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alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 1 SUMÁRIO LEI nº 9.605/95 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS) .......................................................................... 2 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 2 TUTELA PENAL AMBIENTAL E PREVISÃO CONSTITUCIONAL .................................... 2 COMPETÊNCIA .......................................................................................................................... 2 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA ......................................................................................... 3 RESPONSABILIDADE PENAL NOS CRIMES AMBIENTAIS .................................................. 3 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 3 RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA ..................................................................... 4 DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ................................................... 5 Exercícios ............................................................................................................................................. 6 Gabarito ............................................................................................................................................ 7 alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 2 LEI Nº 9.605/98 (LEI DE CRIMES AMBIENTAIS) INTRODUÇÃO TUTELA PENAL AMBIENTAL E PREVISÃO CONSTITUCIONAL O meio ambiente é um direito difuso, ou seja, de natureza indivisível que possui previsão constitucional de proteção, inclusive, pelo Direito Penal, conforme o art. 225 da CF/88: Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (...) § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Dessa forma, coube à Lei nº 9.605/98 disciplinar o tema em sede infraconstitucional, dispondo das sanções penais e administrativas decorrente de condutas lesivas ao meio ambiente. É importante registrar que o estudo será restrito às disposições penais de proteção ao meio ambiente, conteúdo que contempla a esmagadora maioria das questões de concurso público que envolve a Lei nº 9.605/98. COMPETÊNCIA MUITO IMPORTANTE É oportuno iniciar o estudo da Lei de Crimes Ambientais (Lei nº 9.605/98) tendo em mente que a competência para apuração das infrações penais será, em regra, da JUSTIÇA ESTADUAL. Contudo, nada impede que, caso violado interesse da União (CF/88, art. 109), a competência seja firmada perante a JUSTIÇA FEDERAL. Por exemplo, se a conduta criminosa for praticada dentro de unidade de conservação federal, nos termos do art. 109, IV, da CF/88, será atribuição da Polícia Federal a apuração do ilícito. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 3 PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA MUITO IMPORTANTE O princípio da insignificância é aplicável, em regra, aos crimes ambientais, conforme diversos julgados dos Tribunais Superiores. Dessa forma, por exemplo, caso o agente seja abordado praticando pesca no período de defeso, é possível a incidência do princípio da bagatela se preenchidos os seus requisitos. DÚVIDA: O princípio da insignificância é aplicável para todos os tipos penais da Lei nº 9.605/98? A resposta é NÃO. Para o STJ, não seria possível a aplicação do princípio da insignificância para os tipos penais compreendidos entre os arts. 66 e 69-A da Lei nº 9.605/98, já que tutelam a moralidade administrativa, que jamais pode ser considerada insignificante. DÚVIDA: O que é crime de acumulação? Trata-se de espécie de crime em que a prática de apenas uma conduta é considerada inofensiva ao bem jurídico protegido. Contudo, é por meio da reiteração das condutas, ou seja, cumulativamente consideradas, é que se observa a lesão ao bem jurídico. Por exemplo, a pesca de pouca quantidade de peixes no período de defeso pode ser considerada insignificante se tomada individualmente, mas se vários agentes praticam a pesca ilegal, o dano ambiental será relevante. Não é por outra razão que a aplicação do princípio da insignificância vem perdendo força entre os crimes ambientais, sendo possível observar uma maior resistência dos Tribunais Superiores em sua aplicação. RESPONSABILIDADE PENAL NOS CRIMES AMBIENTAIS INTRODUÇÃO A proteção ao meio ambiente deve ser integral, dessa forma, na seara penal, a Lei nº 9.605/98 foi bastante abrangente em relação às pessoas que podem ser responsabilizadas pela prática de ilícitos ambientais: alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 4 Art. 2º Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor, o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la. RESPONSABILIDADE DA PESSOA JURÍDICA MUITO IMPORTANTE Sem dúvidas, é um dos temas mais debatidos e questionados em concursos públicos, a responsabilidade penal das pessoas jurídicas pela prática de crimes ambientais. Inicialmente, é importante destacar o art. 225, §3º, da CF/88, com a seguinte redação: § 