (lobar ou broncopneumonia) ↳ A pneumolisina faz a lise celular importante que destruirá o endotélio (resposta exacerbada exsudativa) ↳ Comumente → infecção bacteriana pós-viral ↳ Otite média, meningite, endocardite ↳ Exame de escarro → muitos neutrófilos com diplococo lancetado ↳ Vacina pneumocócica VPC10 É uma pneumonia lobar na qual ocorreu a consolidação de todo o lobo superior esquerdo. Maioria das pneumonias lobares se deve ao Streptococcus pneumoniae. A pneumonia pneumocócica grave *jovens de meia idade* HAEMOPHYLUS INFLUENZAE ↳ Pneumonia adquirida na comunidade e hospitalar → comumente como broncopneumonia ↳ Bactéria cocobaciliar ↳ Gram negativa com prolongamento na superfície que favorece a aderência ao epitélio respiratório ↳ Crianças e recém-nascidos com comorbidades prematuridade, imunodeficiências se associada com vírus alta mortalidade ↳ Idosos → septicemia, endocardite, pielonefrite, colicistite ↳ Causa mais comum de exacerbação em DPOC e AIDS ↳ Secretam enzimas que afetam os batimentos ciliares e inativam a IgA ↳ Geralmente encontra-se associada a infecções virais que por destruição do epitélio, favorecem a aderência de bactérias PNEUMONIA BACTERIANA JASMINY MOREIRA | TURMA 5 FISIOPATOLOGIA | 2021.1 3 ↳ Causa extensa pneumonia destrutiva (lobar ou broncopneumonia) ↳ Pode evoluir para bronquiolite obliterante, abcesso e bronquiectasia KLEBSIELLA PNEUMONIE ↳ Pneumonia com mais implicações hospitalares → multirresistência → implicações hospitalares ↳ Gram negativa, encapsulada, aeróbia facultativa ↳ Enterobacteria ↳ Causa pneumonia em debilitados e desnutridos, especialmente alcoólatras ↳ Escarro espesso e mucóide com raios de sangue ↳ A característica principal é a distribuição lobar das lesões ↳ Comum a ocorrência de abcessos ↳ Exsudato intravelolar difuso com grande número de neutrófilos e macrófagos STAPHYLOCOCCUS AUREUS ↳ Caracteristica principal é o foco de hemorragia parenquimatosa e abcessos ↳ Causa importante de pneumonia hospitalar ↳ Causa importante de pneumonia secundária em crianças e adultos saudáveis após doença respiratória viral ↳ sarampo em crianças, gripes em adultos, comorbidades em idosos ↳ Complicações empiema e abcesso pulmonar MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS o Febre alta de início abrupto o Calafrios com tremores o Tosse produtiva com escarro mucopurulento o Dispneia e dor pleurítica o Pacientes ocasionais podem apresentar hemoptise COMPLICAÇÕES o Abcessos o Disseminação para cavidade pleural (empiema) o Disseminação bacteriêmica (pericárdio, baço, articulações, ossos) DEFINIÇÃO ↳ Infecções virais comuns incluem as dos vírus influenza (A,B,C), dos vírus sinciciais respiratórios, o metapneumovírus humano, adenovírus, rinovírus, rubéola e vírus da varicela. ↳ Predomina uma reação inflamatória intersticial envolvendo as paredes dos alvéolos ↳ Os septos alveolares estão alargados e edematosos e geralmente apresentam um infiltrado inflamatório mononuclear de linfócitos, macrófagos e, plasmócitos. ↳ Em casos agudos, neutrófilos podem estar presentes ↳ Os alvéolos podem estar livres de exsudato, mas em muitos pacientes existem um material proteinaceo intra-alveolar e um exsudato celular ↳ Pode ocorrer infecção bacteriana sobreposta → aumento da mortalidade INFLUENZA (H1N1) ↳ Contém um genoma RNA segmentado e fita simples ↳ Classificado em 3 tipos (A,B,C) ↳ Tem um genoma que decodifica 8 tipos de fita simples de RNA ↳ As hemaglutininas têm função de aderência nas células hospedeiras e as neuraminidases que facilita a liberação de novos virions ↳ Se tem alguma alteração/mutação na hemaglutinina e neuraminidase tem uma nova cepa ↳ Se tem conjugação/recombinação com outros vírus pode ter uma nova pandemia. o PATOGENIA ↳ Ocorre a formação do novo vírus que se liga ao epitélio, mucosas nasais, brônquios. Ele se liga nos pneumócitos tipo 2 ↳ Então os 8 RNAs virais em um único virion faz a infecção onde inibe os canais de Na+ ocorrendo influxo de H20 e eletrólitos na luz alveolar ↳ exacerba acúmulo de H20 ↳ Ocorre morte celular infectada por mecanismos de inibição de mRNA e ativação de caspases → apoptose ↳Ocorre morte celular por inflamação, onde mediadores inflamatórios como quimiocinas e citocinas são liberados ativando os macrófagos que ativa neutrófilos intersticiais em 1-3 dias após a infecção ↳ Ocorre a resposta de células T citotóxicas, NK e resposta de anticorpos anti hemaglutininas e neuranimidases ↳ Por fim, um dano grave → síndrome da angústia respiratória SÍNDROME DA ANGÚSTIA RESPIRATÓRIA ↳ Ocorre lesão pulmonar onde há ativação endotelial expressando os receptores inflamatórios ↳ As células sentinelas do sistema imune (macrófagos alveolares) vão secretar TNF, IL-1 e quimiocinas que vão aumentar a expressão de moléculas de adesão para neutrófilos ↳ Esses neutrófilos no alvéolo degranulam mediadores inflamatórios onde aumenta o recrutamento de leucócitos e aumentam lesão endotelial ↳ Isso vai gerar ativação e injúria endotelial que levam acúmulo de fluido intra alveolar e intersticial onde há 2 caminhos: 1. Edema rico em proteínas (hialina) e debris celulares 2. Dano e necrose de pneumócitos tipo 2 que diminui surfactante e diminui troca gasosa (hipoxia) ↳ Quando ocorre esse dano e necrose de penumócitos tipo 2 ocorre resolução impedida devido a necrose epitelial e danos inflamatórios que comprometem as células remanescentes que PNEUMONIA VIRAIS JASMINY MOREIRA | TURMA 5 FISIOPATOLOGIA | 2021.1 4 ajudam na remoção do edema e se o estímulo inflamatório diminuir → deposição de colágeno, ocorre fibrose da parede alveolar e células tronco proliferam e substituem os pneumócitos o SINTOMAS ↳ Dispneia ↳ Taquipneia ↳ Hipoxia crescente ↳ Insuficiência respiratória ↳ Infiltrado bilateral difuso pulmonar ASPERGILLUS ↳ Indivíduos imunocompetentes AIDS, diabéticos atópicos, asmáticos, rinite alérgica ↳ Crescimento de hifas no pulmão, vasos sanguíneos e septos alveolares → grave ↳ Frequentemente lobo superior DEFINIÇÃO ↳ Pacientes debilitados, inconscientes após AVC, aspiram conteúdo gástrico, episódios de repetidos vômitos ↳ Reflexos de engasgos e deglutição anormal → microaspiração o Efeitos químicos gástricos e bacteriana (flora oral) o Frequentemente necrosante (curso fulminante) o Complicação → abcesso pulmonar Caso 1 → Pneumonia bacteriana Paciente feminino de 62 anos portador de diabetes mellitus e hipertensão arterial foi ao atendimento do OS com queixa de febre de início abrupto, tosse, dispnéia, dor pleurítica, hemoptise e expectoração. Histórico recente de infecção das vias aéreas superiores com relato de “gripe”. Foi internada para avaliação. Ao exame de sangue constatou-se leucocitose. Os achados radiológicos observaram-se extensa opacidade alveolar mais intenso em lobos inferiores com derrame pleural à direita. Qual a hipótese diagnóstica? Pneumonia bacteriana Qual o mais provável agente etiológico da doença? O provável agente é a Staphylococcus aureus ou Streptococcus pneumoniae, por conta da hemoptise do paciente Qual o padrão morfológico evidenciado nessa