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Por outro lado, o art. 3º da Lei nº 9.605/98, também, traz previsão expressa no mesmo sentido: Art. 3º As pessoas jurídicas serão responsabilizadas administrativa, civil e penalmente conforme o disposto nesta Lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado, no interesse ou benefício da sua entidade. Parágrafo único. A responsabilidade das pessoas jurídicas não exclui a das pessoas físicas, autoras, co-autoras ou partícipes do mesmo fato. A doutrina sempre apresentou resistência a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica, já que o ente carece de voluntariedade, característica essencial da conduta considerada criminosa. De fato, do ponto de vista lógico-jurídico, qualquer ação praticada pela pessoa jurídica, certamente, surgiu da vontade da(s) pessoa(s) físicas que a determina. Contudo, a Constituição Federal trouxe, expressamente, a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica em seu art. 225, §3º, razão pela qual, hoje, é amplamente admitida. alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 5 DÚVIDA: O que é a teoria da dupla imputação? Segundo a teoria da dupla imputação, para a responsabilização penal da pessoa jurídica é necessária a responsabilização (imputação), também, da pessoa física que a determina (comanda). É importante ressaltar que a teoria da dupla imputação, antes exigida pelo STJ, não é mais aceita para os crimes ambientais. Dessa forma, é plenamente possível que a pessoa jurídica seja denunciada e, inclusive, condenada sem que seja necessária a condenação da pessoa física que a administrativa.Por exemplo, é possível que a empresa Vale S/A seja condenada por crime ambiental sem que seja necessária a condenação de qualquer de seus funcionários ou administradores. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA O instituto da desconsideração da personalidade jurídica tem ampla incidência na responsabilidade administrativa e civil e tem previsão no art. 4º da Lei nº 9.605/98: Art. 4º Poderá ser desconsiderada a pessoa jurídica sempre que sua personalidade for obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. DÚVIDA: Qual teoria da desconsideração da personalidade jurídica é aplicável ao Direito Ambiental? Segundo doutrina e jurisprudência, no Direito Ambiental, adota-se a chamada TEORIA MENOR da desconsideração da personalidade jurídica. PESSOA JURÍDICA Responsabilidade por crimes ambientais TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO Pessoa física Pessoa jurídica alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 6 Dessa forma, basta que a pessoa jurídica seja um obstáculo ao ressarcimento do prejuízo ambiental para que seja possível atingir o patrimônio da pessoa física, não sendo necessário preencher os requisitos de desvio de finalidade ou confusão patrimonial do art. 50 do Código Civil (TEORIA MAIOR). Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou indiretamente pelo abuso. EXERCÍCIOS 1. (CESPE/2019 – SLU-DF – Analista) - Determinada indústria lançou em um riacho resíduos sólidos que afetam a saúde humana. Apesar de a perícia ter atestado a presença de fenol, ferro e manganês no riacho, que expõem a saúde humana a perigo, não existem provas de que essa água seria destinada ao consumo de pessoas. Houve, contudo, a destruição de parte das nascentes do riacho pela ação da indústria. Considerando a situação hipotética precedente, julgue o item a seguir. A personalidade jurídica da indústria poderá ser desconsiderada, caso isso seja um obstáculo ao ressarcimento de prejuízos causados à qualidade do meio ambiente. 2. (FEPESE/2019 - SJC/SC – Agente Penitenciário) - Renato e Gabriel fundaram, em 2015, a empresa Camarões do Mangue Ltda., que visava a exploração da carcinicultura — criação de crustáceos — exclusivamente em área rural de manguezais de um estado federado. DIREITO AMBIENTAL Teoria menor Obstáculo ao ressarcimento DIREITO CIVIL Teoria maior Obstáculo ao ressarcimento Desvio de finalidade ou confusão patrimonial alfaconcursos.com.br MUDE SUA VIDA! 7 No referido ano, eles instalaram viveiros de grande porte e passaram a exercer atividade econômica muito lucrativa. Após três anos de atividade, os sócios perceberam que não detinham licença ambiental para o exercício da atividade. Tendo como referência essa situação hipotética, julgue o item que se segue. Conforme a jurisprudência do STF, a empresa em questão não responderá na esfera penal pelo crime de funcionamento sem licença ambiental, caso seus sócios, pessoas físicas, sejam absolvidos do mesmo crime. COMENTÁRIO DA QUESTÃO 01: A questão está correta e é mera reprodução do art. 4º da Lei nº 9.605/98, que trata da possibilidade de desconsideração da personalidade jurídica para reparação ambiental. COMENTÁRIO DA QUESTÃO 02: A questão está errada. A teoria da dupla imputação não é mais utilizada pelos Tribunais Superiores, de modo que não há impedimento para condenação da pessoa jurídica, mesmo quando seus sócios- administradores são absolvidos. GABARITO 1. CERTO 2. ERRADO