doença? É a pneumonia lobar. Caso 2 Paciente do sexo masculino 64, portador de hipertensão arterial, tabagista. Iniciou um quadro gripal com febre (38,5ºC), dor no corpo, coriza e obstrução nasal. Após três dias evoluiu para quadro de mal-estar e cansaço e procurou o pronto atendimento. Realizou-se uma radiografia de tórax onde se localizou uma pneumonia. O hemograma apresentou leucocitose e aumento da proteína C reativa. Recebeu medicação por via oral moxifloxacina com a recomendação de retornar caso piorasse. O quadro foi piorando ficando mais cansado, aumento da frequência respiratória, dispnéia e retornou à emergência. À ausculta pulmonar apresentava estertores crepitantes difusos em ambos os pulmões. A radiografia de tórax mostrava piora do infiltrada alveolar bilateral e a TC de tórax mostrava infiltrado multifocal em vidro fosco. Foi realizado exame de identificação PCR que identificou o H1N1. O paciente foi internado na UTI com quadro de piora na dispneia, 4taquipnéia, indicando grave insuficiência respiratória necessitando de intubação devido ao quadro de SARA. Apesar de todo suporte medicamentoso e intensivo o paciente evoluiu para óbito. Qual classificação de pneumonia descreve esse caso? Pneumonia intersticial de etiologia viral Descreva o mecanismo que levou o desenvolvimento do quadro de SARA? A SARA ocorreu por um agravamento do processo inflamatório causado pela infecção viral. O vírus influenza H1N1 adsorve células da mucosa nasal e brônquica, bem como os pneumócitos do tipo II, ele se replica nessas células e é liberado no meio extracelular, onde é fagocitado pelas células de poeira. Essas células produzem citocinas pró-inflamatórias (como a IL-1 e o TNF-α). Essas citocinas fazem com que ocorra PNEUMONIA FÚNGICA PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO APLICAÇÃO CLÍNICA JASMINY MOREIRA | TURMA 5 FISIOPATOLOGIA | 2021.1 5 ativação endotelial e exposição de receptores de integrina e selectina, induzindo um maior rolamento e migração leucocitária, principalmente de PMNs, da corrente sanguínea para o interstício pulmonar. Os neutrófilos secretam mais citocinas pró-inflamatórias (aumentando o recrutamento de mais leucócitos) e EROs, induzindo ao dano tissular e necrose. Além disso, o FLUV bloqueia a expressão dos canais de Na+ , causando um edema hialino. A necrose se acentua, causando perda dos Pneumócitos do tipo II (o que reduz a complacência e dificulta a hematose). Tudo isso culmina na sintomatologia apresentada pelo paciente. Caso 3 Paciente do sexo masculino, 60 anos internado devido um AVE, evoluiu após 10 dias de internação com quadro de pneumonia, necessitando de intubação traqueal e transferência para a UTI. Paciente ficou intubado por 3 dias, após extubação novo episódio de pneumonia ocorreu. Na avaliação 5onoaudióloga classificou paciente portador de disfagia orofaríngea grave. Recebeu tratamento e teve alta hospitalar da UTI mas após 8 dias teve novo quadro prolongando a internação hospitalar Qual a hipótese diagnóstica? Pneumonia por aspiração Quais fatores predispõe o paciente a doença? O histórico de AVE Qual o mecanismo fisiopatológico que desencadeou a pneumonia? Por conta do AVE, o paciente apresenta uma perda de consciência e capacidade de deglutição, o que induz a microaspirações de conteúdo gástrico (contendo ácido gástrico e microrganismos da microbiota), que induz um processo inflamatório e necrose tissular do parênquima pulmonar, caracterizando a pneumonia.
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